Jó – Apresenta Jesus Cristo, Meu Redentor

JÓ APRESENTA JESUS CRISTO, MEU REDENTOR

A palavra-chave de Jó é “provar”. Mas ele sabe o caminho por que eu ando; provando-me ele, sairia como o ouro (Jó 23:10).
Provas e sofrimentos nem sempre são para nos castigar mas às vezes para nos instruir e treinar. O atleta não é submetido a uma disciplina rígida como castigo, mas simplesmente com o fim de preparar-se para a competição. Cristo está sempre nos preparando para a carreira que nos está proposta (Hebreus 12:1, 2).
Jó é, sem dúvida, um dos mais admiráveis poemas já escritos. Tennyson o chamava “o maior poema, tanto da literatura antiga como da moderna”. A cena deste livro extraordinário se passa nos dias dos patriarcas. Tanto quanto sabemos, este livro talvez seja uma das mais antigas obras literárias em existência. E um dos mais antigos, senão o mais antigo livro da Bíblia. A Palavra de Deus declara que Jó era realmente uma pessoa. Deus diz por intermédio do profeta Ezequiel: Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça salvariam apenas a sua própria vida (Ezequiel 14:14; veja também 14:20). Se você duvidar da existência de Jó, terá de fazer o mesmo com Noé e Daniel.
Vem a calhar que o livro mais antigo trate dos problemas mais antigos. Entre eles: “Por que o justo sofre?” Este é o tema do livro. Os homens sempre têm indagado por que Deus permite que gente boa sofra. Você não pensa, às vezes, por que uma pessoa boa tem de morrer de uma doença terrível ou ficar confinada a um leito de dor? O drama de Jó oferece uma solução para esses problemas. Cremos que ele dá a resposta de Deus.
E fácil ficarmos confusos com relação ao problema do sofrimento. Lembre-se que os discípulos de Cristo pensavam que o sofrimento fosse resultado do pecado. (Leia João 9:2.) O livro de Jó dá uma razão inteiramente diferente para o seu sofrimento. Nesse caso Jó estava sendo honrado por Deus. A verdade é que Deus podia confiar na fidelidade de Jó, apesar de tudo. Como seria admirável se você e eu aprendêssemos a dar graças a Deus por tudo o que nos acontece!
O livro deve ser lido primeiro como uma narrativa. A história de Jó é simples. Começa com uma cena no céu, e em seguida narra como Jó passou da prosperidade para a pobreza. Segue-se o grande debate entre Jó e seus quatro amigos: Elifaz, o religioso dogmático, muito parecido com um antigo fariseu; Bildade, que procurou consolar Jó com banalidades, e Zofar, que se julgava senhor de toda a sabedoria religiosa. Depois vem Eliú, o jovem impetuoso. No final, chegamos ao clímax, quando Deus fala. Por fim Jó responde, em humildade de espírito, e o problema se resolve. Esta é a história que o livro narra.
Em seguida, devemos considerar o problema que o livro apresenta. Pode ser assim enunciado: “Por que o justo sofre?” Temos:
(1) O conceito superficial de Satanás — que os filhos de Deus o amam e servem porque são recompensados em riqueza e honra (Jó l:l-2:8). Satanás disse que a piedade de Jó era egoísta, que ele servia a Deus por interesse e que, quando sua prosperidade terminasse, ele já não seria piedoso. Satanás recebeu permissão para provar Jó (Jó 2:6). Satanás acrescentou: “Quem não serviria a Deus em troca de muita riqueza? Mas veja o que acontecerá quando acabar a sua prosperidade.”

(2) O conceito, não menos falso, de Elifaz, Bildade e Zofar (que estão de acordo em quase tudo), que os ímpios sofrem por causa do seu pecado e os justos são recompensados. Daí raciocinarem que Jó devia ter pecado e que esse sofrimento era o seu castigo. Jó era grande sofredor, por conseguinte, devia ter sido grande pecador. Diziam eles: Acaso já pereceu algum inocente? (Jó 4:7). Mas Jó sabia que o seu coração era fiel a Deus, e que não podia aceitar a acusação dos amigos. Mostrou-lhes que suas conclusões eram falsas, e que os ímpios muitas vezes prosperavam no mundo (Jó 24:6).


(3) Eliú tinha uma resposta bem mais acertada para o problema, mas seu eloquente discurso foi prejudicado pela presunção. Ele defendeu a Deus e viu nas aflições a correção de um Pai Amoroso. Mas isso não explicava a razão do sofrimento de Jó. Eliú argumentava que o sofrimento era a disciplina de Deus para trazer seus filhos de volta à comunhão com ele. Acreditava que o sofrimento era mandado para guardar-nos de pecar.


(4) Jeová explicou a Jó (ao revelar-se a ele) que quando o homem vê a Deus, algo sempre lhe acontece. Deus permite que os justos sofram para que se vejam a si mesmos, primeiro. Leia Isaías 6:1-5; Gênesis 17:1-3; Daniel 10:4-8. Quando chegamos ao fim de nós mesmos, Deus pode erguer-nos. Jó era homem bom, mas justo aos seus próprios olhos. Leia Jó 29:1-25 e encontrará os pronomes pessoais “eu”, “meu” e “mim” quarenta e nove vezes. Isso nos lembra Romanos 7.

Deus tem um propósito sábio em todo o nosso sofrimento. Ele quer mostrar-nos sua multiforme sabedoria (Efésios 3:10). Quer que a prova da nossa fé opere paciência. Quer extrair de nós o ouro, como que pelo fogo. Quer que se revele o nosso verdadeiro caráter. Além disso, temos uma nuvem invisível de testemunhas reunidas no grande estádio celestial para nos observar no conflito (Hebreus 12:1, 2).


O SALVADOR E O SOFRIMENTO

O Novo Testamento lança muita luz sobre o problema do sofrimento, especialmente a cruz de Cristo. Vemos aqui o Homem mais justo do mundo sendo o maior sofredor do mundo. Sabemos agora que o justo sofre com o ímpio por causa do pecado que enche o mundo de miséria. Sabemos que há consequências naturais do pecado, tanto para o homem piedoso como para o pecador. Já vimos que o castigo é, às vezes, para aperfeiçoamento e correção. Há um sofrimento que os cristãos precisam suportar por amor a Cristo e ao evangelho.
O livro de Jó é um comentário de 1 Coríntios 11:31, 32; Hebreus 12:7-11; Lucas 22:31, 32 e 1 Coríntios 5:5. O assunto principal de Jó é o enigma de todos os tempos: “Por que os justos sofrem?” Mas ele trata de uma vasta esfera de conhecimentos — o poder de Satanás, falando da sua força e do limite da sua autoridade; o fato da ressurreição, e muitas das últimas descobertas científicas.
O livro de Jó fala-nos muito sobre o sofrimento humano. Os amigos de Jó, como milhares ainda hoje, cometeram o erro de pensar que todo sofrimento era o modo de Deus punir o pecado. Eles perguntavam: Acaso já pereceu algum inocente? (Jó 4:7).
Você conhece alguma pessoa boa hoje em dia que está sofrendo? Sem dúvida. Um dos maiores cristãos que já conheci era cego; outro era tão pobre que, quando crianças, levávamos-lhe alimento e juntávamos dinheiro para comprar-lhe roupa. Dávamos-lhe coisas materiais, mas ele nos dava bênçãos espirituais.
Deus permitiu que Estêvão fosse apedrejado (Atos 7:59) e Paulo tinha um espinho na carne que o castigava (2 Coríntios 12:7). Mesmo Jesus conheceu o sofrimento.
Os amigos de Jó concluíram que ele devia ter pecado grandemente, para estar sofrendo de modo tão excepcional. Vamos ver o que Deus provou.
Qual foi a atitude de Jó para com Deus? Primeiro, teve acesso a Deus através do sangue do sacrifício (Jó 1:5). Depois andou com Deus em integridade de coração e de vida.
Jó tinha a consciência limpa para com Deus. Ele sabia que seu coração era verdadeiro e por isso podia aceitar as acusações dos amigos. Finalmente, pôde mostrar-lhes que suas conclusões estavam erradas e que os ímpios muitas vezes prosperam neste mundo (Jó 24:6).
Deus confiava em Jó, por isso lhe deu este grande problema do sofrimento. Porque amava a Jó, permitiu que ele fosse castigado, porque o Senhor corrige a quem ama (Hebreus 12:6). Quando Jó estava no meio da angústia, compreendeu que só o ouro resiste ao fogo. Qualquer outra coisa seria consumida. Tiago disse: Tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança (Tiago 1:2, 3). Enquanto Jó era próspero e íntegro e caridoso, corria o perigo da autoconfiança e podia facilmente esquecer que só possuía essas coisas como mordomo de Deus. Deus não nos dá grandes dons só para nosso proveito próprio. A Confissão de Westminster diz que o fim principal do homem é glorificar a Deus. Mesmo Cristo não se agradou a si mesmo (Romanos 15:3), ele veio para glorificar o Pai.

Deus operou em Jó:
1. Ele foi quebrantado (Jó 16:12, 14; 17:11)
2. Ele foi enternecido (Jó 23:10)
3. Ele foi tocado a ponto de dizer: A mão de Deus me tocou (Jó 19:21).

Você por certo conhece o hino que diz: “Espírito do Trino Deus, vem sobre mim. Quebranta-me, renova-me. Sabe o que poderia significar em sua vida? Foi o que aconteceu a Jó.

Jó realmente nunca se viu a si mesmo até que viu a Deus. Isso é o que acontece com todos nós. Veja o que aconteceu a Isaías, quando, ainda jovem, viu a Deus (Isaías 6:1-9).
Jó, agora, estava pronto para arrazoar com Deus, sobre o seu relacionamento com ele. Não conseguia compreendê-lo. Foi a visão do próprio Deus que completou a obra em Jó e o lançou ao pó.
Ouça o que Deus diz a Jó: Acaso quem usa de censuras contenderá com o Todo-poderoso? (Jó 40:2). Pense em alguém tentar instruir o Deus deste universo! A sabedoria do homem é só loucura para Deus. Veja a resposta de Jó: Sou indigno; que te responderia eu? Ponho a mão na minha boca (Jó 40:4).
Deus continua lidando com Jó até que ele chega ao fim de si mesmo. Eis o que ele diz: Na verdade falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia … Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza (Jó 42:3, 5, 6).
Jó é agora um servo castigado, abrandado. Deus mudou a maré e lhe deu a prosperidade em dobro, duas vezes mais ovelhas, bois, jumentas e camelos. Alegrou-se de novo com filhos e filhas, o mesmo número que antes.
Jó não fez mais perguntas e, sim, uma declaração: Porque eu seu que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus (Jó 19:25, 26).
A visão da vida futura, que antes tinha sido incerta, era agora clara. Ouvimo-lo fazer uma pergunta que as multidões têm feito: Morrendo o homem, porventura tornará a viver? (Jó 14:14). Paulo respondeu a essa pergunta no grande capítulo da ressurreição, 1 Coríntios 15. Jesus deu-lhe a resposta quando declarou: Quem crê em mim, ainda que morra, viverá 0oão 11:25).
Que maravilhosa visão da vida futura temos nestas palavras! Que profecia da vinda do Salvador!
Jó era homem reto diante de Deus e dos homens. Não se esqueça que foi Deus quem disse: Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal (Jó 1:8). Que honra para Jó!
No início do livro, vemos Jó cercado de fortuna, família, posição e amigos. Observemos esse homem a quem Deus chama de íntegro. Ele é visitado por Satanás. A seguir, vem uma série de calamidades. Essas coisas não aconteceram por causa de algo errado na vida de Jó. Todos os amigos de Jó pensavam que a causa do seu problema estava nele mesmo. Mas Deus deixou claro no início do livro que não era assim.
Olhe agora para esse homem destituído de seus bens e reduzido à pobreza. Os filhos dele são tirados. Perde a saúde. Depois perde a confiança da esposa. Por fim, os seus amigos se vão.

SATANÁS E O SANTO (Jó 1:6-2:10)
Em Jó 1:6, os “filhos de Deus” se apresentam diante do Rei. Os “Filhos de Deus” são seres angelicais, os mensageiros de Deus. O mistério é Satanás estar no meio deles. Ele era angélico, mas tinha caído. Nada sugere que ele estivesse fora de lugar ou que tivesse forçado sua entrada na sala de audiências.
Em contraste com o Todo-poderoso temos a figura do adversário, ou Satanás. Vamos estudar essa pessoa por um instante. Satanás, como adversário, é apresentado com grande clareza, representando um ser real, e não imaginário. Não podemos deixar de contrastar o Satanás do livro de Jó com a figura grotesca, descomunal e terrível apresentada pelos poetas. A Bíblia diz que Satanás vem como anjo de luz para enganar e tentar (2 Coríntios 11:14).
Nossa ideia estranha do diabo vem do inferno de Dante, no qual ele procura pintar esse monstro do inferno. O tamanho enorme que Dante lhe atribui se iguala à sua hediondez. Milton também nos dá um retrato de Satanás. A descrição dele é magnífica, mas não tem apoio nas Escrituras. Esse arqui-inimigo em nada se parece com o Satanás do livro de Jó. Nem o Mefistófeles de Fausto dá um retrato verdadeiro, se bem que a figura traçada por Goethe, de um diabo cínico, tenha base no livro de Jó.
Satanás podia trazer as hostes dos sabeus e caldeus para levarem os bois, jumentas e camelos de Jó (Jó 1:13-17); podia destruir as ovelhas por meio de raios e fazer o vento matar os filhos de Jó e até ferir a Jó com chagas. Lembre-se de que ele é o príncipe da potestade do ar (Efésios 2:2).
Contudo, saiba disto também: Satanás tem grande poder, mas há limites para a sua força. Satanás é poderoso, mas Deus é Todo- -poderoso. Ele só pode penetrar onde Deus permite (Jó 1:10). Que consolo é saber que nenhuma calamidade nos pode sobrevir que o Pai não permita. Aquele que encerrou o mar com portas . . . e disse: Até aqui se quebrará o orgulho das tuas ondas (Jó 38:8, 11), nunca nos deixará ser tentados acima das nossas forças. (Veja 1 Coríntios 10:13.) Satanás é tão controlado pelo Todo-poderoso que só pode atacar quando tem permissão (Jó 1:12).

A atitude de Jó:
1. Jó rasgou o seu manto (Jó 1:20).
Convém lembrar que os pesares fazem parte da vida. Eles têm valor para nós. Não devemos menosprezar a correção que vem do Senhor, mas ser por ela exercitados. (Veja Hebreus 12:5 e 11.)
Jesus chorou. Ele não destrói as nossas emoções naturais. Ele disse às mulheres de Jerusalém que chorassem por si mesmas e por seus filhos.

2. Jó reconheceu que perda e tristeza são leis da vida.
Temos de aprender que todas as possessões são transitórias. A cada momento estamos perdendo alguma coisa. Não podemos parar e lamentar tudo o que nos é tirado. Temos de aprender esta dura lição: podemos viver apesar de todas as nossas perdas. Comece a aprender, enquanto é jovem, que nada é necessário senão Cristo.
Só o ouro puro suporta o fogo. Toda escória é destruída. Deus, o grande metalúrgico do céu, põe-nos no fogo, mas fica a observarmos. Ele não confia em outro. Quando o fogo já consumiu todas as impurezas, ele nos tira dali.

DEUS E SATANÁS
Deus perguntou a Satanás: Donde vens? Que tragédia encerra a resposta: De rodear a terra e passear por ela. Isso revela a atividade interminável do mal. Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário. Anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar (1 Pedro 5:8).
Deus perguntou de novo: Observaste o meu servo Jó? (Jó 1:8).
O que Deus queria dizer por “Observaste”? É uma palavra forte, como se ele estivesse observando cada um dos seus atos, procurando achar alguma falha.
Satanás perguntou: Porventura Jó debalde teme a Deus? Ele parece insinuar: “Estou procurando descobrir por que esse homem é tão perfeito. Deve haver alguma razão.” Acaso não o cercaste com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? Isso era verdade, sem dúvida. Depois acrescentou: A obra das suas mãos abençoaste. Isso também era verdade. E os seus bens se multiplicaram na terra. Sim, tudo isso era verdade.
Mas Satanás continuou: Estende, porém, a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem e verás se não blasfema contra ti em tua face. A acusação de Satanás contra Jó era que o homem só serve a Deus pelo benefício que possa ter. Na verdade, não é tanto Jó que está sendo julgado, mas Deus. Não é tanto uma questão da lealdade de Jó, como do poder de Deus. Ele é capaz de guardar aquilo que lhe confiamos? (2 Timóteo 1:12).
A mesma acusação é feita hoje. Uns dizem que os ministros estão pregando o evangelho por interesses materiais; que os pagãos se estão voltando para Cristo por causa do alimento e agasalho que recebem.
Então Deus diz: “Pois bem, prova-o. Tira tudo de Jó e vê o que acontece.”
Você pode ver que o verdadeiro conflito aqui era entre Deus e Satanás? Deus estava provando a verdade da sua declaração quanto à integridade de Jó em segui-lo.
Quando as aflições vieram, Jó não compreendeu o sentido de todo o seu sofrimento. Ele sabia que não era porque tivesse cometido pecado, como seus amigos diziam. Pôs-se a imaginar o que Deus estava fazendo. Nem sempre entenderemos o que Deus está operando no campo de batalha do nosso coração, mas sabemos que há uma razão e um valor em tudo quanto ele permite e que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Romanos 8:28).
Jó provou que era falsa a declaração de Satanás de que os filhos de Deus só o servem por motivos interesseiros.
Não procure sempre descobrir a razão das suas provações e experiências. Às vezes temos de esperar pela resposta. Pomo-nos a imaginar por que Deus leva um jovem promissor e dedicado e poupa um velho bêbado, cuja vida aparentemente nada vale.
Os homens nunca irão encontrar resposta para todos os atos de Deus. Podem ser sinceros, como os amigos de Jó, mas os caminhos de Deus são insondáveis. Deus nunca permitiu que o diabo lhe provasse que ele cometeu um erro ao fazer o homem, quando sugeriu que os homens só servem a Deus por interesse.
Não se surpreenda de encontrar hipócritas em todas as congregações dos filhos de Deus. Satanás vem para causar dano aos santos. Ele distrai a nossa atenção. Leva-nos a criticar. Semeia a discórdia. Leva ao orgulho os pastores e os cantores, os que contribuem e os que oram em público. Esfria o nosso espírito e congela nossas orações. Sim, quando a Palavra está sendo semeada, vêm as aves do céu e a comem (Mateus 13:3-23).
Você nunca poderá andar na presença de Deus, procurando viver uma vida santa, sem que Satanás venha andar ao seu lado para acusá-lo, incriminá-lo e afligi-lo.

Que espécie de homem era Jó?
Era um homem perfeito Jó 1:1
Era um homem próspero Jó 1:2-4
Era um homem piedoso Jó 1:5
Era um homem popular Jó 29:21, 25
Era um homem provado Jó 42:10, 12

JÓ E SEUS AMIGOS (Jó 2:11-37:24)
Familiarize-se com os amigos de Jó. Vamos apresentá-los. O primeiro é o polido Elifaz, depois o argumentador Bildade, em seguida o áspero Zofar e, por último, o vigoroso Eliú.
A cena é costumeira. Cada um tem uma razão a oferecer, como explicação para as suas experiências e problemas. Os quatro amigos de Jó vieram. Você sabia que ele era rico em amigos? Geralmente, quando a pessoa perde riqueza, posição e saúde, não tem mais amigos.
Há coisas que podemos dizer a favor desses homens, embora suas palavras de “consolo” fossem tudo, menos isso. A primeira é que vieram. Foram amigos fiéis na adversidade. Quando a multidão de amigos e conhecidos esqueceu de Jó, eles vieram.
Ficaram calados por sete dias. Fizeram bem nisso. Parece que estavam tentando descobrir a razão de todas as aflições de Jó antes de falarem. Alguém disse que em vez de falarem dele, vieram falar com ele.
Todos eles tinham uma razão; queriam dizer a Jó por que achavam que sofria daquele modo. Estavam de acordo em que ele devia ter pecado grandemente, para estar naquela situação.
Elifaz apoia seu argumento com um sonho (Jó 4:1-5:27); Bildade, em alguns antigos provérbios (Jó 8); Zofar, na experiência e na razão (Jó 11). Eliú aproximou-se mais da verdade, ao argumentar que o sofrimento era a disciplina de Deus para trazer a alma de volta à comunhão com Deus; mas esta não era toda a verdade.
Deus chamou a Jó “íntegro e reto”. Seus amigos estavam errados ao acusá-lo de pecado como a única causa possível das suas calamidades.

CONSOLADORES INFELIZES
A pergunta fundamental volta: “Por que Deus permite que os justos sofram?” Jó clama das cinzas: “Não posso compreender. Não me parece correto.”
A esposa de Jó, olhando desanimada, exclama: “Alguma coisa está errada. Sua religião é um fracasso. Amaldiçoe a Deus e morra.” Esta é a voz do desespero.
Elifaz acrescenta, sacudindo a cabeça: “Deus nunca erra. Que é que você fez para que isso lhe acontecesse?”
Bildade disse: “Deus é justo. Confesse o seu pecado.”
Zofar falou em seguida: “Deus é sábio. Ele conhece o homem.”
Eliú, o homem de Deus, diz a palavra mais sábia: “Deus é bom; erga o seu olhar e confie nele porque ele é Deus.”

O JUSTO CONSOLADOR
Ouve-se a voz de Jeová, vinda de um redemoinho: Eu te perguntarei, e tu me responderás (Jó 40:7).
Agora o próprio Jó fala: Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado (Jó 42:2). Depois vem a grande confissão: Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e na cinza (Jó 42:5, 6).
Esta é a vitória da fé submissa. Quando nos curvamos à vontade de Deus, encontramos o caminho de Deus. Incline-se para vencer. Curve-se para obedecer. Esta é a lição de Jó.
A filosofia dos amigos de Jó estava errada. Jó ficou alegre em vê-los e poder compartilhar suas aflições, mas eles não o compreenderam.
Jó perdeu até os amigos. Procurou explicar, mas foi mal compreendido. Só Deus compreende!

DEUS E JÓ (Jó 38-42)
Esta cena inicia com Deus revelando-se gloriosamente. Numa série de aproximadamente sessenta perguntas, Deus está realmente dizendo: “Quem pode fazer todas estas coisas senão eu?” Deus assim se revela a Jó e revela Jó a si mesmo.
Como acontece conosco muitas vezes, quando Jó veio à presença de Deus, ele se esqueceu das palavras que tencionava dizer (Jó 40:4, 5). Não podia argumentar com Deus. Finalmente, caiu em terra e arrependeu-se no pó e na cinza (Jó 42:6). Este é o único lugar em que podemos aprender as lições de Deus — prostrados e com a boca fechada!
Jeová explicou a Jó (ao revelar-se a ele) que quando o homem vê a Deus, alguma coisa sempre lhe acontece. Aos justos é permitido sofrer para que possam ver-se a si mesmos. (Leia Isaías 6:1-5.) Quando Isaías se viu como realmente era, caiu por terra e exclamou: Sou homem de lábios impuros.

Em Jó 42 temos:
1. A Consciência de Deus versículo 5
2. O Colapso de Jó versículo 6
3. A Comissão para Servir versículo 8
No capítulo 42 você vê que Jó recebeu das mãos de Deus porção dobrada de prosperidade. Ele permite que seus filhos sofram para que o caráter deles se revele, para ensinar-lhes uma lição objetiva e para trazer à luz algum pecado oculto. No caso de Jó, era sentir-se justo aos seus próprios olhos.
O livro de Jó ilustra muito bem Romanos 8:28. Como é maravilhoso ver a paciência de Jó e como o propósito do Senhor é piedade e misericórdia. A uma noite de tristeza se segue uma manhã de júbilo.
Na sua aflição Jó encontrou a Deus. Muitos o conhecem como
Criador e creem na sua grandeza, mas realmente não conhecem a Deus. Quanto mais compreendemos os seus caminhos, tanto mais o amamos e colocamos nele a nossa confiança.

O livro de Jó é rico:

1. Em filosofia
Embora muito antigo, está repleto de registros divinos de filosofia humana e das buscas cegas da sabedoria humana. A razão humana jamais conseguiu ir além dos amigos de Jó, ao tentar explicar os grandes mistérios da natureza humana. (Veja 1 Coríntios 2:14 e Colossenses 2:8.)

2. Em joias de verdades espirituais
Leia sem falta as seguintes referências: Jó 1:21; 5:17; 13:15; 14:14; 16:21; 19:23-27; 23:10; 26:7-14; 28:12-28; 42:1-6. Estas são algumas das passagens mais citadas e mais queridas da Bíblia.

VITAMINAS ESPIRITUAIS / DOSES MÍNIMAS DIÁRIAS
Domingo: SATANÁS E O SANTO Jó 1:1-2:13
Segunda: BILDADE JULGA JÓ HIPÓCRITA Jó 8:1-22
Terça: JÓ RESPONDE AOS AMIGOS Jó 12:1-25
Quarta: JÓ E SUA FÉ Jó 19:1-29
Quinta: JÓ E ELIÚ Jó 32:1-22; 37:23, 24
Sexta: DEUS FALA A JÓ Jó 38:1-18
Sábado: JÓ RESTAURADO E HONRADO Jó 42:1-17