O EXEMPLO DO GOVERNO DE JOSÉ NO EGITO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Cabe aqui um questionamento: é possível governar o mundo tal como este se encontra, sem nos envolvermos com seus sistemas que contrariam o propósito criativo de Deus?
Esse é o momento ideal para refletirmos sobre a liderança de um desses homens na Bíblia, que provaram, sim, ser possível se tornar um governante, desde que tal governante se coloque no centro da vontade de Deus. José, por exemplo, é aqui destacado por ter sido um administrador bem-sucedido.
Recomende aos alunos que conheçam um pouco mais sobre a vida deste humilde governante do Egito, que cumpriu cabalmente a soberana vontade de Deus, dando-nos o exemplo de que, assim como ele, podemos governar o mundo com justiça e igualdade para todos.
PALAVRAS-CHAVE
Governança • Providência • Planejamento • Dignidade
OBJETIVOS
- Mostrar que Deus age através de circunstâncias inesperadas para que o Seu propósito se cumpra.
- Esclarecer que o chamado de Deus implica também em aptidões para o exercício da função.
- Assegurar que uma administração só é eficaz se souber aplicar o planejamento estratégico.
PARA COMEÇARA AULA
Inicie esta aula perguntando aos alunos: É possível a um cristão entrar na política quando a mesma estiver comprometida com a corrupção, sem se deixar envolver por ela?
Nesse momento, após a fala de alguns alunos, mostre-lhes que um verdadeiro cristão jamais se corrompe com as coisas deste mundo! Temos como exemplo, na Bíblia, José no Egito, e Daniel na Babilônia. Sabiamente, ambos conduziram a nação, mas sem se envolverem com seus esquemas ardilosos. Lembremo-nos disso quando escolhermos nossos representantes!
RESPOSTAS
1) Inveja e por ele ter tido a simpatia do pai.
2) Discrição, prudência, perspicácia, sabedoria e bom senso.
3) Determinar o tamanho da receita para as despesas necessárias.
O Exemplo do Governo de José no Egito
LEITURA COMPLEMENTAR
A arte de governar nada mais é do que cumprir o propósito estabelecido por Deus logo no início da existência humana. Mais tarde, no pacto de Deus com Noé (Gênesis 9), após o dilúvio, com o mundo já sob os efeitos da natureza decaída, pecaminosa, outra vez fica implícito o conceito de administrar ou governar. Ao repetir a mesma comissão, agora no estágio pós-queda, creio que isso só reforça o que, no princípio, Deus estabeleceu. Em outras palavras, Deus não tinha como propósito a anarquia, a casa desarrumada e largada às traças, mas que ela fosse cuidada e bem administrada.
Faz necessária essa observação, porque a atitude alienada de muitos, a pretexto de “não sermos do mundo”, deixa transparecer que Deus não tem qualquer interesse pelo que aqui acontece e que não devemos cuidar do lugar onde provisoriamente vivemos, já que estamos mesmo “de mudança”. É o predomínio daquela velha filosofia: “Deixa como está para ver como é que fica”. Mas é certo que a nossa mordomia cristã inclui, também, esse cuidado do lugar onde vivemos. A única e abismal diferença é que, hoje, temos de lidar com a interferência direta das consequências do pecado nas maquinações humanas.
Livro: “Visão Cristã sobre Política” (COUTO, Geremias. Editora Visão Cristã, Campina Grande, PB, 2015, p. 27).
LIÇÃO 2 – O EXEMPLO DO GOVERNO DE JOSÉ NO EGITO
TEXTO ÁUREO
“E todas as terras vinham ao Egito, para comprar de José, porque a fome prevaleceu em todo o mundo.” Gn 41.57
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda – 2Co 8.1-6 A graça da generosidade
Terça – 2Pe 1.5-8 A graça da paciência
Quarta – Lc 12.42-44 A graça da boa administração
Quinta – Sl 68.9,10 A graça da provisão
Sexta – Mc 6.35-44 A graça de compartilhar
Sábado – 2Co 9.1-3 A graça da disponibilidade
LEITURA BÍBLICA
Gênesis 41.46-49
46 Era José da idade de trinta anos quando se apresentou a Faraó, rei do Egito, e andou por toda a terra do Egito.
47 Nos sete anos de fartura a terra produziu abundantemente.
48 E ajuntou José todo o mantimento que houve na terra do Egito durante os sete anos e o guardou nas cidades; o mantimento do campo ao redor de cada cidade foi guardado na mesma cidade.
49 Assim, ajuntou José muitíssimo cereal, como a areia do mar, até perder a conta, porque ia além das medidas.
Hinos da Harpa: 634 – 639
O EXEMPLO DO GOVERNO DE JOSÉ NO EGITO
ORGANIZAÇÃO DA LIÇÃO NA REVISTA:
INTRODUÇÃO
I. DEUS CONDUZ JOSÉ AO EGITO
- Vendido aos ismaelitas Gn 37.1-36
- Na casa de Potifar Gn 39.1-23
- Diante de Faraó Gn 41.1-14
II. ELEVAÇÃO AO GOVERNO
- Os sonhos interpretados Gn 41.15-24
- A sábia sugestão de José Gn 41.25-36
- A assunção de José Gn 41.37-45
III. O GOVERNO DE JOSÉ
- Reconhecendo o terreno Gn 41.46
- Definindo estratégias Gn 41.47,48
- Governo bem-sucedido Gn 41.49
APLICAÇÃO PESSOAL
A Queda trouxe drásticos efeitos para a vida humana, inclusive na natureza. 0 que era para ser um jardim de perfeição, passou a experimentar desequilíbrios de toda sorte, pondo em risco até a sobrevivência. Em um quadro assim, cerca de dois milênios após a Criação, Deus levanta José para governar o Egito, prover alimento e proteção ao seu povo, além de alimentar o mundo de então, inclusive a sua família.
Isto tudo, em última análise, mostra que o papel do governante é assegurar meios para o bem das pessoas e o seu direito a uma vida digna e feliz.
I. DEUS CONDUZ JOSÉ AO EGITO
Embora o pecado seja fonte de absoluta miséria, Deus, em Sua providência, sempre cuidou para que todos, sem distinção, pudessem viver sob condições dignas. Como esclareceu o próprio Jesus, quando disse que tanto o sol quanto a chuva vêm sobre justos e injustos (Mt 5.45), É o que chamamos de providência. Foi assim naquele momento singular da história.
1. Vendido aos ismaelitas. É certo que todos os filhos de Jacó cresceram ouvindo falar a respeito da promessa feita ao bisavô Abraão, repetida ao avô Isaque e reiterada ao pai. Eles seriam uma grande nação. Só que Deus não revela os Seus propósitos de uma vez, e nem faz parte de Seu padrão indicar no mesmo pacote por quais caminhos se concretizarão. Sob o prisma unilateral da visão humana, sem o contraponto da soberania de Deus, a verdade é que José, até chegar ao trono do Egito, foi o perfeito retrato de um fracassado. Não teve como conduzir, por si mesmo, a própria história.
Embora José desfrutasse de certa simpatia do pai, e já despontasse com certas peculiaridades de liderança, talvez não desconfiasse da inveja de seus irmãos e nem que pudessem vendê-lo como escravo aos ismaelitas por causa de dois “simples sonhos” (Gn 37.5- 36). Mas estes eram levados muito a sério, naquela época, como forma de predição. É provável que os seus irmãos não tenham gostado da ideia de serem governados pelo irmão mais novo antes de Benjamim. Para “cortar o mal pela raiz”, fizeram-no descer ao nível mais ignominioso (vergonhoso) e desprezível, desconhecendo que, assim, estavam cumprindo o propósito de Deus.
2. Na casa de Potifar. Aos 17 anos (Gn 37.1), José chega à casa de Potifar, onde mais uma vez transparecem a boa mão de Deus em seu favor e também os traços de liderança, que o levam a tornar-se o administrador da casa em preparação divina para o grande momento histórico (Gn 39.1-4). José teria de descer, ainda, mais dois degraus. O penúltimo foi quando se tornou presa inocente da mulher de Potifar e acabou por deixar escapar em suas mãos, ao correr do lugar da cena, um elemento crucial de prova: a vestimenta, usada sem escrúpulo para incriminá-lo de assédio sexual.
3. Diante de Faraó. 0 último degrau da descida, antes de comparecer diante de Faraó, foi a prisão. A lógica do processo permite presumir que José pudesse entrar em crise existencial, depressão e revolta por estar preso sem ter cometido nenhum delito. Mas ele não se prostra. Logo as qualidades de liderança outra vez se destacam, a ponto de o carcereiro entregar-lhe não só a responsabilidade dos presos, mas também as decisões no âmbito prisional. Mesmo diante do paradoxo da prisão, nada escapava ao controle de Deus (Gn 39.20-23).
É ali, naquela improbabilidade, que o processo se reverte. Dois prisioneiros reais colocados sob a responsabilidade de José – os pequenos detalhes mais uma vez não escapam – têm sonhos (Gn 40.1-23). Este os interpreta. Um deles morre, como predito. 0 outro – o copeiro-chefe – retorna às funções, mas se esquece do compromisso assumido. Foram dois anos completos, desde a reassunção do funcionário real até aos sonhos de Faraó, que mudaram a história de José (Gn 41.1).
“Deus, em Sua providência, sempre cuidou para que todos, sem distinção, pudessem viver sob condições dignas.”
II. ELEVAÇÃO AO GOVERNO
Nunca é demais ressaltar a precisão de Deus. O copeiro só se lembra da sua história no cárcere quando Faraó se vê às voltas com os seus próprios sonhos. Ora, o funcionário real não poderia interceder por José antes nem depois. Tinha de ser naquela a hora. Deus, em Seu eterno propósito, faz com que cada coisa se encaixe em seu devido lugar, no devido tempo.
1. Os sonhos interpretados. Assim que José é chamado à presença do monarca, apara a barba e veste roupas apropriadas. Que lição! Embora tenha sido firme, não ousou assumir para si capacidade de tal monta, mas mostrou logo de início, em sua resposta a Faraó, que em tudo dependia de Deus (Gn 41.15,16), Os sonhos tinham o mesmo sentido. Sete anos de fartura seguidos de sete anos de fome, com tal grandeza que os tempos de abundância seriam esquecidos. Não seria algo fortuito, mas estabelecido por Deus (Gn 41.32).
2. A sábia sugestão de José. É aqui que a sabedoria de José se revela. Ele não se diz a pessoa com o perfil para gerir a crise, mas descreve as qualidades de quem deveria geri-la. Exigir-se-ia capacidade estratégica e gestão de excelência. Seja na governança, seja em qualquer outra área com diferentes graus de responsabilidades, as aptidões precisam ser levadas em consideração para o eficiente desempenho das funções. Tais qualidades implicavam em discrição, prudência, perspicácia, sabedoria e bom senso.
José ainda acrescentou mais algumas propostas. Administradores deveriam ser estabelecidos por toda a terra, a quinta parte dos frutos recolhida durante os sete anos de fartura e armazenada em silos nas respectivas cidades sob a supervisão dos gestores indicados.
Ou seja, o povo egípcio não teve de fazer racionamento durante os sete anos de abundância, senão ter a consciência da necessidade de armazenamento para o tempo das “vacas magras”.
3. A assunção de José. Faraó e os seus assessores logo compreenderam que José era a pessoa com o perfil para a função. Ele tinha sobre si o Espírito de Deus, além das características que ele próprio descrevera para o monarca: discrição, prudência, perspicácia, sabedoria e esbanjava bom senso. A transferência do anel de sinete para a mão de José indicava transferência de autoridade; e o desfile triunfal, a formalização pública do ato. Tornou-se uma espécie de Primeiro-Ministro. Deus não joga dados nem trapaceia. Ele age com propósito até nas circunstâncias mais inesperadas (Gn 41.37-43).
Deus, em Seu eterno propósito, faz com que cada coisa se encaixe em seu devido lugar, no devido tempo.”
III. O GOVERNO DE JOSÉ
1. Reconhecendo o terreno. Apesar de a Bíblia não entrar em detalhes, é certo pensar que o primeiro ato de José, ao viajar por todo o Egito, foi explorar as condições da terra e avaliar a dimensão gigantesca da tarefa. Ele apropriou-se de um conceito que o próprio Jesus aludiu em outra circunstância: determinar o tamanho da receita para as despesas necessárias, além de conceber o tamanho da estrutura para organizar as ações. Isso se chama planejamento estratégico. O improviso nunca é recomendável para qualquer tarefa. Planejar estrategicamente é otimizar tempo, esforço e funcionalidade em busca do melhor resultado (Gn 41.46).
2. Definindo estratégias. Em consequência, as medidas tomadas por José implicavam numa administração descentralizada e em logística funcional. Ao delegar a supervisão aos gestores locais, estabeleceu uma cadeia de comando fluída e rápida, sem sobrecarregar-se. Ao mesmo tempo, determinou que a logística de armazenamento privilegiasse silos em cada cidade, onde a colheita era feita, a fim de evitar grande estrutura de transporte e permitir que na hora do suprimento – período das “vacas magras” – os cereais estivessem à disposição do povo, ali mesmo (Gn 41.47,48).
3. Governo bem-sucedido. O planejamento estratégico de José funcionou, 0 mantimento armazenado foi além das medidas. Houve fartura para alimentar o Egito, as nações do mundo de então, porque a fome teve caráter mundial, além da própria família de José – pai, irmãos, esposas, filhos e todo o gado – que desceu ao Egito, para ali Deus preservá-la e torná-la numa grande nação.
José, no entanto, teve de tomar uma medida drástica, quando a escassez se tornou desesperadora: vendeu comida em troca de terras e do gado. Embora pareça uma medida opressora, com isso ele conseguiu manter o cultivo da terra e preservar da morte o gado, pois permitiu que o povo continuasse a plantar e recolher apenas a quinta parte ao tesouro (Gn 47.13-26). Esse é o propósito da governança: o bem do povo.
APLICAÇÃO PESSOAL
José não se valeu do oportunismo, nem usou de sagacidade para convencer o Faraó. Ele chegou lá por uma única razão: a soberana vontade de Deus. Ou seja, Deus nos pode usar da maneira que Ele quiser.
RESPONDA
1) Quais teriam sido as motivações dos irmãos de José para vendê-lo aos ismaelitas?
2) Cite as qualidades que Faraó e seus assessores viram em José para governar.
3) Em que aspecto o planejamento estratégico contribuiu para a boa administração de José?
VOCABULÁRIO
- Escrúpulo: estado de hesitação da consciência; dúvida ou inquietação espiritual; atitude cuidadosa, cheia de zelo; meticulosidade.
- Ignominioso: que provoca horror, vergonha.
- Paradoxo: oposto do que alguém pensa; contrário, contradição.
- Silo: depósito e armazenamento de grãos, produtos agrícolas.