Lição 6 – Salmo 90 – A Transitoriedade do Homem

LIÇÃO 6 – SALMO 90: A TRANSITORIEDADE DO HOMEM

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
O salmo 90 pode ser análogo a Isaías 40 no que tange à sua apresentação da grandeza e eternidade de Deus paradoxalmente à fragilidade do homem. Enquanto Isaías trouxe uma mensagem de consolo, este salmo visa ao arrependimento.
Ainda neste cântico, Moisés fez uma oração para que o Senhor nos ensinasse a contar os nossos dias. À primeira vista, parece um absurdo, mas na verdade o que ele queria era que entendêssemos que por mais que o ser humano consiga medir todas as distâncias fora dele mesmo – como quantos quilômetros há entre o centro da terra e a lua, que espaço há entre os planetas -, ainda assim não consegue contar os seus dias, tendo a consciência da sua brevidade sobre a terra, não compreendendo que ele foi feito para a eternidade.

 

OBJETIVOS
• Identificar autor, título, classificação e a poesia hebraica.
• Reconhecer que a eternidade divina se contrapõe à brevidade da existência humana.
• Compreender que a consciência de nossa transitoriedade nos ajudará a vivermos bem o nosso tempo.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Nesta lição procure ouvir os alunos a respeito daquilo que eles têm a dizer sobre a eternidade, em seguida, indague-os se o verdadeiro propósito de eles servirem a Deus é por aquilo que o Senhor pode fazer aqui ou se é por tudo aquilo que nos aguarda na eternidade.
E discorra sua aula com esta ênfase: o homem está na terra, dentro de um tempo, mas ele foi feito para a eternidade, e a vida aqui comparada à eternidade é como um piscar de olhos.

 

RESPOSTAS
1) Oração e Súplica.
2) Durante a peregrinação do povo de Israel no deserto.
3) 4 vigílias

 

PALAVRAS-CHAVE
Eternidade • Transitoriedade • Tempo • Sabedoria

 

LEITURA COMPLEMENTAR
“Ensina-nos a contar os nossos dias”. Observe o que é que Moisés pede aqui: somente ser ensinado a contar seus dias. Mas ele já não fez isto? Não era este o seu trabalho diário, a sua atividade constante e contínua? Sim, sem dúvida era; Sim, e ele o fazia cuidadosamente e conscientemente também. Mas ele pensava que não o fazia suficientemente bem, e por isto ora aqui, no texto, pedindo para ser ensinado a melhorar. Veja um homem de bem, como se alegra pouco com qualquer ato de sua vida, com qualquer tarefa que realize. Ele pode não pensar que faz suficientemente bem o que quer que ele faça, mas ainda deseja fazê-lo de outra maneira, e de bom grado, faria melhor.
Há um sentimento de modéstia e humildade que acompanha a verdadeira piedade; e cada homem piedoso é um homem humilde e modesto, e jamais se considera um perito perfeito, ou como estando acima de um ensinamento, mas fica satisfeito e deseja ser um aprendiz contínuo; para saber mais do que sabe, e fazer melhor do que faz; e ele não julga que seja algum menosprezo à sua graça receber conselho e procurar instrução, nas áreas em que for necessário. — Edm. Barker, Funeral Sermon for Lady Capell. 1661
Livro: Os Tesouros de Davi vol. 2 (Charles Spurgeon, CPAD, 2017, págs. 707)

LIÇÃO 6 – SALMO 90 – A TRANSITORIEDADE DO HOMEM

 

TEXTO ÁUREO
“Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio.” Sl 90.12

 

VERDADE PRÁTICA
Precisamos de Sabedoria para viver bem

 

Estudada em 10 de novembro de 2019

 

DEVOCIONAL DIÁRIO

Segunda-feira – Sl 3.5 Dormi e acordei pois Deus me sustentou
Terça-feira – Sl 67.4 O Senhor julgará as nações com equidade
Quarta-feira – Sl 69.5 Deus conhece os meus pecados
Quinta-feira – Sl 141.3 Controle sobre as minhas palavras
Sexta-feira – Sl 86.5 Benignidade para invocar ao Senhor
Sábado – Sl 90.17 Confirma a obra de nossas mãos

 

LEITURA BÍBLICA
Salmo 90.1-6

1 Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.
2 Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.
3 Tu reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens.
4 Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e como a vigília da noite..
5 Tu os arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de madrugada;
6 de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca.
Texto Completo: Sl 90.1-17

 

Hinos da Harpa: 16 – 58

 

SALMO 90 – A TRANSITORIEDADE DO HOMEM

 

INTRODUÇÃO

I. ASPECTOS GERAIS
1. Autor, título e data
2. Classificação
3. Poesia hebraica

 

II. A ETERNIDADE DIVINA Sl 90.1-11
1. Deus soberano Sl 90.1-4
2. Breve existência Sl 90.5-6
3. O elemento “desobediência” Sl 90.7-11

 

III. A TRANSITORIEDADE DO HOMEM Sl 90.12-17
1. Consciência de nossa limitação Sl 90.12
2. Consciência de nossos erros Sl 90.13
3. Súplica por dias melhores Sl 90.13-17

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

INTRODUÇÃO

Estudaremos o Salmo 90 hoje. Moisés, o grande legislador de Israel, comparece milênios depois para nos lembrar da eternidade de Deus e da importância de vivermos com sabedoria a nossa jornada.

 

I. ASPECTOS GERAIS

1. Autor, título e data. O título, em itálico na versão Revista e Atualizada, indica Moisés como autor do Salmo 90: “Oração de Moisés, homem de Deus”.
Chama à atenção a designação de Moisés enquanto “homem de Deus”, um título verdadeiramente bíblico, de conteúdo indubitável, assim como atribuído a Elias (2Rs 1.13) e outros personagens bíblicos (1Tm 6.11), Lamentavelmente, o mesmo título de “homem/ mulher de Deus” é reivindicado hoje por muitos hereges, assim quanto já encontrávamos nos tempos do apóstolo Paulo (2Tm 3).

 

2. Classificação. Temos aqui um salmo de oração e súplica. O Salmo 90 é também um dos “salmos sabáticos”, haja vista sua leitura nas Sinagogas, sendo classificado também como um salmo didático e de sabedoria por alguns. A oração, propriamente dita, consta dos versículos 13-17, muito embora todo o hino seja uma oração cujos versículos anteriores podem ser compreendidos como adoração e confissão.

 

3. Poesia hebraica. A beleza da poesia hebraica surge neste salmo com o uso abundante de contrastes. Embora a tradução prejudique a métrica (tamanho dos versos do poema), a oposição de ideias é parte fundamental para tratar os elementos “força” e “fraqueza”. 0 hino é composto de três estrofes: 1 (v. 1-6); II (v. 7-12) e III (v. 13-17),

 

Ele precedeu a História; Ele criou a História. Seu trono está acima do mundo e fora do tempo. Ele, o Deus eterno, reina na eternidade.”
(D M LIoyd-Jones)

 

II. A ETERNIDADE DIVINA (Sl 90.1-11)

1. Deus soberano (Sl 90.1- 4). “Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração” (v. 1). A soberania divina ressalta na primeira estrofe do Salmo 90. Deus é declarado como a “morada”, “o refúgio”. É muito importante percebermos o emprego que Jesus faz da primeira pessoa (“Eu”) ao se referir ao caminho, verdade e vida (Jo 14.6). É exatamente o que Moisés utiliza neste salmo, onde Deus não providencia o refúgio, a segurança, mas Ele próprio é isto.
Temos aqui uma voz coletiva através do salmista. Moisés, chamado por Deus (Êx 3), fala em nome do povo (nosso refúgio, nossas iniquidades, nossos pecados). Não se trata de uma linguagem humilde em terceira pessoa, é literal. Fala de Israel.
“Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus” (v. 2), A eternidade, elemento imensurável, ganha a relatividade do tempo (“de eternidade a eternidade”) para tentar explicar a existência única de Deus perante a finitude do homem. Para isso, um milênio ganha a fugacidade de um dia passado e de apenas uma vigília, isto é, apenas três horas de nosso relógio atual (v. 4),

 

2. Breve existência (Sl 90.5- 6). “Tu os arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que floresce de madrugada; de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca”. A eternidade divina ganha contraste com a fugacidade da existência humana. A primeira figura de linguagem sobre isto aparece no verso 3. “Tu reduzes o homem ao pó” é uma declaração dramática da Queda e sua consequência sobre a permanência do homem sobre a Terra
(Gn 3.19).

Composição de Moisés, provavelmente durante a peregrinação de Israel no deserto, o salmista não esquece a força das águas, possivelmente lembrando das cheias anuais do rio Nilo, Egito, onde foi criado (Êx 2.10). “Tu os arrastas na torrente” (v. 5), fala de tempestades destruidoras, a exemplo dos “rios” transbordantes referidos por Jesus no Sermão do Monte (Mt 7.27). Assim, Moisés compara a repentina passagem dos seres humanos nesta vida.
Por fim, elementos como “sono”, “flor”, “madrugada”, “breve pensamento”, “voo” e “conto” completam a poesia no tocante à duração da vida humana.

 

3. O elemento “desobediência” (Sl 90.7-11). “Diante de ti puseste as nossas iniquidades e, sob a luz do teu rosto, os nossos pecados ocultos” (v. 8). A segunda estrofe do Salmo 90 (v. 7-12) começa com uma declaração de causalidade entre parte desse estado efêmero humano e a perfeição divina. “Israel”, embora não conste expressamente do texto, está presente aqui pelo uso de pronomes possessivos no plural, como vimos no tópico 1. Porém, a desobediência não surge como exclusividade desse povo, pois, como vimos também, Moisés parece reportar-se mesmo ao Éden (Gn 3.19). Os versículos 7, 8, 9 e 11 falam da concorrência humana ao resultado fatídico do salmo.
Devemos ter muito cuidado com todo texto do Antigo Testamento que não tenha sido confirmado pelo Calvário. Jesus não ratificou a ideia de uma relação direta entre pecado/doenças/pobreza/morte. Quando indagado, por exemplo, quem havia pecado para que um homem nascesse cego, o Mestre desfez essa preconcepção (Jo 9.3).
Havemos de nos lembrar, também, que o Livro de Salmos é um hinário, um livro de poesias, em que, não obstante os salmos messiânicos tenham sido referenciados por Jesus (Lc 24.44), a teologia ensinada em todo o livro precisa ser interpretada à luz do Novo Testamento (Lc 16.16). O apóstolo Pedro ensina que devemos ter respostas coerentes da nossa fé em Jesus Cristo
(1Pe 3.13- 17), e a palavra-chave do ensino do Mestre é amor (1Jo 4.7-8).

 

 

III. A TRANSITORIEDADE DO HOMEM (Sl 90.13-17)

1. Consciência de nossa limitação (Sl 90.12). “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio”. Muito embora a terceira estrofe do Salmo 90 contenha a oração propriamente dita, o versículo 12 pode ser considerado parte dessa oração, e é uma boa referência do caráter didático deste salmo.
Para isto, é importante lembrar que a noção de “tempo” na época de Moisés é muito diferente da nossa. Na antiga Israel observava-se o ano lunar, seguindo as fases da Lua. Não havia consciência de horas, minutos e segundos. O dia era dividido principalmente entre a fase clara (dia) e a escura (noite). A noite era dividida em quatro frações chamadas de vigílias (Mt 14.25). Por influência de Roma, o dia (luz) já era dividido em horas, chamadas de primeira, segunda, terceira etc., (At 2.15).
É muito importante que tenhamos, serenamente, consciência de nossa limitação. Ao contrário do que possa parecer a alguns, é justamente a consciência de nossa transitividade que nos ajudará a vivermos bem o nosso tempo.
Não podemos nos calar perante os desvios doutrinários que enfatizam prosperidade no mundo, como se a Igreja fosse chamada a acumular tesouros na Terra (Mt 6.19-21). Jesus ensinou que a vida de um homem não consiste na quantidade de bens que ele possui (Lc 12.15). Ao referir-se indiretamente à falta de sabedoria nessa “contagem” de nossos dias, o Senhor falou da história de um homem rico (Lc 12.16-21).
Precisamos dessa sabedoria para vivermos bem a adolescência, a juventude e a maturidade. Um antigo provérbio diz que mais vale um velho sereno que um jovem confuso, porém, a recíproca é verdadeira e aplicável a todas as faixas etárias, observadas as peculiaridades de cada uma. A juventude não dura para sempre. A maturidade hoje está dividida em “idades”. Contemos os nossos dias, verificando quanta graça divina temos recebido.

 

2. Consciência de nossos erros (Sl 90.13). “Volta-te, Senhor! Até quando? Tem compaixão dos teus servos”. A eternidade de Deus, tão bem retratada neste salmo, não é um tipo de “afronta” à efemeridade humana. O amor de Deus é um bálsamo à ferida do homem causada pelo pecado edênico. A desobediência, a que todos estamos sujeitos diariamente, pode ser compensada por uma vida de arrependimento e entrega.
“Arrependei-vos” é o grito do derradeiro profeta canônico (Lc 16.16). São as primeiras palavras da pregação de Jesus (Mt 4.17). É o brado do apóstolo Pedro à nascente Igreja (At 2.38). “Arrependei-vos” é o grito silencioso do Pai em resposta à cena dramática do Calvário. É a convocação do Espírito Santo a você e a mim nesta difícil geração da Igreja (2Tm 3), pois, sem santificação, não entraremos no Reino (Hb 12.14).

 

3. Súplica por dias melhores (Sl 90.13-17). “Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; confirma sobre nós as obras das nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos.” (v. 17). A última estrofe do Salmo 90 (v. 13-17) apresenta uma súplica pela restauração, paz, alegria e prosperidade de Israel. Todos estes itens foram recepcionados pelo Evangelho, inclusive a verdadeira prosperidade, a qual surge no Novo Testamento como uma bênção, porém, secundária (3Jo 1.2), sendo a doutrina sistemática do Antigo e Novo Testamentos no sentido de vivermos com os nossos corações longe da avareza, servindo a Deus sempre, seja na fartura, nas necessidades e mesmo em grandes provações (Fp 4.11-13).
Precisamos clamar pelas nossas vidas, pela Igreja e pelo Brasil. Algo de muito grave parece rondar esta nação. Fomos chamados a ser luz do mundo e sal da terra (Mt 5.13). Temos compromisso com a paz (1Tm 2.2), somos pacificadores (Mt 5.9).

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Reconhecer a eternidade de Deus é fundamental para que alcancemos a confiança de que Ele tem o controle da nossa história. Por outro lado, a consciência da efemeridade da vida humana nos constrange a remir o tempo de nossa curta existência buscando viver melhor os nossos dias e cumprir a vontade de Deus.

 

RESPONDA
1) Segundo a lição, qual a classificação o Salmo 90 se enquadra?

2) Em que local ocorreu a provável composição do salmo 90, atribuído a Moisés?

3) A noção de tempo do povo de Israel era diferente da que temos hoje. No calendário lunar, em quantas partes era dividida a noite (parte lunar)?

 

VOCABULÁRIO
Efêmero: Que é passageiro, temporário, transitório. Diz-se de flor que desabrocha e fenece no período de um dia.

Fatídico: Que leva à desgraça, ao infortúnio; fatal, sinistro, trágico.

2 commentários

  1. Tenha uma boa aula. Comente aqui.

  2. EBD Salmo 90.4 – Moisés nos lembra que, para o Senhor, mil anos são como um dia. Deus não é limitado pelo tempo. E fácil nos sentirmos desencorajados quando os anos passam e percebemos que o mundo não melhora. Às vezes, alguns se perguntam se Deus pode ver o futuro. Mas não devemos imaginar que Ele tem as nossas limitações. Deus é completamente ilimitado em relação ao tempo, pois é o Criador do tempo. Por ser eterno, podemos depender dEle.

    EBD Salmo 90.8 – Deus conhece todos os nossos pecados como se estes tivessem sido expostos diante dEle, até os mais secretos. Não é necessário esconder-lhe os nossos pecados, pois podemos falar aberta e honestamente com Ele. Mas, embora Deus conheça todas aquelas informações terríveis a nosso respeito, ainda nos ama e quer perdoar-nos. Isto deve encorajar-nos a aproximarmo-nos dEle, em vez de nos apavorarmos a ponto de encobrir os nossos erros.

    EBD Salmo 90.12 – Perceber que a vida é curta nos ajuda a usar o pouco tempo que temos mais sabiamente e para o bem eterno. Reserve um momento para contar seus dias e perguntar-se: o que desejo que aconteça em minha vida antes de morrer? Que pequeno passo tenho de dar em direção a tal propósito hoje?

    EBD Salmo 90.17 – Devido ao fato de os nossos dias estarem contados, queremos que o trabalho que desenvolvemos seja importante, efetivo e produtivo. Desejamos ver o plano eterno de Deus revelado agora e que as nossas atividades profissionais reflitam-no. Se nos sentimos insatisfeitos com esta vida e todas as suas imperfeições, devemos lembrar que a vontade de ver o nosso trabalho confirmado é dada por Deus (ver nota Ec 3.11) e que o nosso desejo só poderá ser totalmente satisfeito.