LIÇÃ011: 2 CORÍNTIOS 11: DESPRENDIMENTO E SOFRIMENTO DE PAULO
Texto Áureo
“Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.” 2Co 11.3
Verdade Prática
Devemos testemunhar o verdadeiro Evangelho ainda que isso nos custe renúncias pessoais.
INTRODUÇÃO
I. IGREJA: A NOIVA DE CRISTO 11.1-6
1. O zelo de Paulo na preparação da noiva 11.1-2
2. Engano da serpente 11.3-4
3. Dignidade ministerial 11.5-6
II. DESPRENDIMENTO DE PAULO 11.7-14
1. Humildade e voluntariado 11.7-8
2. Suprimento e glória 11.9-12
3. Satanás se transforma em anjo de luz 11.13-15
III. SOFRIMENTOS NA MISSÃO 11.21b-29
1. Fadigas, prisões, açoites e perigos 11.21-23
2. Detalhamento dos sofrimentos e perigos 11.24-27
3. Glória na fraqueza 11.27-33
APLICAÇÃO PESSOAL
Leitura Bíblica Com Todos 2 Coríntios 11.1-15
Hinos da Harpa: 46 – 394
INTRODUÇÃO
Empenhado em mostrar que a igreja de Corinto estava sendo enganada, Paulo passa a expor sua conduta em comparação à dos falsos mestres que pregavam uma mensagem manipulada por Satanás.
I. IGREJA: A NOIVA DE CRISTO (11.1-6)
O que era incompreensível para os falsos mestres era o fato de Deus ter se manifestado como homem para fazer-se sacrifício.
1. O zelo de Paulo na preparação da noiva (11.1-2)
Quisera eu me suportásseis um pouco mais na minha loucura. Suportai-me, pois. Porque zelo por vós com zelo de Deus; visto que vos tenho preparado para vos apresentar como virgem pura a um só esposo, que é Cristo.(11.2).
Paulo pretende preservar a igreja do engano e dos enganadores, por isso ele fala das lutas e aflições como sinais do verdadeiro apostolado. Se enxergassem essa verdade, não haveria mais ocasião para os oportunistas. A consciência apostólica de Paulo exige que ele alerte a igreja para que não se deixe enganar por líderes assentados sobre status social ou sobre sabedoria humana.
2. Engano da serpente (11.3-4)
Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente (11.3).
Paulo sabe da imaturidade dos membros da igreja, pois não viam que Satanás estava por trás daquele levante apóstata. O problema é grave, pois os coríntios estavam se apartando “da simplicidade e pureza devidas a Cristo” (11.3). Eles passaram a aceitar um espírito e um evangelho mentirosos pelos quais vieram a crer noutro Jesus (11.4). Aqueles que mostravam impaciência com Paulo, agora suportavam bem os que lhes ensinavam mentiras. Considerando que os adversários de Paulo elogiavam as atitudes altivas e solenes, possivelmente pregavam um Messias triunfante – segundo a tradição rabínica – sem admitir que a cruz foi o instrumento ao qual Jesus se submeteu para nos salvar. Semelhantes a Adão e a Eva, eles também estavam se deixando enganar pela serpente. Aliás o próprio Jesus disse que Satanás é “mentiroso e pai da mentira” (Jo 8.44).
3. Dignidade ministerial (11.5-6)
Porque suponho em nada ter sido inferior a esses tais apóstolos (11.5).
Paulo está muito preocupado com a cegueira espiritual que tomou conta da mente dos coríntios. Depois de alertar a igreja, ele sustenta a defesa de sua trajetória como apóstolo. Nesta seção da carta, Paulo é frequentemente irônico, por isso ele diz: “suponho em nada ter sido inferior a esses tais apóstolos” (11.5). Na verdade, ele tem certeza, daí a ironia. 0 original grego refere-se a esses falsos mestres como hyperlian apostolôn – superapóstolos – o que revela bem a ironia. Ele começa admitindo que é “falto no falar” (11.6) mas, não quanto ao conhecimento, nem quanto ao exemplo de vida e à dedicação de ensinar à igreja todas as verdades necessárias. O que Paulo está mostrando é que belos sermões não são mais importantes que o conhecimento que lhe foi revelado diretamente por Deus e pela experiência de muitos sofrimentos.
II. DESPRENDIMENTO DE PAULO (11.7-14)
Acusado de menosprezar a oferta dos coríntios, Paulo se defende ao mencionar a injustiça de ser acusado pelo bem de anunciar-lhes o Evangelho gratuitamente.
1. Humildade e voluntariado (11.7-8)
Cometi eu, porventura, algum pecado pelo fato de viver humildemente, para que fôsseis vós exaltados, visto que gratuitamente vos anunciei o evangelho de Deus? (11.7).
Em Corinto, Paulo viveu do seu próprio sustento (At 18 1-3), abrindo mão do direito de receber provisões (1Co 9.11-12). Essa decisão foi tomada porque naquela cidade, segundo Kolin Cruse, os mestres filósofos costumavam entender os discípulos como “clientes”. Esse ambiente não favorecia a liberdade que Paulo precisava para pregar com franqueza a mensagem de um salvador que confrontou doutores e não buscava alunos ricos (Mt 19.21). Além disso, Paulo entendia que anunciar o Evangelho era sua obrigação e não fonte de renda (1Co 9.15-18). Ao que parece, isso foi o suficiente para seus desafetos afirmarem que ele menosprezava os coríntios (11.11). O trabalho manual certamente contribuiu para que o julgassem inferior ao cargo de apóstolo, mas Paulo ironiza a incoerência dessa queixa demonstrando que o estão acusando do bem que lhes fez, afinal, escolheu humilhar-se e até receber auxílio de igrejas da Macedônia para que pudesse honrá-los, gratuitamente, com a mensagem verdadeira do Evangelho (11.8).
2. Suprimento e glória (11.9-12)
E, estando entre vós, ao passar privações, não me fiz pesado a ninguém; pois os irmãos, quando vieram da Macedônia, supriram o que me faltava; e, em tudo, me guardei e me guardarei de vos ser pesado (11.9).
No intuito de dizer quanto bem lhes fez sem jamais lhes causar transtorno, Paulo revela que chegou a “passar privações” enquanto esteve na cidade, mas preferiu renunciar a qualquer retribuição financeira e “não ser pesado a ninguém” (11.9). B.P. Bittencourt nos mostra que os coríntios se beneficiavam da pregação, mas eram as igrejas pobres da Macedônia, como a de Filipos, que enviavam ofertas a Paulo (Fp 4.16-19). Apesar de ser criticado, Paulo reafirma que ninguém lhe tiraria a glória de ter anunciado o Evangelho com isenção e dignidade (11.10). Note que ele reivindica para si um componente curricular que os demais – apesar de se dizerem de Cristo – não possuíam, pois não ensinavam de graça. Acerca da recusa das ofertas ele pergunta, como quem estivesse diante dos seus leitores: “Por que razão (as recusei)? É porque não vos amo?”. Não era por indiferença aos coríntios, Deus o sabe (11.11), mas para que seus opositores não alegassem que ele também cobrava pela mensagem.
3. Satanás se transforma em anjo de luz (11.13-15)
E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz (11.14).
Paulo mostra que os que o acusam de não receber dinheiro com a intenção de desonrar a igreja eram, na verdade, “obreiros fraudulentos” (11.13) que se faziam passar por apóstolos, o que “não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz” (11.14). Observe que Paulo não está criticando que os ministros de Deus sejam mantidos pelas igrejas (1Co 9.1-11), mas condena duramente os que usam esse pretexto para explorá-las. Daqui em diante, Paulo mostrará que todos os defeitos dos quais ele foi acusado são, na verdade, virtudes apostólicas.
III. SOFRIMENTOS NA MISSÃO (11.21b-29)
Num dos trechos mais subjetivos da carta, Paulo fala de seus inúmeros sofrimentos como quem expõe uma relação de privilégios que todos consideravam fracassos. Nesse exercício de memória há também a ironia contra os que se diziam apóstolos sem nunca ter arriscado suas vidas por amor à igreja.
1. Fadigas, prisões, açoites e perigos (11.21-23)
São ministros de Cristo?(Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites, sem medida; em perigos de morte, muitas vezes (11.23).
Paulo pediu que os coríntios suportassem sua momentânea loucura e insensatez como suportavam a dos demais, talvez assim enxergassem quem eram os verdadeiros loucos. Seu propósito é mostrar que um ministro de Cristo não prioriza títulos, retórica nem prestígio social. Mesmo se reconhecendo insensato por falar de si (11.16-21), Paulo passa a fazer uma comparação e diz no verso 22: “São hebreus? Também eu. São israelitas? Também eu. São da descendência de Abraão? Também eu. Mas não é na descendência que se reconhece um verdadeiro pastor” (11.22). Aqueles homens se diziam discípulos, mas não apresentavam credenciais que Jesus especificou e que passam a ser listadas no texto que segue, começando no verso 23: “São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais; em trabalhos, muito mais; muito mais em prisões; em açoites sem medida; em perigos de morte, muitas vezes.”
Paulo diz que age como um insensato ao se vangloriar, mas precisava dizer que só ele havia sofrido trabalhos que envolviam viagens e implantação de igrejas no mundo gentio (Cl 1.24-29; 2.1-5); prisões e açoites em Filipos e em Éfeso (At 16.20-24; 2Co 1.8-9) e risco de morte (At 20.1-3).
2. Detalhamento dos sofrimentos e perigos (11.24-27)
Fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar (11.25).
Aqui temos uma série de aflições suportadas durante o seu ministério. Uma sequência crescente de fatos que impactam o leitor e o levam ao convencimento. Note que ele está parodiando o costume dos orgulhosos oficiais romanos que expunham suas vitórias em placas para serem homenageados publicamente. Ao invés de expor um cursus honorum (caminho de honras), Paulo ironiza esse gesto soberbo e cria, segundo N. T. Wh- rigt, um cursus pudorum, ou “caminho de vergonha” composto por prisões, fugas, açoites e naufrágios. A intenção era provocar a reflexão dos leitores para que indagassem: quem realmente se entregava ao Evangelho por amor e obediência, Paulo ou os “superapóstolos” que o acusavam? Qual biografia se aproximava mais do messias morto na cruz? Quem estava disposto a sacrifícios e a recusar honras e dinheiro enquanto era “acusado por falsos irmãos”? A vida cristã não segue a lógica deste mundo. Vejamos: Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas; uma vez, apedrejado; em naufrágio, três vezes; uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. (11.24-27).
3. Glória na fraqueza (11.27-33)
Se tenho de gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza (11.30).
Ao dizer sua biografia, ele espera mostrar à igreja quem estava de fato empenhado em servi-la. Os superapóstolos haviam criado a impressão de que eram tão dignos, a ponto de os irmãos se sacrificarem para honrá-los. Paulo, ao contrário, sacrificava a si mesmo por amor aos irmãos e a Jesus. Isso fica bem claro no verso 28: “Além das coisas exteriores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas”.
Além de sofrimentos exteriores havia, diariamente, a preocupação com todas as igrejas, que o afligia emocionalmente. Paulo consumiu-se por zelo a ponto de tomar em si mesmo o sofrimento espiritual de qualquer ovelha do rebanho (11.29).
Quem quisesse mostrar força apostólica deveria mostrar suas vitoriosas fraquezas em Cristo, não gloriar-se em suas conquistas e honras humanas. A igreja precisava entender que um apóstolo é chamado também para renunciar a si mesmo, contando como sucesso o ter fracassado aos olhos do mundo e ao mesmo tempo ter sido fiel a Cristo. Paulo narra um episódio do início do seu ministério, na cidade de Damasco, quando por causa da pregação, os judeus fecharam todas as saídas de Damasco e iniciaram uma busca para matá-lo (11.32-33).
APLICAÇÃO PESSOAL
Devemos ser fiéis ao correto ensino das verdades bíblicas, pelejando em favor da igreja para que nossa vida seja proveitosa para Jesus.
RESPONDA
1) Por que Paulo compara os seus opositores a Eva?
2) Por que Paulo era acusado de menosprezar a igreja?
3) Por que Paulo detalha os sofrimentos que já havia suportado?