Lição 11 – O Cristão e o Exercício do Voto

LEITURA COMPLEMENTAR

Se nos desmotivarmos por causa disso [a presença do cristão que, na política, não honra a fé], a tendência é entregar os pontos, não exercemos o nosso papel profético, como igreja, tornarmo-nos sal insípido e luz escondida no velador, diferente do que ensinou Jesus no Sermão do Monte.

Precisamos entender qual é a nossa responsabilidade, enquanto cristãos, não limitando a nossa ação apenas ao âmbito de nossa fé, mas vivenciá-la integralmente em nossa vida diária, em qualquer lugar que o Senhor nos levar, no exercício de nossa vocação celestial.

Se tivermos consciência do que somos em Cristo, certamente saberemos também lidar com a política à luz dos princípios que regem o Reino de Deus [incluindo-se aí sabedoria para dar o nosso voto à luz dos princípios bíblicos].

Livro: “Visão Cristã sobre Política” (COUTO, Geremias. Editora Visão Cristã, Campina Grande, PB, 2015, pp. 14).

Estudada em 16 de dezembro de 2018

 

ESTA LIÇÃO EM ÁUDIO

 

LIÇÃO 11 – O CRISTÃO E O EXERCÍCIO DO VOTO

 

TEXTO ÁUREO

“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Rm 12.2

 

 

VERDADE PRÁTICA

A nossa cidadania celestial não nos aliena de nossa cidadania terrestre. Ao contrário, ela nos impõe viver os seus valores em cada esfera da vida.

 

 

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda – 2Rs 4.8-10 As marcas do homem de Deus

Terça – 1Co 11.1-33 A vida do homem de Deus

Quarta – 2Tm 3.14-17 O aprendizado do homem de Deus

Quinta – Gl1.1 A vocação do homem de Deus

Sexta – Fp 2.1-4 A humildade do homem de Deus

Sábado – 1Ts 2.1-4 A aprovação do homem de Deus

 

 

LEITURA BÍBLICA

Romanos 12.2-5

2          E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

3          Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.

4          Porque assim como num só corpo temos muitos membros, mas nem todos os membros têm a mesma função,

5          assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros

 

 

Hinos da Harpa: 298 – 305

 

ORGANIZAÇÃO DA LIÇÃO NA REVISTA:

O CRISTÃO E O EXERCÍCIO DO VOTO

INTRODUÇÃO

 

I. PORQUE DEVEMOS VOTAR

1. Nossa responsabilidade cristã Sl 106.6

2. Nosso papel no mundo Rm 12.2

3. Nossas escolhas em Cristo Jr 29.7

 

II. COMO DEVEMOS VOTAR

1. Para a glória de Deus 1Co 10.31

2. Para o bem comunitário Rm 12.5

3. Para dignificar o voto Fp 2.14

 

III.     EM QUEM DEVEMOS VOTAR

1. O voto vocacionado Rm 8.29

2. O voto qualificado At 6.5

O 3. voto de excelência Gn 41.39

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

 INTRODUÇÃO

A cidadania passa pelo exercício do voto. Assim como nas demais áreas, se requer que o cristão tenha responsabilidade em seus atos – viva de modo digno do Evangelho – nessa também não é diferente (Fp 1.27).

Como cidadãos que expressam os valores do Reino de Deus, nosso padrão vai além dos padrões daqueles que esperam só nesta vida. Nossas decisões devem ser tomadas de forma tal que demonstrem na melhor medida o quanto desejamos que o nosso país desfrute de justiça, paz e prosperidade. A escolha daqueles que nos representam na vida pública diz muito do que está em nosso coração.

 

I.PORQUE DEVEMOS VOTAR

1. Nossa responsabilidade cristã. Convém definir inicialmente que pecado, à luz da Bíblia, não é só o que praticamos, isto é, aquilo que se comete mediante intervenções pessoais em diferentes circunstâncias. Isto é o que na Teologia chamamos de pecado de comissão, ou seja, agir de forma contrária ao que Deus determinou (SI 106.6). No entanto, há também o pecado de omissão, cujas implicações têm a ver com atitudes conscientes – tomadas de forma consentida – que nos tornam omissos em situações onde nossa inação (falta de ação) contribui para a prevalência do mal (Tg 4.17; Lc 10.25-37).

Ora, no regime democrático o voto é o meio pelo qual a população escolhe aqueles que vão governá-la ou legislar nos três níveis da federação: municipal, estadual e federal. Se nossa decisão for guiada pela degradação do sistema pecaminoso, é muito provável que muitos prefiram omitir-se de dar o seu voto. Ou votar errado.

Mas se a nossa bússola for a Palavra de Deus, que assemelha o crente ao sal da terra e à luz do mundo (Mt 5.13-16), seremos também responsáveis em cumprir o nosso papel cidadão de votar bem, enquanto aqui vivemos.

2. Nosso papel no mundo. Ocorre que a nossa omissão acaba sendo terreno propício para que sempre a má política prevaleça. Martin Luther King já deixava implícito que o silêncio dos bons permite que os maus prosperem. É certo que a situação do mundo à luz da doutrina das últimas coisas não nos traz boas perspectivas – tudo vai de mal a pior – mas isso não nos desobriga de trazer dignidade, como cristãos, ao lugar onde vivemos (Rm 12.2).

Não podemos jamais concorrer para o mal (Rm 12.21). Não é nossa tarefa. Segundo Paulo, cabe-nos semear o bem em qualquer circunstância (G1 6.9,10). Nesse pequeno texto, tal qual numa pequena semente, estão todas as boas potencialidades que o homem, em Cristo, pode desenvolver em contraste com a semente maligna.

3. Nossas escolhas em Cristo. Uma dessas potencialidades é não mais fazermos escolhas segundo o curso do mundo, mas à luz de nossa comunhão com Cristo e dos princípios que ele estabeleceu na Escritura, de tal modo que tudo quanto fizermos seja um dique contra a proliferação do mal entre nós.

Assim como todos apreciamos que a nossa casa esteja bem higienizada, cuidada e suprida, como preconizou Salomão acerca da mulher virtuosa (Pv 31.10-29), igualmente nosso coração deve desejar e buscar que a “cidade” esteja bem higienizada, cuidada e suprida mediante a escolha de bons mordomos para administrá-la (Jr 29.7). É o que fazemos prioritariamente através do voto.

 

“Os princípios de sua cidadania celeste se impõem sobre a sua cidadania terrestre.”

II. COMO DEVEMOS VOTAR

1 Para a glória de Deus. Chegamos, neste ponto à questão crucial: como exercer o direito ao voto. A premissa tem de ser a mesma aplicada às demais áreas da vida: a glória de Deus. Paulo trata do assunto no contexto de uma cidade pagã e idólatra – Corinto – onde os crentes lidavam com questões complexas, entre elas o fato de os produtos vendidos no comércio serem consagrados aos ídolos.

O que fazer? A síntese que o apóstolo faz é perfeita: comendo ou bebendo, duas coisas básicas da vida, ou fazendo qualquer outra coisa (conceito abrangente), a perspectiva de nossas ações deve ser glorificar a Deus.

Portanto, nossa primeira pergunta quando vamos votar é de que forma esse voto servirá para a Sua glória (1Co 10.31). Se houver qualquer outro propósito que não seja esse, temos de repensar o nosso ato.

2. Para o bem comunitário. A segunda coisa a ser levada em consideração é o bem comunitário, entenda-se aqui a nação, o estado e o município. Esta é, em sentido figurado, a nossa casa, enquanto vivemos no mundo. Vale por analogia a advertência de Paulo aos chamados: se estes não governam bem a própria casa, como governarão a Igreja de Deus? (1Tm 3.4,5). Em outras palavras, se não desejamos o bem para a nossa comunidade, que expectativa poderemos nutrir do céu? (Rm 12.5).

O nosso voto deve ter como objetivo, portanto, que os eleitos tenham em conta o bem comum, como, por exemplo, a realização de obras estruturantes que facilitem a locomoção; a descentralização da saúde com excelência para atender a todos, principalmente os carentes; o acesso à educação de qualidade desde a infância; o apreço pela família como um valor absoluto; o compromisso com a liberdade de expressão e de culto; o desenvolvimento de programas sociais que deem provisoriamente o peixe, mas, ao mesmo tempo, ensinem a pescar; o investimento em segurança como forma de deter a violência.

Enfim, o nosso voto visa a eleger bons mordomos que saibam aplicar bem os impostos pagos pelo povo (1Pe 4.10,11).

3. Para dignificar o voto. Mediante o que acaba de ser exposto, o voto cristão tem ainda outro aspecto de grande significação: ele é desinteressado. Ou seja, o crente não pensa em vantagens pessoais, não busca propriamente o que é seu, não vende, barganha ou oferece o voto em troca de alguma pecúnia. O seu compromisso com os valores do Reino de Deus não lhe permite e nem se coaduna com tal comportamento (Fp 2.1-4).

Diga-se também, que essa é uma das razões pelas quais a corrupção é sistêmica em nosso país. Criou-se ao longo do tempo a cultura da compra do voto, levando muitos eleitores a não pensarem no bem comum, senão em levar algum tipo de vantagem que atenda os seus interesses pessoais. Junte-se a isso, na outra ponta, o político de má-fé, que quer ganhar a qualquer preço, temos então uma fagulha que ao lado de outras torna a corrupção um fogaréu de proporções inimagináveis em nosso país. Mas com o cristão não pode ser assim (SI 34.14), Os princípios de sua cidadania celeste se impõem sobre a sua cidadania terrestre.

 

 

III. EM QUEM DEVEMOS VOTAR

1. O voto vocacionado. Temos, por fim, que a escolha em quem votar, consideradas as ponderações já estudadas nos pontos anteriores, nos levará a buscar um perfil de candidato que corresponda a tais perspectivas. A primeira é que este seja alguém vocacionado para o exercício da função. Não faz sentido, e muito empobrece a vida pública, caso a pessoa não exerça a atividade como vocação. Se ela não se inclina, não demonstra gosto e nem habilidade para a tarefa, certamente não exercerá um bom mandato.

Ao falar especificamente sobre o casamento, Paulo enfatiza aos nubentes da seguinte forma: “Cada um permaneça na vocação em que foi chamado” (1Co 6.20), Isto para realçar que a vida de casado requer não só desejo, mas vocação pelos compromissos que geram. Ora, o conceito é válido para as demais áreas, inclusive a vida política. Portanto, esse é um ponto essencial a ser analisado em nossas escolhas.

2. O voto qualificado. Todavia, não basta ser vocacionado. E preciso também que o candidato tenha qualificações. Perceba que tanto na escolha dos diáconos em Atos quanto nos critérios que Paulo prescreve para as funções ministeriais e diaconais, a ênfase é na qualidade (At 6.3; 1Tm 3.1- 13). Igualmente, a vida pública não pode prescindir de pessoas qualificadas. Vale lembrar que, diferente dos cargos eletivos, aos demais se chega mediante prolongados estudos, preparo aprofundado e concursos.

Caso contrário, os candidatos não têm qualquer chance. Deveríamos ter o mesmo nível de exigência que aqueles aos quais elegemos.

3. O voto de excelência. Para concluir, o voto de excelência é aquele que se dá a um candidato que preencha esses requisitos e ainda carregue a marca de servo do Senhor Jesus Cristo e com ele está comprometido até o “tutano”, com as seguintes observações:

1)        que sua história de vida testemunhe a firmeza de sua fé;

2)        que tenha uma proposta clara, necessária e possível de ser realizada;

3)        que seja fiel a Deus, à igreja, à sua liderança e ao povo;

4)        que sempre preste contas de sua atuação política.

 

 

APLICAÇÃO PESSOAL

Tenhamos em mente que o chamado de Deus não é só para a vida eclesiástica. A sua obra não se faz apenas atrás de um púlpito, mas abrange todas as esferas. Aonde quer que ele nos leve ali será o lugar para servi-lo e fazer a Sua obra.

 

 

RESPONDA

1)        Defina com suas próprias palavras o que significa pecado de omissão.

2)        Em que áreas Paulo recomenda em 1 Coríntios 10.31 que tudo seja feito para a glória de Deus?

3)        Qual o significado que o comentário oferece no último tópico sobre o voto de excelência?

 

 

VOCABULÁRIO

Corrupção sistêmica: onde a corrupção torna-se parte do sistema.

Inação: condição de falta de ação, sem atividade alguma.