ATOS apresenta Jesus Cristo, o Senhor Redivivo
Lucas, em sua versão do Evangelho, mostra o que Cristo COMEÇOU a fazer na terra; Atos mostra o que ele CONTINUOU a fazer através do seu Espírito Santo.
A ascensão de nosso Senhor é a cena final de Lucas e a cena inicial em Atos (Lucas 24:49-51; Atos 1:10, 11).
EM ÁUDIO
O EVANGELHO E ATOS
O Evangelho apresenta o Filho do homem, que veio morrer por nossos pecados. Atos mostra a vinda do Filho de Deus no poder do Espírito Santo.
O Evangelho apresenta o que Cristo começou a fazer. Atos mostra o que ele continuou fazendo através do Espírito Santo, por meio dos seus discípulos.
O Evangelho menciona o Salvador crucificado e ressuscitado. Em Atos ele é apresentado com o Senhor exaltado.
No Evangelho ouvimos os ensinos de Cristo. Em Atos vemos o efeito dos seus ensinos na vida dos apóstolos.
Atos não é o registro dos atos dos apóstolos, porque nenhuma narrativa extensa é apresentada dos apóstolos, com exceção de Pedro e Paulo. Ele registra os atos do Espírito Santo através dos apóstolos. Seu nome é mencionado cerca de setenta vezes. Procure em cada capítulo desse livro alguma operação do Espírito Santo.
 palavra ‘Testemunha” é usada mais de trinta vezes.
Ser-me-eis testemunhas é o coração do livro de Atos. A salvação vem a este mundo somente por Cristo (Atos 4:12), por isso é importante que os homens o conheçam. Estamos incluídos nos planos de Cristo. Você está testemunhando de Cristo? Se não está, por quê? É verdade que só Cristo pode salvar o mundo, mas ele não pode salvá-lo sozinho. Este é o plano dele. Se você não é uma testemunha de Cristo, examine o seu coração, porque a boca fala do que está cheio o coração (Mateus 12:34).
Cristo tinha dito aos discípulos que enviaria o Espírito. Esse dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis, porque estais comigo desde o princípio (João 15:26, 27). A promessa cumpriu-se no dia de Pentecoste, quando ele derramou o Espirito Santo sobre os discípulos (Atos 2:16, 17, 33). A partir daquele momento, ao darem testemunho do Salvador, o Espírito Santo daria testemunho, ao mesmo tempo, no coração dos seus ouvintes, e multidões seriam levadas ao Salvador.
É maravilhoso saber que quando o Espírito Santo manda você falar com alguém sobre Cristo, ele já está preparando aquele coração para receber o seu testemunho. Um exemplo perfeito disso encontramos em Atos 8, onde Filipe foi mandado para falar ao etíope. Leia essa palpitante história.
Qual foi o resultado do primeiro sermão no dia de Pentecoste? (Atos 2).
Em cada círculo de influência, que se vai ampliando, encontramos um acentuado derramamento do Espírito Santo. Não é admirável que em uma geração os apóstolos se tivessem movimentado em todas as direções, pregando o Evangelho a todas as nações do mundo conhecido daquela época? (Colossenses 1:23).
A igreja nascente demorou a compreender a extensão da sua tarefa. Os crentes limitaram sua pregação a Jerusalém, até que a perseguição os obrigou a sair. O sangue de Estêvão, o primeiro mártir cristão, tornou-se a semente da igreja que crescia.
O livro de Atos começa com a pregação do Evangelho em Jerusalém, a metrópole da nação judaica, e termina com o Evangelho em Roma, a verdadeira metrópole do poder mundial.
Embora demos ao livro o nome de Atos dos Apóstolos, ele narra, de fato, os atos do Espírito Santo operando através de Pedro, Paulo e seus companheiros.
Em Atos 1 a 12, vemos Pedro testemunhando aos judeus. Sua palavra é: Arrependei-vos (Atos 2:36-38).
O livro apresenta duas divisões naturais.
Em Atos 13 a 28, vemos Paulo testemunhando aos gentios. Sua palavra é: Crê
(Atos 16:30, 31).
Em Atos 1 a 12, Pedro diz aos judeus que se arrependam, porque precisavam mudar seu modo de pensar em relação ao Messias. Em Atos 13 a 28, Paulo diz que creiam, porque os gentios não precisavam mudar de ideia quanto ao Messias; precisavam era crer nele.
Este livro fala da expansão do Evangelho até os gentios. Em todo o Antigo Testamento, Deus trata com os judeus. No Novo Testamento, ele opera em todas as nações.
MANUAL DE MISSÕES
Sem dúvida, Atos é o melhor manual de missões que já foi escrito. Nele encontramos a razão de ser da obra missionária. O objetivo único dos cristãos era levar os homens ao conhecimento da salvação em Jesus Cristo. Este era o seu tema exclusivo, e a Palavra de Deus sua única arma.
Vemos a igreja primitiva com um programa definido para a realização dos seus planos. Alguns grandes centros foram escolhi¬dos como base de onde pudessem irradiar a influência do trabalho dos discípulos de maneira a atingirem os lugares vizinhos.
Os discípulos foram simples, diretos e bem sucedidos. Depende¬ram inteiramente do poder de Deus, mediante seu Espírito. Avançaram com zelo irreprimível e coragem inabalável.
O versículo 8 do primeiro capítulo sugere a divisão do livro.
Decorando-o você terá o seu esboço.
1. Poder para testemunhar 1 e 2
2. O testemunho em Jerusalém (Missões Locais) 3-8:3
3. O testemunho na Judéia e Samaria (Missões Nacionais) 8:4-12:25
4. O testemunho até os confins da terra (Missões Estrangeiras) 13-28
PODER PARA TESTEMUNHAR (Atos 1 e 2)
Que quarenta dias maravilhosos os discípulos passaram com o
Senhor Jesus, depois de ressurreto e antes da sua ascensão! Como estavam ansiosos por ouvir suas últimas palavras de instrução! Ele falava das coisas que diziam respeito ao reino de Deus. Nessa ocasião determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas esperassem a promessa do Pai (1:4).
Os primeiros 11 versículos do primeiro capítulo servem de introdução para o resto do livro.
Grande Comissão 1:6-8
Ascensão 1:2, 9, 11
Volta de Cristo 1:10, 11
Os discípulos ainda não estavam satisfeitos quanto à época em que Cristo iria estabelecer o seu reino na terra. Ainda esperavam um reino que lhes desse independência política e os colocasse em posição de liderança no mundo (1:6). Qual foi a resposta de Jesus? (1:7).
Um dia Jesus os levou para Betânia e erguendo as mãos, os abençoou (Lucas 24:50). Disse-lhes que o poder deles não seria político, mas espiritual. (Veja Atos 1:8.)
Com a ascensão, nosso Senhor desapareceu, mas permaneceu com eles de modo ainda mais real. Depois de lhes ter falado suas últimas palavras (registradas em Atos 1:8), ele foi arrebatado e uma nuvem o encobriu dos seus olhos.
Um acontecimento tão notável contado em tão poucas palavras! O Pai levou seu Filho de volta à glória.
CRISTO VOLTARÁ
Esse Jesus . . . assim virá do modo como o vistes subir (Atos 1:11). Como será a sua volta aqui anunciada? Será simplesmente na hora da morte? Será meramente ao vir habitar em nossos corações? Não. A promessa é que ele vai voltar do modo como subiu. Assim sendo, devemos examinar como ele foi. Assim saberemos como ele voltará. Sua volta será:
Pessoal 1 Tessalonicenses 4:16
Visível Apocalipse 1:7
Corpórea Mateus 24:30
Local Lucas 24:50
Imaginem os discípulos voltando do Monte das Oliveiras para Jeru¬salém! Foram para um cenáculo. Pode ter sido o mesmo em que Jesus comeu a Última Ceia com eles (Lucas 22:12). Todos estes perseveravam em oração (Atos 1:14) por dez dias. Jesus disse-lhes ficassem em Jerusalém até receberem poder do alto (Lucas 24:49). Embora tivessem tido três anos de treinamento com o Senhor, precisavam da presença do Espírito Santo, que Jesus prometera mandar a fim de revesti-los de poder. Já haviam dado provas de serem um grupo de fracos.
Cristo disse-lhes que não saíssem de Jerusalém, mas esperas¬sem. Seria natural que tivessem fugido do lugar em que o seu Senhor tinha sido crucificado, e voltassem para a Galileia. Mas Cristo lhes disse que permanecessem na cidade porque era o centro de maior influência. Nem sempre podemos escolher nosso lugar de serviço.
Depois da vinda do Senhor Jesus Cristo à terra, o acontecimento de maior importância é a vinda do Espírito Santo. A Igreja nasceu no dia de Pentecoste. Procure familiarizar-se com a narrativa de Atos 2:1-13. O Pentecoste era uma das festas mais populares e Jerusalém estava repleta de peregrinos de toda parte, Cinquenta dias tinham passado desde a crucificação. A partir dessa data, o Pentecoste não seria mais urna festa judaica, mas o raiar de um novo dia, o do nascimento da Igreja de Cristo,
A cena abre-se com os discípulos reunidos, com os corações firmados em Cristo, esperando o cumprimento da sua promessa. O próprio Espírito Santo desceu naquele dia. Lucas não diz que apareceu um vento, mas o som era um símbolo, assim como as línguas de fogo. O vento impetuoso representava o poder celestial.
As línguas luminosas eram símbolo do fogo, e indicavam o poder para testemunhar. Veja os resultados desse acontecimento em Atos 2:6, 12. O fogo é símbolo da presença divina; ele ilumina e purifica.
O ESPÍRITO SANTO NO PENTECOSTE
O Espírito pousou sobre os discípulos (2:1-3); entrou neles (2:4); operou por meio deles (2:41-47).
Eles foram cheios do Espírito Santo e assim estavam capacitados para um serviço especial. Não só foram capacitados para pregar com poder, mas para falar nas diferentes línguas representadas naquele dia em Jerusalém (2:2-4). Era o falar em novas línguas um palavreado que ninguém entendia ou os presentes podiam enten¬der e ser beneficiados? (2:6).
O maravilhoso no Pentecoste não foi o vento veemente e impetuoso, nem as línguas como de fogo, mas o fato de os discípulos serem cheios do Espírito Santo para que pudessem testemunhar aos homens. Se não temos o desejo de falar de Cristo a outros, é evidente que ainda não conhecemos a plenitude do Espírito Santo.
Não pense que o Espírito Santo veio ao mundo pela primeira vez por ocasião do Pentecoste. Por todo o Antigo Testamento encon¬tramos narrativas que mostram como ele guiava e fortalecia os homens. Agora o Espírito Santo iria fazer uso de um novo instrumento, a Igreja, nascida naquele mesmo dia.
Todos ficaram atônitos e perplexos (2:12). O homem, por natureza, é descrente. Não é uma grande manifestação da graça de Deus quando os homens realmente creem nele e aceitam a sua Palavra?
Alguns zombavam, dizendo: Estão embriagados (2:13-15). Os homens sempre procuram explicar os milagres de Deus pelas leis naturais, Mas o racionalismo nunca pode dar uma explicação razoável para aquilo que é divino, Além disso, eram nove horas da manhã, e nenhum judeu podia tocar em vinho até aquela hora. Veja a defesa de Pedro contra essa falsa acusação em Atos 2:15-21,
O SERMÃO DE PEDRO
O tema do primeiro sermão evangélico foi que Jesus é o Messias, como a sua ressurreição demonstra.
Pedro é a figura central nos doze primeiros capítulos de Atos. O verdadeiro poder do Espírito Santo revelou-se quando esse humil¬de pescador se levantou para falar e três mil almas foram salvas. Como poderíamos explicar a ousadia de um Pedro, que antes fora covarde, ao se levantar para pregar a uma multidão nas ruas de Jerusalém? Qual era o segredo do ministério de Pedro?
É coisa séria acusar-se alguém de homicídio, mas foi exatamente o que Pedro fez (2:36). Como irá ele sair-se dessa situação? Será apedrejado? Os últimos versículos do capítulo 2 respondem a essa pergunta (2:37-47).
A Primeira Igreja de Jerusalém foi organizada com três mil membros no dia de Pentecoste. Que dias gloriosos se seguiram, de ensino, comunhão, sinais e prodígios, e, sobretudo, salvação! Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor dia a dia os que iam sendo salvos (2:47). Este é o verdadeiro objetivo da Igreja. Estamos vendo isso em nossas igrejas hoje?
Tão maravilhoso como o dom de línguas era o viver diário da primeira igreja. Não é de admirar que eles contassem com a simpatia de todo o povo e que dia a dia crescesse o número dos salvos.
Os primeiros cristãos — cristãos metódicos
Na frequência às reuniões — Atos 2:44 Na contribuição financeira — Atos 2:45 Na missão da igreja — Atos 2:46, 47
O TESTEMUNHO EM JERUSALÉM (Atos 3:1-8 3)
O capítulo 3 inicia junto à Porta Formosa do Templo. Pedro havia curado um coxo de nascença, que era levado diariamente àquele lugar para pedir esmolas. O milagre atraiu a atenção dos líderes judeus e resultou na primeira oposição à igreja.
Ao juntar-se uma multidão ao redor do coxo, curado tão milagrosamente, Pedro aproveitou a oportunidade para pregar o seu segundo sermão, de que temos registro. Ele não poupou os judeus. Voltou a dizer-lhes que Cristo, a quem haviam crucificado, era o Messias há muito prometido. As palavras de Pedro e João foram tão poderosas que um total de cinco mil pessoas já tinham recebido a Cristo.
Os líderes revoltaram-se porque os apóstolos ensinavam ao povo que esse Jesus a quem eles haviam crucificado, ressuscitara dos mortos e iria voltar (4:2). Ordenaram-lhes que não pregassem, mas a oposição só fez a igreja prosperar. A oposição não deve causar admiração, nem mesmo surpresa a nenhum crente. A obra do Espírito é sempre um prenúncio da obra de Satanás. Toda vez que o Espírito vem para abençoar, o Adversário vem para amaldiçoar. Mas o martírio ajuda a Igreja, e sempre que a verdade é pregada com fidelidade, os frutos aparecem. (Veja Atos 4:3, 4.)
Assim que Pedro e João foram soltos, procuraram seus amigos e contaram as experiências e se uniram em oração e louvor. A igreja deve esperar oposição, mas em todas as circunstâncias podemos achar coragem e ajuda em Deus. Tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo, e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus (4:31).
Essa espécie de pregação trouxe unidade à Igreja. Da multidão dos que creram era um o coração e a alma (4:32). Os apóstolos davam o testemunho da ressureição do Senhor Jesus (4:33). Levemos essa mensagem. Os perdidos precisam ouvi-la.
Ninguém era obrigado a desfazer-se dos seus bens. Não se esperava isso deles. Quando alguém trazia o que tinha, era um ato espontâneo. A comunhão de bens era voluntária, limitada a Jerusalém, temporária e limitada aos crentes.
A Igreja tornou-se tão desprendida que muitos vendiam todos os seus bens e depositavam os valores correspondentes aos pés dos apóstolos para serem distribuídos à medida que alguém tivesse necessidade. Contudo, mesmo esse ato de amor e generosidade estava sujeito a abuso e engano. A liberalidade de Barnabé exemplificava o espírito de amor. Ananias e Safira mostravam o espírito de engano, pelo qual iludiram a si mesmos e aos apóstolos. Mas o Espírito Santo revelou a verdade da situação. Eles queriam glória sem pagar o preço. Queriam honra sem honestidade. Foram punidos de morte instantânea por terem declarado que estavam dando tudo a Deus, quando guardaram uma parte para si (Atos 5:4, 5).
Como crentes, professamos dar tudo a Cristo. A condição que ele estabelece para o discipulado é uma submissão completa. Renuncia a tudo quanto tens e segue-me, é a sua condição. (Veja Lucas 14:33.) Estamos deixando de entregar alguma coisa a Cristo? Somos hipócritas em nosso testemunho?
O poder do testemunho dos apóstolos residia no fato de suas vidas serem uma confirmação da vida do Cristo ressuscitado. A atitude do mundo hoje é a de quem quer ver para crer. Aqueles cristãos primitivos mostravam ao mundo quem eram. Você mostra por sua vida e conduta que é crente?
Quando se operavam sinais e prodígios, as multidões vinham para ver. Quando o Espírito Santo estava presente, o povo via o poder de Deus. O mesmo acontece hoje. Quando as igrejas apresentam Cristo em sua formosura e o Espírito Santo em seu poder, o povo vem. Cristo atrai todos os homens.
Os milagres em geral produzem conversões. Quando o milagre das línguas apareceu, a multidão a fluiu (2:6). Quando Pedro e João curaram o homem junto à Porta Formosa, o povo correu atônito para junto deles no pórtico chamado de Salomão (3:11). Quando o milagre do julgamento veio sobre Ananias e Safira, crescia mais e mais a multidão de crentes, tanto homens como mulheres, agregados ao Senhor (5:14). Assim vemos exemplos em todo o livro.
Milhares de artigos têm sido escritos sobre como levar os crentes a trabalhar nas igrejas. Haverá atividade em abundância na igreja, quando dermos lugar ao Espírito Santo. Uma igreja cheia do Espírito é uma igreja que trabalha.
Levantando-se, porém, o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele, prenderam os apóstolos e os recolheram à prisão pública (Atos 5:17, 18), Vemos novamente que o trabalho maravilhoso dos apóstolos provocou a oposição do Sinédrio (um tribunal de 70 juízes). Um grupo de pescadores ignorantes levantara-se para ensinar, e as multidões os ouviam e seguiam. Esta é a razão de o Sinédrio estar perturbado. Apesar de os apóstolos terem sido açoitados e proibi¬dos de pregar, sentiam-se felizes por terem sido achados dignos de sofrer pelo nome de Jesus, E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo (5:42). Suas palavras mais ousadas acham-se nesta declaração: Antes importa obedecer a Deus do que aos homens (5:29). É esta a sua convicção?
Tenhamos o espírito desses apóstolos! Não desanimemos quan¬do os adversários se multiplicam,
Foi convocada uma reunião da Igreja, e sete membros foram eleitos diáconos. Havia agora dois ofícios na igreja. Um era o de “servir as mesas”, cuidar da beneficência. O outro era o da pregação e da oração.
Os primeiros diáconos mencionados foram Estêvão e Filipe (6:5). Eram homens de grande influência na igreja, talvez mais do que qualquer outro, com exceção de Pedro e Paulo.
A oposição centralizou-se em Estêvão. Leia as experiências registradas nos capítulos 6 e 7, Estêvão era simplesmente um leigo, mas foi um dos primeiros diáconos. Ele é descrito como homem cheio de graça e de poder (6:8). Temos o registro de um só dia da sua vida — o último. Mas que registro! Não é a extensão da nossa vida que conta, mas como vivemos. Alguém disse: “Um crente está sempre de prontidão” Isso quer dizer que cada minuto de nossa vida é importante e deve ser vivido sob a direção de Deus.
Estêvão era apenas um leigo. Como milhares de outros desde então, ele operou maravilhas porque era cheio de fé e de poder.
A vida e morte de Estêvão tiveram efeito incalculável na história do mundo, pela influência que exerceram em Saulo de Tarso.
Quem poderá calcular a influência que a sua vida virá a ter em algum amigo seu?
Os líderes da sinagoga não puderam resistir a sabedoria e ao espírito com que ele falava (6:10), A ira deles transformou-se em ódio homicida, Estêvão tornou-se o primeiro mártir da Igreja cristã. Podemos atribuir à morte de Estêvão, sem dúvida, as primeiras impressões que os seguidores de Cristo causaram em Saulo.
TESTEMUNHO NA JUDEIA E SAMARIA (Atos 8:4-12:25)
Os discípulos tinham sido testemunhas em Jerusalém, mas Jesus dissera que deviam ir à Judeia e Samaria.
Os guias religiosos julgavam estar fazendo a vontade de Deus ao procurarem acabar com o Cristianismo, matando os cristãos. Paulo disse: Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno (26:9).
Sem o saber, Paulo realmente começou naquela ocasião sua obra de espalhar o Evangelho. Leia Atos 8:3. Ele pensava estar destruin¬do o Cristianismo, quando, na verdade, o estava divulgando. A perseguição sempre espalhou o Cristianismo, como o vento espa¬lha o fogo. Isso tem acontecido através dos séculos, desde que Jesus viveu na terra.
Veja que espécie de igreja era aquela! Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando a palavra (8:4). Esta foi a razão de o Evangelho espalhar-se no princípio. Qual foi a comissão dada aos discípulos? Ide por todo o mundo e pregai o evangelho . . . Quantos Jesus treinou para a sua obra? Somente doze, e um deles o abandonou.
Lá estavam eles em Jerusalém, e todo o mundo estava precisando do Evangelho. A perseguição de Saulo, como a confusão de línguas na torre de Babel, espalhou os cristãos pelo mundo. Não foi a covardia que os levou a fugir, porque os encontramos em toda parte pregando o Evangelho (8:4).
FILIPE, O EVANGELISTA
Filipe, um dos sete escolhidos para diáconos (6:5), era evangelis¬ta. Como resultado da perseguição, ele se estabeleceu em Samaria. Jesus tinha dito: Sereis minhas testemunhas . . . em Samaria. Filipe pregava a Cristo. Multidões o seguiam em sua campanha de evangelização, mas Deus lhe disse que deixasse o trabalho que estava fazendo com tanto êxito: Dispõe-te e vai para a banda do sul, no caminho que desce de Jerusalém a Gaza; este se acha deserto. Filipe obedeceu e saiu; no caminho encontrou um etíope. Seria por
acaso? Quando estamos dentro da vontade de Deus, as coisas não acontecem por mero acaso. Nenhum amigo cruza o seu caminho por acaso. Nenhuma alegria ou tristeza sobrevêm, senão pela permissão de Deus.
Esta história levanta a pergunta sobre qual o método que dá mais resultados: pregar a um grande número de pessoas ou falar de Jesus individualmente? Muitos julgam que o método individual é lento, mas vejam só:
O Brasil tem uma população de cerca de 210 milhões de pessoas. Suponhamos que você seja o único crente neste país. Você ganha uma alma para Cristo hoje. Amanhã vocês dois ganham uma pessoa para Cristo. No dia seguinte, o mesmo acontece com os quatro; no dia seguinte os oito ganham mais oito, e assim por diante. Aqui está um fato impressionante. Se cada um desses crentes e os que eles fossem ganhando, levassem uma pessoa a Cristo por dia, quanto tempo levariam para alcançar os 210 milhões? Menos de um mês, a contar do primeiro convertido!
O etíope, convertido pelo testemunho de Filipe, sem dúvida levou o Evangelho à África. Nada indica que a África tivesse antes qualquer conhecimento do Filho de Deus. O Evangelho estava a caminho dos confins da terra.
SAULO
A primeira menção feita a Saulo foi por ocasião da morte de Estêvão. O martírio deste parece ter influenciado aquele persegui¬dor da Igreja. Saulo estava em luta com uma consciência desperta¬da. Ele sabia que estava errado, mas não queria ceder. Foi por isso que Jesus lhe disse em sua visão: Dura coisa é recalcitrares contra os aguilhões (26-14).
Saulo causou grande mal à igreja! Quanto mais moral e inteligen¬te a pessoa é, tanto mais dano pode causar quando dominada por Satanás.
A conversão de Saulo é uma das mais emocionantes da História. Procure conhecê-la bem. Antes ele estava respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor (9:1), Agora nós o vemos pregando nas sinagogas a Jesus, afirmando que este é o Filho de Deus (9:20).
Em cada passo das suas três viagens missionárias, Paulo tornou conhecida a vontade de Cristo com inconfundível clareza. Não há dúvida de que Paulo ocupa o lugar mais importante de qualquer homem no Novo Testamento. Ele converteu-se e foi feito apóstolo pelo próprio Cristo. Foi a ele que Cristo fez revelações diretas da verdade e entregou a doutrina da Igreja. A quem, Paulo foi especialmente enviado? Era o apóstolo aos gentios, como Pedro aos judeus.
O que Pedro tinha feito desde o Pentecoste? Não é só o que a pessoa crê, mas o que ela faz com o que crê, que importa. Cristo havia dito a Pedro que ele seria testemunha. Ele ajudou a iniciar a primeira igreja, realizou milagres e batizou milhares. Seu trabalho tinha sido entre os judeus.
Encontramos Pedro agora na casa de Simão, o curtidor (10:5, 6). Deus iria mostrar-lhe que o Evangelho era tanto para os gentios como para os judeus (10:9-16). O muro alto da diferença religiosa entre o judeu e o gentio precisava ser derrubado. Pedro foi o homem a quem Deus usou para iniciar essa tarefa. Cristo estava construindo uma Igreja e queria que tanto judeus como gentios fossem as pedras vivas com as quais fosse formada (Efésios 2:20- 22).
No Pentecoste, Pedro usara as “chaves do reino” confiadas a ele para abrir a porta do Evangelho aos judeus. Enquanto Paulo estava cm Tarso, Pedro, na casa de Cornélio, fez uso da chave e abriu a porta que impedia os gentios de entrar (10:1-48). Leia essa
narrativa.
TESTEMUNHO ATÉ OS CONFINS DA TERRA (Atos 13-28)
A morte de Estêvão foi só o começo da grande perseguição aos cristãos. Como foi que conseguiram chegar a Antioquia? (11:19-21). Alguém disse que o Cristianismo dos dias primitivos foi “urna história de duas cidades” — Jerusalém e Antioquia.
Até o capítulo 12 de Atos vimos o início da igreja em Jerusalém, tendo Pedro como dirigente. De Atos 13 a 28, iremos ver Paulo e a igreja em Antioquia, que passou a ser a nova base de operações. Todas as maravilhosas viagens missionárias de Paulo tiveram início ali, e não em Jerusalém. Antioquia tornou-se o novo centro da igreja para cumprir a ordem de Jesus.
Os judeus cristãos, forçados a deixar Jerusalém por causa da perseguição, naturalmente tiveram de misturar-se com os gentios. Esses cristãos primitivos não podiam deixar de falar daquilo que mais lhes interessava. O poder de Deus era tão visível que uma grande multidão se uniu à igreja (11:21).
Aí nessa igreja um novo nome foi dado aos discípulos de Cristo. Em Antioquia eles foram chamados cristãos pela primeira vez (11:26).
É interessante notar que a igreja tinha perdido contato com Paulo. Não estavam interessados no que havia acontecido com ele, mas Barnabé foi procurá-lo (11:25). Ele tinha mantido contato com Paulo todos esses anos. Se não fosse Barnabé, Paulo poderia ter permanecido na obscuridade a vida toda. Imaginem o que o mundo teria perdido se Paulo não tivesse sido descoberto! Há muita gente esperando ser descoberta por alguém, para Deus.
INÍCIO DAS MISSÕES ESTRANGEIRAS
Paulo e Barnabé, os primeiros missionários ao estrangeiro, partiram de Antioquia para o ocidente (13:2, 3). O maior empreen¬dimento do mundo são as missões estrangeiras, e aqui temos o início dessa grande obra. A ideia originou-se exatamente como devia: numa reunião de oração.
Enquanto Paulo e Barnabé pregavam o Evangelho sob persegui¬ções e provações, havia muitos em Jerusalém levantando o problema que mais perturbou a igreja: o gentio precisava tornar-se judeu e aceitar as leis e cerimônias do Judaísmo, antes de poder tornar-se cristão? (15:1). Paulo e Barnabé não haviam dito nada sobre a lei de Moisés. Sua afirmação era: Crê no Senhor Jesus, e serás salvo (16:31). À lei não salva ninguém.
A esta altura Lucas se uniu aos missionários (16:10). A primeira pessoa convertida na Europa não foi um sábio ou uma autoridade influente, mas Lídia, uma vendedora de púrpura.
Em Filipos encontramos Paulo e Silas na prisão. Por que vemos homens como esses lançados na cadeia? Leia Atos 16:16-24. O segundo cristão da Europa foi bem diferente da primeira cristã. Lídia converteu-se numa reunião de oração, mas foi preciso um terremoto para sacudir o carcereiro. A pergunta dele é provavel¬mente uma das mais importantes do mundo (16:30).
As experiências de Paulo nas maiores cidades do seu tempo são repletas de interesse, Ele fundou uma igreja em Tessalônica (17:4).
Na famosa Atenas, pregou seu imortal sermão no Areópago. Esta é uma das grandes cenas da História. Que efeito teve ele nos ouvintes? (17:32),
Ao pregar naquele dia, Paulo não só estava trazendo uma mensagem maravilhosa aos atenienses, mas falava a você e a mim. Ele nos diz que Deus está perto. Para alguns ele parece estar tão longe, que nem procuram alcançá-lo. Entretanto, ele ouve o nosso mais débil sussurro, quando falamos com ele.
Paulo deixou Atenas e chegou a Corinto muito desanimado. Não sabemos se conseguiu fundar uma igreja em Atenas, mas em Corinto, uma das cidades mais corrompidas do mundo antigo, ele fundou uma igreja e lá permaneceu dezoito meses para confirmar os crentes na fé (18:8). Foi lá que ele encontrou Áquila e sua esposa, Priscila, que vieram a tornar-se grandes e leais amigos do apóstolo.
Depois de uma ausência de três ou quatro anos, Paulo voltou a Antioquia, passando por Éfeso. Em Antioquia, deu relatório da sua entrada na Europa.
A TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA
Paulo gastou três anos numa das maiores cidades da época, Éfeso era talvez, com exceção de Roma, a maior cidade do mundo e a mais cosmopolita. Multidões de judeus e gentios da Ásia ouviram a pregação do Evangelho. Éfeso era famosa por seu luxo, por sua
licenciosidade e pelo culto da deusa Diana. Os anos que o apóstolo passou aqui têm tanta coisa interessante, que é difícil escolher a mais importante. Convertidos entusiastas queimaram seus livros de artes mágicas e jogaram fora os ídolos de prata. Houve uma grande fogueira em Éfeso. Parece que podemos ver as chamas ardendo ainda hoje. Eles representavam a queima do seu modo antigo de viver. Paulo ensina que todo ídolo deve ser derrubado em nosso coração e que só o Senhor deve ocupar o trono. Há alguma coisa em nossa vida que precisa ser queimada?
Bênçãos como essas não podiam ficar por muito tempo sem oposição. Se lermos o capítulo 19 até o fim, veremos os resultados do trabalho de Paulo. Os artífices de prata fizeram um alvoroço e os apóstolos foram salvos graças à intervenção das autoridades locais.
Em suas viagens, Paulo escrevia suas maravilhosas cartas; hoje as lemos com grande proveito e interesse. De Éfeso ele mandou sua primeira carta aos Coríntios (1 Coríntios 16:8). Na terceira viagem, escreveu 2 Coríntios, Gálatas e Romanos.
A DESPEDIDA DE PAULO
A última viagem missionária de Paulo deve ter sido uma experiência comovedora. Em toda parte, era preciso despedir-se. Ele sabia que a despedida era final. Leia Atos 20:37, 38. Choraram, e o abraçaram afetuosamente, expressando assim sua tristeza, certos de que não mais o vertam. Imagine essa experiência triste repetida uma dúzia de vezes. Talvez nenhum outro homem, com exceção de Davi, tinha inspirado amor tão intenso em tantos corações.
Partindo do porto de Éfeso, Paulo despediu-se dos amigos pela última vez. Seu destino é Jerusalém, e de agora em diante ele é visto como “o prisioneiro do Senhor”. Visitou Jerusalém pela última vez. Ali, uma dessas turbas, que se formam com rapidez no
Oriente, acometeu contra o apóstolo e o agarrou, acusando-o de ensinar os judeus a desprezarem Moisés. Sem dúvida, recordou-se de que, vinte e seis anos antes, ele mesmo, perto daquela cidade, tomara parte no assassínio de Estêvão. Descobrindo que Paulo era cidadão romano, o comandante prometeu-lhe julgamento condig¬no. Paulo fez sua defesa em Cesaréia, perante Félix, o governador romano. Após dois anos de prisão, foi julgado pela segunda vez perante o novo governador, Festo, diante do qual apelou para César, o imperador romano (21:27-26:32).
Depois de uma viagem emocionante, na qual o navio naufragou numa terrível tempestade na altura da costa de Malta, Paulo chegou a Roma. Ali ficou preso dois anos na residência que alugara. Mesmo na prisão, o grande pregador e evangelista levou a Cristo os servidores do palácio de Nero. Servir ao Mestre pode tornar luminosas as horas mais negras da vida. Quando procura¬mos aliviar os fardos dos outros, o nosso se torna mais leve (27:1- 28:24).
Durante a prisão, Paulo escreveu muitas das suas epístolas: Filemom, Colossenses, Efésios e Filipenses. Numa cadeia em Roma, aguardando a sua execução a qualquer momento, ele escreveu a segunda epístola a Timóteo.
Finalmente, de acordo com a tradição, o amado apóstolo foi condenado e decapitado. Sua alma heroica foi libertada e o corpo frágil sepultado nas catacumbas.
Paulo salvou o Cristianismo dos limites estreitos de uma seita judaica e o tornou um movimento de alcance mundial. Procurou derrubar as barreiras entre judeus e gentios e entre escravos e livres.
Atos e o único livro inacabado da Bíblia. Observe a maneira brusca como termina. De que outro modo poderia terminar? Como poderia haver uma narrativa completa da vida de uma pessoa que ainda vive? Nosso Senhor, que ressuscitou e ascendeu ao céu, ainda vive. Do centro — Cristo — as linhas se estendem em todas as direções, mas “os confins da terra” ainda não foram atingidos. Este livro é só um fragmento. O Evangelho de Cristo avança. Ainda estamos vivendo Atos,…