Lição 1 – Hebreus 1: A Excelência do Filho de Deus

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Hebreus 1 há 14 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Hebreus 1.1-14 (5 a 7 min.).

Querido professor, neste trimestre teremos a honra e ao mesmo tempo o desafio de estudar e ensinar sobre a carta aos Hebreus, uma epístola que é considerada de difícil interpretação por alguns.
O estudo desta carta nos obrigará a ler mais, a pesquisar mais e nos atualizar em vários assuntos, para que possamos apresentar o melhor conteúdo aos nossos alunos.

Comece incentivando os seus alunos a lerem a Bíblia toda, e durante esse trimestre a lerem a carta aos Hebreus várias vezes. São 13 capítulos e 10 lições.

Cada um de nós deve se dedicar para apresentar o melhor: “Se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino;” (Rm 12.7). Deus vos abençoe.

 

 

OBJETIVOS
• Enfatizar a superioridade de Cristo.

• Descrever a singularidade da obra de Cristo.

• Repudiar toda tentativa de voltar ao judaísmo.

 

 

PARA COMEÇAR A AULA
Pergunte aos alunos quantos já estudaram sistematicamente a carta aos Hebreus, capítulo por capítulo e o que acham da carta.
Explique que uma das melhores formas de conhecermos a Palavra de Deus para que sejamos obreiros aprovados é estudarmos livro por livro, capítulo por capítulo, versículo por versículo e que os alunos terão nesse trimestre a oportunidade de se aprofundar em temas como Tipologia, Angelologia, Exegese, dentre outros.
Essa carta não traz leite para recém nascidos, mas alimento sólido! (Hb 5.13,14).

 

 

RESPOSTAS
1) F
2) V
3) V

 

Lição 1 – Hebreus 1: A Excelência do Filho de Deus

 

LEITURA ADICIONAL
Apesar de que poucos escritos do Novo Testamento sejam mais impressivos em sua eloquência, beleza e força de expressão, nenhum livro dessa coleção apresenta maior número de problemas sem solução do que a epístola aos Hebreus. (…) “É chamada de epístola, e realmente o é, mas de tipo todo peculiar. De fato, conforme alguém já disse, começa como um tratado, desenvolve-se como um sermão, e termina como uma epístola”. (Robertson, in loc.).
Seu valor se baseia, essencialmente, no quadro ousado que apresenta a respeito de Cristo.
Cristo é o Filho de Deus, superior aos profetas, verdadeira deidade, criador, objeto de exaltação por todo o universo, superior aos anjos (ver o primeiro capítulo desta epístola). Cristo é o grande Sumo Sacerdote que transcende a todos os sacerdócios (ver Hb. 4:14-12:3). O tema central deste tratado é o sacerdócio de Cristo, pelo que também W.P. Ou Bose intitulou esta composição de “Alto Sacerdócio e Sacrifício”.
Cristo é o Sumo Sacerdote que trouxe à fruição tudo quanto era meramente prefigurado nas formas anteriores de adoração. Essas formas anteriores eram sujeitas a modificações, e, de fato, sofreram mudanças; mas, por detrás delas, há uma realidade imutável, encontrada na pessoa de Cristo tal como diz a explicação platônica do mundo: por detrás de todas as formas visíveis e temporárias da existência, há um mundo invisível, mas bem real, imutável e perfeito, que age como modelo da criação e que, ao mesmo tempo é o alvo de tudo aquilo na direção do que tudo se esforça, a fim de que suas perfeições e sua eternidade sejam compartilhadas.
Na revelação cristã, esse mundo eterno é exposto perante os homens mais claramente do que jamais o foi no passado. Nessa revelação se vê que, na pessoa de Cristo, são exibidas as grandes verdades e realidades religiosas. Esta epístola, pois, consiste essencialmente na revelação da elevada dignidade e do imenso valor de Cristo, e, como tal, assume lugar ao lado do evangelho de João, e das epístolas aos Colossenses e aos Efésios, como as mais claras revelações sobre o Filho de Deus e sobre o que isso significa para os homens. (…)
Se alguém abandona a Cristo, não haverá mais lugar para onde se possa ir, porquanto a verdade de Deus está centralizada nele. Ele é o alvo final e absoluto de toda a existência.
Livro: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia (CHAMPLIN R. N. Ph D. , Vol. 3).

 

 

LIÇÃO 1 – HEBREUS 1: A EXCELÊNCIA DO FILHO DE DEUS

Texto Áureo
“Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas.” Hb 1.3

 

Verdade Prática
Jesus Cristo é o centro das Escrituras e o ponto culminante da nossa fé e do livro de Hebreus.

 

Estudada em 3 de abril de 2022

 

Leitura Bíblica Para Estudo Hebreus 1.1-14

 

INTRODUÇÃO

 

I. A CARTA AOS HEBREUS
1. A data Hb 10.34
2. Autoria Hb 2.3
3. Destinatários e propósitos Hb 2.1

 

II. QUEM JESUS É Hb 1.3
1. O resplendor da glória de Deus Hb 1.3a
2. Expressão exata de Deus Hb 1.3b
3. Sustentador de toda a criação Hb 1.3b

 

III. O QUE JESUS FEZ Hb 1.3
1. Uma superior revelação Hb 1.2
2. Um perfeito sacrifício Hb 1.3c
3. Reassumiu Sua glória Hb 1.3d

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

 

Hinos da Harpa: 139 – 410

 

 

INTRODUÇÃO
A carta aos Hebreus talvez seja o livro mais relevante para nos levar a entender o propósito do Antigo Testamento. Esse livro exalta a pessoa e a obra de Cristo, mostrando ser Ele o cumprimento de todo o Antigo Testamento. Nenhum livro do Novo Testamento cita tanto o Antigo Testamento como Hebreus.

I. A CARTA AOS HEBREUS
Essa carta é extremamente relevante em nosso tempo, pois, lamentavelmente, Cristo parece estar sendo empurrado para a periferia do cristianismo.

1. A data da carta (Hb 10.34)
“Porque não somente vos compadecestes dos encarcerados, como também aceitastes com alegria o espólio dos vossos bens, tendo ciência de possuirdes vós mesmos patrimônio superior e durável.”
Algumas evidências nos permitem situar de forma aproximada a data de escrita da carta aos Hebreus em torno de 62 a 64 d.C. Ela foi escrita em um período de perseguição. A perseguição movida por Nero, em Roma, em 64 d.C., é uma delas.
Considerando que nada é dito sobre a queda de Jerusalém e a destruição do Templo pelos romanos em 70 d.C., ao contrário, sugere que os rituais do templo ainda continuavam, então ela teria que ter sido escrita antes dessa data. A ideia comum é que um acontecimento como esse, dificilmente, deixaria de ser mencionado pelo escritor sagrado, pois, teria fortalecido sumamente seus argumentos de que as festas judaicas e os sacrifícios ficaram para trás.

 

2. Autoria (Hb 2.3)
“Como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor,  foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram.”
A autoria de Hebreus é desconhecida e tem gerado um debate interminável que vem desde os primeiros séculos da história da Igreja. As dificuldades nesse quesito são evidentes. Nenhuma igreja em particular é citada. Não foi um escrito endereçado a alguém em particular, como ocorre em outras cartas e, por último, não há saudações pessoais na introdução (o autor já começa sua carta com uma discussão teológica). Não seremos dogmáticos nessa questão aqui, todavia, nomes como Paulo, Lucas e Apolo são mais prováveis. Alguns indícios podem nos ajudar a nos aproximarmos do seu autor, embora a questão não possa de modo algum ser fechado. São eles:
• O autor foi um homem. Ele usou a forma masculina de um verbo ao escrever sobre si mesmo no capítulo 13 e versículo 19.
• Era um profundo conhecedor do Antigo Testamento.
• Ele conhecia pessoalmente seus leitores originais, inclusive Timóteo (Hb 13.22-23) e tinha um cuidado pastoral por eles.
• Ele foi convertido à fé em Cristo por meio do ministério instituído pelos apóstolos. Isso significa que ele não teve contato direto com Jesus (Hb 2.3-4),
É tudo que podemos dizer, mas mesmo sem sabermos com precisão quem é o autor, o importante é ser inspirado pelo Espírito Santo.

 

3. Destinatários e propósitos (Hb 2.1)
“Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.”
Como o próprio título deixa claro, esta obra foi endereçada aos cristãos hebreus oriundos do judaísmo, que estavam sofrendo perseguição do império romano e pressão de grupos judaizantes para abandonar a crença na divindade de Jesus, voltando aos ritos sacrificiais da lei mosaica.
Alguém sugeriu a seguinte pergunta: quem trocaria um luxuoso carro novo por outro velho e enferrujado? Somente uma pessoa insensata faria algo assim. O livro de Hebreus foi escrito para pessoas que estavam em perigo de fazer exatamente tal troca. Eram cristãos pensando em deixar seu relacionamento com Cristo para voltar a viver sob a Lei de Moisés. O escritor vai mostrar de modo contundente e claro que não há para onde voltar. Deixar Cristo e voltar para os rudimentos da lei é apostatar da fé. Não há salvação fora de Cristo. As sombras deixaram de existir. A luz plena raiou, a saber, Cristo, a luz do mundo.
Numa época como a nossa, em que a fidelidade a Cristo está sendo relativizada e diminuindo ante o secularismo vigente, o exame da carta aos Hebreus assume uma necessidade imperiosa. Deixar Jesus é dar marcha à ré, é voltar à sombra e fechar a porta da graça.
O autor tem três propósitos principais:
O primeiro propósito é ensinar que Jesus é superior a qualquer pessoa ou coisa, mostrando que Ele é digno de toda a confiança e devoção.
O segundo objetivo é habilitar seus leitores a defenderem-se dos judaizantes, um grupo radical que não havia compreendido a graça de Cristo. Os novos crentes precisavam de mais conteúdo explicando a Lei e seu cumprimento na pessoa de Cristo.
O terceiro propósito é desafiar os leitores a permanecerem fiéis a Jesus apesar de perseguição, ao longo de toda a carta ele incluiu uma forte advertência para não abandonar Jesus.

 

 

II. QUEM JESUS É (Hb 1.3)
Cristo é o tema central do livro de Hebreus, pois o texto é eminentemente cristológico. De modo sábio e inspirado, o autor apresenta nos primeiros versículos um resumo do conteúdo de todo o livro, a saber: a) quem é Jesus; b) O que Jesus fez. Seguiremos esse esboço.

 

1. O resplendor da glória de Deus (Hb 1.3a)
“Ele, que é o resplendor da glória…’
A glória de Deus é um tema superlativo nas Escrituras e merece grande importância. A glória de Deus está diretamente associada com Sua santidade. Ela é na verdade a manifestação da sua santidade. Ninguém é como Ele. Sua perfeição, sua grandeza e seu poder estão em uma categoria tão distinta e separada que Ele está sozinho nesse patamar. A glória de Deus é vista no Filho. Em um mundo dominado por trevas, Jesus veio trazendo a glória de Deus.
Essa glória foi especialmente manifestada na transfiguração de Cristo quando aquilo que Ele era no íntimo e na essência tornou-se conhecido a tal ponto que os evangelistas têm dificuldade de descrevê-la (Mt 17.1- 9). As palavras usadas descrevem que o seu rosto resplandeceu como o Sol e suas vestes brilharam como a luz. Tudo isso era uma tentativa de explicar por meio das coisas criadas uma glória incriada. João, apóstolo, como uma testemunha ocular, diz peremptoriamente: “vimos a sua glória, a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1.14). Essa é a razão porque em muitas ocasiões, durante o ministério de Jesus, os presentes foram tomados de assombro e temor ainda que Sua essência estivesse revestida da Sua humanidade.

 

2. Expressão exata de Deus (Hb 1.3b)
“E a expressão exata do seu Ser.”
Essa é a segunda declaração acerca do Filho. O objetivo dessa palavra é eliminar toda e qualquer dúvida ou resistência sobre a supremacia de Jesus. A palavra aqui traduzida por “expressão exata” é charakter da qual tem origem a nossa palavra caráter. Também era empregada para dar nome a um carimbo utilizado para imprimir na cera uma gravura que correspondesse exatamente ao carimbo, desse modo produzindo um selo fiel e inalterável. Há uma correspondência exata entre os dois. Suas naturezas são idênticas.
Qual o caráter (imagem) de Deus? Como saber quem Ele é? Olhe para Jesus! Quer encontrar Deus? Olhe para Jesus! Ele é a mais perfeita revelação de Deus. “Quem me vê, vê o Pai.”, disse o próprio Cristo. (Jo 14.9). O escritor sagrado, por meio do Espírito Santo, está deixando claro que aquele que reflete a glória de Deus é o mesmo que compartilha da sua natureza e por isso mesmo precisa ser ouvido com absoluta obediência. Esse é o ponto inicial da epístola aos Hebreus. O que vem a seguir é desdobramento disso. Daí, logo a frente, termos a solene advertência: “como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?” (2.3).

 

3. Sustentador de toda a criação (Hb 1.3b)
“Sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder.”
Jesus não apenas criou todas as coisas, conforme já havia sido dito no versículo dois [“por quem fez o mundo”], mas também é aquele que sustenta tudo. Não é o grande “relojoeiro” que deu corda no relógio e foi embora, como dizem os deístas. O deísmo retrata Deus como indiferente e não envolvido. O autor de Hebreus, por outro lado, diz que o universo deve sua ordem a Cristo. Sem Jesus tudo seria um caos. Ele o criou por sua Palavra [Jo 1.3] e o sustenta “pela palavra do seu poder”. O que o escritor de Hebreus está dizendo é que a Palavra que veio aos profetas em várias ocasiões, agora se manifestou pessoalmente em Cristo, que é o Verbo encarnado (Jo 1.1,14).

 

 

III. O QUE JESUS FEZ (Hb 1.3)
Simultaneamente o escritor mostra a obra de Jesus. Seu objetivo é apresentar as “credenciais” daquele em quem seus leitores haviam crido. Essas “credenciais” seguirão ao longo de todo o livro como veremos nas lições seguintes.

1. Trouxe uma superior revelação (Hb 1.2)
“Nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.”
A carta se inicia dizendo que a revelação de Deus não cessou. Ele continua falando. Antes o fez
através de profetas, agora através do Filho que será devidamente identificado como sendo Jesus em Hebreus 2.9.
Uma nova era no trato de Deus com os homens fora inaugurada e Jesus é quem anuncia isso aos homens, primeiramente de modo pessoal e posteriormente através dos seus seguidores (Hb 2.3b). Jesus é, ao mesmo tempo, a mensagem e o mensageiro. Nunca em nenhum momento o problema do homem foi a ausência da voz de Deus. Ele sempre falou e tem feito isso de muitas maneiras, todavia, a mais forte, autorizada e poderosa forma de falar foi reservada para “os últimos dias”. Nestes, é através do Filho que Deus tem algo a dizer. Negligenciar isso, como possivelmente estava sendo considerado pelos leitores, seria loucura e o cúmulo da insensatez.

 

 

2. Um perfeito sacrifício (Hb 1.3c)
“Depois de ter feito a purificação dos pecados.”
A purificação dos pecados é algo feito em favor do homem e não feito pelo próprio homem. Não existe auto salvação ou auto purificação. O pecador perdido não se salva. Ele é salvo pela graça e misericórdia divinas. A totalidade das religiões anuncia uma salvação meritória a partir daquilo que o homem fez por boas obras e esforço-próprio. A mensagem do Evangelho é que tudo está feito. O ato foi completado. O pecado foi tratado.
A purificação dos pecados efetuada por Jesus é eficaz e garante nossa salvação. Comentaristas esclarecem que mais do que perdão, a purificação envolve a limpeza, no sentido de tornar puro e aceitável. Nenhum outro sacrifício é necessário mais. Jesus é o sacerdote perfeito, que ofereceu a si mesmo, um sacrifício perfeito, para aperfeiçoar homens imperfeitos. Esse tema será vastamente tratado na carta.

 

3. Reassumiu Sua glória (Hb 1.3d)
“Depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas”
Depois de tratar da questão do pecado, o Filho sobe ao trono. O argumento do início ao fim da epístola é mostrar que Jesus tem uma posição sem igual em relação a Deus. Isso é demonstrado mais uma vez aqui. Estar assentado à direita de uma autoridade é desfrutar de uma exaltação inigualável. A “mão direita” era tradicionalmente um lugar de honra e mencionado no Salmo 110.1. O Filho tem legitimidade, Sua posição demonstra isto. Além disto, o fato de que Jesus está assentado à destra do Pai demonstra que Sua obra já está completa e dará sustentação à sua intercessão como sumo sacerdote mencionada posteriormente, conforme veremos em outra lição. Isso pressupõe de modo inquestionável a glorificação de Jesus legitimamente “herdeiro de todas as coisas” (1.2). Ele herda aquilo que Ele mesmo criou.

 

 

APLICAÇÃO PESSOAL
A excelência de Jesus Cristo, sendo Ele a expressão exata de Deus, exige de todos nós uma atitude de gratidão e absoluta fidelidade.

 

 

Responda V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas.

1) Considerando a lição estudada e seus argumentos, podemos afirmar categoricamente que o autor de Hebreus foi o apóstolo Paulo.

2) Os destinatários da carta aos Hebreus foram cristãos oriundos do judaísmo e que cogitavam voltar aos antigos costumes.

3) O autor de Hebreus deixa claro que há uma correspondência exata entre o Pai e o Filho. Os dois são de uma mesma natureza e substância. Essa é a razão pela qual se afirma que Jesus é “a expressão exata do seu Ser”.