Lição 3 – Salmo 23 – O Senhor é o Meu Pastor

LIÇÃO 3 – SALMO 23 – O SENHOR É O MEU PASTOR

EM ÁUDIO

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

É muito comum ver que aqueles que não temem a Deus quando estão em momentos de bonança “sepultarem” o Senhor no túmulo do esquecimento e se precipitarem em seus prazeres, no entanto Davi, embora, nesse momento, vivesse em prosperidade, procurou se deleitar em Deus e viver com Ele um relacionamento de honra.
No salmo 23, na mesma intensidade que o poeta aplicava-se em celebrar ao Senhor como a causa de tudo que ele vivia, como deitar em pastos verdejantes, a presença constante do pastor, o refrigério da alma entre outras coisas, também evidenciava a importância de ter um relacionamento com o dono de todas as bênçãos ao dizer que seu desejo era habitar na casa do Senhor por todos os dias da sua vida.

 

OBJETIVOS
• Identificar autor, data, classificação e o caráter espiritual do Salmo 23.
• Reconhecer que a figura do Pastor nos inspira à plena confiança em Deus.
• Enxergar em Deus a figura Anfitrião que nos trata como filhos ilustres.

 

PARA COMEÇAR A AULA

Inestimável professor, introduza a nossa aula destacando alguns pontos que serão abordados no corpo da lição como se fosse o trailer de um filme; este mostra “flashes” bem elaborados, causando assim o desejo de ver o filme por completo.
Assim, evidencie, inicialmente, as informações que acredite ser as mais relevantes desta aula, como exemplo: os três tópicos, “Aspectos gerais; O Bom pastor e O Anfitrião Honrador”, sem prolongar-se demais, mas apenas com o objetivo de captar a atenção do aluno para o restante do ensino.

 

PALAVRAS-CHAVE

Pastor • Plenitude • Confiança • Honra

 

RESPOSTAS
1) Devoção e confiança.
2) Atitude, providência e ação.
3) Pastor e anfitrião.

 

LEITURA COMPLEMENTAR
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte”, como se o crente não apressasse o passo quando chega a hora da morte, mas continua andando calmamente com Deus. Andar indica o avanço permanente da alma que conhece o caminho, sabe o fim, decide seguir o caminho, sente- -se bastante seguro e está perfeitamente calmo e sereno. O santo doente não está alvoroçado, não corre como se estivesse alarmado, nem fica parado como se não tivesse mais como avançar. Não está confuso nem envergonhado. Por isso, mantém no passo de sempre. Observemos que ele não está andando no vale, mas pelo vale. Passamos pelo túnel escuro da morte e emergimos na luz da imortalidade. Não morremos, mas dormimos para acordar na glória. A morte não é a casa, mas a varanda, não o fim, mas a passagem.
O trecho da agonia é chamado de vale. A tempestade açoita nas montanhas, mas o vale é o lugar da quietude. Assim, não raro, os últimos dias do crente são os mais calmos da carreira. As montanhas estão gélidas e desertas, mas o vale está repleto de feixes de cereais. Muitos santos colhem mais alegria e conhecimento quando a morte está se aproximando que jamais colheram enquanto viviam. E não é o “vale da morte”, mas o “vale da sombra da morte”, pois a morte em sua essência foi afastada, permanecendo só a sombra. Uns dizem que quando há sombra tem de haver luz em algum lugar, e eles estão certos. A morte fica ao lado do caminho no qual temos de viajar, e a luz do céu que brilha nela lança sombra em nosso caminho. Alegremo-nos porque há luz do outro lado. Ninguém tem medo de sombra, pois a sombra não pode deter o caminho do homem nem sequer por um momento. A sombra de um cachorro não pode nos morder; a sombra de uma espada não pode nos ferir; a sombra da morte não pode nos matar. Não tenhamos medo.
Livro: Os Tesouros de Davi vol. 1 (Charles Spurgeon, CPAD, 2017, pag. 461)

 

LIÇÃO 3 – SALMO 23 – O SENHOR É O MEU PASTOR

 

TEXTO ÁUREO
“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.”
Sl 23.4

 

VERDADE PRÁTICA
Quem confia em Deus, não teme nem a morte.

 

Estudada em 20 de outubro de 2019

 

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda-feira – Sl 11.7 O Senhor ama a justiça
Terça-feira – Sl 16.5 O Senhor sustenta a minha sorte
Quarta-feira – Sl 27.4 O prazer de estar na casa de Deus
Quinta-feira – Sl 56.4 Não Temerei
Sexta-feira – Sl 63.1 A Benignidade de Deus
Sábado – Sl 130.4 Em Deus está o perdão

 

LEITURA BÍBLICA

Salmo 23.1-6
1 O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso;
3 refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.
5 Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.
6 Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.

 

Hinos da Harpa: 156 – 413

 

SALMO 23 – O SENHOR É O MEU PASTOR

INTRODUÇÃO

I. ASPECTOS GERAIS
1. Autor, título e data 1Sm 16.19
2. Classificação Jo 10.1-18
3. Espiritual intimista Gn 31.40

 

II. O BOM PASTOR Sl 23.7-4
1. Plenitude e paz Sl 23.1,2
2. Veredas de justiça Sl 23.3
3. Não temerei Sl 23.4

 

III. O ANFITRIÃO HONRADOR Sl 23.5-6
1. Honra pública Sl 23.5a
2. Unção de honra Sl 23.5b
3. Bondade e misericórdia Sl 23.6

APLICAÇÃO PESSOAL

 

INTRODUÇÃO
Nesta aula, temos uma das páginas mais conhecidas da Bíblia. O Salmo 23 é uma joia da literatura. Nele, Deus apresenta-se nas figuras de um bom pastor e de um agradável anfitrião. Deus é alguém que sabe compreender e guiar cada uma de suas ovelhas, ovelhas que, na parte final do salmo, ganham personalidade e honra pelo mesmo Ser.

 

I. ASPECTOS GERAIS

1. Autor, título e data. Este é o salmo cuja autoria praticamente todos os cristãos conhecem. No título em itálico, está expresso “Salmo de Davi”. Porém, mesmo entre pessoas sem leitura, essa autoria é bastante revelada pelo conteúdo do poema, pois Davi é conhecido na Bíblia pelo seu ofício de pastor de ovelhas (1Sm 16.19).
Sobre a data, aplica-se o mesmo que temos dito em todos os salmos davídicos (1.000-970 a. C.).

 

2. Classificação. O Salmo 23 é classificado como um salmo de devoção e confiança, onde Davi expressa total dependência de Deus. Embora não seja tido como “profético” ou “messiânico”, o Salmo 23 apresenta essa natureza, sendo o salmo que Jesus aplicou a Si mesmo com ricos detalhes na Parábola do Bom Pastor (Jo 10.1-18), assim como na Parábola da Ovelha Perdida (Lc 15.3-7).

 

3. Espiritual intimista. No Salmo 23, Davi expõe e declara da melhor forma poética possível todo o amor que existe entre Deus e o homem. Para isto, a partir de sua rica experiência pastoril, ele submete-se à condição servil de “ovelha” que simplesmente se deixa conduzir pelo “pastor”.
Considerando que o autor do salmo é quem detém, na prática, o conhecimento humano da profissão que alegoricamente evoca, temos aqui um antropomorfismo da pessoa de Deus, isto é, para explicar profundamente essa relação, enquanto o homem assume o papel de ovelha, Deus, encarna o papel de homem, de um simples pastor.
Para alcançar esta literatura intimista, Davi lembra o árduo trabalho de um pastor, que podia alcançar a condução de milhares de animais. Era um trabalho pesado, de grande responsabilidade, que só podia ser cumprido bem mediante o amor e a cumplicidade entre pastor e ovelha, pois nos períodos de calor na Palestina, entre os meses de abril a novembro, pastores viviam com seus rebanhos ao ar livre, longe de casa, como bem declarou o pastor Jacó, esposo da pastora Raquel (Gn 29.9), que, reclamando com o seu tio Labão, disse: “De maneira que eu andava, de dia consumido pelo calor, de noite, pela geada; e o meu sono me fugia dos olhos.” (Gn 31.40), isto durante vinte anos.

 

II. O BOM PASTOR Sl 23.7-4

1. Plenitude e paz (Sl 23.1,2). “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso”. Não é difícil encontrarmos pessoas invocando a providência da parte final do versículo 1 deste salmo. Mas, em “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará”, este triunfo decorre de uma plena entrega do nosso caminho ao Pai (Sl 37.5).
“Nada me faltará” significa nada de indispensável, cujos itens e critérios de importância Jesus deixou bem claro na conhecida oração do Pai Nosso (Mt 6.9-13). Esta palavra nada tem a ver com a herética teologia da prosperidade.
Veremos até o final deste salmo que todos os verbos relacionados ao Senhor estão na voz ativa, o que implica atitude, providência, ação. Porém, todos esses atos diretos de Deus derivam mesmo do verso 1, onde, qual pilar de toda essa construção literária, Davi declara a suficiência de Deus para a sua existência humana, o que sua biografia comprova (1Cr 29.10-22).
A paz está em falta na vida de muitos declarados cristãos em nossos dias. As redes sociais espelham um falso evangelho de ódio e vingança. Falta Deus, sobra religiosidade. Falta comunhão profunda com o bom Pastor, sobra contenda e incredulidade.
“Pastos verdejantes”, “águas de descanso” e “refrigério” da alma (v. 2) apontam para um estado de total dependência de Deus, de plena confiança nele. Especialistas dizem que ovelhas não deitam facilmente se não se sentirem plenamente seguras, alimentadas, dessedentadas.

 

2. Veredas de justiça (Sl 23.3). “Refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome”. Veredas são caminhos estreitos, passagens onde a vegetação pode esconder perigos de muitas maneiras. Como uma ovelha pode confiar que está sendo conduzida com segurança e não a um tipo de emboscada? A resposta é: somente se, por sua familiaridade com o pastor, “souber” em quem tem confiado sua vida (2Tm 1.12).
O valor da justiça aparece neste momento na vida do crente. Essa “justiça” tem a ver com o fato de confiarmos que temos quem nos defenda e nos julgue corretamente (1Jo 2.1). Isto tem relação direta com o nosso andar na luz e na verdade, sendo o Pastor a própria luz e verdade (Jo 8.12; 14.6), de modo que quem o segue não anda em trevas.
Infelizmente, luz e verdade não são valores bíblicos tão enfatizados hoje. Logo não vivemos um tempo de justiça nem mesmo entre alguns proclamados importantes “servos de Deus”, que mentem, dissimulam, falsificam resultados e provas, sendo corruptos e corruptores, o que não deixa de ser uma profecia para os Últimos Dias, perspectiva escatológica esta, porém, que não deve servir como justificativa para quem deseja herdar o Reino de Deus, onde não entrará quem tiver mãos e coração impuros (Sl 24.4; Mt 5.8), viver em contenda e longe da santificação (Hb 12.14).

 

3. Não temerei (Sl 23.4). “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo.” (v. 4). Davi encerra a primeira parte deste salmo (Deus-Pastor) do modo mais dramático possível. Ele evoca o grande inimigo da humanidade desde a Queda: a morte (1Co 15.26). O risco de uma ovelha desgarrar-se e ser tragada por um predador era constante. Naqueles tempos, ursos, chacais, hienas e lobos estavam sempre à espreita, pois eram muito numerosos.
Para evitar a deserção, pastores prendiam uma das pernas da ovelha junto à cauda. Cães estavam a postos para afastar predadores.
Porém, em grandes perigos, era mesmo o pastor quem arriscava a própria vida lutando com feras, como vimos em 1 Samuel 17.34-35. Jesus é o bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas (Jo 10.11). Ele tem os instrumentos de nossa defesa (cajado/vara).
Somente o amor recíproco entre o crente e o seu Senhor nos dá esta segurança, tão bem expressada pelo apóstolo Paulo em Filipenses 1.21. Será que amamos ao Senhor acima de tudo e de todos? Somente o amor em Deus afasta o medo (1Jo 4.18).

 

Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.” Jesus Cristo (Jo 10.11)

 

III. O ANFITRIÃO HONRADOR (Sl 23.5-6)

1. Honra pública (Sl 23.5a). “Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários” (v. 5a) lembra um antigo costume de reis orientais que, para declararem aliados, assumiam o papel de anfitriões em grandes banquetes públicos, comparativamente ao que governantes fazem hoje com palavras quando publicamente defendem seus ministros sobre quais pairem dúvidas se ainda detêm o apoio institucional confiado.
Mas, atenção: esta palavra nada tem a ver com o triunfalismo egoístico de alguns, ensinado hoje através de pregações e hinos que menosprezam e zombam de quem “não os ajudou” durante certas tribulações. A honra de Deus sobre as nossas vidas há de nos deixar mais humildes, quebrantados e santificados, capacitando o crente a amar até mesmo os inimigos (Mt 5.44). Observe a ordem dos versículos do Salmo 23: Deus só se torna um Anfitrião honrador (v. 5) para ovelhas que o tem antes como o bondoso Pastor e nele confiam (v. 1-4).

 

2. Unção de honra (Sl 23.5b). “unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda”. Mais uma vez, Davi recorre ao antigo costume oriental de anfitriões ungirem convidados ilustres durante um banquete. “Unges-me a cabeça com óleo” é uma cena retratada em Lucas 7.36-38. Como uma honra do Pai sobre seu Filho, uma mulher pecadora completou a cena daquele jantar preparado por um fariseu. Ela entrou sorrateiramente na casa e derramou um caríssimo óleo perfumado sobre o convidado.
Nessa ocasião, a casa enchia-se de perfume, que se espalhava, de sorte que todos que ali passavam sabiam que naquele lugar havia uma pessoa muito ilustre.
Eis a unção que todos os crentes devem buscar, inclusive ministros, entre os quais encontramos alguns soberbos e arrogantes reclamando para si o título de “ungidos”, utilizando uma figura bíblica antiga (1Sm 10; 2Sm 5; 1Rs 1.39) fora do seu contexto histórico-teológico, como meio de intimidação e reivindicação de uma autoridade espiritual que não têm.

 

3. Bondade e misericórdia (Sl 23.6). “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida” (v. 6a). No último versículo, Davi nos lembra os dois valores divinos que justificam e explicam toda a beleza e profundidade do Salmo 23, o Salmo do Pastor e do Anfitrião.
“E habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre” (v. 6b). Somos eternamente Dele, aqui e no além; hoje e sempre; nesta vida e na eternidade. Aleluia!

 

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Davi nos ensina a depositar toda a nossa fé no Senhor, certos de que ele cuida de nós e supre todas as nossas necessidades. Tenha fé e proclame: “O Senhor é o meu pastor”.

 

RESPONDA
1) De acordo com a lição, em que classificação o Salmo 23 se enquadra?
2) O que representa a voz ativa dos verbos relacionados a Deus no Salmo 23?
3) Que figuras Davi usa em relação a Deus para nos inspirar à plena confiança Nele?

 

VOCABULÁRIO
Antropomorfismo: forma de pensamento ou de expressão que atribui a Deus ou a seres sobrenaturais comportamentos e pensamentos característicos do ser humano.
Intimista: Diz-se da obra literária cuja temática são os sentimentos Íntimos mais profundos.
Escatológico: Relativo aos últimos dias, ao fim dos tempos; relacionado ao fim do mundo.

Um Comentário

  1. Tenha uma abençoada aula!