Lição 1 – O Livro de Salmos

REVISTA SALMOS, CÂNTICOS E ORAÇÕES DA ALMA

 

LIÇÃO 1 – O LIVRO DE SALMOS

EM ÁUDIO

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Assim como foi fundamental ao povo de Israel nos tempos do exílio e no retorno do cativeiro, o livro de Salmos continua sendo insubstituível para nós como guia devocional, por isso seu título hebraico é livro de louvores, e o grego é um cântico entoado com instrumentos com acompanhamento de instrumentos de cordas.
Mas isso não significa que a poesia hebraica se baseia somente em rimas, mas principalmente em linhas de pensamentos; e esses pensamentos, sem dúvidas, vieram da mente de Deus para a do homem.
Antes de qualquer outra coisa, o livro de Salmos se refere a Deus e ao seu contato com sua criação; aos demais povos do mundo, com Israel, bem como com seu povo eleito, a Igreja, revelando assim, um Pai bondoso, um Deus que cumpre promessas e que cuida do seu povo com amor.

 

PALAVRAS-CHAVE
Salmos • Organização • Classificação • Interpretação

 

OBJETIVOS
• Entender que o Livro de Salmos não apresenta uma linha de pensamento única.
• Reconhecer que os títulos revelam os autores dos salmos.
• Aprender como o Livro de Salmos está dividido e como os salmos podem ser classificados.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Uma boa parte dos salmos foi escrita em momentos de dificuldade. Por causa disso nós nos identificamos tanto com esse hinário e, sem dúvidas, todos nós temos um salmo predileto (o 23 e o 91, por exemplo, são os mais populares). Por meio dele, Deus nos consolou em algum momento de angústia.
Portanto, inicie esta aula convidando alguém para recitar seu salmo preferido, sem auxílio da leitura bíblica, e contar seu testemunho em relação a esse cântico citado.

 

RESPOSTAS
1) A cura da idolatria.
2) Pausa, para entrada de instrumentos (interlúdio).
3) a

 

LEITURA COMPLEMENTAR

O tema é exclusivamente a Palavra do Senhor. O salmista apresenta o seu assunto sob diversas luzes, e o trata de diversas maneiras, mas raramente deixa de mencionar a palavra do Senhor em cada versículo, sob um ou outro dos muitos nomes pelos quais ele a conhece; e ainda que o nome não esteja ali, há a fervorosa insistência sobre o assunto, em cada estrofe. Quem escreveu este maravilhoso cântico estava saturado com os livros das Escrituras que possuía.
Andrew Bonar nos fala de um cristão simples, em uma fazenda, que tinha meditado três vezes, sobre a Bíblia toda. Isto foi precisamente o que este salmista tinha feito – ele tinha passado da leitura à meditação. Como Lutero, Davi tinha agitado cada árvore frutífera do jardim de Deus, e tinha colhido delas frutos dourados. “A maioria”, diz Martin Boos, “lê suas Bíblias como vacas que ficam sobre a grama espessa e pisam as mais belas flores e ervas”. É algo temível que, com excessiva frequência, nós façamos a mesma coisa
Livro: Os Tesouros de Davi vol. 3 (Charles Spurgeon, CPAD, 2017, pag. 113)

 

LIÇÃO 1 – O LIVRO DE SALMOS

TEXTO ÁUREO
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.”  Sl 119.105

 

VERDADE PRÁTICA
Os Salmos espelham a vida diária do crente, falam de oração, esperança e fé.

 

Estudada em 6 de outubro de 2019

 

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda-feira – Sl 119.1-3 Os bem-aventurados
Terça-feira – Sl 119.25 Vivifica-me segundo a tua palavra
Quarta-feira – Sl 119.55-5 O Senhor é a minha porção
Quinta-feira – Sl 119.90-91 A fidelidade de geração em geração
Sexta-feira – Sl 119.127 Mandamentos mais valiosos que ouro fino
Sábado – Sl 119.151-152 Deus está perto

 

LEITURA BÍBLICA
Salmo 119.97-105
97 Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!
98 Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo.
99 Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos.
100 Sou mais prudente que os idosos, porque guardo os teus preceitos.
101 De todo mau caminho desvio os pés, para observar a tua palavra.
102 Não me aparto dos teus juízos, pois tu me ensinas.
103 Quão doces são as tuas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca.
104 Por meio dos teus preceitos, consigo entendimento; por isso, detesto todo caminho de falsidade.
105 Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.

 

Hinos da Harpa: 306 -131 – 499

 

O LIVRO DE SALMOS

INTRODUÇÃO

I. A FORMAÇÃO DO LIVRO
1. Os “Escritos”
2. A consolidação do Saltério
3. O fator “Babilônia”

 

II. TÍTULOS, AUTORES E DATAS
1. Títulos
2. Autores e datas
3. A expressão “Selá”

 

III. ORGANIZAÇÃO E INTERPRETAÇÃO
1. Organização
2. Interpretação
3. Lamento e louvor

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

INTRODUÇÃO

Deus nos presenteia nesta série de estudos com o livro de Salmos. Grandes tesouros divinos são repartidos conosco. Nesta primeira aula, teremos uma apresentação geral para facilitar nosso estudo. Vamos conhecer autores, datas, classificação e outros itens importantes.

 

I. A FORMAÇÃO DO LIVRO

1. Os “Escritos”. Inicialmente, precisamos saber que nem todos os atuais livros da Bíblia foram originalmente escritos com a finalidade ou formato de livros. É o caso de Provérbios e Salmos, textos avulsos que foram reunidos posteriormente e formaram esses livros.
Este conhecimento é muito importante para compreendermos que, pela natureza de Escritos, e pela ausência de um único autor, humanamente, o Livro de Salmos não apresenta uma linha de pensamento única.

 

2. A consolidação do Saltério. Por seu turno, a formação do Livro de Salmos está inserida em três principais momentos da história judaica: 1) salmos pré-exílicos, compostos antes da tomada de Jerusalém por Babilônia (606 a. C.); 2) salmos do exílio, produzidos durante os 70 anos de cativeiro (606-536 a. C); 3) salmos do período do Segundo Templo, inaugurado com autorização do retorno dos judeus à Terra Santa (538 a. C – 70 d. C).
O livro que temos hoje foi consolidado no período do Segundo Templo. Esta foi a “era de ouro” para composição e organização do Saltério, título dado ao livro pelos judeus haja vista sua natureza musical.

 

3. O fator “Babilônia”. Importante referir que o exílio na Babilônia não foi de todo negativo, pelo contrário, os setenta anos de cativeiro foram de grande valia espiritualmente e, em especial, no que toca à documentação bíblica.
Espiritualmente, Israel foi curado da idolatria durante o cativeiro. Em Babilônia, longe do Templo, sábios compilaram importantes documentos para formar o cânon sagrado, que seguiu a ordem de: Lei, Profetas e Salmos.
As sinagogas também surgiram nesse período como espaço, não apenas de culto, porém, como base cultural importante. Cativos, que se recusavam a cantar os “cânticos de Sião” em terra estranha – salmos pré-exílicos, possivelmente – cuidaram de organizar o que podiam para conservar viva a memória de Abraão, Moisés e Davi (Sl 137).

 

 

II. TÍTULOS, AUTORES E DATAS

1. Títulos. É importante entender que os títulos aparecem no topo dos salmos. Na versão Revista e Atualizada de Almeida (ARA), que utilizamos nesta revista, esses títulos aparecem em negrito e em itálico. Por exemplo, no Salmo 3, lemos: Título em negrito – Confiança em Deus, na adversidade. Título em itálico – Salmo de Davi quando fugia de Absalão, seu filho. A diferença é que os títulos que aparecem em negrito, são mais recentes, colocados pelos editores e não faziam parte das versões mais antigas. Já os títulos em itálico são muito antigos. Embora não façam parte dos textos originais, eles já apareciam na tradução da Bíblia hebraica para o grego (Septuaginta), entre 300 a 200 a. C. Os tradutores encontraram muitos desses títulos anexados à Escritura.
Além da autoria, os títulos revelam outros detalhes, como: a) natureza da poesia (“Em memória” Salmo 38); b) instruções musicais (“segundo a melodia ‘Os lírios'”, Salmo 45); c) ocasião (“Salmo de Davi, quando o profeta Natã veio ter com ele”, Salmo 51) e uso dos salmos (“Cântico de romagem” ou “degraus”, Salmos 120-134).

 

2. Autores e datas. Os títulos revelam os autores dos salmos. Dos 150 salmos, temos conhecimento dos seguintes autores: Davi (73 salmos); Asafe (12); filhos de Corá (10 ou 11); Salomão (2); Moisés (1); Hemã (1) e Hetã (1). Aproximadamente 50 salmos são de autores desconhecidos.
Sobre a datação dos salmos, não é tarefa simples, podendo ser presumida no caso de autores e ocasiões conhecidos, por exemplo: Salmo 51, “Salmo de Davi, quando o profeta Natã veio ter com ele”, cujo contexto histórico lemos em 2 Samuel 12.

 

3. A expressão “Selá”. Convém referirmos agora à antiga expressão “Selá”, que aparece 71 vezes no Livro de Salmos, quase todos de Davi. Embora sem tradução, estudiosos hoje são praticamente unânimes quanto à natureza musical do termo, indicando provavelmente uma pausa no canto para a entrada de instrumentos (interlúdio). Algumas versões bíblicas excluíram a palavra, a exemplo da ARA, utilizada nesta revista. Por outro lado, a versão King James (1611) manteve-a, bem como a Nova Versão Internacional, que traduziu o termo para “Pausa”.

 

 

III. ORGANIZAÇÃO, CLASSIFICAÇÃO E INTERPRETAÇÃO

 

1. Organização. Como vimos no tópico 1, a composição do Livro de Salmos foi gradual, abrangendo períodos anteriores, concomitantes e posteriores ao cativeiro babilônico.
Ao que tudo indica, houve várias “edições” do Saltério. Assim como a nossa Harpa Cristã tem sido ampliada, com o passar do tempo o Livro de Salmos foi sendo consolidado. No total, Salmos contém cinco livros:

Livro 1: 1-41
Livro 2: 42-72
Livro 3: 73-89
Livro 4: 90-106
Livro 5: 107-150

A razão para isto é que o verso final em cada um desses livros é muito semelhante. Algo como: “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, de eternidade em eternidade! Amém e Amém!” (Sl 41.13, 72.19, 89.52, 106.48). Então, cada livro tem uma conclusão, conferindo ao livro de Salmos uma organização interna em cinco partes principais. Além disso, provavelmente esta organização dos salmos em cinco partes principais está relacionada aos cinco livros de Moisés que iniciam o Antigo Testamento, chamados de Pentateuco ou Torá.
Por fim, importante também referir que, tecnicamente, o Livro de Salmos não tem capítulos. Sendo a organização da Bíblia em capítulos obra recente, pela sua natureza hínica e de escritos poéticos, os salmos já se encontravam organizados individualmente. Assim, eles inserem-se como “capítulos” apenas para fins de contagem e organização da Bíblia, não sendo, porém, apropriado dizermos “capítulo 15 de Salmos”, e tão somente: Salmo 15.

 

2. Interpretação. Os Salmos nem sempre têm sido bem interpretados. Devido à rica natureza que detêm (poesia, música, história, profecia etc) seus intérpretes têm vestido esses hinos com diversas roupagens.
Devemos evitar os dois extremos ao estudar a Bíblia e principalmente os salmos: por um lado, evitar interpretações fantasiosas e ver no texto o que não há, exagerando na imaginação ou espiritualização de tudo; por outro lado, devemos evitar a mecanização, suspeitando de tudo o que não é literal, de modo a obstar que o texto nos revele ensinos contextualizados que vão além da literalidade.
Jesus declarou que judeus contemporâneos erravam por não conhecerem as Escrituras (Mt 22.29). Mais tarde, ele cobrou uma correta exegese messiânica dos Salmos (Lc 24.44). Mas, a dificuldade de interpretar corretamente esses Escritos permanecem em parte até hoje.
Jesus autenticou a terceira seção da Escritura hebraica: Lei, Profetas e Salmos (Lc 24.44). Todavia, precisamos distinguir o contexto e o significado de cada salmo. Pela natureza poética, o Livro está cheio de figuras de linguagem.
Pela natureza pessoal de cada composição, temos muito do pensamento e sentimento de seus autores, não significando sempre que Deus aprova o que o salmista está dizendo. Exemplo temos nos Salmos Imprecatórios (35, 58, etc.). Para ser doutrina, todo “ensino” bíblico deve passar por uma interpretação sistemática.
No tocante à Igreja, toda palavra bíblica deve passar pelo crivo do Evangelho, especialmente pelo que Jesus ensinou, pois às vezes até Paulo confessa emitir opinião própria e não transmitir mandamento (1Co 7.6).

 

3. Lamento e louvor. Há tipos diferentes de classificação dos salmos (messiânicos, dos degraus, imprecatórios etc.) e cada uma varia segundo a percepção dos estudiosos, podendo um único salmo apresentar várias qualidades, mas todos eles dividem-se em duas grandes categorias: salmos de lamento ou salmos de louvor.
a) Salmos de lamento. São salmos que expressam dor, tristeza sobre as coisas horríveis que estão acontecendo e, assim, estes poemas chamam a atenção para o que está errado no mundo e pedem a Deus para fazer algo sobre isso. O lamento é uma resposta adequada ao mal que vemos em nosso mundo. Você vai notar que os salmos de lamento predominam nos Livros 1 a 3. Preste atenção, porque você vai ver salmos de louvor de vez em quando também nestes livros, mas são poucos. Já os Salmos de louvor predominam nos Livros 4 e 5.
b) Salmos de louvor. São poemas de alegria e celebração e chamam a atenção para o que é bom no mundo. Eles recontam histórias do que Deus fez e dão graças a Deus por isso. Nos Livros 4 e 5 você vai notar que os poemas de louvor superam os poemas de lamentação e tudo culmina nos cinco últimos salmos do livro, os quais começam e terminam com a palavra “aleluia”, que significa “louvado seja Deus”.
Portanto, esta mudança de lamento para louvor é profunda. Os salmos nos ensinam a não ignorar a dor de nossas vidas, mas, ao mesmo tempo, olhar para a promessa do futuro reino de Deus. E, assim, vivermos entre lamento e louvor, tendo fé e esperança.

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Os salmos conseguem refletir como nenhum outro poema a alma humana e seus anseios para com o Criador. Sempre encontraremos salmos que “traduzem” a nossa alma, alimentando nossa esperança e fortalecendo a nossa fé.

 

RESPONDA
1) Qual processo o povo de Israel atravessou durante o exílio na Babilônia?

2) Qual a tradução mais aceita para a expressão “Selá”no livro de Salmos?


3) Segundo a lição, assinale quais gêneros literários encontramos no livro dos Salmos:

a) Poesia, música, história.
b) Prosa, poesia, crônica.
c) Romance, drama, ação.

VOCABULÁRIO
• Hínico: Relativo a hino; que é do gênero do hino.
• Concomitante: diz-se de ou o que se produz ou se apresenta ao mesmo tempo com outra coisa.
• Exegese: comentário ou dissertação que tem por objetivo esclarecer ou interpretar minuciosamente um texto ou uma palavra.

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