1 CORÍNTIOS 8 e 10 – No capítulo em apreço, Paulo sai de um assunto mais específico, o casamento, e vai para um assunto mais amplo, o relacionamento social, a exemplo das festas daquela sociedade, nas quais, de alguma forma, os cristãos de Corinto estavam inseridos; e nisso, há um apelo para que os crentes fossem um exemplo de fé na graça de Deus.
É nessa perspectiva que o apóstolo direciona o seu argumento sobre liberdade cristã, mostrando que ele era um grande incentivador dessa liberdade. Porém, não no sentido amplo, mas restritivo, o que mostra que a liberdade em Cristo não nos deixa mais presos nos ritos judaicos, todavia, também, não somos livres para fazermos o que queremos; mas tudo isso está pautado no amor ao próximo.
PALAVRAS-CHAVE
Liberdade • Limites • Fé • ídolos Testemunho
OBJETIVOS
• Explicar o conceito da liberdade cristã.
• Compreender a diferença entre liberdade e libertinagem.
• Buscar e promover aquilo que c lícito c edificante.
PARA COMEÇAR A AULA
Comece a aula, sob a perspectiva de que os Judeus já eram ensinados desde cedo que havia um único Deus (como sugestão leia com a classe Deuteronômio 6.4).
Sendo assim, Paulo evidenciou que os deuses estranhos nada são, isto é, eles não têm nem uma realidade e nem um poder sequer neste mundo. Dessa maneira, o comer ou não comer as comidas sacrificadas aos ídolos – o que é enfatizado no Capítulo 8 – não faz bem nem mal. Então, por que comer, se o comer escandaliza os nossos irmãos? Nossa liberdade está baseada no amor.
RESPOSTAS
1) O que sai da boca.
2) Ajuda a fortalecer a fé dos mais fracos.
3) Salvação por meio de Cristo e o testemunho para a comunidade.
LEITURA COMPLEMENTAR
No contexto de Corinto, a questão era a participação em eventos públicos importantes tanto para a estrutura social da cidade quanto para a proeminência pessoal do indivíduo. A participação no culto imperial era uma excelente oportunidade para interação social e para fazer contatos.
É possível que fosse considerada um dever cívico pelos coríntios ansiosos por demonstrar sua lealdade a Roma. O antigo Apologista Tertuliano (160-220 d.C.) permite a participação em banquetes em homenagem ao aniversário do imperador como um dever cívico, mas logo em seguida, ressalta como a participação dos cristãos deve diferir nitidamente da participação dos não cristãos.
Parece haver um paralelo direto com nossa situação atual. O desejo humano de obter proeminência pessoal e a empolgação de circular por meios socialmente importantes apresenta diversas tentações de minimizar a importância do relacionamento com Deus.
Livro: “1 Coríntios” (Preben Vang. Série Comentário Expositivo. Editora Vida Nova – SP, 2018, pág.138).
LIÇÃO 6 – ALIMENTO, ÍDOLOS E A LIBERDADE CRISTÃ – 1 CORÍNTIOS 8 e 10
Texto Áureo
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.” 1Co 10.23
Verdade Prática
A liberdade cristã é enriquecida pelo limite do bom testemunho e do amor ao próximo.
Estudada em 9 de agosto de 2020
Leitura Bíblica Para Estudo: 1 Coríntios 8 e 10
Esboço da Lição
INTRODUÇÃO
I. COISAS SACRIFICADAS A ÍDOLOS – 1 Co 8.1-8
1. Conhecimento x Amor 1Co 8.1-3
2. ídolos e Deus 1Co 8.4-6
3. Fracos e fortes 1Co 8.7,8
II. LIBERDADE TEM LIMITES – 1Co 8:9-13, 1Co 10.1-13
1. O amor ao próximo 1Co 8.9-12
2. Não ao individualismo 1Co 8.13
3. Em pé, não caia (1Co 10.1-13).
III. DIREITOS VERSUS TESTEMUNHO (1Co 10.14-33)
1. Celebrações (1Co 10.14-22).
2. Lícito, mas não edifica (1Co 10.23-30).
3. Fé e vida prática (1Co 10.31-33).
INTRODUÇÃO
A questão no Capítulo 8 é diretamente relacionada ao assunto tratado no capítulo 10: alimentos oferecidos a ídolos. Ao abordar o assunto pela primeira vez (no Capítulo 8), Paulo orienta a igreja sobre o uso de alimentos sacrificados e também escreve sobre os limites da liberdade cristã. No Capítulo 10, o apóstolo expressa profunda frustração com as práticas pagãs de alguns indivíduos que se diziam cristãos.
I. COISAS SACRIFICADAS A ÍDOLOS (1 Co 8.1-8)
1. Conhecimento x Amor (1Co 8.1-3).
“No que se refere às coisas sacrificadas a ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber ensoberbece, mas o amor edifica”(1Co 8.1).
A igreja em Corinto estava inserida num contexto pagão, assim como Israel estava entre os Cananeus, e nós, semelhantemente estamos cercados por toda sorte de crenças e tipos de “fé”. Era comum, entre os coríntios, servir a carne sacrificada a ídolos em festas e banquetes, convidando amigos e parentes (dentre eles cristãos) para compartilharem juntos.
A carne oferecida em sacrifício a ídolos era dividida em três partes iguais: 1) para o ídolo; 2) para quem a oferecia, levar para casa e comer; e 3) era dada ao templo/sacerdote. A carne dada ao templo comumente era vendida em restaurantes e feiras, por um preço bem mais baixo, sendo muito procurada por todos, inclusive cristãos.
Isto levantava a seguinte pergunta: “Os cristãos podem comer esta carne oferecida a ídolos vendida nas feiras a menor preço ou servida na casa dos amigos?” Ao invés de falar de comida, Paulo primeiramente compara o saber e o amor. O comportamento cristão é baseado no amor e não somente no conhecimento/saber. “O saber ensoberbece, mas o amor edifica”.
O verdadeiro conhecimento de Cristo leva o cristão a considerar de que maneira seu comportamento pessoal afeta outros cristãos quanto a sua fé. O amor a Cristo e a preocupação com os outros devem prevalecer sobre os direitos pessoais.
2. ídolos e Deus (1 Co 8.4-6).
“No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus” (1Co 8.4).
Paulo compara os ídolos a nada, porque não existem outros “deuses” senão um só, que é Deus. Existem muitos ídolos e imagens que tentam ocupar o lugar do Deus verdadeiro, mas são meras tentativas de representar algo divino. Por mais que sejam adorados os chamados deuses, só há um único Deus e um só Senhor, Jesus Cristo.
Os cristãos de Corinto, com mais conhecimento, usavam este princípio e arrazoavam: “Se os ídolos são nada, então, comer alimentos oferecidos a ídolos também não representa nada”. Isto atropelava a fé dos cristãos com menos conhecimento e recém-chegados à igreja.
3. Fracos e fortes (1Co 8.7,8).
“Entretanto, não há esse conhecimento em todos; porque alguns, por efeito da familiaridade até agora com o ídolo, ainda comem dessas coisas como a ele sacrificadas; e a consciência destes, por ser fraca, vem a contaminar-se” (1 Co 8.7).
Havia dois grupos diferentes dentro da igreja. Os “mais fortes”, que se orgulhavam de seu conhecimento, afirmavam ter o direito de comer qualquer coisa. Quer os cristãos participassem de refeições cultuais pagãs em templos ou servissem carne do templo em casa, essas ações não exerciam impacto algum sobre sua fé cristã.
Embora se achassem livres e no direito de comer estes alimentos, que para eles não fazia mal algum, o exercício desta liberdade feria os menos instruídos. Como ficavam os direitos e a consciência do irmão mais fraco? Por causa da sabedoria e conhecimento dos mais instruídos, os fracos teriam que perecer? Este é o centro desta passagem. Jesus não morreu por todos?
O outro grupo (“os fracos” ou cautelosos) não achava esses argumentos convincentes e expressava abertamente suas preocupações e críticas em relação aos mais fortes.
“Se Deus fez criaturas livres, e se é bom ser livre, então a origem do mal está no uso indevido da liberdade.” Norman Geisler
II. LIBERDADE TEM LIMITES (1Co 8 9-13,1Co 10.1-13)
1. O amor ao próximo (1Co 8.9-12).
“Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos” (1Co 8.9)”.
Paulo volta sua preocupação pastoral tanto para cristãos maduros quanto para os imaturos. Seu verdadeiro objetivo é ajudar todos a reconhecer que o conhecimento obtido de Cristo precisa ser exercido em amor pelo próximo, se necessário abrindo mão de direitos para que a igreja caminhasse em paz e comunhão.
A resposta pastoral de Paulo aos fracos é: “Vão em frente, comer carne não prejudicará seu relacionamento com Deus”. E aos fortes, afirma: “Em vez de pensar só em seus próprios direitos, certifiquem-se de não escandalizar o cristão mais fraco” (leia Mateus 15.1-20 nesse contexto).
2. Não ao individualismo (1Co 8.13).
”E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo” (1Co 8.13).
O individualismo tende a reinar quando os cristãos consideram que a fé é uma questão pessoal e particular. É mais conveniente concluir que cada indivíduo é exclusivamente responsável por sua própria fé, mas Paulo rejeita esse individualismo entre os cristãos.
Com base em princípios cristológicos, ele remove qualquer argumento que sugira que só o cristão mais fraco precisa lidar com a confusão causada pelo estilo de vida dos cristãos mais fortes. Aqueles que pertencem a Cristo são, acima de tudo, responsáveis por ajudar a fortalecer a fé dos mais fracos; os direitos pessoais e individuais ficam em segundo plano.
3. Em pé, não caia (1Co 10.1-13).
“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia” (1Co 10.11).
Para prevenir os coríntios de praticarem a idolatria e se manterem separados num ambiente repleto de festas e rituais idolatras, Paulo apresenta os exemplos da história de Israel. Ele narra os grandes feitos e privilégios concedidos pelo Senhor ao Seu povo, bem como o trágico fim que tiveram, com os “corpos espalhados pelo deserto” quando o Senhor não se agradou da maioria deles.
“Estas coisas ocorreram como exemplos para nós, para que não cobicemos as coisas más que eles fizeram” (1Co 10.6). Que coisas más são estas? Idolatria, imoralidade, colocar o Senhor à prova, murmuração. rebelião etc.
Após ilustrar seu ensino com exemplos do povo de Israel, Paulo conclui, dizendo: Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós sobre quem os fins dos séculos têm chegado. Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia. Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.
III. DIREITOS VERSUS TESTEMUNHO (1Co 10.14-33)
Os seguidores de jesus têm como objetivo ser imitadores de Cristo em tudo o que fazem. O testemunho deles acerca de seu relacionamento com Cristo tem precedência sobre seus direitos e os leva a rejeitar ações que comprometem esse testemunho.
1. Celebrações (1Co 10.14-22).
“Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios” (1Co 10.21).
Paulo se preocupa com a mistura entre a adoração a Deus e a adoração idólatra da cultura pagã. Os fortes se julgavam capazes de lidar com a participação direta em eventos seculares sem serem levados à idolatria. Os eventos sociais, religiosos, profissionais e culturais que podem ser considerados inofensivos, muitas vezes têm potencial de levar à transigência do ensino de Cristo.
2. Lícito, mas não edifica (1Co 10.23-30).
“Ninguém busque o seu próprio interesse, e sim o de ou trem” (1 Co 10.24).
Declarar que algo é lícito não o torna moralmente correto. De acordo com Paulo, os cristãos são norteados por uma pergunta mais importante: É proveitoso? Se algo é ilegal, ou não é permitido, não deve ser feito; se ó legal ou permitido, existe a possibilidade de que, ainda assim, não deva ser feito. A balança na qual se deve pesar a questão ó a edificação da comunidade. A ação contribui para o fortalecimento ou a edificação da igreja de Cristo ou serve de empecilho? Em vez de concordar com um conjunto de leis cristãs a ser aplicado de forma indiscriminada, ele coloca diante de seus leitores três perguntas que os obrigam a pensar: cm seu lugar, o que faria Jesus? Esta ação prejudica seu testemunho? Este ato ofende a fé de outrem? (v. 24).
“Deus é moralmente responsável por dar a boa coisa chamada livre-arbítrio, mas não é moralmente responsável por todos os males que fazemos com a nossa liberdade.” Norman Geisler
3. Fé e vida prática (1Co 10.31-33).
”Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).
Quando o padrão do comportamento cristão é só o fato de algo ser permitido, torna-se possível dissociar a doutrina cristã da vida cristã. Para o apóstolo, o que revela de tato a identidade cristã é a salvação por meio de Cristo e, ao mesmo tempo, o testemunho para com a comunidade. Para corrigir essa situação, Paulo os chama a serem seus imitadores, assim como ele procura imitar a Cristo. A vida prática cristã deve demonstrar o ensino de Cristo. Essa é a regra para a vida e o pensamento cristãos. O ensino cristão não deve estar separado do viver cristão.
APLICAÇÃO PESSOAL
Cristo revelou um novo conjunto de prioridades e um novo modelo de vida fundamentada em ser como Ele é, no bom testemunho e no amor ao próximo.
RESPONDA
1) Segundo o ensino de Cristo, em Mateus 15.11-18. o que contamina o homem?
2) Qual a responsabilidade dos cristãos mais maduros?
3) Segundo a lição, o que de fato revela a identidade cristã do indivíduo?