LIÇÃO 5 – SALMO 82 – DEUS FARÁ JUSTIÇA
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Querido professor, explique que, no Salmo 82, Asafe descreve a posição humana sobre ser autoridade sem se importar em prestar contas ao Deus Criador. Como se o período de liderança nunca terminasse.
OBJETIVOS
• Identificar autor, data, classificação e função poética do salmo 82.
• Reconhecer a autoridade divina acima de qualquer outra.
• Saber que Deus julga as autoridades que constituiu sobre nós.
O Senhor inspira um poeta a descrever a situação e ensinar sobre a responsabilidade de se verificar a justiça da lei, no tratamento igual das pessoas, e conduzir o povo e as autoridades a serem fiéis ao Deus eterno, perante o qual todos prestarão contas de seus atos. Leve seus alunos a refletirem sobre o comportamento social atual e como a Palavra de Deus pode fazer a diferença na vida de quem a pratica.
PALAVRAS-CHAVE
Justiça • Poder • Autoridade • Juízo
PARA COMEÇAR A AULA
Apresente à classe o assunto da lição: “Deus Fará Justiça”, e pergunte o que os alunos tem observado em relação ao cumprimento de leis atuais.
O que se pode fazer para garantir direitos de cidadãos sem ferir os princípios bíblicos?
É possível ser autoridade no contexto humano e também um servo de Deus?
Evidencie, também, que o salmista não realizou um simples gesto de relatar as injustiças das autoridades da época, mas vaticinou sobre o juízo divino sobre aqueles que não corrigissem sua conduta.
RESPOSTAS
1) Davi e Salomão.
2) Princípio de Autoridade e Delegação de responsabilidade.
3) Eram respeitáveis.
LEITURA COMPLEMENTAR
“Julga no meio dos deuses.” Os Juízes são deuses para os homens, mas Ele é Deus para os Juízes. Ele lhes empresta o nome, e esta é a autoridade que eles têm para agirem como Juízes. Contudo, devem tomar cuidado para não abusar do poder confiado, pois o Juiz dos Juízes está em sessão entre eles. Os Juízes de instâncias menores não passam de Juízes inferiores, e os seus irmãos que administram o direito comum serão um dia julgados pelo direito comum.
Esta grande verdade é, no todo, bem considerada atualmente, mas não era assim nos primeiros dias da história inglesa, quando George Jeffreys (1644-1689) e outros foram um insulto ao nome da justiça. Os Juízes do Oriente, ainda hoje, são muitas vezes, se não geralmente, influenciáveis a subornos. Nos tempos antigos, era muito difícil achar um governante que tivesse alguma noção de justiça independente da sua vontade arbitrária.
O ensino claro que este salmo contém era realmente necessário, e Asafe era um homem bom e ousado que, em tais frases descorteses, entregava a própria alma.
Livro: Os Tesouros de Davi vol. 2 (Charles Spurgeon, CPAD, 2017, pag. 519)
Estudada em 3 de novembro de 2019
LIÇÃO 5 – SALMO 82 – DEUS FARÁ JUSTIÇA
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda-feira – Sl 34.7 O anjo do Senhor acampa ao nosso redor
Terça-feira – Sl 33.4-5 A terra está cheia da Sua misericórdia
Quarta-feira – Sl 143.10 Ensina-me a fazer a Tua vontade
Quinta-feira – Sl 37.5 Entrega o teu caminho ao Senhor
Sexta-feira – Sl 27.4 Uma coisa peço ao Senhor
Sábado – Sl 51.10 Cria em mim um coração que te agrade
LEITURA BÍBLICA
Salmo 82.1-8
1 Deus assiste na congregação divina; no meio dos deuses, estabelece o seu julgamento.
2 Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios?
3 Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado.
4 Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios.
5 Eles nada sabem, nem entendem; vagueiam em trevas; vacilam todos os fundamentos da terra.
6 Eu disse: sois deuses sois todos filhos do Altíssimo.
7 Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir.
8 Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois a ti compete a herança de todas as na-ções.
TEXTO ÁUREO
“Deus assiste na congregação divina; no meio dos deuses, estabelece o seu julgamento.”
SI 82.129
VERDADE PRÁTICA
“Deus está presente na reunião dos poderosos da Terra.
SALMO 82 – DEUS FARÁ JUSTIÇA
INTRODUÇÃO
I. ASPECTOS GERAIS
1. Autor, título e data
2. Classificação
3. Dramatização poética
II. DEUS E AS AUTORIDADES SI 82.1-6
1. Deus “Elohim” Sl 82.1
2. “Até quando? ” Sl 82.2
3. A interpretação de Jesus Sl 82.6
III. PARCIALIDADE E JUÍZO SI 82.3-8
1. Juízes na Antiguidade SI 82.3-5
2. Juízes injustos SI 82.6
3. Julgamento final Sl 82.7-8
APLICAÇÃO PESSOAL
INTRODUÇÃO
Hoje, o Saltério está aberto no hino 82. Asafe, o festejado músico de Israel, comparece diante da orquestra do Templo para reger uma de suas composições mais preciosas. Prepare seu coração para receber a Palavra ministrada por um levita consagrado a Deus, músico e profeta do Altíssimo.
I. ASPECTOS GERAIS
1. Autor, título e data. O título em itálico do Salmo 82 indica: “Salmo de Asafe”.
Asafe foi um importante músico da tribo dos levitas que serviu no período dos reis Davi e Salomão. Asafe está presente no cortejo de Davi que levou a Arca para Jerusalém (1Cr 15.19) e aparece também quando Salomão transporta a mesma Arca para o Templo (2Cr 5.12). Ele tocava címbalos de bronze (pratos), dirigia e ensinava música (1Cr 25.6). Asafe também era profeta (1Cr 25.1-2). Os filhos de Asafe igualmente foram músicos e profetas (1Cr 25.2).
Não temos a data precisa deste salmo, que deve coincidir em parte com a vida de Davi e Salomão.
2. Classificação. O Salmo 82 é classificado como salmo sapiencial ou de sabedoria. É didático, porque ensina o correto procedimento daqueles que estão investidos de autoridade e, por extensão, ensina preceitos de equidade e justiça a todos nós. O hino apresenta também certa natureza “profética”, pois contém voz de autoridade típica desse ministério e vaticina contra os maus Juízes (v. 7). Ao ler o Salmo 82, temos a impressão de estar lendo Isaías, por exemplo.
3. Dramatização poética. O Salmo 82 é uma rica dramatização. Para comunicar a mensagem, o hino traz à cena uma antiga crença entre os cananeus e do Oriente todo, na verdade, qual seja: de um concilio dos seus deuses presidido por um deus supremo, onde agora Elohim é quem preside a sessão (v. 1).
A partir desta cena inicial, o Salmo 82 avança na repreensão dos maus julgadores, classificando alegoricamente tais homens como “deuses” (v. 6).
II. DEUS E AS AUTORIDADES (SI 82.1-6)
1. Deus “Elohim” (SI 82.1). “Deus assiste na congregação divina; no meio dos deuses, estabelece o seu julgamento”. Pode ser traduzido para “Deus (“Elohim”) está na assembleia (congregação) de Deus (“EI”); no meio dos deuses (Elohim), estabelece seu julgamento”.
Segundo eruditos, “Elohim” (traduzido como “deuses”) é um substantivo plural utilizado não apenas para indicar a pessoa de Deus, porém, de anjos e “deuses”, como ocorre no versículo 6 deste salmo. A dramatização de Asafe é justamente esta: Deus, o Altíssimo, “assiste” na assembleia de “deuses”, representados neste salmo pelas pessoas investidas de autoridade.
Assim, alguns comentaristas o traduzem literalmente como deuses. Outros o traduzem como anjos. Outros intérpretes ainda o traduzem como Juízes e o fazem referir-se aos homens injustos com autoridade. Esta última interpretação parece a preferível.
Segundo Paulo escreveu aos romanos, autoridades procedem de Deus, sendo por ele investidas (Rm 13.1). Ao mesmo tempo, essas autoridades parecem ser apenas as legítimas e justas, porque o mesmo Paulo diz que “magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal” (Rm 13.3).
É claro que podemos criticar a antiga ideia de divinizar autoridades. Em civilizações remotas, as autoridades máximas eram consideradas semideuses ou deuses mesmo (Egito e Roma), o que não foi recepcionado pela doutrina cristã nem pelos próprios judeus contemporâneos de Cristo, que consideravam isto idolatria. Mas, não é sobre divinização que Paulo escreve, porém, como já dissemos, o texto de Romanos traz subjacentes os ideais de justiça social e legitimidade das autoridades.
2. “Até quando?” (Sl 82.2). “Até quando julgareis injustamente e tomareis partido pela causa dos ímpios?” O versículo 2 começa como uma locução adverbial de tempo. O Senhor dos Exércitos pergunta “até quando” homens maus procederão assim? Esta indagação é muito diferente da pergunta recorrente de alguns salmos que questionam a prosperidade dos ímpios.
Aqui, “até quando” é uma expressão de autoridade divina. Aponta para uma limitação do mal em prática e, indiretamente, aponta também para um dia de ruína dos poderosos perversos e da prestação de contas. Isto fica claro com os imperativos “fazei”, “procedei” e “socorrei” ordenados a tais autoridades injustas (v. 3-4).
3. A interpretação de Jesus (Sl 82.6). “Eu disse: sois deuses sois todos filhos do Altíssimo”. A aparente “divinização” bíblica de pessoas neste salmo não tem espaço para críticas sobre a Escritura, pois a Palavra está falando apenas de princípios de autoridade, de certa medida de “delegação” divina ou acerca da vontade permissiva de Deus sobre governos. Jesus disse a Pilatos que nenhum poder ele teria sobre o Filho de Deus se do Céu não lhe fosse concedido e, nessa mesma palavra, apontou a culpa de autoridades religiosas que lhe entregaram ao governador da Judeia (Jo 19.11).
Pedro e demais apóstolos não reconheceram também autoridades religiosas que se opunham à pregação do Evangelho, afirmando: “importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). Claramente, opera aqui uma relativização dessa delegação divina quando os princípios de justiça e equidade são quebrantados.
Lembremos que o Filho de Deus foi sentenciado à morte pelo Império Romano por intermediação da religião judaica daquela época. Aparentemente, um ato justo. Em sua essência, repugnante ato que expôs Roma e toda a cúpula religiosa do Templo.
Por fim, é o próprio Jesus quem interpreta mesmo o termo “deuses”. Em João 10.34-35, refutando os que o acusavam de blasfemo, o Mestre replicou “Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses? Se ele chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar” (Jo 10.35). Claramente, Jesus interpreta “deuses” como sendo pessoas “a quem foi dirigida a palavra de Deus”, isto é, Juízes, governantes, administradores públicos etc.
Vale notar que Jesus chama o Salmo 82 de “lei”, o que deve ser entendido no sentido amplo da palavra, porque, sendo a Escritura hebraica dividida em Lei, Profetas e Salmos (“Escritos”), resumidamente, todo o conjunto pode ser chamado de “Lei”.
Aquele que merece o sorriso do ímpio deve esperar a desaprovação de Deus”
(C. H. Spurgeon)
III. PARCIALIDADE E JUÍZO (Sl 82.3-8)
1. Juízes na Antiguidade (SI 82.3-5). “Fazei justiça ao fraco e ao órfão, procedei retamente para com o aflito e o desamparado. Socorrei o fraco e o necessitado; tirai-os das mãos dos ímpios”. Precisamos nos lembrar que a figura de “juiz” no Antigo Testamento apresenta algumas diferenças do cargo atual, juiz era uma pessoa respeitável, que podia funcionar como “juiz arbitrai” naquelas sociedades primitivas. Eles assentavam-se às portas das cidades ou nas praças e podiam decidir questões do cotidiano. Jó parece ter sido um juiz (Jó 29).
O Novo Testamento apresenta a figura desse antigo juiz em Lucas 18.1-5.
Hoje, temos um sistema judiciário constituído, com Juízes nomeados publicamente. Entretanto, o brocardo “cada cabeça, uma sentença” ainda resiste, apesar do excelente trabalho dos órgãos de controle da magistratura, a exemplo do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
2. Juízes injustos (SI 82.6). “Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo”. Na parábola de Jesus em Lucas 18, o juiz iníquo arrazoa consigo: “eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum” (Lc 18.4). É exatamente assim até nos dias de hoje.
Atos injustos estão na base do comportamento de muitas autoridades. Julgamentos parciais defendem os ímpios e mantêm inocentes reféns destes (v. 2,4). Fraco, órfão, aflito, desamparado e necessitado, adjetivos deste salmo, são vítimas de maus agentes públicos no Brasil.
Deus está contemplando cada autoridade constituída. Todos os “filhos do Altíssimo”, que receberam permissão do Senhor para, em nome Dele, socorrer os mais vulneráveis da sociedade, devem saber que Deus está presente nessa assembleia de “deuses”, presidindo cada dia.
3. O julgamento final (SI 82.7-8). “Todavia, como homens, morrereis e, como qualquer dos príncipes, haveis de sucumbir. Levanta-te, ó Deus, julga a terra, pois a ti compete a herança de todas as nações”. O juízo do Deus Altíssimo está anunciado no versículo 7 deste salmo. “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. ” (Mt 25.41) será a sentença final. O argumento divino? “Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.” (Mt 25.43).
Aquele que investiu homens de autoridade e ensinou a todos nós o mandamento do amor, argumentará: “Então, lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. ” (Mt 25.45).
O salmo termina com um apelo a Deus para que complete Sua obra de Juiz Soberano de todas as nações. Ele deve tomar posse como também proferir a sentença para que a verdadeira justiça prevaleça.
APLICAÇÃO PESSOAL
Deus não está inerte em relação aos abusos e iniquidades perpetradas por aqueles a quem investiu de autoridade. Podemos confiar que Deus fará justiça.
RESPONDA
1) O levita Asafe, serviu a Deus durante o reinado de quais reis de Israel?
2) A expressão “Elohim” usada em relação aos homens deve ser entendida como uma comparação a Deus em que sentido?
3) Qual característica se destaca no caráter dos Juízes no Antigo Testamento?
VOCABULÁRIO
• Equidade: Respeito à igualdade de direito a partir de um sentimento do que se considera justo. Correção, lisura na maneira de proceder, julgar, opinar etc.; retidão.
• Concilio: Conselho, assembleia, reunião.
• Brocardo: Premissa considerada evidente e verdadeira. Aforismo, provérbio, máxima.