LIÇÃO 10 – SALMO 126 – DEUS RESTAURA A NOSSA VIDA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Ver-se livre da Babilônia, após 70 anos de cativeiro, era algo surreal; para os judeus, isso foi um milagre tão grande que os levou a ter a sensação de estarem sonhando, “estávamos como os que sonham…”
Sendo assim, nesta lição, estamos diante da oportunidade de ministrar que, independentemente do nível de escravidão pecaminosa que alguém viva, Deus pode restaurar essa pessoa de tal modo que seus familiares possam olhar para ela e dizer: tudo isso parece ser um sonho.
Além disso, essa libertação do povo de Deus virou um testemunho, pois se dizia entre as nações que Deus havia feito grandes coisas pelo seu povo, isto é, o motivo de tudo que Deus faz é a sua glória.
PALAVRAS-CHAVE
Alegria • Restauração • Libertação
OBJETIVOS
• Identificar autor; título, data, classificação e contexto histórico do Salmo.
• Reconhecer as obras de Deus a favor de Israel.
• Compreender que depois dos nossos “exílios” é preciso muito trabalho de restauração.
PARA COMEÇAR A AULA
Inicie a aula de hoje perguntando à igreja quem já teve um sonho tão bom que ao acordar, sentiu o desejo de voltar a dormir parar ver se sonhava novamente a fim de sentir aquele prazer.
Foi mais ou menos isso que o povo de Deus sentiu ao sair do cativeiro, mas a diferença foi que eles não tiveram o prazer interrompido, pois embora o milagre de Deus parecesse com um sonho, não era sonho, mas sim uma pura realidade. Desse modo, aproveite esta aula para falar das grandezas, das maravilhas que o Senhor Jesus pode fazer na vida de alguém.
RESPOSTAS
1) Retorno do cativeiro babilônico.
2) Doação de tesouros aos cativos e a promessa de reconstrução do templo pelo Imperador Ciro.
3) Resposta pessoal.
LEITURA COMPLEMENTAR
“Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião, estávamos como os que sonham.” Quando em meio a aflições, os piedosos peregrinos se lembram, para sua consolação, de períodos de lamentação nacional que foram sucedidos por notáveis livramentos. Então a angústia se esvaiu como um sonho, e a alegria que se seguiu foi tão grande que parecia algo bom demais para ser verdade, e eles temeram que fosse a visão de uma mente ociosa. Tão repentina e esmagadora foi a sua alegria que eles se sentiram fora de si mesmos, em êxtase ou em um transe. O cativeiro tinha sido grande, e grande era a libertação; pois o próprio grande Deus a tinha realizado; realmente, parecia bom demais para ser verdade: cada homem disse consigo mesmo:
“Isto é um sonho? Oh, se for um sonho, deixe-me continuar dormindo, e não me desperte ainda”.
Livro: Os Tesouros de Davi vol. 3 (Charles Spurgeon, CPAD, 2017, pag. 657)
Estudada em 8 de dezembro de 2019
LIÇÃO 10 SALMO 126 – DEUS RESTAURA A NOSSA VIDA
TEXTO ÁUREO
“Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão.” Sl 126.5
VERDADE PRÁTICA
Deus é quem restaura a nossa alegria
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda-feira – Sl 18.2 Meu rochedo, lugar forte
Terça-feira – Sl 30.5 O choro não durará para sempre
Quarta-feira – Sl 66.1-2 Todos devem celebrar o nome do Senhor
Quinta-feira – Sl 100.1-5 Servir ao Senhor com alegria
Sexta-feira – Sl 116.12-14 Que darei ao Senhor?
Sábado – Sl 136.2-3 Deus dos deuses e Senhor dos senhores
LEITURA BÍBLICA
Salmo 126.1-6
1 Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha.
2 Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles.
3 Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres.
4 Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe.
5 Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão.
6 Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.
Hinos da Harpa: 511 – 36
SALMO 126 – DEUS RESTAURA A NOSSA VIDA
INTRODUÇÃO
I. ASPECTOS GERAIS
1. Autor, título e data
2. Classificação
3. Contexto histórico
II. LIBERTAÇÃO DO CATIVEIRO Sl 126.1-3
1. Inacreditável libertação Sl 126.1,2a
2. Um cântico de alegria Sl 126.3
3. O testemunho dos gentios Sl 126.2b
III. RESTAURAÇÃO PÓS CATIVEIRO Sl 126.4-6
1. Saudades e lutas Sl 126.4
2. Uma oração Sl 126.4
3. Uma promessa Sl 126.5-6
APLICAÇÃO PESSOAL
INTRODUÇÃO
Este salmo é um cântico de ação de graças pela volta do cativeiro. Aquilo era bom demais para se acreditar; parecia-lhes um sonho. Aqui veremos não apenas que Sião permanece, mas que a sua alegria retoma depois da angústia. Pessoas felizes, para quem cada subida era um cântico, cada parada, um hino. Aqui, o que confia se torna um semeador: a fé opera através do amor, obtém uma bênção presente, e assegura uma colheita deleitosa. O salmo é dividido em uma narrativa (v. 1,2), um cântico (v. 3), uma oração (v. 4) e uma promessa (v. 5,6).
I. ASPECTOS GERAIS
1. Autor, título e data. Não temos informação concreta sobre a autoria do Salmo 126.
Sobre o título em itálico, vemos no topo a expressão hebraica Cântico de romagem (hebraico: Shir há-maaloth). Não podemos precisar a data da composição, mas está relacionada à libertação de Babilônia, em 536 a. C.
2. Classificação. Como vimos, o Salmo 126 faz parte dos “cânticos dos degraus”. Forma uma trilogia com os Salmos 127 e 128, com os seguintes temas:
1) Salmo 126: retorno do cativeiro babilônico;
2) Salmo 127: reconstrução de Jerusalém.
3) Salmo 128: repovoamento da cidade.
3. Contexto histórico. Como Já referido, a temática do Salmo 126 tem relação direta com o exílio do povo de Israel. Para isto, convém lembrar que a morte de Salomão levou à divisão do país em dois blocos. Ao norte, dez tribos reuniram-se no reino de “Israel”, com a capital em Samaria. Ao sul, as tribos de Judá e Benjamim, o reino de “Judá”, tendo a capital em Jerusalém.
Em 722 a. C., Israel foi invadido pela Assíria. Cem anos depois, foi a vez de Judá cair sob o domínio da Babilônia cujo cativeiro estendeu- se de 606 a 536 a. C. Em 538 a. C., Ciro, rei da Pérsia, publicou um decreto que legalizava o retorno dos judeus á sua terra e a edificação de um templo em Jerusalém (Ed 1.1-13). Portanto, o Salmo 126 fala da libertação e retorno dos judeus à terra de Israel.
A Bíblia King James (1611) traduz “Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião” (v. 1) para: “Quando o Senhor trouxe do cativeiro os que voltaram a Sião” (Grifado), sendo o elemento “cativeiro” uma clara alusão aos setenta anos de Israel na Babilônia.
II. LIBERTAÇÃO DO CATIVEIRO (Sl 126.1-3)
1. Inacreditável libertação (Sl 126.1,2a). “Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha”. Os versículos 1-3, falam da época e do estado de graça que tomou conta dos judeus ainda na Babilônia. Textos como “ficamos como quem sonha” (v. 1) e “nossa boca se encheu de riso” (v. 2) são expressões poéticas que tentam traduzir essa alegria contagiante. Eles falam com profundidade semelhante à restauração de Jó (Jó 42.10-17), multiplicada por milhares de vidas que regressaram à sua terra.
Escrevendo aos efésios, o apóstolo Paulo afirmou que Deus é poderoso para fazer além do que pedimos ou pensamos (Ef 3.20). Eis algumas obras do Senhor que se situam fora dessa esfera indispensável no cotidiano da vida cristã, pois “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6).
Todavia, existem operações divinas que dispensam esse requisito humano, classificadas no campo da exclusiva vontade soberana de Deus, a exemplo da ressurreição de Lázaro (Jo 11). Os chamados “livramentos” pertencem a este campo. Se você viver determinado “cativeiro”, creia: o Senhor pode nos libertar, pois para isto Jesus se manifestou: para aniquilar as obras do adversário (1 Jo 3.8).
2. Um cântico de alegria (Sl 126.3). “Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres”. Este versículo é um reconhecimento sóbrio das grandes obras de Deus a favor de Israel, especialmente a libertação do cativeiro.
Seria triste que parentes e amigos reconhecessem que temos sido alvo da misericórdia divina, enquanto nós mesmos ficássemos indiferentes. Infelizmente, o passar do tempo pode produzir este efeito. Muitas vezes, quando grandes lutas surgem em nosso caminho, encontram-nos esquecidos das inúmeras vezes em que o Senhor já nos abençoou e, assim, também não lançamos mão desse patrimônio de fé.
Em cada dia, devemos conservar em nossa memória as “grandes coisas” que o Senhor tem feito por nós. Somente desta forma conservaremos a alegria de sermos curados, libertos, protegidos e abençoados de outras maneiras. “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos.” (Fp 4.4) parece emanar dessa fonte cumulativa de bênçãos.
Certos pais cujo filho foi declarado sem a mínima chance de uma vida normal, caso sobrevivesse algumas horas após o parto, decidiriam realizar um culto mensal de gratidão por dez anos se o Senhor o curasse. O pequeno Ulisses ficou cem por cento são, e os cultos estão sendo realizados há bom tempo. Não devemos esquecer as bênçãos de Deus (Sl 103.2). Às vezes, a alegria está represada em corações ingratos.
3. O testemunho dos gentios (Sl 126.2b). “Entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles”. Israel é uma nação que nasceu e vive até hoje cercada de outros povos, muitas vezes em conflito com eles. Entretanto, a libertação “oficial” do cativeiro babilônico por meio de um decreto de Ciro, o qual ainda prometia a reconstrução do Templo e propiciou a doação de riquezas aos cativos (Ed 1.6) não podia ser despercebido como um ato divino (v. 2). Este fato histórico é muito diferente do êxodo, saída do Egito.
Portanto, não temos por que duvidar do texto que diz “então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles.” (v. 2b). Além da comprovação histórica através da fonte primária da Bíblia, o feito é realmente de causar surpresa. O próprio decreto de Ciro, persa, também prova que os gentios se maravilharam da libertação de Israel.
III. RESTAURAÇÃO PÓS-CATIVEIRO (Sl 126.4-6)
1. Saudades e lutas (Sl 126.4). “Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe”. Pode parecer estranho, mas havia saudades de pessoas que permaneceram na Babilônia, a exemplo de alguns judeus que prosperaram muito durante o cativeiro e de outros que, tendo nascido ali, não tinham desejo de se aventurar numa terra devastada.
As lutas eram muitas para os regressos. Não havia plantações nem pecuária, não havia empregos que garantissem a sobrevivência. O templo e os muros de Jerusalém estavam destruídos. Psicologicamente, muitos estavam afetados, pois, nada obstante o “riso”, todos os regressos careciam de restauração.
O retorno implicava restauração em todas as áreas. Durante os setenta anos de exílio, a terra não ficara totalmente desocupada. Desde a primeira invasão assíria, povos de outras origens ocuparam o território de Israel, houve miscigenação. Os “samaritanos”, tão presentes nas páginas do Novo Testamento, surgiram nesse período como um povo que praticava um culto paralelo ao mesmo Deus de Israel, todavia, sem reconhecer Jerusalém como centro do culto nem reconhecer o serviço religioso instituído em Levítico.
2. Uma oração (Sl 126.4). “Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe”. 0 retorno de Israel a seu território pode ser em parte comparado à libertação dos escravos através da Lei Áurea (1888), que foram livres, porém, não tinham meio de subsistência. Os judeus tiveram o direito de regressar, mas agora precisavam de um segundo milagre.
Esta é às vezes a nossa situação. Conseguimos o emprego de volta, porém, como contornar a redução do salário e as intrigas no trabalho? 0 cônjuge voltou ao lar, todavia, como fica o processo de restauração desse casamento? Porventura, o desinteresse conjugal não arruinará tudo novamente?
Depois de sermos libertos pelo Senhor, continuamos também precisando de um milagre, às vezes, um milagre contínuo e permanente. Liberdade sem boas condições na “nova” vida pode ser um desastre. Depois dos nossos “exílios” é preciso muito trabalho de restauração. Existem traumas a serem curados e necessidades novas diante de nós.
3. Uma promessa (Sl 126.5-6). “Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão” (v. 5). O salmo 126 termina com uma bela metáfora nos versículos 5 e 6. Israel havia semeado lágrimas na Babilônia (Sl 137.1), agora colhia os frutos da libertação. De volta à terra, os judeus precisavam continuar crendo na lei da semeadura, precisavam lançar sementes naturais e espirituais de restauração, a fim de que, mais uma vez, alegrassem-se com o socorro divino.
A aflição atual não deve ser considerada como se fosse durar para sempre: não é o fim, de maneira alguma, mas apenas um meio para alcançar o objetivo maior. Angustiado é o nosso semear, alegre será o nosso colher. Se não houvesse semear em lágrimas, não haveria colheita com alegria. Esta promessa é feita livremente aos que trabalham, aos que esperam, e aos que choram, e eles podem ter a certeza de que ela não falhará: “no devido tempo segarão”. Assim é conosco.
Este salmo deve ser considerado na igreja como um provérbio inspirado. Quando o coração do homem está tão comovido que ele chora pelos pecados dos outros, ele é escolhido para servir. Os que conquistam almas são, antes de mais nada, os que lamentam pelas almas. Da mesma maneira como não existe nascimento sem as dores do parto, também não existe colheita espiritual sem o doloroso trabalho na terra. Quando os nossos corações estão quebrantados de angústia pela transgressão do homem, nós quebrantamos os corações de outros homens. As lágrimas sinceras geram lágrimas de arrependimento.
APLICAÇÃO PESSOAL
Por mais grave que seja a sua situação atual, Deus pode restaurar a sua sorte de maneira inacreditável. Tenha fé no Deus que restaurou a sorte de Jó e livrou Israel do Cativeiro. Ele pode transformar as lágrimas de hoje em alegria.
RESPONDA
1) Qual o contexto histórico do Salmo 126?
2) Quais sinais políticos são prova do milagre de Deus na libertação do povo do exílio e seu retorno para Jerusalém?
3) Em poucas palavras, relate um testemunho pessoal em que você se reconheceu vivendo o versículo 5 do Salmo 126.
VOCABULÁRIO
• Alusão: Fazer rápida menção a alguém ou algo. Referência vaga, de maneira indireta.
• Emanar: Vir de, Ter origem em Espalhar-se em partículas; soltar-se, exalar-se.
• Quebrantado: Que sofreu choque, embate, encontro.