LIÇÃO 4 – RUTE 3 – RUTE PROPÕE CASAMENTO A BOAZ
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Rute 3 há 18 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Rute 3.1-18 (5 a 7 min.).
Com o fim da amargura que consumia Noemi, surge a brilhante ideia de assegurar a Rute um lar feliz ao lado de um marido. Com clareza espiritual, Noemi elabora um plano para executar algo que, no passado, se sentia incapaz de realizar, pedindo, agora, que Deus “pague integralmente a Rute por sua benevolência” (1.8,9). Assim, Noemi estaria sendo o instrumento para efetivar a própria oração.
Para completar, havia na lei israelita uma previsão que favorecia a execução do plano de Noemi. Na leitura complementar, você lera um texto que poderá auxiliá-lo com informações sobre a função do resgatador no cumprimento legal do costume israelita. Conduza os alunos ao entendimento de como Noemi, restabelecida, pôde realizar o pedido que fizera a Deus, um dia. Podemos ser o instrumento pelo qual Deus responde as orações.
OBJETIVOS
• Conhecer o costume legal israelita de resgate de bens da família e da escravidão.
• Identificar o costume israelita do resgatador no capítulo 3 de Rute.
• Avaliar a viabilidade de aplicação da prática legal israelita na sociedade atual para libertar os escravizados, suprir os famintos física, social e emocionalmente.
PARA COMEÇAR A AULA
Professor, inicie a aula motivando os alunos com um “quebra-gelo” adequado ao título da lição: Rute faz proposta de casamento a Boaz. Como sugestão consulte: https://www.you- tube.com/watch?v=2aIzPmlOADk
RESPOSTAS
1) Pedido de casamento.
2) Seis medidas de cevada.
3) Que esperasse Boaz resolver a questão.
Lição 4 – Rute Propõe Casamento a Boaz
LEITURA ADICIONAL
O PEDIDO DE RUTE
Durante sua visita noturna secreta à eira, Rute propôs casamento a Boaz (3.9), sustentando seu pedido com o status de “parente resgatador” (2.20). No entanto, o AT em nenhum lugar lista casamento de qualquer tipo entre os deveres de um goel que tinha como tarefas principais em relação ao clã, restaurar posse de propriedade alienada através de resgate e libertar memhros livres de escravidão por pobreza. Será que a suposição de Rute de que um goel tinha responsabilidade de casar-se com uma pa- renta enviuvada era justificável, ou ela pediu erradamente?
Diferente de códigos legais modernos, as matérias legais do AT limitam sua extensão a casos selecionados, e assim oferecem só uma olhada parcial às práticas legais de Israel. Não obstante, que Rute presume um dever marital por parte do goel sugere fortemente que tal costume de fato existia; senão a história não teria credibilidade. Mais importante, há evidência de que os deveres de um goel iam além daqueles estipulados na lei, visto acima. Mais ainda, se aceitamos que a figura de Yahweh como goel redentor reflete os costumes legais israelitas, o goel também era um advogado que defendia membros vulneráveis e desfavorecidos da família. Em suma, parece provável que o dever de goel era bem amplo – muito mais amplo do que os atos de resgatadores (conf. Lv 25) e os típicos do levirato que por certo, visava ajudar membros do clã, tanto os vivos fracos e vulneráveis como os falecidos. De fato, pode ser particularmente significativo para o livro de Rute que dois dos deveres concernem ações a favor dos mortos. Tais atos buscavam restaurar uma inteireza que o clã percebia estar perdida ou em perigo, abrangia tanto os membros vivos quanto os falecidos.
Sendo assim, é enganoso presumir que o goel tratava principalmente da redenção de propriedade, pois a prática abrangia uma variedade de deveres em apoio aos parentes empobrecidos, em particular os mortos. Embora circunstancialmente, o pedido de casamento de Rute seguiu legitimamente a prática israelita do goel. O fato de que Boaz não levantou nenhuma objeção confirma a suposição e sugere que o público antigo teria entendido as coisas assim.
Livro: Comentários do Antigo Testamento: Rute (HUBBARD Jr.; [tradução Helen Hope Gordon Silva], – São Paulo: Cultura Cristã, 2008, pp. 80-82).
Texto Áureo
“Disse ele: Quem és tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador.” Rt 3.9
Verdade Prática
Deus desempenha o seu trabalho através dos crentes que aproveitam oportunidades inesperadas como sendo presentes de Deus.
Estudada em 25 de julho de 2021
INTRODUÇÃO
I. O PLANO PARA RUTE Rt 3.1-11
1. Noemi instrui Rute Rt 3.5
2. Rute faz pedido de casamento Rt 3.9
3. Boaz elogia Rute Rt 3.10
II. BOAZ, O REMIDOR Rt 3.12-15
1. Havia outro mais chegado Rt 3.12
2. O juramento de Boaz Rt 3.13
3. O presente de Boaz Rt 3.75
III. RUTE REPORTA A NOEMI Rt 3.10-18
1. A expectativa confiante de Noemi Rt 3.16
2. A generosidade de Boaz Rt 3.17
3. O sábio conselho de Noemi Rt 3.18
APLICAÇÃO PESSOAL
Hinos da Harpa: 45-139
INTRODUÇÃO
O terceiro capítulo de Rute mostra o ponto crítico de toda a história, o mais alto nível de tensão e de suspense. O infortúnio da fome das duas viúvas já havia sido solucionado, mas o estado de viuvez de Rute se mantinha. Desde há muito, Noemi desejava que Rute se casasse, como manifestado na sua oração que fosse feliz em casa de seu marido, o que é reiterado agora (3.1,18; 1.9).
I. O PLANO PARA RUTE (Rt 3.1-11)
1. Noemi instrui Rute (Rt3.5)
“Quando ele repousar, notarás o lugar em que se deita; então, chegarás, e lhe descobrirás os pés, e te deitarás; ele te dirá o que deves. fazer. Respondeu-lhe Rute: tudo quanto me disseres farei”
Passados os momentos mais angustiantes desde que chegou a Belém, Noemi encerra a fase de amargura e se dispôs a cumprir uma obrigação que caberia aos pais de Rute (1.6). E disse assim: “Minha filha, preciso arranjar um marido para você, a fim de que você tenha um lar” (Rt 3.1, NTLH), segurança, permanência e a felicidade no lar, bem como, ter um herdeiro (1.8,9). Noemi responderia à sua própria oração ao elaborar um plano pelo qual Boaz cumprisse a obrigação de socorrer um membro da família que perdera a sua propriedade. Naquela noite Boaz estaria no campo da debulha, onde Rute conversaria com ele sem serem vistos. Rute desceria ao terreiro da debulha onde se manteria sem ser vista por Boaz. Enquanto isso, ela observaria quando e onde Boaz fosse deitar-se para dormir, depois da festa. Então ela viria para deitar-se aos pés dele. Boaz entende perfeita- mente a atitude de Rute e o seu pedido de um casamento em levirato. Ela estava respeitando uma norma e costume familiar de antigamente.
O levirato era uma lei para os casamentos nos quais o marido falecia sem deixar herdeiro (Lv 25.25,47-49; Rt 4.4); então, era permitido que o cunhado solteiro da viúva se casasse com ela para ter filho, de forma que o primogênito dessa relação se tornasse o herdeiro legal do morto.
O livro de Rute mostra em detalhes a aplicação da lei do levirato e ainda indica que essa lei estendia-se para além do irmão do marido morto. Rute havia ficado viúva sem que tivesse gerado um filho de seu marido. Ela também não dispunha de um cunhado elegível para cumprir o casamento levirato.
2. Rute faz pedido de casamento (Rt 3.9)
“Disse-lhe: Quem és tu? Ela respondeu: Sou Rute, tua serva; estende a tua capa sobre a tua serva, porque tu és resgatador”.
Passado o tempo de espera, até que Boaz dormisse, Rute chega de mansinho, lhe descobre os pés e deita-se na direção perpendicular (v. 8) e em secreto, dormem próximos; e, seguindo o plano, Rute espera pelo desenrolar dos acontecimentos.
À meia-noite, Boaz acorda e é surpreendido com uma mulher deitada ali. O israelita respeitado deve ter ficado tenso e, de imediato perguntou: Quem és tu? Pela forma de tratamento – “tu” e não “minha filha” – indica não ter sido reconhecida. A resposta dada foi de uma mulher que se identifica sem temor: Eu sou Rute, tua serva.
Além disso, ao ter se qualificado como “tua serva”, como fez anteriormente, mostra um novo status, não mais de uma “serva” da classe inferior (2.13). Ao contrário, se identifica entre aquelas candidatas ao casamento; ao mesmo tempo, como uma mulher trabalhadora e vulnerável que necessitava de proteção. Ela era, sim, uma mulher apta para ser esposa de Boaz. Utilizando uma expressão para pedir em casamento, Rute solicita que Boaz estenda o seu manto sobre ela.
3. Boaz elogia Rute (Rt 3.10)
“Disse ele: Bendita sejas tu do Senhor, minha filha; melhor fizeste a tua última benevolência que a primeira, pois não fostes após jovens, quer pobres, quer ricos”.
Tendo ouvido as palavras de Rute, agora Boaz se manifesta; e suas primeiras palavras revelam seus nobres sentimentos, sua felicidade pelo que ouvira de Rute, e lhe faz elogios na forma de bênção: “Disse ele: Bendita sejas tu do Senhor”. O sentido desta expressão, naquele contexto, sugere que Deus está guiando aquele episódio.
Quando usa o tratamento “minha filha”, Boaz fez como um pai faz ao dirigir-se com ternura e sem cerimônia à sua filha, o que também pode indicar que Boaz fosse bem mais velho do que Rute (2.8; 3.11). Boaz estava disposto a pagar o custo social e financeiro de receber uma estrangeira na família. Ele ainda destaca a notabilidade dela ao querer casar-se com um resgatador, para dar a Noemi um herdeiro, e que este era um nobre ato superior, ao deixar toda a segurança da sua pátria e família para dedicar- -se a Noemi (1.16.17).
Ele admirou também a sua decisão de escolhê-lo para casar-se, e não ter preferido um homem jovem, com quem ela teria maior possibilidade de ter filhos. Por certo, Rute conhecia o homem de bom caráter e sabia que Boaz daria proteção a Noemi e a ela também.
II. BOAZ, O REMIDOR (Rt 3.12-15)
1. Havia outro mais chegado (Rt 3.12 )
“Ora, é muito verdade que eu sou resgatador; mas ainda outro resgatador há mais chegado do que eu.”
Boaz diz a Rute que ele era um resgatador, mas havia um outro parente mais próximo da família de Noemi. Portanto, a este cabia a obrigação e o direito de cumprir com os deveres de resgatador duplamente: casando-se com Rute e tendo um filho com ela para assegurar descendência a Elimeleque (1.1-5; 2.20); e a de resgatar a área de terra que Noemi havia posto à venda (4.3). De fato, o filho que o remidor teria com Rute seria legalmente o filho de Malom (4.17). Tendo em vista que o outro poderia reivindicar a prioridade de cumprir a obrigação de resgatador, não era o que Rute queria ouvir depois de ter arriscado sua moral para viabilizar o plano de Noemi e pedir que Boaz fosse o seu protetor.
2. O juramento de Boaz (Rt 3.13)
“Fica-te aqui esta noite, e será que, pela manhã, se ele te quiser resgatar, bem está, que te resgate; porém, se não lhe apraz resgatar-te, eu o farei, tão certo como vive o Senhor”
Objetivamente, Boaz como um parente da família, mas não a primeira opção de resgatador, faz um juramento como resgatador de Rute, caso o outro não o fizesse. Assim, tendo lhe garantido que cuidaria da questão até o fim, ele a instruiu que dormisse ali, pensando na segurança dela. Seguindo as orientações de seu pretenso protetor, Rute dormiu em segurança aos pés dele até antes que o dia clareasse, despertou antes que qualquer pessoa à distância, pudesse identificá-la. De acordo com a orientação de Boaz, que ninguém soubesse que ela estivera na eira.
3. O presente de Boaz (Rt 3.15)
“Disse, mais: Dá-me o manto que tens sobre ti e segura-o. Ela o segurou, ele encheu com seis medidas de cevada e Iho pôs às costas; então, entrou na cidade”.
Boaz vai além da exigência da lei quando oferece a Rute cereais da eira. Antes que ela saísse, ele praticou mais um ato de cuidado e de garantia que ele resolveria as questões relativas ao desejo de Rute. Mesmo sendo impróprio para uma mulher sair em público sem o manto que cobria os cabelos, Boaz pediu a Rute que segurasse o manto pelas pontas e o encheu com seis medidas de cevada.
Em seguida, Boaz o pôs às costas de Rute, que volta para casa levando um excelente presente. Isto a fazia lembrar o bem-sucedido plano ousado de Noemi, executado à risca. Tendo feito assim, a cena do terreiro de debulha termina para continuar em outro lugar. Ainda, é certo que o presente foi uma evidência da generosidade de Boaz para com Rute e um indicativo de mudança da situação de Noemi.
III. RUTE REPORTA A NOEMI (Rt 3.16-18)
1. A expectativa confiante de Noemi (Rt 3.16)
“Em chegando à casa de sua sogra, esta lhe disse: Como se te passaram as coisas, filha minha? Ela lhe contou tudo quanto aquele homem lhe fizera”
Cumprida a missão, Rute deixa o terreiro da debulha e volta para casa levando sobre os ombros uma generosa porção de cevada e desejosa de contar tudo à sua sogra. Subindo para a cidade, provavelmente, Rute relembrava o que aconteceu naquela noite em que ela fez a Boaz a proposta e ele prometera ser seu resgatador, se o outro mais chegado declinasse de seu direito.
Quando ela entrou em casa, Noemi a recebeu perguntando: “Como se te passaram as coisas, minha filha?” O plano deu certo? “Ela lhe contou tudo quanto aquele homem lhe fizera” (v.16), sobre o elogio a sua lealdade à família (v.10); que prometeu encontrar um remidor para restituir a herança da família e que faria isso ele próprio, caso o outro parente mais próximo não quisesse exercer o papel (vs.11-13); que ele cuidaria de todos os trâmites com presteza, tendo em vista o seu status social (2.1) e seu caráter moral. Portanto, a sorte de Rute não poderia estar em melhores mãos.
2. A generosidade de Boaz (Rt 3.17)
“E disse ainda, estas seis medidas de cevada, ele mas deu e me disse: Não voltes para tua sogra sem nada “
Ao iniciar a frase com um pronome demonstrativo “estas seis”, Rute se referia com ênfase ao que poderia ser visualizado: uma grande quantidade de cevada equivalente a uns 3O ou 4O quilos. Um grande presente confirma as boas intenções de Boaz. É interessante notar que Rute adiciona que Boaz lhe dissera: “Não voltes para a tua sogra sem nada”.
A última vez que vimos referência ao estado de pobreza foi quando, em 1.21, Noemi exclamou em desespero: “Ditosa eu parti, porém o Senhor me fez voltar pobre”. Seus dias de pobreza tinham acabado! Noemi vê a grande quantidade de cevada como um sinal de benevolência e acredita nas palavras Boaz de que não descansará até resolver o caso.
3. O sábio conselho de Noemi (Rt 3.18)
“Então, lhe disse Noemi: Espera, minha filha, até que saibas em que darão as coisas, porque aquele homem não descansará, enquanto não resolver este caso ainda hoje”.
Depois de ouvir o relatório do encontro com Boaz, Noemi diz a Rute: Espere, seja paciente até que saia o resultado, afirmando que o caso estava nas mãos de Boaz, entende-se que estavam sob o controle de Deus. Noemi conhecia bem Boaz (2.1), pois cita o caráter dele em outras conversas com Rute (2.1.22; 3.2-4). Ela podia aconselhar Rute a não se afligir enquanto esperava a solução do caso que envolvia Boaz e o parente remidor mais próximo que tinha primazia. Boaz resolveria por completo. E possível que Noemi tenha dito isso, indicando a cevada concedida como presente. Depois disso, ela marcou o último aparecimento e últimas palavras dela pronunciadas no livro; deixa o centro do palco para Boaz e Rute. Ela teve êxito em seu plano. E é com sentimento de esperança que Noemi se despede, deixando o leitor ciente que ela estaria feliz.
E certo que Boaz fora impulsionado pelo dever do resgatador bem como por desejar casar-se com Rute. O destino das duas viúvas está sob o cuidado de um verdadeiro israelita. Talvez ele encontre um meio de requerer Rute para si, se tiver a “ajuda” do outro parente em declinar do seu direito. Para Rute, o casamento com um resgatador lhe restauraria emocionalmente e devolveria a esperança de gerar filhos para preservar a linhagem e os bens da família. Portanto, o fim bem-sucedido desta história é iminente!
APLICAÇÃO PESSOAL
Os crentes não devem esperar passivamente até que os eventos favoráveis aconteçam. Em vez disso, procurando direção divina, devem tomar a iniciativa quando uma oportunidade se apresentar. Assim, nossos atos justos executam os planos de Deus.