Lição 3 – Atos 3 – A Primeira Igreja em Jerusalém

LIÇÃO 3 – ATOS 3 – A PRIMEIRA IGREJA EM JERUSALÉM

Em Atos 3 há 26 versos. Sugerimos começar a aula lendo com todos os presentes, Atos 2.42-3.16 (5 a 7 minutos).
A lição de hoje tem cenário e acontecimento bem particulares: a Igreja em Jerusalém e o discurso de Pedro por ocasião do derramamento do Espírito Santo, respectivamente. Ali se cumpria a profecia de Joel 2.
O sermão de Pedro é estruturado e centrado na ação do Espírito Santo naquele momento e na pessoa de Jesus, culminando no convite ao arrependimento. Apesar de o público que estava diante de Pedro ser formado de pessoas religiosas, era necessário trazê-los ao arrependimento.
A partir do verso 42 é descrito o perfil da Igreja em Jerusalém. Esta deve servir de modelo para a igreja do século XXI: manter-se firme, perseverando na doutrina, na comunhão, no partir do pão e nas orações. Consequentemente, os milagres, a generosidade, a alegria e a singeleza serão também as marcas da nossa igreja.

 

OBJETIVOS
• Incentivar a pregação do Evangelho de Jesus.
• Descrever algumas marcas da Igreja Primitiva.
• Encorajar a prática da vida de comunhão da Igreja em Atos.

 

PARA COMEÇAR A AULA
A aula de hoje pode começar com uma breve conversa sobre a marca que cada crente deixa por onde passa. Quem nós somos? Religiosos ou regenerados pela Palavra? De que maneira estamos impactando a sociedade? Como a sua vizinhança olha para a igreja, da qual você é parte? Estamos impactando a sociedade as virtudes e poder do Espírito ou impactamos com religiosidades?
A Bíblia diz que a Igreja caiu na graça do povo e, por isso, a cada dia pessoas se rendiam a Cristo, atraídas pelo poder do Espírito Santo que os movia na direção certa.

 

RESPOSTAS
1) O Cristo ressuscitado.
2) Perseverança na doutrina dos apóstolos e nas orações.
3) Na porta do templo chamada Formosa.

 

OS MILAGRES EM ATOS
“E estes sinais hão de seguir os que crerem…” (Mc 16.17a)
Atos já foi adequadamente designado como “Atos do Espírito Santo” isso porque de fato os apóstolos e a igreja eram apenas instrumentos. Mas é impossível lermos esse livro sem vermos a operosidade dessa igreja nascente. A igreja de Atos dos Apóstolos, capitaneada pelos seus primeiros líderes, era uma igreja em movimento. Em nenhum instante vemos uma igreja apática, acomodada, fria ou indiferente. Essa Igreja “sacudiu” a sua geração vivendo na dependência do Espírito Santo, obedecendo-o e, na sua autoridade, pregando o Evangelho do reino.
Não falta no livro de Atos o registro constante de sinais miraculosos e sobrenaturais. Os sinais seguiam a pregação apostólica como Jesus prometera em Marcos 16.15-18. Temos nesse livro o registro de 13 relatos de prodígios. Alguns deles envolvem vários milagres como o caso da libertação de Pedro da prisão em Atos 12, onde temos: As prisões caindo (12.7); os guardas que nada viram (12.10); e a abertura automática da porta de ferro (12.10). Seguem os relatos:
• A cura de um coxo (At 3.1-11);
• O tremor de terra e o novo enchimento pelo Espírito Santo (At 4.23-31);
• A sombra de Pedro curando (At 5.15);
• A libertação dos apóstolos da prisão em Jerusalém (At 5.19-21);
• A cura ou recuperação da visão de Saulo de Tarso (At 9.17,18);
• A cura do paralítico Eneias (At 9.32-35);
• A ressurreição de Tabita (At 9.36-42);
• A libertação de Pedro da prisão (At 12.1-11);
• O juízo e cegueira do mago Elimas (At 13.8-12);
• A cura do coxo de nascença em Listra (At 14.8-10);
• O terremoto e abertura das prisões em Filipos (At 16.24-31);
• O livramento do veneno da víbora que picou Paulo (At 28.3-6);
• A cura do pai de Públio na ilha de Malta (At 28.7,8).
Além desses casos específicos temos vários registros gerais de curas (At 2.43; 5.12,16; 6.8; 8.6; 14.3 e 19.11,12). É muito importante entender, como bem disse o Pr. Gidiel Câmara Jr., “no que diz respeito aos milagres, ‘o controle remoto’ não estava nas mãos dos crentes ou dos líderes, mas nas mãos do Espírito Santo”.
Em outras palavras, os sinais e milagres não acontecem quando desejamos, mas quando o Senhor Jesus considerar importante. O mesmo Pastor menciona alguns critérios importantes para avaliarmos os prodígios, isso porque é inegável que o inferno também produz milagres (II Ts 2.9,10), logo “examinar tudo” (I Ts 5.21) é essencial: a) Quem recebe glória com o resultado? b) Jesus está em evidência? c) A realização dos milagres abre a porta para a proclamação do reino de Deus?
Livro: “Os Milagres de Jesus – Sua natureza e propósitos” (Pádua Rodrigues. Editora Nítida – S. J. dos Campos, 2018, Pág. 62)

 

Estudada em 18 de outubro de 2020

 

Texto Áureo
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.”

 

Verdade Prática
Em Atos encontramos o plano de Deus para a Igreja: pregar o Evangelho até os confins da Terra no poder do Espírito Santo.

Esboço da Lição

INTRODUÇÃO

I. A PRIMEIRA IGREJA At 2.42
1. Perseveravam na doutrina
2. Perseveravam na comunhão At 2.42b
3. No partir do pão e nas orações At 2.42c

 

II. PREGAÇÃO E COLHEITA At 2.14-4.4
1. Pedro pós Pentecostes At 2.14
2. Primeira pregação e colheita At 2.14-41
3. Segunda pregação e colheita

 

III. O PRIMEIRO MILAGRE At 3.2-8
1. Um coxo conhecido 3.2
2. Uma cura notória At 3.6,7
3. Um culto genuíno At 3.8

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

Hinos da Harpa: 155-108

 

INTRODUÇÃO
Antes de mostrar, no capítulo 3, o primeiro de muitos milagres realizados em nome de Jesus e no poder do Espírito Santo, o livro de Atos nos mostra o grande crescimento da Igreja e como viviam os novos convertidos.

 

I. A PRIMEIRA IGREJA (At 2.42)
A Igreja já existia no coração de Deus, mas é aqui, no dia de Pentecostes, que ela recebe poder do Alto para mudar a História.
Vejamos um pequeno resumo da vida e caráter da primeira comunidade de cristãos. São aspectos internos que resultam de uma Igreja cheia do Espírito Santo e influente.

 

1. Perseveravam na doutrina (At 2.42 a)
”E perseveravam na doutrina dos apóstolos…”
A doutrina dos apóstolos eram os seus ensinamentos. Os apóstolos eram os guardiões da mensagem deixada por Jesus. Inicialmente, foram ensinamentos orais; e depois, textos incluídos, pela graça de Deus, em nosso Novo Testamento.
Há quem despreze doutrina, mas ela é essencial. Um episódio ilustra isso: um certo crente, após um estudo bíblico, disse para o preletor que não se interessava por doutrinas e teologia; seu interesse era apenas por Jesus”, dizia. O sábio homem amorosamente lhe-respondeu: ”Mas, sem doutrina, que Jesus você tem?” É a doutrina decorrente do ensino bíblico e teológico que forma e organiza nossas crenças e convicções.
Crença é diferente de fé. Fé é a confiança que nos faz andar com Deus, por causa do que Deus diz, não do que sentimos.
Crença é o conjunto de convicções de que algo é verdadeiro e certo (mesmo não sendo necessariamente), a partir de uma avaliação pessoal, a qual pode estar baseada em elementos racionais ou não, mas que sustenta uma prática religiosa ou dá vazão a uma sensação interna.
Sem a doutrina, a nossa fé pode ser deficiente, insuficiente ou equivocada, daí a importância do ensino doutrinário.
Mais do que nunca, precisamos de cristãos que sejam firmes nas doutrinas bíblicas e não adepto das crenças e esquisitices evangélicas.

 

2. Perseveravam na comunhão (At 2.42b)
“E perseveravam…na comunhão”
. ”Comunhão” pode também ser traduzida por “coparticipação”. A palavra koinonia, vocábulo grego para a palavra comunhão, tem como raiz a palavra comum. Significa, portanto, ter coisas ou interesses comuns e compartilhados.
Não era apenas um partilhar das mesmas expressões de fé, mas um profundo e real interesse no bem-estar completo do outro.
A palavra que melhor define a operação da comunhão é família.
A igreja é a família de Deus. Por isso, seus membros chamam uns aos outros de “irmãos”. Parece que essa palavra virou mero título e pronome de tratamento em muitos lugares. Mas não era assim na Igreja Primitiva. E. Peterson foi certeiro quando disse: “O Evangelho nos coloca em comunidade. Uma mudança imediata que ele faz é gramatical: nós, ao invés de eu; e nosso, ao invés de meu.”

 

3. No partir do pão e nas orações (At 2.42 c)
“E perseveravam…no partir do pão e nas orações.”
A terceira expressão que resumia a vida da igreja é o “partir do pão”. É praticamente consenso que esse é o termo que Lucas usa para a Ceia do Senhor. Alguns acham que envolvia não apenas a Ceia memorial, mas também uma refeição fraternal.
Oração é uma prática comum na Igreja de Atos. Permeia todo o livro do começo ao fim (4.31; 6.4; 12.5; 16.25). Uma igreja cheia do Espírito Santo ora fervorosamente.
Um púlpito com unção está conectado com bancos cheios de oração.
A expressão “perseverar” implica continuar, não desistir, permanecer. A Igreja estava praticando aquilo que Jesus repetidamente havia ensinado e que, agora, o Espírito Santo lhes lembrava (Lc 11.9-10). Essa Igreja tem muito a nos ensinar sobre vida de oração. Lembremos que ela recebeu poder após 10 dias ininterruptos de oração e estudo da Palavra.

 

II. O PRIMEIRO MILAGRE
Atos capítulo 3 enfatiza o poder do nome de Jesus (3.6,16). A autoridade do Seu nome provava que Ele estava vivo. A cura de um coxo é o primeiro milagre registrado com detalhes por Lucas.

1. Um coxo conhecido (At 3.2)
“Era levado um homem, coxo de nascença, o qual punham diariamente à porta do templo chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam.”
Aquele coxo e mendigo era conhecido. Atos 4.22 nos informa que ele já ultrapassara os 40 anos de idade. Havia muito tempo que esmolava ali junto a uma das muitas portas de acesso ao templo. Todos os dias ele estava lá. Como a prática de dar esmolas é algo comum em qualquer religião, qual lugar é melhor do que a porta de um templo para sua realização? Que ele já era alguém familiar, pode ser confirmado pelo que diz o verso 10: “e reconheceram ser ele o mesmo que esmolava” Isso foi providencial para glorificar o nome de Jesus.

 

2. Uma cura notória (At 3.6,7)
“Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!”
Pedro e João, frequentemente mencionados juntos em toda a Bíblia, vão orar no templo judaico. A porta de bronze, medindo 22 metros de altura merecia o nome “Formosa”. Olhando para o mendigo, Pedro diz que não tinha dinheiro para lhe oferecer, mas deu-lhe algo muito mais precioso. Diante da ordem “em nome de Jesus Cristo, o nazareno, levanta-te e anda”, a cura foi instantânea e completa; e o homem curado acompanha os apóstolos, tão cheio de entusiasmo e alegria, que parecia uma criança, saltando e pulando.

 

3. Um culto genuíno (At 3.8)
“De um salto se pôs em pé, passou a andar e entrou com eles no templo, saltando e louvando a Deus.”
Não era uma forma convencional de alguém adentrar no templo, e a atenção foi geral. Como já foi dito, o culto mais genuíno que ocorreu naquele dia no templo, sem dúvida alguma, foi o louvor daquele ex-mendigo. Glória a Deus!
Há mais uma lição aqui: a Igreja não depende de recursos naturais para existir e triunfar. W. Wiersbe nos lembra o seguinte: “A Igreja primitiva não tinha nada do que consideramos essencial para o sucesso hoje: propriedades, dinheiro, influência política, status social. No entanto, ganhou multidões para Cristo e plantou igrejas em todo o império”. Como conseguiram isso? Inflamados e capacitados pelo poder do Espírito Santo.

 

III.PREGAÇÃO E COLHEITA (At 2.14-4.4)

1. Pedro pós Pentecostes (At 2.14)
“Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras.”
Pedro, que outrora havia se escondido na periferia da multidão para descobrir o que aconteceria a Jesus e o negara três vezes diante de um pequeno grupo (Lc 22.54- 62), agora ocupa destemidamente a primazia e liderança para proclamar com intrepidez e autoridade a mensagem ungida de Deus e a revelação do significado dos fatos divinos. É um novo e ousado homem depois do Pentecostes.
É um exemplo típico do que ele e outros pregaram em várias ocasiões dali em diante. Sempre fundamentados na interpretação das Escrituras aprendida do Senhor ressurreto durante o período em que esteve com eles antes da ascensão (Lc 24.44-48).
Ilustra muito bem o valor da promessa de Jesus em Atos 1.8: “Mas recebereis poder; ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra “.
A frase “com muitas outras palavras”, em Atos 2.40, mostra que Lucas apresenta apenas os trechos de destaque do sermão de Pedro.

 

2. Primeira mensagem e colheita (At 2.14-41)
“Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas” (At 2.41).
Diante do espanto geral (2.12), Pedro se levanta e prega o primeiro sermão da Igreja. Ele centra o conteúdo em três coisas:
a) O que estava acontecendo não era embriaguez, mas sim que o Espírito fora derramado, conforme as predições proféticas, iniciando assim os últimos dias (2.15-21).
b) Jesus estava vivo. Ele ressuscitou dentre os mortos. Pedro estabelece como prova disso a profecia de Davi (2.25-31) e o testemunho insofismável daqueles que testemunharam esse fato (2.32).
c) A ressurreição provava que Jesus é o Messias judeu (2.36). Em Atos a mensagem da ressurreição tornou-se o centro da mensagem apostólica (3.26; 4.33; 17.31).
O sermão de Pedro continha o convite ao arrependimento. Ele mostrou que seus ouvintes estavam perdidos em seus pecados e precisavam arrepender-se.
F. F. Bruce define o arrependimento da seguinte maneira: ‘Arrependimento (no grego Metanoia, ‘mudança da mente’) envolve o abandono do pecado e voltar-se para Deus em contrição; o pecador arrependido está em condições para receber o perdão divino”.
Não há salvação sem arrependimento. A pregação do arrependimento está desaparecendo dos púlpitos. Aqui fica uma grandiosa advertência para todos nós: A igreja que Jesus está edificando é composta de pessoas arrependidas e convertidas.
A mensagem de Pedro foi como uma faca nos corações do seu público. A palavra “compungiram-se” revela isso. Seu significado tem a ver com a ideia de “cortar o coração”. Nem todos que ouviram a Palavra creram. Mas o número dos que creram e foram batizadas chegou a quase 3.000 pessoas. Uma grande colheita.

 

3. Segunda pregação e colheita (At 3.11-4.4)
“Muitos, porém, dos que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número de homens a quase cinco mil” (At 4.4)

O milagre tem o poder de atrair a multidão (3.11), mas o milagre sozinho não converte ninguém. É necessário que o Evangelho seja pregado. É o que Pedro faz. O maior chamado da Igreja é este: anunciar o Evangelho do Reino de Deus. Inicialmente, Pedro afasta de si mesmo qualquer mérito ou honra pelo acontecido com o coxo (3.12-13). Não queria usurpar a glória de Deus. Quem fez isso, diz ele, foi Jesus. O homem não é o agente da ação divina, apenas o instrumento. Como disse Werner de Boor: “Não há em todo o livro de Atos culto a heróis. Apenas Deus e sua causa estão em jogo”. Precisamos reaprender isso.
Com ousadia, Pedro reafirma a obra de Cristo e sua ressurreição citando o Antigo Testamento (3.19-26). O resultado é que o número total dos cristãos chega próximo a 5.000, não incluindo as mulheres. Em resumo, a cura do coxo trouxe três resultados imediatos:
a) O louvor do curado;
b) A pregação de Pedro;
c) Uma grande colheita para o Reino.

 

APLICAÇÃO PESSOAL
A espiritualidade viva e alegre dos primeiros cristãos cheios do Espírito Santo, sua profunda comunhão uns com os outros e seu amor contagiante impactou aquela sociedade. O mesmo deve acontecer conosco hoje.

 

RESPONDA
1) Segundo Atos, qual o tema central da pregação apostólica?
2) Mencione duas marcas dos primeiros cristãos.
3) A cura do coxo de nascença ocorreu em que lugar?