Lição 07 – A Igreja e a Obra Social

REVISTA TRABALHANDO E ORANDO POR UM BRASIL MELHOR

 

LIÇÃO 07 – A IGREJA E A OBRA SOCIAL

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Certo escritor com muita propriedade afirmou: “Saber e não fazer é não saber coisa alguma”. Podemos ver isso claramente nessa falta de comprometimento em nossas atitudes que envolvem nossa prática de fé em detrimento das obras propriamente manifestas em nossa vida diária.

Que tal orientar os alunos para que leiam e meditem na carta de Tiago, que nos revela a importância de termos uma fé operante e, acima de tudo, resultante em obras, para a glorificação do nome do Senhor Jesus em nossas vidas.

Trata-se não apenas do conhecimento teórico acerca da fé, mas do conhecimento prático do que ela pode proporcionar na vida de todos aqueles que se propõem a ser uma testemunha diante desse mundo que nos observa e espera ver em nós o resultado transformador do Evangelho de Cristo na vida do pecador convertido.

 

PALAVRAS-CHAVE

  • Fé • Obras • Serviço • Assistência Social

 

OBJETIVOS

  • Esclarecer que não há contradição entre o ensino de Paulo e o de Tiago sobre fé e obras.
  • Demonstrar o significado que Tiago aplica ao conceito de obras.
  • Definir como a igreja e o crente devem lidar com as questões sociais.

 

PARA COMEÇAR A AULA

É importante trazer a lume qual tem sido a nossa postura diante da sociedade. Apesar de cristãos, nada impede que participemos ativamente dos problemas oriundos da falta de interesse daqueles que deveriam cumprir com as obrigações às quais foram designados.

No entanto, mostre a seus alunos que, assim como os governantes têm obrigações a cumprir, nós também. Todos nós que fazemos parte dessa sociedade, não podemos ficar omissos dos nossos deveres enquanto cidadãos. É a igreja cumprindo, na prática, a sua missão assistencial pelo bem-estar da comunidade.

 

RESPOSTAS DAS PERGUNTAS

1)      Fé e obras são dois lados da mesma moeda.

2)      Serviço, socorro e compaixão.

3)      Quando ela não restringe o acesso das pessoas que precisam de socorro espiritual.

 

LEITURA COMPLEMENTAR

A transitoriedade da Igreja na Terra não significa, por outro lado, uma postura alienada e contemplativa, que aguarda apenas a conquista da recompensa final. O texto de 2 Co 5.3 – “se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus” – pode ser compreendido sob o seguinte ângulo: As vestimentas de salvação de que falou Isaías (61.10) representam, hoje, a garantia da conquista da futura imortalidade. É o mortal absorvido pela vida.

No entanto, significam também comprometimento, no presente, com as implicações da salvação, que não deixam o crente despido e desqualificado para apresentar-se diante do Pai e ser revestido da imortalidade.

A salvação resgata o homem do mundo e lhe assegura a redenção definitiva do corpo do pecado, mas afirma também, aqui e agora, um compromisso consciente com o serviço cristão, em todas as áreas da vida.

Livro: “Visão Cristã sobre Política” (COUTO, Geremias. Editora Visão Cristã, Campina Grande, PB, 2O15, p. 66).

Estudada em 18 de novembro de 2018

 

LIÇÃO 7 – A IGREJA E A OBRA SOCIAL

 

TEXTO ÁUREO

“Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.” Tg 2.17

 

VERDADE PRÁTICA

A verdadeira fé não está aprisionada. Ela se expressa em obras que glorificam a Deus.

 

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda – At 6.36-39 Uma fé solidária

Terça – 2Tm 1.5 Uma fé autêntica

Quarta – Hb 13.7 Uma fé a ser imitada

Quinta – Hb 4.16 Uma fé confiante

Sexta – Tg 2.22 Uma fé cooperante

Sábado – Rm 10.8-10 Uma fé anunciada

 

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Tiago 2.14-18

14     Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo?

15     Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano,

16     e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?

17     Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.

18     Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé

 

Hinos da Harpa: 634 – 637

 

ORGANIZAÇÃO DESTA LIÇÃO NA REVISTA

INTRODUÇÃO

 I. A CORRETA RELAÇÃO ENTRE FÉ E OBRAS

  1. A fé para a salvação Tg 2.14
  2. A fé operante Fp 2.12,13
  3. A fé resulta em obras Tg 2.17

 

II. O SIGNIFICADO DE OBRAS EM TIAGO

  1. Obras como serviço Tg 2.15,16
  2. Obras como socorro 1Co 12.28
  3. Obras como compaixão Mc 6.34-44

 

III.     A IGREJA E A OBRA SOCIAL

  1. A igreja e o preconceito Tg 2.1-13
  2. A igreja e a assistência social Rm 15.25,26
  3. A igreja e o senso de justiça Tg 5.16

APLICAÇÃO PESSOAL

 

INTRODUÇÃO

A carta de Tiago traz para a prática diária o modo como a fé se expressa na vida do cristão. O seu propósito é mostrar que o Evangelho não produz uma fé latente, inativa ou mesmo morta, mas atuante e operosa em todas as áreas da vida. Em outras palavras, não se trata de uma fé teórica, intelectual, consubstanciada (fundamentada) em mera concordância mental com causas justas, mas de fé como dom de Deus para servi-lo no mundo.

 

I. A CORRETA RELAÇÃO ENTRE FÉ E OBRAS

1. A fé para a salvação. Não custa repetir, inicialmente, que não há contradição alguma entre o ensino de Paulo e o de Tiago, com o que concordam os pensadores bíblicos.

O primeiro fala da fé como força motriz, quando se reporta a Habacuque para afirmar: “O justo viverá por fé”. Viver implica em ação. Portanto, não significa uma fé vazia.

O segundo – Tiago – só reforça o que Paulo ensina. Se a fé não resulta em obras, ela é morta e sem sentido. Exemplificando, fé e obras são dois lados da mesma moeda.

Isto posto, a fé é um dom de Deus que se manifesta como um dos elos do mecanismo da salvação, tal qual Paulo bem definiu ao tratar sobre os efeitos da graça salvadora na vida do crente (Ef 2.9,10). Ela tem início em Cristo, o seu autor, e nele também se consuma, como resultado da operação da Palavra de Deus na vida do pecador (Hb 12.1,2; Rm 10.17). Assim, temos de convir que a Escritura acertadamente ensina que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6).

2. A fé operante. A consequência é que essa fé é viva, dinâmica, perpassando todas as áreas da vida de forma operante, a produzir frutos que glorifiquem a Deus. Afinal, esse é o propósito primordial da vida do cristão, isto é, glorificar ao Senhor em todos os seus atos. Desenvolver a salvação, como ensinou Paulo aos Filipenses, traz todas essas implicações (Fp 2.12,13). É o que identifico como espiritualidade sadia, que não se resume apenas ao aspecto da devoção, do fervor espiritual, mas em prática de vida que testemunha a autenticidade de tal fé.

E como se costuma dizer: o testemunho segue na frente, abrindo caminho, enquanto, simultaneamente, deixa bom rastro por onde passa. É a vida crista serviçal, cujo caráter serve aos propósitos da tarefa missional da Igreja de proclamar as boas novas do Evangelho para todos os povos. Após ter-se convertido a Cristo, o cristão verdadeiro viverá também uma nova dimensão social pela adoção de novos padrões que, agora, passam a fazer parte de sua vida como nova criatura (2Co 5.17; Ef 4.28,29).

3. A fé resulta em obras. É nesse contexto – reitere-se que Tiago relaciona a fé às obras ao que chamamos de questão necessária. Não é mera hipótese ou possibilidade. A fé necessariamente tem de resultar em ações que engrandeçam a Deus. É obvio que muitos não convertidos praticam boas obras sem conexão com a fé bíblica. Mas o sacrifício sem amor é nulo do ponto de vista da fé
(1Co 13).

Nesse caso, elas são fruto da providência divina que age até entre os descrentes como meio de conter o mal no mundo. No entanto, fé que não resulte em obras é uma contradição. Ao contrário, por servirmos a Cristo nossa justiça precisa exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20)

A missão da Igreja é manifestar, aqui e agora, a maior densidade possível do Reino de Deus, que será consumado ali e além”. (Robinson Cavalcanti)

 

II. O SIGNIFICADO DE OBRAS EM TIAGO

 1. Obras como serviço. Com a exposição já feita até aqui em perspectiva, precisamos compreender o significado de obras no contexto da carta de Tiago. Embora o termo possa implicar também em atitudes comportamentais, o seu sentido, ali, tem a ver com o serviço ao próximo, que, aliás, perpassa toda a epístola. Nos versos 15 e 16 da Leitura Bíblica, o apóstolo torna explícito o significado, quando alude ao nosso dever de ajudar irmãos necessitados.

Este é um princípio esposado em todo o Novo Testamento. Na igreja de Jerusalém estabeleceu-se o serviço da diaconia para cuidar da obra assistencial (At 6.1-7). Em seu encontro com os apóstolos, Paulo recebeu recomendação explícita para que se lembrasse dos pobres (Gl 2.10). Em sua carta aos Romanos, o apóstolo menciona a empatia em sentido prático como um sinal da vida de fé, enquanto o próprio Tiago qualifica a verdadeira religião como devoção a Deus e serviço ao próximo (Rm 12.13-15; Tg 1.27). Temos em Dorcas um exemplo vivo deste serviço (At 6.36-39).

2. Obras como socorro. Tiago é direto ao falar do irmão necessitado. Ele não tratou da questão como um projeto de médio e longo prazo. Era algo imediato para suprir uma necessidade imediata. Dirigir a ele palavras gentis e educadas, mas vazias e sem conteúdo concreto, era similar à fé desacompanhada das obras. “A fé é um princípio vivo e vivificante”, como bem expressou A. Barnes em suas notas sobre Tiago.

Aliás, um dos dons listados em 1 Coríntios (12.28) é o de prestação de socorros, vocábulo que segundo A. Barnes ocorre uma só vez no Novo Testamento. De acordo com o teólogo, isto tanto pode significar assistência pessoal aos apóstolos como refe- rir-se aos assuntos temporais da igreja (como a assistência social e qualquer outro tipo de ajuda para promover o bem-estar temporal da igreja) que, por conseguinte, lhe permitirá exercer misericórdia com alegria em sua comunidade (Rm 12.8).

3. Obras como compaixão.  Outro ponto a destacar é que a fé em Cristo necessariamente gera compaixão, uma característica do próprio Jesus em Seu ministério terreno. Esse termo significa nutrir empatia pelo sofrimento de outrem, com profundo desejo de ajudá-lo. O Mestre não só ofereceu pão do céu à multidão, mas quando percebeu que ela não tinha como alimentar-se, moveu-se de íntima compaixão e proveu-lhe também alimento terreno (Mc 6.34-44). Vale lembrar a recomendação de Paulo para que tenhamos “o mesmo sentimento” que houve em Cristo Jesus.

“A Igreja não existe para satisfazer as nossas necessidades… Nós existimos como igreja para satisfazer as necessidades dos outros.” (Joel Houston)

 

III. A IGREJA E A OBRA SOCIAL

1. A igreja e o preconceito. À luz do exposto a partir da carta de Tiago, concluímos que não cabe à igreja emitir nenhuma forma de preconceito.

A discriminação é um ato reprovado, que embota o seu testemunho diante dos homens. A cor, a condição social, a aparência, a origem humilde, nada disso pode restringir o acesso às pessoas que precisam do socorro espiritual e temporal da igreja, como Tiago deixa bem claro em sua epístola (Tg 2.1-13). Em verdade, a igreja é a única instituição que consegue igualar a todos sem distinção no mesmo nível: cristãos dependentes da graça de Deus, que na adoração comunitária não se apresentam pelos seus títulos, mas pelo que de fato são: pecadores arrependidos.

 

2. A igreja e a assistência social. Sem jamais abrir mão de sua prioridade na proclamação do Evangelho, o trabalho social é uma vertente significativa em seu trabalho comunitário, não só como forma de testemunho, mas objetivando cuidar do homem integral naquilo que a igreja pode fazer. Torna-se, assim, uma igreja missional e relevante na comunidade onde atua, levando a todos os seus habitantes a luz gloriosa de Cristo (Rm 15.25,26).

É óbvio que a Igreja tem as suas limitações e nem lhe cabe ocupar o papel que pertence ao Estado. Mas, até onde as suas condições lhe permitam, pode e deve atuar no socorro ao necessitado, sem diminuir a responsabilidade individual de cada crente. O campo nesta área é vasto.

 

3. A igreja e o senso de justiça. Por fim, temos também o ensino que Tiago transmite sobre o senso de justiça nas relações entre patrões e empregados, em que estes são oprimidos por aqueles (Tg 5.1- 6). É atitude que o Senhor reprova.

Por outro lado, ao empregado não lhe é lícito roubar as horas de trabalho ao seu patrão. Paulo recomenda, por analogia, que este trabalhe como se fosse para o Senhor (Cl 3.23; Ef 6.5-9). Em suma, a Igreja deve propugnar (zelar) pelo senso de justiça, não só no trabalho, mas em todas as demais áreas da vida.

 

É só a fé que justifica, mas a fé que justifica não está só.” (Calvino)

 

APLICAÇÃO PESSOAL

Nossa fé só terá sentido se a trouxermos para o palco da vida, para que de forma ativa e vivificante possa expressar-se em boas obras. Isso implica em desprendimento, generosidade e solidariedade em favor do nosso próximo. Do contrário, é fé escondida, morta.

 

RESPONDA

1) Defina em uma frase como compatibilizar a fé com as obras.

2) Mencione três palavras-chave para definir o sentido de obras em Tiago.

3) De que forma a Igreja consegue igualar a todos sem distinção no mesmo nível?

 

VOCABULÁRIO

  • Consubstanciado: Fundamentado em algo. unido, identificado.
  • Propugnar: lutar em defesa, defender, zelar.