Lição 9 – O Cristão e a Política

LIÇÃO 9 – O CRISTÃO E A POLÍTICA

ESTA LIÇÃO EM ÁUDIO

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Como temos acompanhado nas lições anteriores, embora a vida cristã esteja no contrafluxo do sistema pecaminoso, ela não pode encerrar-se numa redoma e alienar-se do que acontece ao redor. Ao contrário, os seus princípios devem ser vividos em todas as dimensões humanas.

Mas a área política encontra, ainda, muita resistência entre os crentes, em muitos casos por falta de ensino e preparo, de um lado, aliado ao quadro degradante e corrupto, por outro, que tem sido a sua marca no Brasil e em muitos países.

Quando professor e aluno passam a dialogar sobre determinado tema no momento da aula, o processo de aprendizagem cumpre sua missão de criar mentes pensantes e, ao mesmo tempo, prepara-os para desenvolver sua cidadania.

 

PALAVRAS-CHAVE

Política • Vida Cristã • Vocação • Integridade • Ética

 

OBJETIVOS

  • Mostrar que a natureza da vida cristã exige um comportamento íntegro na política.
  • Realçar que não podemos flexibilizar a fé e abrir mão dos princípios bíblicos.
  • Enfatizar que as ações do cristão na política devem primar pela ética, justiça e o bem comum.

 

PARA COMEÇAR A AULA

Chegamos a mais uma lição que para alguns alunos parece ser uma reprodução do que já foi tratado em outras lições. No entanto, faça-os lembrar que diferente das outras, esta lição trata especificamente da participação do cristão na política.

Aproveite esse momento para dialogar com eles sobre temas de vital importância não só para a igreja, mas também para toda a sociedade hodierna. Temas como ética, justiça e o bem comum de todos. Com isso, eles entenderão acerca dos princípios a serem postos em prática por todos aqueles que almejam exercer cargos públicos.

 

RESPOSTAS DAS PERGUNTAS

1) Tristeza e alegria.

2) Uma postura exemplar,

3)  Ação pela justiça, ação pelo bem comum e ação pela ética.

 

LEITURA COMPLEMENTAR

Convém ainda que o cristão, como detentor do mandato, lembre-se de uma séria advertência dada por Cristo aos discípulos, no âmbito do Reino de Deus, para realçar que a missão recebida não era mero passatempo, mas exigiria embates até de natureza cruenta. “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos”, disse o Senhor, em Mateus 10.16. A metáfora se aplica muito bem ao mundo político. O cristão não voará em céu de brigadeiro e nem navegará a favor da corrente. Isso jamais pode ser esquecido.

(De qualquer modo) não há nenhum pressuposto bíblico que impeça ao cristão o exercício da vida pública, seja através de cargos eletivos, seja de outra natureza. Portanto, política é, também, “coisa” de crente. Há, todavia, múltiplas recomendações para que viva uma fé comprometida com os valores do Reino de forma piedosa, santa e agradável a Deus, onde quer que atue. Assim como o sal penetra em todos os grãos dentro da panela e a luz alcança todas as frestas da área onde está acesa – repita-se – de igual modo espera-se a mesma influência do cristão em qualquer esfera. Havia também santos na casa de César.

Livro: “Visão Cristã sobre Política” (COUTO, Geremias. Editora Visão Cristã, Campina Grande, PB, 2015, pp. 47,48).

 

LIÇÃO 9 – O CRISTÃO E A POLÍTICA

 

TEXTO ÁUREO

“Mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas abras, glorifiquem o Deus no dia da visitação.” 1Pe 2.12

 

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda – 1jo 1.29  Nascidos para a prática da justiça

Terça – Rm 15.14  Nascidos para a prática da bondade

Quarta – 2Co 8.1,2  Nascidos para a prática da generosidade

Quinta – Cl 1.8,9  Nascidos para a prática do amor

Sexta – 1Pe 1.6  Nascidos para a prática do domínio próprio

Sábado – 1Pe 2.17  Nascidos para a prática da fraternidade

 

LEITURA BÍBLICA

1 Pedro 2.12-17

12   mantendo exemplar o vosso procedimento no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação.

1.1  Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor, quer seja ao rei, como soberano,

14  quer às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem.

15  Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos;

16   como livres que sois, não usando, todavia, a liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus.

17   Tratai todos com honra, amai os irmãos, temei a Deus, honrai o rei.

 

Hinos da Harpa: 93 – 432

 

O CRISTÃO E A POLÍTICA

 ORGANIZAÇÃO DESTA LIÇÃO NA REVISTA IMPRESSA:

INTRODUÇÃO

 

I. A PARTICIPAÇÃO DO CRISTÃO NA POLÍTICA

  1. A perspectiva do cristão Ec 9.10
  2. O ambiente político 1jo 5.19
  3. A postura do cristão 1Pe 2.12-17

II. AS AÇÕES DO CRISTÃO NA POLÍTICA

  1. Ação pela justiça 1Pe 2.15
  2. Ação pelo bem comum Gl 6.9,10
  3. Ação pela ética Lc 2.12-14


III. A VIDA CRISTÃ É INTEGRAL

  1. Vida cristã em família 1Co 7.29
  2. Vida cristã equilibrada 1Co 7.30
  3. Vida cristã na sociedade 1Pe 2.16


APLICAÇÃO PESSOAL

INTRODUÇÃO

Como temos acompanhado nas lições anteriores, embora a vida cristã esteja no contrafluxo do sistema pecaminoso, ela não pode encerrar-se numa redoma e alienar-se do que acontece ao redor.

Ao contrário, os seus princípios devem ser vividos em todas as dimensões humanas. Mas a área política encontra, ainda, muita resistência entre os crentes, em muitos casos por falta de ensino e preparo, aliado ao quadro degradante e corrupto que tem sido a sua marca no Brasil e em muitos países.


I. A PARTICIPAÇÃO DO CRISTÃO NA POLÍTICA

1. A perspectiva do cristão. Assim sendo, desde que a perspectiva do cristão seja a de Deus – a política como exercício da governança – não há qualquer pecado ou incompatibilidade entre a sua fé e a disposição de servi-lo na vida pública, tendo como lema de vida o que ensinou Salomão sobre dedicar-se com denodo (ousadia) ao que lhe vier à mão para ser feito (Ec 9.10). A ausência de mentes renovadas por Cristo no mundo político é uma das agravantes da situação em que hoje vivemos.

Por outro lado, assim como se peca por outros motivos que não são objeto do presente estudo, peca também o cristão que olha a política como um fim em si mesmo, peca aquele que faz dela um meio para satisfazer os seus interesses e, com isso, mergulhar nos seus escaninhos mais corruptos para enlamear-se com a podridão que o afasta de Deus, tanto quanto pode acontecer em outras áreas da vida. A razão de estar lá é servir e não servir-se (Mc 10.43,44).


2. O ambiente político.
Entramos, por conseguinte, noutra questão que cria forte resistência no meio cristão à participação cristã na política, por tratar-se de um ambiente extremamente contaminado pelo sistema pecaminoso com toda sorte de práticas nocivas que podem sufocar a vida de fé da pessoa. Esse é, de fato, o retrato da realidade. Mas temos de convir que não se restringe apenas ao mundo político.

Reitere-se o que já afirmamos em lição anterior: é o mundo que jaz no maligno, aliado à natureza má do coração humano (1Jo 5.19), (Gn 6,5; Rm 7.18). Isto significa que em qualquer outra área se encontrarão os mesmos males que afetam a vida política. Há diferentes turmas de corrupção que estão presentes nos atos mais simples da vida, como, por exemplo, ficar com o troco recebido a mais no supermercado, ultrapassar a velocidade permitida ou tentar subornar o policial por estar com o documento vencido. Se o coração é mau, a prática será má em qualquer lugar.

2. A postura do cristão. Portanto, o que se espera de um cristão na política é que ele tenha postura exemplar (1Pe 2.12- 17). Como a postura de Daniel e seus companheiros na Babilônia. Eles estavam numa corte pagã, sob o regime de um sistema absolutista, isto é, numa situação totalmente hostil, mas propuseram em seus corações não se contaminar com a comida do rei, certamente consagrada aos deuses do panteão babilônico (Dn 1.8-17). Em sentido figurado, implica em rejeitar qualquer oferta que macule a fé e o compromisso com Deus.

No Novo Testamento, temos duas situações interessantes. A primeira relacionada a José de Arimateia, membro do sinédrio judaico. Esta era a corte mais elevada em Israel, que, sob o jugo romano, tinha a responsabilidade de cuidar de problemas criminais, políticos e religiosos entre os judeus. Ele, como discípulo oculto de Cristo, não deu aprovação à decisão do colegiado e, depois, cuidou do sepultamento de Jesus (Lc 23.50-53), Ou seja, ele não flexibilizou a sua fé.

A segunda foi com o procônsul Sérgio Paulo, uma espécie de governador de província, no Império Romano, que se converteu a Cristo pelo ministério de Paulo e, por certo, continuou no exercício de sua função, fiel à sua nova fé (At 13.6-12),

 

Não há um único centímetro quadrado, em todos os domínios de nossa existência, sobre os quais Cristo, que é soberano sobre tudo, não clame: “É meu!”  (Abraham Kuyper)

 

II. AS AÇÕES DO CRISTÃO NA POLÍTICA

1. Ação pela justiça. A pregação de João Batista no deserto da Judeia nos fornece alguns vislumbres do que devem ser as ações do cristão em todas as áreas, mas em especial na política. O primeiro tem a ver com justiça e generosidade (1Pe 2.15). Em resposta à multidão, o último dos profetas do Antigo Testamento asseverou que quem tivesse roupa e comida repartisse com quem não tinha (Lc 2.10,11), Ou seja, quem acumula só para si não é justo. Quem não compartilha com o próximo não é generoso.

 

2. Ação pelo bem comum. Embora não esteja explícito na passagem, temos aí também a ideia do bem comum, isto é, aquilo que não é privado, mas se compartilha com todos. É de uso coletivo, comunitário, público ou geral. A universalização e a otimização desses bens são fundamentais, a fim de que sejam realidade para todas as famílias. Não é justo nem cristão, por exemplo, que algumas pessoas, porque podem pagar, tenham acesso à saúde de qualidade, enquanto a imensa maioria sofre, não porque o SUS seja um sistema ruim, mas por ser mal operacionalizado e vilipendiado pela corrupção (Gl 6.9,10; 2Co 9.8,9).

 

3. Ação pela ética. Para concluir, publicanos e soldados, depois de serem batizados por João Batista no Jordão, queriam saber do profeta qual deveria ser, agora, o seu comportamento (Lc 2.12-14).

Ao primeiro grupo ele foi incisivo: “Não cobreis mais do que o estipulado”. Perceba que ele não tira a legitimidade dos impostos, mas condena a cobrança indevida, a corrupção, que gera enriquecimento ilícito, prática comum entre publicanos, como se presume da história de Zaqueu (Lc 19.1-10).

Ao segundo grupo, foi também direto: sem maltrato, sem falsa denúncia e contentamento pelo salário. Ou seja, ética em todas as coisas por um Brasil melhor, até que alcancemos a nossa morada definitiva.

 

III. A VIDA CRISTÃ É INTEGRAL

1. Vida cristã em família. Ao olharmos a intenção de Paulo no texto de 1 Coríntios 7.29-31, percebemos que o seu propósito não é desvalorizar o casamento, nem mesmo qualquer outra atividade inerente ao ser humano. O que ele quer demonstrar é a instabilidade da vida terrena, a sua transitoriedade, para contrapor à preocupação excessiva que leva as pessoas a apegarem-se aos negócios terrenos a ponto de pôr em segundo plano ou mesmo se esquecerem da vida piedosa com Deus, que tem valor para a eternidade (1Tm 4.8).

O apóstolo inicia então com o casamento a constituição da família – como uma dessas responsabilidades que, se não for tratado sob a perspectiva de Deus, pode levar os cônjuges a perderem o senso de proporcionalidade entre o seu compromisso conjugal e a sua comunhão com o Senhor, pondo esta em segundo plano, quando deveria ser o contrário. Primeiro Deus, para que o dever conjugal e familiar esteja sempre sob essa perspectiva (Mt 6.33).

 

2. Vida cristã equilibrada. Seguindo na mesma linha, no mesmo texto, Paulo introduz dois sentimentos opostos entre si – tristeza e alegria – para enfatizar o equilíbrio da vida cristã centrada em Deus contra qualquer coisa que possa levar o cristão de um polo ao outro, como se a vida dependesse apenas do seu estado emocional e não da esperança que há em seu coração (Rm 8.24).

“Chorem, mas não chorem. Alegrem-se, mas não se alegrem”. Em outras palavras, tenham um ponto de equilíbrio, pois as coisas desta vida passam. A perda de hoje pode ser o ganho de amanhã. A perda de amanhã pode ser o ganho de hoje. No entanto, apesar das circunstâncias, a vida em Cristo produz paz, serenidade, descanso e certeza das coisas do porvir.

 

3. Vida cristã na sociedade. Na sequência do mesmo texto, o apóstolo Paulo transita do verso 30 para o verso 31 aludindo aos que compram e aos que usam das coisas deste mundo como se nada possuíssem e delas não abusassem. Percebe-se que ele não tira a legitimidade do comércio e nem desqualifica as coisas com as quais precisamos lidar enquanto estamos no mundo. Elas fazem parte da nossa realidade cotidiana.

Compramos, vendemos, negociamos, estudamos, aprendemos, ensinamos, sujeitamo-nos à legislação, crescemos em nossa carreira profissional, votamos, somos votados, exercemos funções privadas ou públicas, enfim, agimos em múltiplas frentes legítimas ao cristão, mas elas não podem consumir o nosso coração nem tirar os nossos olhos do que realmente conta: a nossa comunhão com Deus, visto que tudo aqui é provisório de tal modo que, ainda assim, com toda transitoriedade, tenhamos uma família, uma igreja, uma sociedade e um Brasil melhores (Pv 4.23).

Nessa perspectiva podemos também compreender o que diz Pedro, na leitura em classe, sobre as nossas relações com as autoridades, estimulando-nos a não usar a nossa “liberdade por pretexto da malícia, mas vivendo como servos de Deus” (1Pe 2.16).

 

APLICAÇÃO PESSOAL

Esses são os princípios que se esperam do cristão que exerce a vida pública. Ele projeta o seu mandato ou o seu cargo para, de maneira ética, justa e cristã, criar as melhores condições no país, estado e município, a fim de que as famílias vivam de modo digno,  justo e generoso na transitoriedade da vida.

 

RESPONDA

1) Quais são os dois sentimentos opostos entre si que podem produzir desequilíbrio emocional?

2) Que razão deve pautar a vida do cristão no exercício da vida pública?

3) Cite as três principais ações do cristão na política destacadas no terceiro tópico.

 

VOCABULÁRIO

  • Contrafluxo: contrário a outro fluxo. Pensamento oposto a uma determinada corrente.
  • Transitoriedade: aquilo que é transitório, breve, temporário.
  • Vilipendiado: quem foi ofendido, injuriado.
  • Denodo: ousadia, bravura diante do perigo; intrepidez, coragem.
  • Hodierno: atual; que diz respeito ao dia de hoje e/ou ao tempo recente; moderno; que reflete o momento contemporâneo: mundo hodierno.