LIÇÃO 3: 1CORÍNTIOS 4: MINISTROS E DESPENSEIROS DE CRISTO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em 1Coríntios 4 há 21 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, 1Coríntios 4.1-21 (5 a 7 min.).
Aproveite a informação do tópico I desta lição, a respeito dos remadores e exponha à classe que, no capítulo 4 de 1Coríntios, Paulo mostra a insignificância do ministro diante da sua mensagem. No original grego, a palavra traduzida por “ministro” remetia aos escravos que trabalhavam nos porões dos barcos, de onde não tinham visão alguma do mar. Ou seja, eles eram responsáveis apenas por remar, mas quem decidia para qual direção se movia a embarcação era o capitão; caso se recusassem a remar, poderíam ser trocados por outros, pois eram apenas trabalhadores braçais.
Paulo estava combatendo o espírito de autossuficiência. Por isso, posteriormente, ele se utilizou de certa ironia ao perguntar se os crentes de Corinto já estavam ricos e fartos.
OBJETIVOS
• Entender que os ministros são administradores dos mistérios de Deus.
• Compreender que a humildade e a disposição de servir são traços marcantes do ministro de Deus.
• Conscientizar-se do valor do ministro cristão e de seu serviço.
PARA COMEÇAR A AULA
Inicie esta lição mostrando que o alvo do ministro é tomar a igreja forte, sábia e ilustre. No entanto, Paulo relata, por experiência pessoal, que o ministro deve estar preparado para enfrentar desprezo, humilhação, passando por louco, tudo pela causa de Cristo. Isso contrapõe o pensamento soberbo dos ministros de Corinto e continua servindo de alerta aos que se consideram ministros hoje. Todavia, isso não significa que os ministros do Evangelho devem ser desonrados no meio do povo de Deus, mas que, por tal disposição de sofrer pelo bem do corpo de Cristo, devem ser honrados.
RESPOSTAS
1) Mordomo, com acesso à despensa de alimentos.
2) A renúncia a si mesmo em favor dos irmãos.
3) Colocar algo na mente de alguém com o intuito de advertir ou de repreender.
LEITURA ADICIONAL
Paulo não teme ser julgado pelos crentes de Corinto, ou mesmo por um tribunal romano, isto não tem importância. Paulo diz que não julga nem a si mesmo. O mordomo nem sequer confia no juízo que faz de si mesmo; pode não estar cônscio de suas próprias falhas.
A consciência pode estar enganada. Paulo afirma: que a consciência dele está limpa, mas isso não prova que ele é inocente, pois a consciência pode estar enganada.
Portanto, nada julgueis, antes do tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas e manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá de Deus o louvor.
Paulo recomenda que o exercício desse julgamento fique para o Senhor, quando Cristo vier, e então cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.
E a parte significativa do evangelho apresentado por Paulo é o fato de o Senhor vir para julgar.
Uma cláusula do Credo Niceno conserva-nos de sobreaviso com relação a esta verdade: “Creio… que Ele virá em glória, para julgar os vivos e os mortos.”
A expressão: “Deus manifestará os desígnios dos corações” quer dizer que Deus trará à luz os atos secretos de toda pessoa e revelará seus verdadeiros pensamentos e motivos, tanto os bons quantos os ruins. A vida interior da pessoa será revelada, nada ficará oculto.
Livro: Comentário Exegético da I Carta aos Coríntios (Oton Miranda de Alencar, Editora Inove, Macapá, 2013, pág.37).
LIÇÃO 3: 1CORÍNTIOS 4: MINISTROS E DESPENSEIROS DE CRISTO
Texto Áureo
“Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.” 1Co 4.1
Verdade Prática
Os ministros de Cristo servem ao mundo com a mensagem do Evangelho.
Estudada em 16 de abril de 2023 – Ano de Nosso Senhor Jesus Cristo
Leitura Bíblica Para Estudo 1Coríntios 4.1-21
INTRODUÇÃO
I. O MINISTRO É DESPENSEIRO DE DEUS 1Co 4.1-5
1. Ministro de Deus 1Co 4.1
2. Encontrado fiel 1Co 4.2-4
3. Cada um receberá de Deus 1Co 4.5
II. O MINISTRO É HUMILDE 1Co 4.6-13
1. Tudo vem de Deus 1Co 4.6-8
2. Espetáculo ao mundo 1Co 4.9-12
3. Lixo e escória do mundo 1Co 4.13
III. O MINISTRO TEM AUTORIDADE 1Co 4.14-21
1. Pai espiritual 1Co 4.14-15
2. Sejam meus imitadores 1Co 4.16-18
3. Autoridade e amor 1Co 4.19-21
APLICAÇÃO PESSOAL
Hinos da Harpa: 93 – 298
INTRODUÇÃO
Paulo usa o termo despenseiros para identificar os ministros da casa de Deus. Homens que, apesar da humildade, simplicidade e desapreço dos demais, eram encarregados de guardar e transmitir os grandes mistérios de Deus, o verdadeiro alimento espiritual.
I. O MINISTRO É DESPENSEIRO DE DEUS (1Co 4.1-5)
1. Ministro de Deus (1Co 4.1)
Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.
No grego, o termo ministro, também traduzido como servo em outras versões, referia-se primariamente aos escravos que ficavam no terceiro pavimento das embarcações, considerados remadores de baixo escalão.
Como vemos nos filmes antigos, eles trabalhavam e não eram vistos, mas desempenhavam o trabalho mais importante: levar as pessoas de onde estavam para onde precisavam chegar. Um líder ia marcando o ritmo com um tambor e todos remavam juntos.
É uma linda representação dos ministros de Cristo que, fora da vista de todos, “remam” e trabalham juntos, com Jesus ditando o ritmo, enquanto levam as pessoas de onde estão na terra para onde precisam chegar: o céu.
Quem faz com que o “barco” ande de verdade são os “escravos”, ou seja, os ministros do Senhor. O ministro é encarregado de não deixar o “barco” parar e nem correr o risco de afundar.
De certa forma, este também é o papel de todo papai e mamãe: ouvir o ritmo do líder Jesus e conduzir a família para o céu.
Enquanto o “ministro” não era visto, o “despenseiro” era. Este termo referia-se à atribuição do mordomo acessar a despensa e recolher os alimentos necessários. Os recursos eram distribuídos de acordo com a intenção do mestre. O despenseiro não produz nada, apenas distribui o que é do mestre.
Agora, os “mistérios de Deus” seriam distribuídos entre todos. A obra de salvação pela cruz, até então desconhecida no Antigo Testamento, agora se tornaria conhecida por todos.
2. Encontrado fiel (1Co 4.2-4)
Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel (4.2).
Este verso ressalta uma qualidade indispensável aos despenseiros de Deus: a fidelidade. Muitos buscam ser pessoas de fé e carisma, mas Paulo exorta a que os despenseiros sejam fiéis, que continuem fazendo o que foram chamados por Deus para fazer.
Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano; nem eu tampouco julgo a mim mesmo. (v. 3) Ainda falando sobre ministério, Paulo demonstra não se importar com o julgamento do povo de Corinto. Eles enfrentavam problemas por terem formado várias facções; uns que gostavam de Apolo, outros de Cefas e alguns de Paulo. Paulo explica que a motivação dele não era a opinião e aprovação humanas, mas a fidelidade à sua missão. Aplicando para hoje: sendo honrado ou não, com poucos likes ou curtidas, Paulo se manteria fiel ao seu chamado de ministro e despenseiro.
3. Cada um receberá de Deus (1Co 4.5)
Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então, cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.
A consciência de Paulo estava tranquila perante as críticas, embora não ousasse julgar a si mesmo, nem como estando certo, nem como estando errado. O veredicto final estaria reservado para o Dia do julgamento.
Desde o Antigo Testamento, Deus sempre deixou claro que, um dia, traria julgamento sobre todos os homens. No “Dia do Senhor”, Deus trará à tona as obras ocultas de cada um, revelando verdadeiramente “os desígnios dos corações” (v. 5).
Segundo Paulo, o julgamento não cabe aos homens, nem a ele mesmo. Neste “tribunal”, quem julgará será o próprio Senhor Jesus.
Nosso papel é amar as pessoas e ser encontrado fiel no cumprimento do ministério (v. 4), Perdemos o foco quando invertemos os papéis e ocupamos o lugar de Deus como juiz.
Quando nos exorta a não julgar, Paulo não se refere a questões legais, de boa conduta e testemunho, mas a questões de preferência, diferença de gosto e opinião dentro do corpo de Cristo, as quais, se ressaltadas, podem resultar na quebra da unidade entre os irmãos. Sobre estas questões, ele afirma que tudo será trazido à luz e cada um receberá sua aprovação ou reprovação de Deus quando Ele revela aquilo que não podemos ver: as motivações.
II. O MINISTRO É HUMILDE (1Co 4.6-13)
1. Tudo vem de Deus (1Co 4.6-8)
Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e a Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo aprendais isto: não ultrapasseis o que está escrito; a fim de que ninguém se ensoberbeça a favor de um em detrimento de outro (4.6).
O apóstolo havia usado a si mesmo e a Apolo como exemplos. Seria impensável retratá-los como rivais. Diante disso, os coríntios deveriam se dar conta de que é igualmente absurdo fazer o mesmo com outros líderes cristãos, separando- -os entre si e criando grupos em torno deles.
Visto que estavam cheios de vangloria, Paulo os ironiza dizendo: “Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós” (4.8). Paulo diz para eles: “Vocês estão fartos e ricos demais!”. Eles estavam satisfeitos com a sua espiritualidade. Pensavam que tinham tudo. Eles tinham um alto conceito de si mesmos. Os coríntios pensavam que eles eram uma igreja de muito sucesso, muito madura e eficiente. Paulo afirma que aquilo que cada um tem é o que cada qual recebeu. “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias como se o não tiveras recebido?” (4.7). Não há margem para a vaidade, para a soberba e para o orgulho espiritual.
Se Deus lhe deu um ministério de projeção, você não tem de ficar vaidoso com isso; isso não é seu. É tudo fruto da graça de Deus. Por que, então, você se vangloria como se fosse mérito seu?
2. Espetáculo ao mundo (1Co 4.9-12)
Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens. (4.9).
O Imperador romano, a fim de aumentar sua popularidade, conduzia os escravos e condenados à morte às grandes arenas e anfiteatros, para se digladiarem, ou para serem devorados por feras selvagens, proporcionando um sangrento espetáculo ao público. Paulo compara os apóstolos a estes condenados que estão em desgraça pública e são executados diante da multidão, ao ar livre.
Paulo faz um contraste entre o comportamento soberbo e egoísta dos coríntios, que se achavam ricos e cheios de direitos, e a humildade dos apóstolos, que colocavam as necessidades da igreja acima das suas próprias, suportando todo tipo de sofrimento decorrente de sua escolha. Isso prepara o terreno para a recomendação que o apóstolo faz na passagem seguinte, para que os crentes coríntios sejam seus imitadores.
Isto se provou verdadeiro na vida de quase todos os apóstolos, que morreram perseguidos e sem direitos. Paulo, então, usa de ironia para sobressaltar a postura dos Coríntios em relação a ele e outros líderes, os quais eram julgados e desprezados. Paulo escreve como um pai na fé, não para envergonhá-los, mas para corrigir rumos.
3. Lixo e escória do mundo (1Co 4.13)
Quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos.
A teologia da glória é precedida pela teologia da cruz. A grande bandeira do cristão é a teologia de João Batista, que dizia: “Convém que ele [Jesus] cresça e que eu diminua” (Jo 3.30).
Os apóstolos são desprezados: “vós nobres, e nós desprezíveis” (4.10c). Os apóstolos enfrentam privações, fome, sede e nudez (4.11). E os apóstolos ainda sofrem maus-tratos: “somos esbofeteados, e não temos morada certa”(4.11). E Paulo conclui: “Quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos” (4.13).
III. O MINISTRO TEM AUTORIDADE (1Co 4.14-21)
1. Pai espiritual (1Co 4.14-15)
Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados (4.14).
Aqui, Paulo declara que sua mensagem vem para “admoestar”, que significa “colocar algo na mente de alguém”, com o intuito de advertir ou, até mesmo, repreender. Paulo tinha ciência de que algo errado estava acontecendo e necessitava de conserto.
Para realizar essa correção, o apóstolo se coloca como um pai para aquele povo (v. 15), demonstrando que sua relação com os coríntios era paternal, através do Evangelho. Os pais abastados geralmente deixavam a educação de seus filhos totalmente a cargo de escravos letrados, conhecidos como tutores ou aios.
Paulo se coloca à frente destes supostos tutores como um verdadeiro pai que instrui e repreende seus filhos com amor. Ou seja, os crentes de Corinto foram gerados em Cristo por meio do Evangelho anunciado por Paulo. Sua autoridade era de pai espiritual.
2. Sejam meus imitadores (1Co 4.16-18)
Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores (4.16).
Esta expressão é consequência do verso anterior. Hoje temos como referência muitos autores, blogueiros, comentaristas, artistas, mas não reconhecemos nossos pais espirituais. Paulo está afirmando que ele é um pai espiritual e que sua conduta deve ser imitada. Isto é o que um bom pai deve dizer: “Imite-me”. Não apenas faça o que eu digo, mas faça o que eu faço. Paulo resgata o vínculo de paternidade como quem, pela fidelidade, pagou o preço, gerou e serviu aquela igreja.
Em trecho posterior da carta, Paulo repete esta admoestação de que sejam seus imitadores como ele o é de Cristo quando exorta a igreja de Corinto quanto à liberdade cristã (1Co 10.28 – 11.1).
Nos dias atuais, é muito raro encontrar bons exemplos. Paulo recomenda que os crentes de Corinto sigam o seu exemplo de conduta humilde e altruísta, assim como ele próprio seguia o exemplo de Cristo.
3. Autoridade e amor(1Co4.19-21)
Que preferis? Irei a vós outros com vara ou com amor e espírito de mansidão? (4.21).
Encerrando, Paulo manifesta aos coríntios o desejo de visitá-los, embora muitos acreditassem que Paulo não viria mais. Ele ansiava por estar em Corinto e instruí-los pessoalmente.
Paulo esperava que esta carta solucionasse as divergências que ocorriam na igreja em Corinto. Mas, se insistissem nos erros, ele iria visitá-los com uma repreensão mais firme e contundente. Entretanto, Paulo deixou ao encargo deles a escolha: “com vara ou com amor e espírito de mansidão?”.
APLICAÇÃO PESSOAL
A grande bandeira do ministro do Evangelho continua sendo a mesma de João Batista: “convém que ele cresça e que eu diminua”.
RESPONDA
1) Quais são as atribuições de um “despenseiro”?
2) Quais as características da verdadeira riqueza concedida por Deus?
3) Qual o significado do termo “admoestar”?