LIÇÃO 2 – Enoque: O Homem Que Andou Com Deus
ÁUDIO DA LIÇÃO 2
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Nosso primeiro personagem desta série de estudo sobre “Personagens do Antigo Testamento” é Enoque, chamado por Judas de o sétimo depois de Adão (Jd 1.14).
Contextualize Enoque com a Igreja de hoje. Faça uma analogia da Igreja com a flor do pântano. O significado da flor do pântano começa em suas raízes, literalmente! Essa flor do pântano é um tipo de lírio d’água, cujas raízes estão fundamentadas em meio à lama e lodo de lagoas e lagos. A flor vai subindo à superfície para florescer com notável beleza. O simbolismo está especialmente nesta capacidade de enfrentar a escuridão e florescer tão limpa, tão bonita e tão especial para tantas pessoas. Assim é a Igreja que, por mais que esteja em meio ao pântano do pecado, floresce com tamanha beleza e perfume.
PALAVRAS-CHAVE
Intimidade • Sinceridade • Fé
OBJETIVOS
- Identificar as semelhanças entre nossos dias e os de Enoque.
- Explicar com suas palavras o que significa andar com Deus.
- Valorizar a vida de oração e de comunhão com Deus.
PARA COMEÇAR A AULA
A relação de Enoque com Deus muito nos revela sobre o quanto é possível para nós, cristãos, mesmo vivendo em um mundo corrompido pelo pecado, mantermos nossa vida de santidade tal como esta personagem, ao ponto de ter tido o privilégio de ser tomado por Deus às mansões celestiais.
Se possível, leve à sala de aula um copo com água e um pouco de azeite e, diante da classe, coloque o azeite dentro do copo com água e veja o que acontece. Assim ocorre com o crente no mundo. Não se misturam!
RESPOSTAS
1) 2
2) 3
3) 1
LEITURA COMPLEMENTAR
“Certa feita, um professor perguntou a seus alunos adolescentes:
— Quem matou o mar Morto?
Diante do silêncio da turma, pois não faziam ideia de quem teria sido e também não queriam se comprometer, depois de uma longa espera, o professor emendou:
— O mar Morto morreu empanturrado.
Diante do sussurro de alívio da classe, o professor acrescentou:
— O mar Morto, na Palestina, ano após ano, sempre recebeu tudo e nunca ofereceu nada em troca; recebia e não compartilhava. A lição que tiramos disso é que, semelhantemente, a pessoa que absorve aquilo que outros lhe oferecem espiritualmente, mas nunca compartilha nada, acabará se tornando sem vida.
Certamente, esta é a razão por que muitos cristãos são apáticos e sem vida, pois estão sempre a receber, como o mar Morto, e nunca têm nada a oferecer aos outros. O escritor aos Hebreus repreendeu seus leitores porque, em vez de serem mestres, já decorrido o tempo em que deviam ter crescido, ainda eram como bebês que se alimentavam com leite espiritual (Hb 5.12). Ou seja, em vez do cuidado de tutores, eles precisavam avançar e cuidar de seus próprios discípulos. Sua mensagem estava de acordo com o ensino de Jesus, que pregava sobre o dever de sermos generosos na prestação de serviço abnegado aos outros (Lc 6.30-38).
Alguns cristãos vivem tão incógnitos que mais parecem “agentes secretos” de Deus (e só Deus sabe onde estão). O evangelista Billy Sunday, em suas prédicas, costumava contar uma história sobre um cristão que arranjou um emprego numa madeireira noutra cidade, onde os trabalhadores tinham fama de serem ímpios. Um amigo, sabendo que tinha sido contratado, lhe disse:
— Se aqueles lenhadores descobrirem que você é cristão, vão fazer chacota, você estará em sérios apuros.
Um ano depois, o homem decidiu voltar à sua cidade para uma visita, e encontrou-se com o amigo que fizera tal previsão. O amigo lhe perguntou:
— E então, o pessoal o maltratou muito por ser cristão?
— De maneira nenhuma. Não me criaram nenhum problema; eles nem mesmo descobriram!
Essa história foi contada há mais de um século. Mas fico a pensar que, ainda hoje, há cristãos que procedem de modo semelhante. Seus familiares e colegas de trabalho não fazem nem ideia do suposto relacionamento que o mesmo tem com Cristo. A razão é que cristãos disfarçados de “agentes secretos” de Deus nunca fazem nem dizem nada que evidencie sua identificação com o Senhor.”
Artigo: “Deus não precisa de agentes secretos” (CÂMARA, Samuel. Disponível em: http://boasnovas.tv.)
LIÇÃO 2 – ENOQUE: O HOMEM QUE ANDOU COM DEUS
TEXTO ÁUREO
“Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si.” Gn 5.24
Estudada em 13 de janeiro de 2019
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda – Am 3.3 Seguindo na mesma direção
Terça – Hb 11.6 Enoque sabia que seria abençoado
Quarta – 2Rs 2.10 Só Enoque e Elias não viram a morte
Quinta – 1Rs 3.14 Andar com Deus é obedecê-lo
Sexta – Sl 1.1 Evitando os conselhos errados
Sábado – 2Rs 21.21 – Há quem ande após ídolos
LEITURA BÍBLICA
Gênesis 5.18-24
18 Jarede viveu cento e sessenta e dois anos e gerou a Enoque.
19 Depois que gerou a Enoque, viveu Jarede oitocentos anos; e teve filhos e filhas.
20 Todos os dias de Jarede foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu.
21 Enoque viveu sessenta e cinco anos e gerou a Metusalém.
22 Andou Enoque com Deus; e, depois que gerou a Metusalém, viveu trezentos anos; e teve filhos e filhas.
23 Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco anos.
24 Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si.
Leia também: Hb 11.5; Jd 14-15
Hinos da Harpa: 33 – 213
ENOQUE: O HOMEM QUE ANDOU COM DEUS
INTRODUÇÃO
I. QUEM FOI ENOQUE?
- Alguém pouco mencionado Gn 5.22
- Viveu numa geração corrompida Gn 6.11
- Uma figura da Igreja Gn 5.24
II. O QUE APRENDEMOS COM ENOQUE?
- Intimidade com Deus é progressiva Gn5.22
- Deus é objetivo máximo Gn 5.24
- Andar na contramão do mundo Gn 6.5
III. COMO ANDAR COM DEUS?
- Com sinceridade e verdade Mq 6.8
- Com submissão radical Jd 14-15
- Com fé Hb 11.5
APLICAÇÃO PESSOAL
INTRODUÇÃO
Há um conhecido e popular ditado que mostra como as companhias nos influenciam: “Diga-me com quem andas e direi quem és”. Nosso personagem de hoje foi alguém que andou com Deus. “Andar” é uma excelente metáfora para ilustrar a vida cristã. Jesus é chamado de o Caminho (Jo 14.6); e os cristãos, de Peregrinos (1Pe 2.11).
I. QUEM FOI ENOQUE?
- Alguém pouco mencionado (Gn 5.22). Enoque é um personagem que aparece pouco na Bíblia. Ele é citado no Gênesis em sete versículos, por Judas em dois e em Hebreus por apenas um versículo. Sua biografia se resume a essas referências, conforme a leitura bíblica que fizemos. É tudo. Nada sabemos da sua esposa, nem de seus irmãos. Dos seus muitos filhos só sabemos o nome de um deles (Matusalém) e nada sabemos sobre suas relações sociais, trabalhistas ou mesmo familiares. No entanto, o que temos é suficiente para o admirarmos. Isso nos serve para sabermos que o melhor não é ser grande e importante na história dos homens, mas ser conhecido pelo Deus da História.
A biografia de Enoque é similar à de muitos homens e muitas mulheres simples, parecida com a de muitos anônimos e desconhecidos das grandes e pequenas cidades, mas cujas vidas são preciosas para Deus. Como disse o saudoso
pastor Russell Shedd: “Os heróis são populares e famosos, mas os santos são anônimos”. Enoque não trilhou o caminho da popularidade e do prestígio, mas da intimidade com Deus. Nesse sentido, ele é uma grande inspiração.
- Viveu numa geração corrompida (Gn 6.11). Essa é uma faceta importante da vida de Enoque. Ele andou com Deus a despeito da completa falta de incentivo e descaso dos seus contemporâneos para com Deus. As Escrituras deixam claro o nível de maldade, corrupção e perversidade dos seus dias, quando diz que “a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração” (Gn 6.5). A degradação moral daquela geração era tão grande que é dito que “todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra” (Gn 6.12). E Deus decidiu julgar aquela geração. É nesse cenário que esse homem anda com Deus. Não é que ele tenha andado com Deus porque viveu num ambiente cheio de facilidades e anteparos. Não. Assim aprendemos que é possível andarmos com Deus nos dias em que vivemos, ainda que nosso mundo esteja se corrompendo celeremente. Tenha coragem de ser diferente.
3. Uma figura da Igreja (Gn 5.24). Essa é outra razão por que Enoque é especial para todos nós. Numa geração na qual as pessoas viviam séculos e séculos, Enoque viveu somente 365 anos de vida. Isso era considerado pouco em sua geração e, especialmente, dentro de sua descendência. Ao contrário de Enoque, seu filho Matusalém foi o homem que mais tempo viveu sobre a face da terra, morrendo com 969 anos de idade. Mas, o tempo mais curto de vida de Enoque não se deu por qualquer acidente. Ao contrário. Foi o próprio Deus que decidiu interromper a história de sua vida, chamando-o para si de uma forma que era completamente desconhecida naquele tempo. Enoque não morreu. Deus o levou vivo para o céu. Deus o trasladou sem que Enoque tivesse que encarar o último inimigo do homem: a morte. Só ele e Elias não viram a morte. Usa-se a mesma expressão “Deus o tomou” (em 2 Reis 2.10-12) para se referir ao profeta Elias. O mesmo acontecerá com a geração dos vivos por ocasião da vinda de Jesus. Maranata!
II. O QUE APRENDEMOS COM ENOQUE?
- Intimidade com Deus é progressiva (Gn 5.22). Vemos na vida de Enoque que santificação é algo que admite crescimento e graus de intensidade. Seu nome muito sugestivamente significa “dedicado”. Quando o texto diz que ele andou com Deus fica claro que não significa apenas caminhar, mas “estar habitualmente com”. Enoque vivia na companhia de Deus, ou seja, ele e Deus tinham o hábito de
conversar e dialogar. Essa intimidade vai crescendo até que um dia Deus diz: “Venha morar comigo”. De modo sutil o texto sagrado diz que ele não apareceu mais. Enoque súbita e inexplicavelmente desapareceu. Foi levado por Deus. Esse era certamente o destino ideal que Deus devia ter para Adão, se ele não tivesse pecado. Enoque vai crescendo em intimidade até ser levado por Deus e para Ele. É possível desfrutarmos mais e mais de Deus. O alvo para o cristão é o crescimento, e não a estagnação. Assim é a caminhada da Igreja com Cristo. Um dia, semelhante ao nosso personagem em questão, aqueles que andam com Deus não serão mais vistos na face da terra. Como diz um antigo hino cristão, as pessoas dirão: “Onde está aquele povo barulhento? Onde está, que não se vê nenhum irmão?”
- Deus é o objetivo máximo (Gn 5.24). Quais são os feitos de Enoque? Quais as suas realizações? Uma coisa que aprendemos com Enoque é que não podemos falar sobre suas obras, não porque não as tivesse, mas porque para Enoque Deus não era um meio para alcançar alguma coisa. Deus era seu único alvo e seu objetivo final. O aprendizado é que Deus não deve ser visto como meio, mas como um fim. Em outras palavras, quem “chegou em Deus” não tem mais aonde chegar. Se alguém “chega em Deus” na expectativa de que Ele o leve a outro lugar ou a alguma outra coisa, então Deus vira apenas um instrumento. O importante então seria o outro lugar aonde queremos chegar. Enoque andou com Deus e o que se pode dizer é que Deus o levou para si. O comentário bíblico Broadman nos mostra que no Salmo 73.24, o verdadeiro crente declara: “e depois me receberás em glória” (ARC). O verbo traduzido como “receberás” é o mesmo usado como “tomou” aqui no v. 24. Deus não faz acepção de pessoas. Se Ele tomou Enoque, que andou com Ele, também pode e, com certeza, um dia tomará qualquer crente verdadeiro.
- Andar na contramão do mundo (Gn 6.5). Intimidade com Deus gera consagração e santidade. Quem vive com Deus é diferente, destoa dessa geração corrompida. Enoque viveu em um tempo de intensa depravação moral, mas sua vida brilhou porque não compactuou nem se associou ao pecado dos seus contemporâneos. O autor de Hebreus diz que Enoque agradou a Deus com sua vida (Hb 11.5). Isso só foi possível porque ele não era um “Maria vai com as outras”.
A Bíblia diz que “o mundo jaz no maligno” (1Jo 5.19). Isso significa que a filosofia de vida deste mundo é contrária à vontade de Deus. O mundo, da forma como está organizado, é uma afronta a Deus. Então, se eu sou um seguidor de Cristo, minha vida seguirá em outra direção. Nossa vida jamais poderá ser confundida com
as práticas desse mundo. O cristão é alguém que não se ajusta aos padrões deste mundo (Rm 12.2], Andar com Deus é para quem tem coragem de dizer “não” à voz da maioria. Rick Warren diz que vivemos tempos nos quais as pessoas se orgulham de serem liberais. Isso é verdade. Faltam convicções em muitos. Elas seguem comodamente o curso da correnteza. G. K. Chesterton, um pensador cristão, disse certa vez: “Uma coisa morta pode seguir a correnteza, mas somente uma coisa viva pode contrariá-la”.
III. COMO ANDAR COM DEUS?
Uma vez que estamos estudando a vida de Enoque e sua intimidade com Deus, uma pergunta pertinente é: o que aprendemos com ele? Como podemos, à semelhança de Enoque, andar com Deus? Quais seriam os requisitos para andarmos com Ele?
- Com sinceridade e verdade (Mq 6.8). Não há esperança de andarmos com Deus a não ser com absoluta sinceridade, inclusive em relação às nossas imperfeições e falhas. Aprendemos isso no Salmo 15 também. Ali o salmista faz uma pergunta: “Quem, SENHOR, habitará no teu tabernáculo?”. E ele mesmo responde nos quatro versículos seguintes. Quando camuflamos nosso coração diante de Deus, assumindo uma pseudo-perfeição e nos negando a admitir nossas inadequações nos condenamos a andar sem Deus. Ser sincero e verdadeiro é o oposto de ser artificial. É o coração que se aproxima sem fingimentos. Segundo o comentarista Isaltino Gomes, professor de Antigo Testamento, “sincero” vem da mesma raiz que “sol”, no grego. É a ideia de colocar algo sob a luz do sol para ver sua transparência. Era o teste para ver se havia cera nas esculturas de mármore.
Ser sincero é ser íntegro, e integridade é pré-requisito indispensável para quem deseja, à semelhança de Enoque, andar com Deus. Avalie isso!
- Com submissão radical (Jd 1.15). Submissão é algo que contraria a natureza humana desejosa de não prestar contas a ninguém. Ser submisso é obedecer. Sem obediência não se anda com Deus. Essa é a primeira exigência de Deus para aqueles que desejam comprometer a vida com Ele. Quando nos convertemos ao Evangelho de Jesus, estamos colocando nossa vontade nas mãos de Deus. Conversão é dizer: “Submeto-me. Daqui para frente o que importa é a Tua vontade para a minha vida”.
“Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar” disse o profeta Samuel ao rei Saul (1Sm 15.22). Todavia, para muitos cristãos, obedecer é um grande sacrifício. Geralmente achamos que ao dizermos “seja feita a tua vontade, não a minha”, nossa vida será privada de alegria e felicidade. É como se Deus fosse um grande desmancha-prazeres. Falta-nos muitas vezes, no íntimo, o mesmo sentimento de Cristo: submissão ao Pai (Fp 2.5-8]. Todos devemos saber que existe alegria na submissão a Deus e que, sem ela, nossa vida nunca romperá (SI 40.8).
- Com fé (Hb 11.5). Lemos em Hebreus 11.5 que Enoque, pela fé, agradou a Deus. Também é interessante que Hebreu 11.6 nos parece ser a continuação do testemunho sobre Enoque, ou seja, ele cria em Deus e Dele se aproximava na certeza de que seria galardoado. Como andar com Deus senão pela fé? Fé é a resposta do homem à graça de Deus, que o convida a um novo estilo de vida.
Lamentavelmente, em nossos dias, a fé tem sido entendida como a “capacidade de fazer Deus agir”, como se Ele estivesse indiferente e distante. O problema desse tipo de fé é que o foco dela é colocado no homem e não em Deus. É uma fé supersticiosa que tenta manipular e subornar Deus. Esse tipo de fé jamais o agradará, na verdade é uma afronta ao Seu caráter santo. A fé verdadeira, no entanto, entende que o importante é Deus ser servido e glorificado pela nossa vida, não eu me dar bem. Fé é render-se, é assumir compromissos, é descansar na palavra e no caráter de Deus. Essa foi a fé de Enoque. Por isso ele andou com Deus.
APLICAÇÃO PESSOAL
Será que, à semelhança de Enoque, andamos com Deus? Será que as pessoas sabem que você é um cristão? Será que as nossas atitudes são típicas de alguém que se diz seguidor de Jesus? Mostramos com a nossa vida que andamos com Ele?
RESPONDA
Identifique a resposta apropriada a cada questão e relacione-a abaixo no parêntese correspondente.
1) Porque consideramos Enoque uma figura da Igreja?
2) Aprendemos isso com Enoque.
3) Quais as “credenciais” daqueles que andam com Deus?
( ) Quem anda com Deus é diferente dessa geração corrompida.
( ) Sinceridade e verdade, submissão radical e fé autêntica.
( ) Porque à semelhança dele a Igreja de Cristo também um dia será levada desta terra.