LIÇÃO 2: Jó 3 a 31: OS DIÁLOGOS ENTRE Jó, ELIFAZ, BILDADE E ZOFAR
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Jó 3 a 31 há 723 versos, no total. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Jó
27 (5 a 7 min.).
Cada um dos três amigos de Jó tem uma razão a oferecer, como explicação para as suas experiências e problemas, embora suas palavras de “consolo” fossem tudo, menos isso. Mas há coisas boas a se dizer a respeito deles. A primeira é que, ao menos, os três vieram. Geralmente, quando a pessoa perde riqueza, posição e saúde, não sobram amigos. Foram fiéis na adversidade. Ficaram calados por sete dias. Fizeram bem nisso. Parece que estavam tentando descobrir a razão das aflições de Jó antes de falarem. Alguém disse que em vez de falarem dele, vieram falar com ele. Todos eles tinham uma razão; queriam dizer a Jó por que achavam que sofria daquele modo. Estavam de acordo com a tese de que ele estava naquela situação porque teria pecado.
OBJETIVOS:
- Explicar como os amigos de Jó entenderam a situação calamitosa que se abateu sobre ele.
- Mostrar como os três amigos de Jó se mostraram incompassivos e impacientes.
- Esclarecer que Jó queria um advogado que defendesse a sua causa diante do tribunal de Deus.
PARA COMEÇAR A AULA
Comece a aula dizendo que nestes ciclos de discursos os amigos de Jó afirmam claramente suas posições. Todos eles exortam Jó a buscar a Deus para que ele possa novamente desfrutar de uma vida próspera. Embora desejem consolá-lo, estão tão desapontados com as desgraças dele que se sentem na obrigação de repreendê-lo. À medida que os discursos avançam, Jó vai ficando cada vez mais desapontado com os conselhos e busca ainda mais sinceramente algum modo de obter uma absolvição da parte de Deus, seu Juiz.
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO:
1) Provavelmente era o mais idoso dos três e o mais respeitado por sua sabedoria.
2) Demonstrou ser moralista e frio.
3) Não.
LEITURA ADICIONAL
A SOBERANIA E A ONIPOTÊNCIA DE DEUS
O livro de Jó enfatiza repetidas vezes a soberania e onipotência de Deus. Por exemplo, o nome divino hebraico El-Shaddai, geralmente traduzido como Todo-Poderoso, é utilizado por todos os personagens do livro. Elifaz descreve o Todo-Poderoso como alguém que controla o destino de todos (Jó 5.17-20) e que independe da humanidade (Jó 22.2,3). Bildade declara que o Todo-Poderoso é justo (Jó 8.3,4) e soberano em Seu domínio do universo (Jó 25.2,3). Por fim, Zofar descreve os caminhos de Deus como além da compreensão humana (Jó 11.7-10). Sendo assim, os amigos de Jó usam o nome El-Shaddai para falar tanto da transcendência de Deus como de Seu poder soberano. Essa ênfase na soberania de Deus refuta a compreensão simplista da recompensa divina, que presume haver uma conexão automática entre a espiritualidade e a prosperidade da pessoa na terra. Essa foi a base da acusação de Satanás no prólogo: Jó servia a Deus por tirar proveito pessoal (Jó 1.9-11). Além disso, é a base dos conselhos de Elifaz e Bildade a Jó. Ambos alegaram que o sofrimento de Jó indicava um pecado oculto em sua vida, porque Deus, com certeza, nunca castigaria um justo (Jó 4.7-11; 8.11-22; 18.5-21). Mas a resposta de Deus a Jó refutou essa falsa crença (Jó 38.1-39.30). O Senhor declarou ser absolutamente soberano. Ele não tem a obrigação de abençoar àqueles que lhe obedecem. Todos os Seus atos se baseiam em Sua natureza bondosa e em Seu próprio livre-arbítrio. Dessa forma, o livro de Jó é uma extensa refutação ao questionamento de Satanás de que a obediência de Jó a Deus era interesseira, por causa das bênçãos do Senhor. Assim como Jó, devemos saber obedecer ao Deus Todo-Poderoso e aceitar pela fé que Ele possui um bom plano para nós.
Livro: “O Novo Comentário Bíblico AT, com recursos adicionais.” (Radmacher et all. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, p. 782).
Estudada em janeiro de 2024
LIÇÃO 2: Jó 3 a 31: OS DIÁLOGOS ENTRE Jó, ELIFAZ, BILDADE E ZOFAR
Leitura Bíblica Com Todos Jó 19.1-27
Texto Áureo
Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra (Jó 19.25).
Verdade Prática
A fé de Jó era algo impressionante. Mesmo acusado pelos amigos de pecado oculto a sua confiança no Senhor continuou inabalável.
INTRODUÇÃO
I. REAÇÃO INICIAL DE Jó Jó 3.1-26
Preferiu não ter nascido Jó 3. 1-3
Deseja a morte Jó 3.20-22
O enigma do sofrimento Jó 3.23-26
II. DISCURSOS DOS AMIGOS Jó 4-18
Elifaz Jó 4.1-5
Bildade Jó 8.1-3
Zofar Jó 11.1-4
III. RESPOSTAS DE Jó Jó 79-37
Jó diz que Deus O feriu Jó 19.6-9
O meu Redentor vive Jó 19.23-27
O último discurso aos três amigos Jó 29.1-5
APLICAÇÃO PESSOAL
Hinos da Harpa: 369 – 79
INTRODUÇÃO
Uma semana inteira de silêncio foi interrompida pela lamentação de Jó no capítulo três. Então os seus três amigos, Elifaz, Bildade e Zofar sentiram-se compelidos pelo pessimismo de Jó (seu desejo de morrer) a falar e explicar o porquê dos seus sofrimentos. Para eles o sofrimento do justo, se na realidade ele é justo, é sempre um castigo de Deus pelo pecado.
REAÇÃO INICIAL DE Jó (Jó 3.1-26)
As hostes celestiais observavam a atitude de Jó. Ele primeiro olhou para o passado: “Nu saí do ventre da minha mãe”. Em seguida, Jó olhou para o futuro: “e nu voltarei”. Por fim, ele olha para o alto: “bendito seja o nome do Senhor”. Agora, no capítulo três, ele se pronuncia após sete dias e sete noites de silêncio.
1. Preferiu não ter nascido (Jó 3.1-3)
Depois disto, passou Jó a falar e amaldiçoou o seu dia natalício (3.1).
O desespero de Jó é evidente e muito grande. Encontra-se rodeado pela dor, sem descobrir até então a razão de sua tormenta. Ele é muito honesto, franco e aberto. A pressão e a tensão acumuladas no seu interior estão altíssimas e a válvula de escape começa a se abrir. Jó expõe os seus malogros numa chuva de imprecações, lamentações e confusão.
Uma maldição é lançada sobre o futuro; mas Jó retroage. Ele gostaria que o dia do seu nascimento tivesse sido eliminado (3.4-6) de forma que não tivesse aparecido no calendário do ano; ele gostaria que fosse um dia amaldiçoado e estéril, em que não tivesse havido concepções nem nascimentos bem-sucedidos. Jó caiu em um pessimismo, supondo que a própria existência fosse um mal. Mas, no capítulo 19.26, a esperança de uma vida futura brilhou na consciência de Jó.
2. Deseja a morte (Jó 3.20-22)
Por que se concede luz ao miserável e vida aos amargurados de ânimo, que esperam a morte, e ela não vem? (3.20,21).
Em termos humanos, tudo que Jó tinha era sua esposa e seus três amigos. Mas estes se voltaram contra ele. “Amaldiçoa a Deus e morre!” era exatamente o que queria Satanás e sua esposa coloca diante dele essa tentação. Diante da situação em que se encontrava, Jó desejou ter nascido morto. Assim ele teria expirado antes que o sofrimento começasse. Agora, a morte é para ele mais doce do que a vida, e ele imagina os prazeres do Sheol comparados com a sua sorte atual. A lamentação de Jó nestes versículos gira em torno do porquê da continuação da sua vida a partir do nascimento. Para ele, a morte no ventre materno ou o aborto teriam sido a melhor alternativa, pois, estaria descansando e não padecendo de tão grande tormento.
3. O enigma do sofrimento (Jó 3.23-26)
Por que se concede luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus cercou de todos os lados? Por que em vez do meu pão me vêm gemidos, e os meus lamentos se derramam como água? (3.23,24).
O versículo acima é o terceiro dos porquês de Jó: 1) Por que nasci? (3.11), 2) Por que não morri ao nascer? (3.12,3) Por que não morro agora? (3.20-22).
Havia em Jó uma mistura de sentimentos, emoções em frangalhos, raciocínio já turbado pelo sofrimento, pelas adversidades que ele não conseguia entender. O sofrimento faz perder a noção das coisas e leva o sofredor a inverter os valores da vida. Podemos entender o solilóquio de Jó como expressão de quem estava, pouco a pouco, perdendo a esperança e a cada momento vê tudo se agravar. Cada dia pior e, ao anoitecer, os horrores noturnos aumentavam o sofrimento por causa dos sonhos provenientes da doença, um delírio mórbido. Isso, junto às dores físicas, determinava o desassossego, a inquietação, ao ponto de sentir-se perturbado mentalmente. Quando sofremos, podemos dizer e fazer uma porção de coisas das quais nos arrependeremos depois. Jó, contudo, não amaldiçoa Deus como queria Satanás.
II. DISCURSOS DOS AMIGOS (Jó 4-18)
Após a reação inicial de Jó, seus amigos decidem falar. Elifaz falou primeiro, o que provavelmente indica que era o mais idoso dos três amigos e também o mais respeitado. Esse é o ponto importante do livro quanto ao aspecto da poesia, pois o livro mostra o problema do sofrimento humano através de uma linguagem poética e filosófica.
1. Elifaz (Jó 4.1-5)
Então, respondeu Elifaz o temanita, e disse: Se intentar alguém falar-te, enfadar-te-ás? Quem, todavia, poderá conter as palavras? (Jó 4.1,2).
“Então, respondeu Elifaz…” Mas respondeu a quê? Não foi à dor de Jó. Elifaz tenta curar o coração sofrido e ferido de Jó com lógica desprovida de amor. Pior, uma lógica falsa e acusatória: “Quem sendo inocente pereceu?” (4.7). Em outras palavras, se Jó sofria então era culpado de algo.
Logo de início, Elifaz mostra-se impaciente com Jó e suas interrogações são repreensão pura. Ele mostra seu espírito acusador logo no começo, indicando que Jó não é inocente de pecado e nem reto. Julgando-se superior a Jó, continua a perturbar o amigo com palavras duras e sem misericórdia: “Quanto a mim, eu buscaria a Deus e a ele entregaria a minha causa” (5.8). Sem medir suas palavras, afirma que, se estivesse sofrendo como o patriarca, entregaria sua causa a Deus, sem murmurar ou reclamar. Quanta insensibilidade e arrogância.
2. Bildade (Jó 8.1-3)
Até quando falarás tais coisas? E até quando as palavras da tua boca serão qual vento impetuoso? Perverteria Deus o direito ou perverteria o Todo Poderoso a justiça? (8.2,3).
Bildade é objetivo e analítico no seu discurso acerca de Deus e do homem. É um moralista, e na sua teologia simples tudo pode ser explicado em termos de dois tipos de homem o inculpável e o secretamente perverso. Deus faz distinção entre eles ao dar prosperidade a um e destruir ao outro.
A discordância entre Jó e seus amigos torna-se maior neste primeiro discurso de Bildade. Ele não começa tão cortesmente como Elifaz, mas, sim, acusa Jó abruptamente de ser um falador, veemente, porém vazio. Ele diz que Deus não perverteria o direito e a justiça. O que ele quer dizer é que Jó praticara algo injusto e errado e por isso estaria sendo castigado pelo Todo-Poderoso. E, para tripudiar sobre a dor do amigo, Bildade ainda diz que os filhos de Jó haviam sido castigados pelos pecados de seu pai, por isso morreram. No capítulo 18, segundo discurso de Bildade, ele equipara Jó aos ímpios (18.5). Sendo um tradicionalista, está satisfeito com as velhas ideias e deixou de dar valor aos pensamentos de Jó porque não concordam com os seus. Está mais preocupado com sua própria reputação do que com o suprimento da necessidade de Jó. Tentando defender Deus e sua justiça, Bildade se esquece das necessidades de seu amigo. Foi frio, dogmático e insensível.
3. Zofar (Jó 11.1-4)
Porventura, não se dará resposta a esse palavrório? Acaso, tem razão o tagarela? Será o caso de as tuas parolas fazerem calar os homens? E zombarás tu sem que ninguém te envergonhe? (11.2-3).
Zofar é o mais severo dos três amigos de Jó. A sua mensagem a Jó é simples: você está sofrendo porque Deus sabe que você é um pecador secreto; por isso, arrependa-se! Ele acha que o patriarca fala sobre coisas que não entende. Ele está dizendo que Deus é até tolerante demais com Jó e que Jó merecia até um castigo maior do que está recebendo.
Zofar não tem compaixão alguma pela situação de Jó, e inicia seus argumentos dizendo que ele é um tagarela. Visto que Jó não é um pecador manifesto, o grande insight de Zofar é que ele deve ser um pecador secreto que foi descoberto e pego por Deus. Zofar insinua que Jó estava mentindo sobre sua integridade e Deus havia castigado Jó menos do que este merecia e sugere que Jó se arrependa de seus pecados. No capítulo 20, Zofar continua afirmando que Deus certamente castigava os perversos e insistiu na culpa de Jó sem ao menos considerar qualquer outra declaração ou prova apresentada pelo acusado (20.27-29).
III. RESPOSTAS DE Jó (Jó 19-31)
1. Jó diz que Deus o feriu (Jó 19.6-9)
sabei agora que Deus é que me oprimiu e com a sua rede me cercou (19.6).
Jó tenta defendera razão de suas mágoas e lamentos. Ele se via como um alvo contra o qual o Todo-Poderoso lançou flechas venenosas e elas tinham se cravado no seu corpo. O pavor de Deus o assalta com veemência e sem dó. A frustração de Jó aumenta e o porquê de sua prova continua o atormentando.
No capítulo 7 ele fala sobre a inutilidade da sua vida e o aparente enigma da sua situação infeliz. A vida já é curta demais, então qual é o propósito de passar toda uma parte desta vida sofrendo com dor e calamidades? No capítulo 16 Jó responde às acusações de Elifaz com palavras amargas: “Tenho ouvido muitas coisas como estas; todos vós sois consoladores molestos” (16.2). Jó sabe que sua esperança está se esgotando, mas a fé no Altíssimo resiste e Ele o justificará. Em 17.1, ele parece estar desistindo: “O meu espírito se vai consumindo, os meus dias se vão apagando, e só tenho perante mim a sepultura”. Sente-se dominado pelo pessimismo. De acordo com Matthew Henry: “Como pode esperar prosperar aquele que não espera viver?” Jó estava tão angustiado que a sua esperança era ter apenas uma sepultura como companheira.
2. O meu Redentor vive (Jó 1923-27)
Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra. Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne verei a Deus (19.25,26).
Neste discurso, a fé audaciosa de Jó chega ao seu clímax nas palavras famosas: Eu sei que o meu Redentor vive. Salta para estas alturas, a partir de um estado de desespero causado pelas repreensões dos seus amigos, pela sua devastação por Deus e pelo seu sentimento de total abandono. Sua certeza da vindicação final brilha com maior fulgor ainda contra este fundo escuro. A esperança de Jó é vivificada. Ele afirma o que sente no seu âmago. Demonstra confiança absoluta no Senhor e uma certeza impressionante concernente à vinda do Messias e à consumação da salvação de Cristo nele, no devido tempo. Aqui encontramos o grito de vitória, o seu brado triunfal. Encontramos um homem no monturo da sua cidade, alvo de incompreensão e difamado por “amigos” sem compaixão, que diante disso ainda declara: “… o meu Redentor vive…” e acrescenta: “Vê-lo ei por mim mesmo…” Jó está se referindo a um Redentor espiritual e não a um parente por laços humanos.
3. O último discurso aos três amigos (Jó 29.1-5)
Prosseguiu Jó no seu discurso e disse: Ah! Quem me dera ser como fui nos meses passados, como nos dias em que Deus me guardava! (29.1,2).
Os capítulos 26 a 31 constituem o último discurso de Jó em resposta a seus três amigos. Jó começa defendendo novamente a sua integridade, depois prossegue relatando o fim dos homens corruptos e maldosos. Suas últimas declarações voltam aos dias do passado, lamentam a infâmia que agora sofre e relembra sua justiça anterior.
Em momento algum do seu sofrimento Jó blasfemou contra Deus. Satanás estava aguardando que ele cometesse este pecado – o de injuriar e difamar a dignidade do Senhor. Mas Jó não incorreu nesta iniquidade, razão pela qual o inimigo perdera a batalha.
APLICAÇÃO PESSOAL
Se estivéssemos no lugar de Jó, como agiríamos? Sejamos constantes em confiar no Senhor, mesmo quando não entendermos os seus métodos.
RESPONDA:
1) Por que Elifaz, amigo de Jó, foi o primeiro a falar?
2) Que características especiais transparecem no discurso de Bildade?
1) Zofar era amigo cheio de compaixão pela situação de Jó. Sim ou não?