Rute: A Moabita Leal

LIÇÃO 9: RUTE: A MOABITA LEAL

 

 

EM ÁUDIO

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Hoje estudaremos sobre a segunda mulher em nossa série de personagens do Antigo Testamento: Rute. Seu nome em hebraico remete à ideia de amizade e lealdade.

Comece a aula destacando as qualidades e importância de uma amizade sincera, sem interesses próprios. Rute se destaca: a) Por seu amor e solidariedade para com sua sogra, Noemi; b) Em viajar, pela fé, a uma nova pátria; c) Veio a se tornar membro da linhagem de Jesus.

Sua amizade é uma verdadeira manifestação do amor de Deus para com os outros povos. Os israelitas e moabitas viviam em constante guerra. De repente, surge esta história dentro da História. Esse belo drama ocorre nos dias tenebrosos e sangrentos dos juízes.

 

OBJETIVOS

  • Descrever as principais lições aprendidas com Rute.
  • Assimilar na própria vida as virtudes de Rute.
  • Compreender que Deus valoriza atitudes de fé.

 

PARA COMEÇAR A AULA

Esta lição nos revela o quão grande é a misericórdia de Deus para com todos aqueles que Dele se aproximam. Apesar de ser oriunda de outro povo – os moabitas, Rute é a expressão fidedigna do amor de Deus, que estabeleceu um plano de resgate à sua família.

Aproveite o relato histórico dessa personagem bíblica para refletir com os alunos a importância de se temer ao Senhor diante desse mundo tão hostil e se manter íntegro e submisso à vontade de Deus, que sempre tem o melhor para todos aqueles que lhe obedecem.

 

PALAVRAS-CHAVE

Testemunho • Lealdade • Confiança

 

RESPOSTAS

1)        O teu Deus é o meu Deus.

2)        Sua lealdade e obediência.

3)        Deus age baseado em Sua Graça.

 

LEITURA COMPLEMENTAR

“Deus age em meio às fraquezas, impossibilidades e desmando dos homens. O livro de Rute exalta a graça de Deus e mostra como ele age sem levar em conta genealogias ou méritos daqueles que acham possuir algum crédito perante Deus. Rute não é um caso único do poder de Deus agindo em meio à fraqueza humana.

Um outro exemplo de Deus revelando seu poder através da fraqueza dos homens, é o caso do profeta Ezequiel, também no Antigo Testamento.

Ele era um sacerdote de trinta anos de idade quando recebeu o chamado de Deus. Sua nação havia sido derrotada e destruída. O maior propósito de sua vida (o sacerdócio) era praticamente inútil agora. Ele estava trabalhando como cativo em uma fazenda. Nos capítulos 1 e 2 de Ezequiel lemos a respeito de como ele foi chamado por Deus, em meio a essas circunstâncias. O nome pelo qual Deus chamou Ezequiel (Filho do homem), é bastante interessante. É uma palavra forte que chama a atenção para a humanidade de Ezequiel. Esse nome aparece muitas vezes nesse livro. Deus está constantemente relembrando a Ezequiel que ele deseja operar através da sua humanidade. O nome Ezequiel significa “aquele a quem Deus fortalece”, ou “aquele cujo caráter é prova pessoal do fortalecimento de Deus”. Hoje em dia descreveríamos esse tipo de pessoa, dizendo:

“Se esse homem fizer alguma coisa boa, as pessoas saberão que foi Deus quem o capacitou”.

Livro: Maturidade Cristã. (Rick Howard. – ICI – Campinas – São Paulo, 2007, Pág. 160).

 

 

LIÇÃO 9: RUTE: A MOABITA LEAL

 

TEXTO ÁUREO

“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.” Rt 1.16

 

VERDADE PRÁTICA

A história de Rute nos ensina sobre testemunho, lealdade, firmeza de decisão e confiança em Deus.

 

Estudada em 3 de março de 2019

 

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda – 1Sm 18.4 Amigos se desarmam

Terça – Pv 17.17 Amigo não desiste do outro

Quarta – 2Tm 1.16 Amigos continuam em tempos difíceis

Quinta – 2Tm 1.4 Amigos são refrigério nas lutas

Sexta – Jo 15.13 Cristo é o amigo leal

Sábado – Rm 16.4 Amigo verdadeiro se arrisca pelo outro

 

 

LEITURA BÍBLICA

Rute 1.14-18

14       Então, de novo, choraram em voz alta; Orfa, com um beijo, se despediu de sua sogra, porém Rute se apegou a ela.

15       Disse Noemi: Eis que tua cunhada voltou ao seu povo e aos seus deuses; também tu, volta após a tua cunhada.

16       Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.

17       Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o Senhor o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.

18       Vendo, pois, Noemi que de todo estava resolvida a acompanhá-la, deixou de insistir com ela.

 

Hinos da Harpa: 232 – 515

 

INTRODUÇÃO

 

RUTE: A MOABITA LEAL

 

INTRODUÇÃO

I. MULHER E MOABITA

  1. O contexto em Israel Rt 1.1
  2. Um exemplo de superação Rt 2.11
  3. O agir sutil de Deus Rt 2.12


II. SEU CARÁTER

  1. Lealdade Rt 1.17
  2. Abandono da idolatria Rt 1.16
  3. Obediência e submissão Rt 3.6

 

III.     SUA RECOMPENSA

  1. Seu casamento com Boaz Rt 4.13
  2. Bisavó de Davi Rt 4.17
  3. Parente de Jesus Rt 4.22

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

 

INTRODUÇÃO

A Bíblia é um livro que valoriza muito as mulheres. Elas aparecem muitas vezes em destaque. É o caso de Rute. O livro que leva o seu nome é uma das mais bonitas e impressionantes histórias das Escrituras. Ela é uma personificação da mulher virtuosa, um tipo de esposa inspiradora e de caráter admirável (Rt 3.11). No aspecto tipológico, Boaz aponta para a pessoa de Jesus e Rute representa a Igreja, que antes estava longe da aliança de Israel.

  1. MULHER E MOABITA
  1. O contexto em Israel (Rt 1.1). A biografia de Rute se delineia na época dos Juizes (o período de aproximadamente 300 anos que antecedeu a monarquia), um tempo de anarquia moral, religiosa e social. A Palavra de Deus diz em dois lugares: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto” (Jz 17.6; 21.25). É nesse contexto de infidelidade do povo de Deus, constantemente sob Sua disciplina e flertando com deuses estrangeiros, que aparece Rute, uma estrangeira que abandona tudo e vai para Israel junto com sua sogra. A graciosa história desta moabita, naquele momento histórico, é como um oásis num deserto, como uma calmaria depois da tempestade, mostrando que no meio do caos Deus age e opera Sua obra, quando encontra corações inclinados a obedecê-lo e servi-lo. É uma história simples e encantadora da vida doméstica, mostrando a ação divina nas coisas simples e corriqueiras da vida.
  1. Um exemplo de superação (Rt 2.11). O livro se inicia de modo dramático, contando as sucessivas desgraças que se abatem sobre Noemi, a sogra de Rute. Vitimados pela fome numa época de incertezas e miséria, uma família belemita sai de Israel e vai tentai a sobrevivência num país estrangeiro. Em Moabe, o inesperado acontece. Morre o marido de Noemi, chamado Elimeleque. E depois, sem deixar descendentes, morrem também seus dois filhos, Malom e Quiliom. Ficam viúvas Noemi, Orfa e Rute.

Nesse quadro de penúria, doenças e morte, o livro e a história de Rute nos ensinam que acima de toda adversidade ou tribulação está Deus. Ele é capaz de gerar alegrias e bênçãos no pior dos cenários. Noemi e Rute nos ensinam como agir e nos portar em ocasiões em que o sofrimento e a dor mostram a sua carranca. Vemos que Rute era uma mulher em aparente desvantagem numa época de perversidade. Ela era estrangeira em um país que odiava os moabitas. Para completar, também era viúva e pobre. Mas elas não se dão por vencidas, e Deus as ergue como um dos maiores exemplos de superação, a despeito da aparente falta de sorte e graves desvantagens. Nunca devemos nos dar por vencidos. O último capítulo das nossas histórias ainda está para ser escrito. Você ainda pode vencer.

  1. O agir sutil de Deus (Rt 2.12). Algo surpreendente na história de Rute é a forma sutil como Deus trabalha. O nome de Deus é mencionado 15 vezes, mas não há nenhuma narrativa especial de milagres. As coisas vão acontecendo de modo natural e normal, como se fosse apenas o acaso da vida, mas a mão de Deus realmente estava agindo. Por exemplo, nos é dito que Rute vai respigar (um recurso da lei para ajudar os pobres) “por acaso” no campo de Boaz (Rt 2.3). Fica evidente, na continuação, que aquilo não era obra do acaso.

Algumas vezes Deus age de modo claro e incontestável, mas aqui Deus vai agindo muito calmamente, sem alardes ou trombetas. A mesma coisa, estejamos certos, acontece em nossos dias. Houve momentos na História que Deus agiu de modo ostensivo e evidente, como na abertura do Mar Vermelho. Mas, em outros momentos, a Bíblia diz que pessoas hospedaram anjos sem saberem (Hb 13.2). Deus sabe a melhor maneira de fazer a Sua obra. Muitas vezes, Ele age de forma silenciosa e tranquila no nosso dia a dia duro e penoso, e nem percebemos. Cuidado para não desprezar as ações sutis e invisíveis de Deus na sua história.

“Lealdade é uma qualidade rara que brota de um caráter elegante.”

 

II.SEU CARÁTER

  1. Lealdade (Rt 1.17). Lealdade e fidelidade são virtudes raras. Por isso mesmo Salomão pergunta: “O homem fidedigno, quem o achará?” (Pv 20.6). O caráter leal de Rute se vê em sua declaração a Noemi (Rt 1.15-17). Que palavras emocionantes e profundas. Rute é um exemplo de amor leal. Sua decisão de seguir com a sogra para a terra de Israel prova isso. Não tinha nada a ganhar com essa decisão, a não ser a alegria de continuar sua relação de proximidade com Noemi. Ela prezava as pessoas com as quais se envolvia. O exemplo de Rute é muito valioso para todos nós que vivemos tempos de deslealdade e de pessoas que só caminham juntas enquanto for interessante e garantir algum retorno imediato.

Quantas e quantas pessoas vão para lá e vêm para cá, numa total deslealdade com a igreja que lhes acolheu, ensinou e suportou. Em nossos dias, as pessoas mudam de comunidade religiosa sem pensar duas vezes, porque estão mais preocupadas consigo mesmas. Querem ser servidas. Rute é uma mulher amorosa, preocupada com pessoas, mais do que consigo. Ela não é uma heroína extraordinária e distante de nós; é uma mulher normal como qualquer outra, mas cheia de atitudes especiais. Os vínculos que Rute assumiu com a sua sogra nada tinham a ver com conveniências. Seu voto de lealdade era desprovido de qualquer interesse.

 

  1. Abandono da idolatria (Rt 1.16). Essa mulher teve toda uma vida comprometida com a idolatria, mas, diante do testemunho e da experiência de Noemi com Deus, ela decide abandonar sua vida pagã e converter-se ao Deus verdadeiro e único. Vemos isso nas suas palavras: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus”. Ela sabia perfeitamente que sua ida para Israel significaria o rompimento radical com sua herança cultural e religiosa. Não é possível servir a Deus sem o abandono dos ídolos. Não são somente imagens ou estátuas, mas todas as coisas que venham a ocupar o lugar de Deus. 
  1. Obediência e submissão (Jz 3.6). O caráter de Rute também pode ser visto na forma humilde como obedece às orientações de Noemi, sua sogra (Rt 3.6). Rute e Noemi destroem toda a mística beligerante que comumente existe entre nora e sogra. Ela mostra grande dose de submissão. Acata sem resmungos as sugestões da sogra. Rute não era uma cabeça dura, mas alguém que sabia ouvir e acatar conselhos, por isso foi tão abençoada. Quem sabe também tenha ouvido muitas sugestões de sua cunhada Orfa tentando demovê-la de sua decisão de acompanhar sua sogra; mas soube pesar as coisas, e Deus a abençoou. Sabemos ouvir conselhos? Ou nos sentimos superiores achando que já sabemos o que fazer?

Mas não é somente a Noemi que Rute obedece. Ela também se submeteu a Boaz, aguardando suas atitudes e aceitando sua maneira de fazer as coisas. Submissão não é escravidão, nem ser capacho, nem tampouco se anular, é sensatez e capacidade de aceitar comandos. Nesse sentido, quem não sabe obedecer nunca estará preparado para ser crente.

 

 

III. SUA RECOMPENSA

 

  1. Seu casamento com Boaz (Rt 4.13). Interessante é que Rute demonstra ser uma mulher sábia e decidida. Ela não é, nem de longe, uma pessoa tonta ou sem brilho. Tanto que praticamente é ela que pede Boaz em casamento com suas atitudes. Vejamos que ela pede que ele seja o resgatador, ou seja, que resgate uma propriedade que fora do marido de sua sogra. Mas, ousadamente, ao pedir que ele estenda a capa sobre ela, ela o pede em casamento! (Rt 3.6-9). Não é exagero. O versículo que talvez seja o texto-chave de todo o livro é este: “Seja o Senhor bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será teu resgatador” (Rt4.14).

Lemos também que Boaz respeita Rute e a imagem que ela tem diante dos demais (Rt 3.14). Ela poderia potencialmente ser sua companheira, mas nada acontece porque ambos queriam seguir todos os passos. Boaz honra todo o compromisso assumido, de modo que Rute é admirada diante de toda aquela sociedade, entrando num casamento aprovado com um homem respeitável. Rute e Boaz nos dão uma grandiosa lição.

 

“O amor não faz cálculos nem considera os interesses.”

 

  1. Bisavó de Davi (Rt 4.17). Na realidade, um dos objetivos do livro é exatamente esse: mostrar como uma mulher pobre, moabita e viúva tornou-se bisavó de Davi. Descortina-se a partir daqui a pessoa maravilhosa de Jesus Cristo.

Daqui para frente, cronologicamente, através de todo o Antigo Testamento, o interesse vai gravitar em torno da família de Davi e do fato de que é dele que virá o Cristo, enquanto homem. A genealogia com que o livro de Rute é concluído mostra ser Obede (que significa “servo”), filho de Rute; e Jessé, filho de Obede; e Davi, filho de Jessé (Rt 4.17-22). Essa é a razão de ser do livro de Rute, do ponto de vista da redenção.

 

  1. Parente de Jesus (Rt 4.22). Não bastasse tanta alegria e honra com que a biografia de Rute é finalizada, há algo muito digno e arrebatador que precisa ser detalhado. A graça de Deus estendida sobre essa mulher é tão grande e portentosa, que o evangelista Mateus vai mencionar seu nome na genealogia do Cristo (Mt 1.1-5). Ela é, portanto, enxertada na linhagem do Messias. Vejamos como a Bíblia é um livro divino. Em um tempo no qual as mulheres eram pouco valorizadas e no meio de uma genealogia que deveria ser criteriosamente judaica, o Novo Testamento se inicia inserindo na linhagem messiânica o nome de quatro mulheres (uma raridade nas genealogias judaicas) sendo TRÊS delas gentias (Raabe, Rute e Bate-Seba). Maria é a quarta mulher, e única judia. Temos, assim, uma certeza não só de que o Messias judeu seria um salvador de toda a humanidade, mas também de que nas veias do nazareno judeu corre sangue gentio. Glória a Deus por Seu dom inefável! 

APLICAÇÃO PESSOAL

Deus tinha um grande plano na vida e através de Rute, e pôde contar com ela. Será que ele pode contar conosco para realização dos Seus propósitos também?

 

RESPONDA

1) Cite uma frase de Rute que prova a forte influência do testemunho de Noemi, sua sogra.

2) Mencione dois aspectos do caráter de Rute que lhe chamou a atenção.

3) Qual o ensinamento por trás do fato de Deus inserir Rute na linhagem messiânica?

 

VOCABULÁRIO

  • Penúria: estado de extrema pobreza; miséria, privação daquilo que é necessário; escassez.
  • Carranca: fisionomia sombria, carregada, que denota mau humor. Cara muito feia.
  • Respigar: Apanhar no campo (as espigas que ali ficaram após a colheita).
  • Beligerante: que ou o que faz guerra ou está em guerra; que ou o que está em luta.