Lição 7: Marcos 9 – A Transfiguração do Servo

LIÇÃO 7 – MARCOS 9: A TRANSFIGURAÇÃO DO SERVO

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Marcos 9 há 50 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Marcos 9.2-29 (5 a 7 min.).

A Paz do Senhor, professor(a)! Nesta lição, vamos acompanhar os momentos de preparação de Jesus para a cruz. Veremos como o Pai conforta seu Filho de forma maravilhosa, prenunciando a glória que viria após as dores. Como imitadores do Cristo, precisamos atravessar vales se quisermos chegar ao monte; ser os últimos em tudo, se quisermos ser os primeiros. Ninguém atravessa a vida cristã sem obstáculos, ninguém vence os obstáculos sozinho. Precisamos de Jesus, pois ele é o nosso socorro, aquele a quem devemos buscar em incessante oração. Na vida diária, cultivemos uma fé prática que se mostre na nossa disponibilidade de servir como os menores empregados do Reino.

 

 

OBJETIVOS
• Perseverar no caminho da vida cristã até que estejamos com Jesus.
• Testemunhar uma fé genuína e incondicional em Jesus.
• Servir a todos os necessitados com alegria.

 

 

PARA COMEÇAR A AULA
Professor(a), nesta lição, temos a oportunidade de aprender que a vida cristã exige humildade e atitude. Para vencer batalhas espirituais precisamos cultivar uma rotina de oração, mas o jejum também nos ensina a procurar mais a glória do céu do que os prazeres terrenos. É por essa disciplina que o espírito se fortalece e resplandece na atitude prática de servir com disponibilidade e fé genuína. Ensine aos seus irmãos que apenas os que renunciarem a si mesmos verão Jesus na plenitude de sua glória.

 

RESPOSTAS

1) Elias e Moisés (Mc 9.4).

2) A do sofrimento e morte do Servo (Sl 22; Is 53). 

3) Aquele que é servo de todos (Mc 9.35).

Lição 7 – Marcos 9: A Transfiguração do Servo

 

 

LEITURA ADICIONAL
“Quem poderia imaginar que alguns poucos pescadores e publicanos seriam dominados pela competição e pelo desejo de supremacia? Quem esperaria que homens pobres, que haviam desistido de tudo por amor a Cristo, seriam perturbados por contenda e dissensão quanto ao lugar e à precedência que cada um merecia? Não obstante, foi isso que aconteceu.
(…) É um fato horrível, mas, admitamos ou não, o orgulho é um dos mais comuns pecados que assediam a natureza humana. Todos nós nascemos fariseus. Naturalmente, todos nós imaginamos que merecemos algo melhor do que aquilo que possuímos. Esse é um pecado muito antigo. Começou no Jardim do Éden, quando Adão e Eva pensaram que não tinham tudo o que seus méritos mereciam. Esse é um pecado sutil. Governa e dirige muitos corações sem ser detectado e pode até mesmo revestir-se de humildade. (…) as máximas do mundo são diretamente contrárias à mentalidade de Cristo. Dominar é a ideia que o mundo faz da grandeza; mas a grandeza do crente consiste em servir. A ambição do mundo consiste em receber honrarias e atenções; porém, o desejo do crente deve ser o de dar e não o de receber; o de servir ao próximo e não o de procurar ser servido. Em suma, o homem que mais serve aos outros e é útil, em sua época e geração, é justamente o maior aos olhos de Cristo. Esforcemo-nos para fazer uso prático desse princípio. (…) Haverá algum serviço que possamos prestar aos nossos irmãos na fé? Haverá algum ato de gentileza que possamos fazer para ajudá-los e promover a felicidade deles? Se a resposta é sim, façamos isso sem demora. (…) Os homens que estão dispostos a ser os últimos e servos de todos, por amor a Cristo, são sempre bem poucos. Não obstante, esses são os homens que fazem o bem, que derrubam por terra os preconceitos, que convencem os incrédulos de que o cristianismo é uma realidade e que sacodem o mundo. (…) A carne e o sangue não são capazes de perceber outra forma de grandeza senão o poder, a riqueza e as elevadas posições sociais no mundo. O Filho de Deus declarou que a verdadeira grandeza consiste em nos devotarmos a cuidar dos mais fracos e humildes de seu rebanho”.
Livro: Meditações no Evangelho de Marcos (RYLE, John Charles. 2. ed., São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2018, pp. 163-164).

 

 

Estudada em 13 de novembro de 2022

 

 

Lição 7: Marcos 9: A Transfiguração Do Servo

 

 

Leitura Bíblica Para Estudo Marcos 9.2-29

 

 

Texto Áureo
As suas vestes tornaram-se resplandecentes e sobremodo brancas, como nenhum lavandeiro na terra as poderia alvejar Mc 9.9

 

 

Verdade Prática
O discípulo de Cristo deve cultivar uma vida de serviço humilde e abnegado e não de busca de elogio humano.

 

 

INTRODUÇÃO

I. O SERVO É TRANSFIGURADO Mc 9.1-8
1. Brilho incomparável Mc 9.2
2. Presenças ilustres Mc 9.4
3. Entendimento limitado Mc 9.5

II. O PODER DA FÉ GENUÍNA Mc 9.9-32
1. Correção teológica Mc 9.11
2. Reação demoníaca Mc 9.17
3. Disciplina espiritual Mc 9.24

III. O SERVIÇO LEVA À HONRA Mc 9.33-50
1. Vaidade e ambição Mc 9.33
2. Humildade e tolerância Mc 9.35
3. Renúncia e santidade Mc 9.43

APLICAÇÃO PESSOAL

 

 

Hinos da Harpa: 20 – 192

 

 

Lição 7 – Marcos 9: A Transfiguração do Servo

INTRODUÇÃO
Chegamos à segunda metade do Evangelho de Marcos. A partir de agora, o Servo de Deus marchará firmemente em direção à cruz. Neste capítulo 9, Jesus manifesta um vislumbre da beleza da sua glória, ensina sobre o poder da fé genuína e corrige o rumo de corações egoístas. Para tanto, em cada evento, preciosos segredos de seu Reino são revelados.

I. O SERVO É TRANSFIGURADO (Mc 9.1-8)

1. Brilho incomparável (Mc 9.2)
Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João e levou-os sós, à parte, a um alto monte. Foi transfigurado diante deles.

Seis dias depois da confissão de Pedro e da revelação da natureza sacrificial do discipulado (Mc 8.29-38), Tiago, João e Pedro estavam com o Servo em um “alto monte” (v. 2). Na ocasião, Jesus foi transfigurado diante deles, a ponto de suas vestes refletirem um brilho incomparável (v. 3). Mateus refere que o rosto de Jesus resplandecia como o sol (Mt 17.2).
Não fazia muito, Jesus chamara seus opositores de “hipócritas” (Mc 7.6) – termo que remete ao cenário teatral, onde o uso de máscaras expressa simples mudança exterior, sem equivalência interior. A transfiguração, porém, retratou o oposto: exterior refletindo o interior (Jo 8.12).
Séculos antes, Deus revelou sua glória a Moisés no Monte Sinai, a ponto de seu rosto resplendecer (Êx 34.29). Os “seis dias” representam outro paralelo de Marcos com esse evento central da história de Israel (Êx 24.16). Diferentemente, porém, Moisés refletiu a glória de Deus, ao passo que Jesus refletiu sua própria glória (Jo 1.14).

2. Presenças ilustres (Mc 9.4)


Apareceu-lhes Elias com Moisés, e estavam falando com Jesus.

Personagens de destaque estavam presentes na transfiguração de Jesus, tudo a proclamar profundas verdades espirituais. De fato, Moisés e Elias ali compareceram e dialogavam com o reluzente Servo (v. 4). O tema da conversa é revelado exclusivamente por Lucas: a “partida” de Jesus para Jerusalém (do grego exodos, “saída” – Lc 9.30,31). Ou seja, a morte, ressurreição e ascensão de Jesus representaria a grande libertação da humanidade no Novo Testamento, assim como o êxodo do Egito representou a libertação no Antigo Testamento.
Ademais, Moisés representava a lei, enquanto Elias retratava os profetas – dois elementos centrais na história do povo judeu (Ml 4.45) que se cumpriram em Jesus (Mt 5.17). Igualmente, Moisés morreu e foi sepultado (Dt 34.5-6), mas Elias foi arrebatado (2Rs 2.11). Assim, suas presenças também apontam para o fato de que Jesus, quando voltar, ressuscitará os corpos dos que já morreram no Senhor e arrebatará os santos que estiverem vivos (1Ts 4.13-18).

 

3. Entendimento limitado (Mc 9.5)
Então, Pedro, tomando a palavra, disse: Mestre, bom é estarmos aqui e que façamos três tendas: uma será tua, outra, para Moisés, e outra, para Elias.

Pedro, Tiago e João estavam no monte da transfiguração testemunhando a glória de Deus. Todavia, não alcançaram as alturas espirituais do evento. Pedro, impulsivamente, fala a primeira coisa que lhe vem à mente, propondo a construção de três tendas, igualando a Jesus com Moisés e Elias (v. 5) – embora somente Jesus tenha se transfigurado (v. 2). Com isso, demonstrou pouco discernimento quanto ao verdadeiro significado daquele santo colóquio.
O Pai, que também estava presente, imediatamente corrigiu a teologia dos discípulos, dizendo-lhes: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (v. 7). De repente, todos desapareceram, restando com eles somente a Jesus (v. 8). A espiritualidade sadia é cristocêntrica (Cl 1.18). Sendo Filho de Deus, Cristo é maior que Moisés e Elias (Lc 24.25-27; Hb 1.1-3).
Essas mesmas e amorosas palavras do Pai também serviram para revigorar o coração do Filho a fim de que cumprisse cabalmente a etapa mais difícil de sua missão: sofrer e morrer em resgate por muitos (Mc 10.45). De toda forma, a trilha rumo à cruz não impediu a manifestação da glória de Deus. Em verdade, eis aí o segredo revelado: é o caminho do sofrimento que conduz à glória (Fp 2.5-11).

 

 

II. O PODER DA FÉ GENUÍNA (Mc 9.9-32)

1. Correção teológica (Mc 9.11)
E interrogaram-no, dizendo: Por que dizem os escribas ser necessário que Elias venha primeiro?
Devido às suas pressuposições culturais, os discípulos enfrentaram dificuldades para entender o que havia acontecido no monte da transfiguração, haja vista presumirem que os justos ressuscitariam simultaneamente (Dn 12.2) e o próprio Elias viria no fim dos tempos para preparar a vinda do Senhor (Ml 3.1 e 4.5).
Agora, é o Filho quem promove oportunas correções teológicas. Para tanto, esclarece que Elias já veio (v. 13), sendo que seu papel fora cumprido em João Batista (Mt 17.11-13; Mc 1.2-7; Lc 1.17). Mas se Elias deveria voltar nos últimos dias, porque era necessário que o Filho do Homem morresse? Afinal, pressupunham que o Messias viria como rei conquistador e vitorioso (Jo 6.14-15). O fato é que essa concepção negligenciava a incontornável doutrina do sofrimento e morte do Servo (Sl 22; Is 53). Tal fé era equivocada. Logo, ineficaz em poder.

 

2. Reação demoníaca (Mc 9.17)
E um, dentre a multidão, respondeu: Mestre, trouxe-te o meu filho, possesso de um espírito mudo.
A vigorosa dinamicidade da narrativa de Marcos segue nos surpreendendo: no mesmo dia, os discípulos vão da glória do “alto monte” para a mais imunda ação satânica. Partem de uma grandiosa experiência espiritual para um surpreendente relato de fracasso ministerial. A vida cristã é mesmo uma “terra de montes e de vales” (Dt 11.11).
Desta feita, um demônio que tentava matar um jovem desde sua infância (v. 21) o havia transformado em surdo e mudo (v. 25). Embora tivessem tentado, os discípulos de Jesus haviam falhado na tentativa de expeli-lo (v. 18). Debate lançado: o fracasso dos seguidores colocava em dúvida o ministério do Mestre (v. 14; Mc 6.7).
Física e emocionalmente esgotado, o pai do rapaz, desesperado e banhado em lágrimas, não hesitou em confessar ao Servo sua humildade espiritual: “Ajuda-me na minha falta de fé!” (v. 24). Jesus não despreza o clamor de quem lhe deposita toda a confiança: expulsou o demônio e restaurou o menino a seu pai (v. 25-27). Embora pequena, tal fé era genuína e, por conseguinte, eficaz em poder (Mc 4.30-32).

 

3. Disciplina espiritual (Mc 9.24)
E imediatamente o pai do menino exclamou [com lágrimas]: Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!

Marcos continua a narrar sobre fé. Por que os discípulos tiveram insucesso na expulsão daquele demônio? Porque negligenciaram algum aspecto da vida com Deus. Afinal, conforme o ensino de Jesus, fé madura envolve persistente disciplina espiritual, em especial a prática da oração e do jejum (v. 29).
No âmago de todo pecado há uma recusa em crer nas verdades de Deus, trocando-as por mentiras (Rm 1.25). A humildade desse pai deve nos inspirar a nunca nos estribar (sustentar) em nossas próprias forças, mas sempre confiar inteiramente no Senhor Jesus (Jr 17.5-7). O fracasso em nossa caminhada cristã aponta para a necessidade de buscarmos mais a Deus através da oração e do jejum (Dn 9.3; Jl 2.12). Descortinado mais um segredo: fé genuína e disciplina espiritual geram grande poder na batalha contra o mal (Ef 6.10-18).
Incrivelmente, porém, àquela altura, mesmo os discípulos ainda nutriam dúvidas a respeito de elementos básicos dessa fé poderosa (v. 30-32).

 

 

III. O SERVIÇO LEVA À HONRA (Mc 9.33-50)

1. Vaidade e ambição (Mc 9.33)
Tendo eles partido para Cafarnaum, estando ele em casa, interrogou os discípulos: De que é que discorríeis pelo caminho?

Jesus promove uma conversa a sós com seus discípulos (v. 33). Pergunta sobre o que haviam discorrido pelo caminho a Cafarnaum, recebendo como resposta um silêncio constrangedor. Sabendo que Jesus era um exímio leitor de corações (Mc 2.6-8), logo perceberam que o Servo sabia que andaram discutindo entre si sobre quem era o maior (v. 34).
Não fazia muito que Jesus expusera a necessidade de seu sofrimento e morte em favor de pecadores (v. 31; Mc 8.31). Todavia, os corações dos discípulos engajaram-se em trilha oposta, mergulhados em um espantoso jogo de vaidade e ambição. Procuremos ser servos humildes e deixemos as grandezas nas mãos de Deus (Ap 4.9-11).

 

2. Humildade e tolerância (Mc 9.35)
E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos.
Para corrigir esses corações egoístas, Jesus ensinou que aquele que se esforça em servir aos outros é o maior aos olhos de Deus (v. 35). Para o mundo, grande é aquele que é servido e exerce poder sobre outros. Porém, no Reino de Deus, grande é aquele que serve e considera os outros superiores a si mesmo (Fp 2.3). O verdadeiro líder tem coração de servo (Lc 22.26-27).
Em seguida, tomou uma criança em seus braços e disse: “Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe; e qualquer um que a mim me receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou” (v. 37). Ora, naquela época, crianças não eram vistas como inocentes e puras, mas, sim, como fracas e inferiores. Acolher os mais frágeis e esquecidos da sociedade é o caminho para o reconhecimento divino (Mt 25.34-40; Tg 1.27).
João ainda tentou defender os discípulos, apontando para seu zelo (v. 38), porém, sem êxito (v. 39). Jesus aproveita para liberar mais um esplêndido segredo espiritual: “… quem não é contra nós, é por nós” (v. 40). De fato, o Reino de Deus é maior que nossa experiência dele. Por isso, sejamos tolerantes e também honremos aqueles que servem a Cristo fora do nosso grupo ou de modo diferente daquele com o qual estamos acostumados. Se Cristo estiver sendo pregado, então, alegremo-nos (Fp 1.18)!
Como já foi dito: “nas questões essenciais, a unidade; nas periféricas, liberdade; em todas as coisas, o amor.”

 

3. Renúncia e santidade (Mc 9.43)
E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível.

Jesus, por fim, ensina que o Reino de Deus exige renúncia completa de tudo aquilo que nos afasta da santidade e determinação radical para fazer morrer a nossa natureza terrena (Cl 3.5), ainda que o custo dessa renúncia seja altíssimo – em linguagem metafórica e com propósitos pedagógicos, o Mestre valeu-se de três figuras expressivas do corpo humano: mãos, pés e olhos (v. 43-47).
Verdadeiramente, o ato de seguir a Jesus não pode ser motivado pelo simples desejo de conquistar realizações pessoais. O discipulado é difícil e demanda uma vida de sacrifícios (Mc 8.34-38). Há uma guerra em curso (Ef 6.10-12). Portanto, cicatrizes são inevitáveis para o cristão verdadeiro (Gl 6.17). Ceder à tentação e viver em pecado nos conduzirá a algo bem pior: o inferno, “onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga” (v. 47-48). A promessa é esta: humilhemo-nos sob a poderosa mão de Deus e, em tempo oportuno, ele nos exaltará (1Pe 5.6). Serviço abnegado conduz à honra (v. 41).

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Uma vida de amor incondicional a Cristo e rejeição firme ao pecado nos levará a atender às necessidades dos outros sem esperar por recompensas terrenas. O coração do cristão verdadeiro não anela satisfação própria, mas a glória de Deus.

 

RESPONDA
1) Que personagens do Antigo Testamento aparecem conversando com Jesus no monte da transfiguração?

2) Segundo a lição, a convicção de que o Messias viria como rei conquistador e vitorioso negligenciava que importante doutrina das Escrituras?

2) No Reino de Deus, quem é considerado como grande?

COMENTÁRIOS:

9.1- O que teria Jesus em mente ao dizer que alguns de seus discípulos veriam o Reino de Deus chegar com poder? Existem várias possibilidades: poderia estar predizendo sua transfiguração, ressurreição, ascensão, a vinda do Espirito Santo no Pentecostes ou sua segunda vinda à terra. Muitos aceitam que a transfiguração seria a hipótese mais provável, porque Marcos imediatamente relatou este episódio. Na transfiguração (9.2-8). Pedro., Tiago e João viram a Jesus glorificado como o Filho de Deus (2Pe 1.16).

9.2 – Não sabemos por que Jesus selecionou Pedro, Tiago e João para essa especial revelação de sua glória e santidade. Talvez fossem os mais preparados para compreendê-lo e aceitar a grande verdade. Esses três discípulos, dos doze. formavam o grupo mais íntimo de Jesus: estavam entre os primeiros que ouviram o chamado do Mestre (1.16-19). Seus nomes encabeçam a relação dos discípulos no Evangelho de Marcos (3.16): eles estiveram presentes em alguns episódios em que ocorreram curas, enquanto os demais foram deixados de fora (Lc 8.51).

9.2 Jesus levou os discípulos ao monte Hermom ou ao monte Tabor. Muitas vezes, associava-se o monte à proximidade de Deus e à prontidão para receber suas palavras. Deus havia se manifestado em montes tanto a Moisés (Êx 24.12-18) como a Elias (1Rs 19.8-18).

9.3ss A transfiguração revelou a divina natureza de Cristo. A voz de Deus exaltou a Jesus acima de Moisés e de Elias, pois Ele foi apresentado como o tão esperado Messias, com plena autoridade divina. Moisés representava a lei; Elias, os profetas. A aparição deles no monte foi para demonstrar que Jesus é o cumprimento da lei do AT e das promessas que foram feitas por Deus por intermédio dos profetas. Jesus não era a reencarnação de Elias ou de Moisés; também não era simplesmente um profeta. Como o único Filho de Deus. Ele os ultrapassava infinitamente em poder e autoridade. Muitas vozes tentam ensinar-nos como viver e como conhecer a Deus pessoalmente. Algumas podem nos ajudar, mas a maioria não. Devemos atentar primeiramente para o que a Bíblia Sagrada nos ensina e, depois, à luz desta revelação divina, avaliar todos aqueles que se dizem entendidos.

9.9,10- Jesus pediu a Pedro, Tiago e João para não falarem sobre o que tinham visto, pois não entenderam o acontecimento em sua plenitude até que Ele ressuscitasse dentre os mortos. Mais tarde, compreenderiam que, só experimentando a morte, Jesus poderia demonstrar o poder que tem sobre esta, bem como a autoridade que tem por ser o Soberano supremo. Os discípulos não seriam poderosas testemunhas para Deus se não compreendessem a verdade sobre Ele.  Era natural que os discípulos ficassem confusos a respeito da morte e da ressurreição de Jesus, porque não tinham o poder de ver o futuro. Nós, por outro lado, temos a Palavra revelada de Deus, a Bíblia Sagrada, para esclarecer-nos sobre o completo significado da morte e da ressurreição de Cristo: não temos desculpas para nossa falta de fé.

9.11-13 – Quando Jesus disse que Elias já tinha vindo, referia-se a João Batista (Mt 17.11-13}, que havia desempenhado o ministério profetizado, relacionado a Elias.

9.12,13 – Era muito difícil para os discípulos admitir a ideia de que seu Messias teria de sofrer. Os judeus que estudavam as profecias do AT esperavam o Messias como um grande rei, como Davi, que derrotaria seu inimigo, Roma. A visão deles estava limitada a seu tempo e a sua experiência. Não conseguiam entender que os valores do Reino eterno de Deus eram diferentes dos valores do mundo; queriam o alivio para seus problemas presentes. Mas a libertação do pecado é muito mais importante que a do sofrimento físico ou da opressão política. Nossa compreensão e reconhecimento de Jesus devem ir além do que Ele pode fazer por nós aqui e agora!

9.18 – Por que os discípulos não conseguiram expulsar aquele espirito maligno? Em Marcos 6.13, lemos que eles expulsaram demônios quando estavam em missão, pregando nas aldeias. Alguns podem pensar que tivessem recebido uma autoridade especial somente durante essas viagens, porém o fato é que a fé que tinham estava vacilando. Marcos contou essa história para mostrar que a batalha contra Satanás é difícil e permanente. A vitória sobre o pecado e a tentação é alcançada por meio da fé em Jesus Cristo, e não através de nossos esforços.

9.23 – As palavras de Jesus não significam que podemos obter automaticamente tudo aquilo que quisermos, ao pensarmos positivamente. Jesus disse que tudo é possível se crermos. Porque nada é difícil para Deus. Não podemos ter imediatamente tudo o que pedimos a Ele, mas, com fé, podemos ter tudo o que precisamos para servi-lo.

9.24 – Essa atitude de convicção e confiança, na Bíblia, é chamada de fé (Hb 11.1,6); e não é algo que podemos conseguir sem ajuda. A fé é um dom de Deus (Ef 2.8.9). Não importa o quanto cremos, nunca alcançaremos a autossuficiência. A fé não é, como o dinheiro, depositada em um banco. O crescimento na fé é um processo diário e continuo da renovação de nossa confiança em Jesus.

9.29 – Muitas vezes, os discípulos enfrentariam situações difíceis que somente poderiam ser resolvidas por meio da oração. Ela é a chave que abre a porta de nossa vida para a fé. Uma oração eficiente precisa tanto da atitude de dependência completa de Deus como da ação de pedir a Ele que intervenha. Quando humildemente lhe pedimos para encher-nos de fé e poder, demonstramos nossa dependência de Deus. Não existe substituto para a oração, especialmente em circunstâncias que parecem impossíveis de resolver.

9.30.31 – Em certas ocasiões. Jesus dedicava seu ministério para treinar meticulosamente os discípulos. Ele conhecia a importância de prepará-los. para que pudessem dar continuidade à sua missão, quando retomasse ao céu. Mas é necessário tempo para aprender. O crescimento espiritual não é instantâneo e não depende da qualidade da experiência anterior ou dos ensinamentos.  Se até os discípulos precisaram periodicamente deixar de lado seu trabalho para aprender com o Mestre, imagine o quanto necessitamos alternar nosso trabalho e nosso aprendizado.

9.30.31 Ao deixar Cesaréia de Filipe, Jesus iniciou sua última viagem pela região da Galiléia.9.32 Por que os discípulos estavam com medo de perguntar a Jesus sobre a profecia relacionada ã morte dEle? Talvez porque anteriormente tivessem sido repreendidos ao reagirem às palavras de Jesus (8 32,33). Na mente deles, Jesus parecia preocupado com a morte. Na verdade, eram os discípulos que estavam inquietos, pensando constantemente sobre o Remo que esperavam que Jesus inaugurasse, bem como nas posições que ocupariam.  Se Jesus morresse, o Reino não chegaria da forma que eles imaginavam. Por isso. preferiam não perguntar a respeito dessas previsões.

9.34 Os discípulos, envolvidos em sua luta constante pelo sucesso pessoal, ficaram constrangidos ao responder à pergunta de Jesus. Sempre é muito doloroso comparar nossos motivos com os de Cristo. Não ê errado que os crentes sejam diligentes, e esperem alcançar objetivos materiais. Mas quando as nossas aspirações nos afastam da obediência e do serviço a Deus, tornam-se um pecado. O orgulho e a insegurança podem nos fazer supervalorizar o prestígio e a posição. No Remo de Deus, tais motivos são destrutivos. A única aspiração segura é aquela que visa engrandecer diretamente o Reino de Cristo, e não a que visa apenas ao nosso progresso.

9.36,37 Jesus ensinou aos discípulos que deveriam receber bem as crianças. Essa era uma nova abordagem para uma sociedade onde geralmente as crianças eram consideradas cidadãos de segunda classe. É importante não só tratar bem as crianças, como também ensiná-las a respeito de Jesus. O ministério voltado para as crianças nunca deve ser considerado menos importante que o voltado para os adultos.

9.38 – Os discípulos sentiram ciúme do homem que curava em nome de Jesus, porque estavam mais preocupados com a posição de seu grupo do que em ajudar a libertar os oprimidos pelos demônios. Fazemos o mesmo atualmente quando nos recusamos a associar-nos com cristãos de outras denominações, porque (1) outras pessoas ou grupos não pertencem a nossa denominação; (2) seus projetos não envolvem o tipo de pessoas com as quais nos sentimos mais confortáveis: (3) os outros não fazem as coisas da maneira como costumamos fazer; ou (4) nossos esforços não receberão o devido reconhecimento.  É muito importante observar uma doutrina correta, mas esta jamais deve tornar-se uma desculpa para deixarmos de ajudar os necessitados.

9.40 Jesus não disse que ser indiferente a Ele era tão bom quanto estar comprometido. Como explicou em Mateus 12.30: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha’. Nas duas referências bíblicas. Jesus assinalou a impossibilidade de ser neutro em relação a Ele. Entretanto, seus seguidores nem sempre terão semelhanças; nem sempre pertencerão aos mesmos grupos. Mas pessoas que estão do lado de Jesus têm o mesmo objetivo de colaborar na edificação do Reino de Deus. e não devem deixar que suas diferenças interfiram nesse objetivo. Aqueles que compartilham a mesma fé em Cristo devem cooperar entre si. As pessoas não precisam ser exatamente como nós para que também sigam a Jesus.

9.41.42 – Está escrito em Lucas 9.48b: “Aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande”. Aos olhos de Jesus, qualquer um que acolhe uma criança, também o acolhe: oferecer um copo de água fresca a uma pessoa sedenta é o mesmo que oferecê-lo a Deus. Mas ofender os outros ou deixar de atendê-los é pecado, mesmo que o mundo não o condene por considerar essas atitudes pouco importantes. Aliás, é possível que pessoas egoístas e indiferentes alcancem alguma glória temporal, porém a glória duradoura é medida pelos padrões de Deus. O que você usa como sua medida: a realização pessoal ou o abnegado serviço a Deus?

9.42 – Essa advertência contra a ofensa aos pequeninos na fé aplica-se tanto ao que fazemos individualmente como ao que permitimos que venha a corromper nossa comunhão cristã. Nossos pensamentos e ações devem ser motivados pelo amor (1 Co 13) e devemos ser cautelosos quanto a julgar os nossos semelhantes (Mt 7.1-5; Rm 14.1 -15.4}. Entretanto, também temos a responsabilidade de confrontar os pecados flagrantes dentro da igreja (1Co 5.12,13).

9.43ss – Jesus usou uma alegoria assustadora para enfatizar a importância de eliminar o pecado de nossa vida. Uma dolorosa autodisciplina será exigida de seus verdadeiros seguidores. Desistir de um relacionamento, emprego ou hábito contrários à vontade de Deus pode parecer tão doloroso quanto eliminar qualquer parte do corpo. Entretanto, nosso supremo objetivo merece qualquer sacrifício. Ganhar a Cristo supera qualquer perda em nossa vida. Nada deve ficar no caminho da fé. Devemos ser impiedosos ao eliminar o pecado de nossa vida, a fim de evitarmos o sofrimento por toda eternidade. Faça sua escolha tendo em vista a eternidade.9.48,49 Com essas palavras aparentemente estranhas, Jesus mostrou as graves e eternas consequências do pecado. Para os judeus, os vermes e o fogo representavam a dor interior e exterior; nada poderia ser pior do que isso.

9.50 Jesus usou o sal para ilustrar as três qualidades que devem ser encontradas no povo de Deus: (1) devemos lembrar a fidelidade de Deus, assim como o sal usado no sacrifício lembra a aliança de Deus com o seu povo (Lv 2.13); (2) devemos causar uma diferença no “sabor” do mundo em que vivemos, exatamente como o sal muda o sabor dos alimentos (Mt 5.13); (3) devemos agir de um modo contrário à decadência moral da sociedade, assim como o sal evita que o alimento venha a se decompor. Quando perdemos esse desejo de “salgar a terra com o amor e a mensagem de Deus. tornamo-nos inúteis para Ele.

 

JESUS NAS QUATRO VERSÕES DO EVANGELHO

Guarde este esboço e você nunca mais se esquecerá do conteúdo do Evangelho.

REI . . . Mateus apresenta Jesus como Rei. Foi escrito em primeiro lugar, para os judeus. Ele é o Filho de Davi. Sua genealogia real é dada no capítulo 1. Nos capítulos 5 a 7, no Sermão do Monte, temos o manifesto do Rei, contendo as leis do seu reino.

SERVO . . . Marcos descreve Jesus como Servo. Escrito para os romanos, não contém genealogia. Por quê? Ninguém está interessado na genealogia de um servo. Achamos mais milagres aqui do que em qualquer outra versão do Evangelho. Os romanos pouco se interessavam por palavras; muito mais por ações.

HOMEM . . . Lucas mostra Jesus como o Homem perfeito. Escrito para os gregos, sua genealogia vai até Adão, o primeiro homem, em vez de Abraão. Como Homem perfeito, vemo-lo constantemente em oração e os anjos servindo-o.

DEUS . . . João retrata Jesus como Filho de Deus. Escrito para todos os que hão de crer, com o propósito de levar os homens a Cristo (João 20:31), tudo nesse Evangelho ilustra e demonstra seu relacionamento com Deus. Os versículos iniciais nos transportam ao “princípio”.

Outra resposta à pergunta: “Por que quatro versões do Evangelho?”, encontramos nas próprias Escrituras, onde certos números são usados com precisão, exatidão e sentido real. Sabemos que sete é o número da perfeição; três o da divindade; quarenta o da provação. Quatro é o número da terra. Vejamos alguns exemplos. Há quatro pontos cardeais; há quatro estações do ano; na parábola do semeador havia quatro espécies de solo. Mais tarde Cristo acrescenta: O campo é o mundo. Se quatro é o número da terra, como é adequado que o Espírito Santo nos houvesse dado quatro versões do Evangelho para descrever o ministério terreno daquele que desceu do céu.

Por que quatro, se Cristo é o tema glorioso da todos eles? É que cada autor está absorvido com algum aspecto da pessoa e obra de Cristo e o desenvolve com poder convincente. E é o desdobramento dessa visão particular da obra de Cristo que marca o propósito de cada livro.
Todos os Evangelhos estão ligados às promessas do Messias no Antigo Testamento. Não se podem explicar os Evangelhos à parte das grandes profecias messiânicas do Antigo Testamento.
Os profetas traçaram um retrato magnífico do Messias. Falaram dos seus ofícios, missão, nascimento, paixão, morte, ressurreição e glória. Consideremos os nomes e títulos que os profetas lhe atribuíram.


Ele é chamado Rei — Salmo 72; Isaías 9:6, 7; 32:1; Jeremias 23:5; Zacarias 9:9; 14:9. Estas passagens, entre outras, falam da função real do Messias. Os profetas falam muito do seu reino, da extensão desse reino e do triunfo final de Cristo.
Ele é chamado Servo de Jeová — Isaías 42:1-7; 52;13-15; 53. Ele é chamado o Homem e o Filho do homem — Gênesis 3:15; 22:18; Isaías 7:14-16; 9:6.

Ele é chamado Deus — Isaías 9:6; 40:3-5; 47:4; Jeremias 23:6. Os Evangelhos apresentam Jesus nesses quatro aspectos.