Lição 9: Juízes 19 a 21: O Caos Religioso de Israel

LIÇÃO 9: JUÍZES 19 a 21: O CAOS RELIGIOSO DE ISRAEL

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Juízes 19,20 e 21 há 30,48 e 25 versos, respectivamente. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Juízes 20.1-20 (5 a 7 min.).

Caro (a) professor(a), temos aqui uma dura narrativa. Os componentes são dramáticos: o concubinato de um levita, o estupro e a impiedade. Sem a comunhão com Deus, a criatura resvala na lama da sua depravação. Infelizmente, a violência e os assassinatos bárbaros da atualidade ainda testificam a ausência de Jesus nos corações humanos. Como viveremos como irmãos num mundo em que atos de violência são praticados em nome da “justiça”? Ou nos pautamos pela vontade de Deus expressa em sua palavra, ou nossas ações continuarão a refletir a imperfeição dos nossos costumes e a dos nossos julgamentos. Sejamos fiéis à Bíblia como regra de fé e prática, do contrário sucumbiremos à nossa própria corrupção.

 

OBJETIVOS
• Reconhecer nossa imperfeição moral;
• Suplicar a Deus que nos santifique;
• Crer em Jesus como nosso mediador.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Esta aula pode começar com uma questão: por que tanta ruína moral e espiritual no meio do povo de Deus? Ora, o povo escolhido parece não ter feito a escolha correta, embora tivesse sido orientado pelo próprio Deus. Mesmo após os juizados daqueles homens e a transição para a monarquia, só em Jesus veremos resplandecer a santidade testificada por Deus (Mt 3.17). Os que se submetem ao Cristo e assumem seu caráter, estes formam a igreja e manifestam uma conduta oposta à que vemos nesta lição.

 

RESPOSTAS 
1) F
2) V
3) V

 

 

LEITURA ADICIONAL
Como devemos reagir aos acontecimentos registrados em Juízes 19? Lamentar profundamente. Esse é o povo de Deus. São nossos antepassados espirituais e, até certo ponto, revelam quem nós somos. Talvez guardemos na alma segredos que, de alguma forma (talvez mínima), lembrem o comportamento dos gibeonitas. É possível que não tenhamos cometido atrocidades, mas (como o levita) não as impedimos de acontecer, e nossa inércia favoreceu o erro. Contamos a nós e aos outros uma história bem mais aceitável sobre nós mesmos e nosso comportamento do que a verdade toda revelaria. E, como o livro de Juízes tem nos alertado repetidamente, todos nós, conscientemente ou não, nos deixamos moldar e escravizar pela cultura em que vivemos, e não pelo Senhor Jesus, cujo nome invocamos, exatamente como Israel fazia. O texto de Juízes 19 deve nos sensibilizar e nos fazer lamentar — pelos israelitas e por nós mesmos. “Não há nenhum justo” porque vivemos como se não houvesse “rei” (19.1; 21.25). Precisamos de um Rei que nos resgate, guie e transforme. Só podemos apreciar o evangelho — pelo qual, em Jesus, temos esse Rei — se primeiro entendermos que somos mais depravados e sem esperança do que jamais imaginamos.
Livro: Juízes para você (KELLER, Timothy, São Paulo: Vida Nova, 2016, págs. 216- 217).

 

Estudada em 26 de fevereiro de 2023

 

 

LIÇÃO 9: JUÍZES 19 a 21: O CAOS RELIGIOSO DE ISRAEL

 

Texto Áureo
“Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto.” Jz 21.25

 

Verdade Prática
Nossa missão é proclamar o Reino de Deus na terra e lutar contra a degradação moral em que jaz o mundo.

 

Leitura Bíblica Com Todos: Juízes 20.1-20

 

INTRODUÇÃO

 

I. O LEVITA E SUA CONCUBINA Jz 19.1-30
1. A concubina de Judá Jz 19.1
2. Abuso sexual em Gibeá Jz 19.25
3. Violência sem precedentes Jz 19.30

 

II. VINGANÇA CONTRA BENJAMIM Jz 20.1-48
1. O conselho dos israelitas Jz 20.1
2. Guerra civil Jz 20.10
3. Benjamim è arrasada Jz 20.48

 

III. CONSEQUÊNCIAS DO GENOCÍDIO Jz 21.1-25
1. O problema dos juramentos Jz 21.1
2. Soluções mais problemáticas Jz 21.23
3. Transição dos Juízes para o reinado Jz 21.25

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

Hinos da Harpa: 139 – 208

 

INTRODUÇÃO
Essa segunda história da parte final de Juízes tem semelhanças com a história de Mica, como a participação de um levita e a ausência de inimigos externos. Porém, é muito mais chocante pelo nível de crueldade e degradação moral demonstrado. A mensagem do autor é gritante: Israel precisava de um rei segundo o coração de Deus para restaurar a adoração e mostrar à nação o caminho correto aos olhos do Senhor (Jz 19.1; 21.25).

 

I. O LEVITA E SUA CONCUBINA (Jz 19.1-30)
A história começa com um tom leve, com uma briga boba de casal e um sogro exageradamente gentil, mas toma rumos cada vez mais catastróficos, revelando que, a começar pela classe levita, toda a nação de Israel perdera sua identidade como povo santo, esquecendo-se dos altos padrões morais da Lei dada a Moisés. Não havia um justo sequer (Sl 14.3).

 

1. A concubina de Judá (Jz 19.1)
Naqueles dias, em que não havia rei em Israel, houve um homem levita, que, peregrinando nos longes da região montanhosa de Efraim, tomou para si uma concubina de Belém de Judá.
O concubinato era uma relação em que predominava a satisfação sexual do homem e a procriação, sem o compromisso de amor e respeito mútuos do casamento.
Esse tipo de prática, embora socialmente aceita desde a época dos patriarcas, jamais foi aprovado ou estimulado por Deus (Gn 2.24). Ao contrário, sempre foi sinal de complicações para Abraão, Jacó, Davi, Salomão, e outros que a adotaram.
Apesar disso, vemos essa situação sendo regulamentada (não aprovada) pela Lei de Moisés com o fim de proteger a mulher cujo marido fosse polígamo (Êx 21.7- 11; Lv 18.18; Dt 21.15-17).
No idioma original, a passagem estudada revela que a concubina se comportou como uma mulher promíscua, indicando um adultério, como descrito em algumas traduções (Jz 19.2, ARC).
Isso explica o comportamento bajulador do pai da moça, pois as leis eram severas com a mulher pega em adultério e o fato de o levita desejar tê-la de volta era uma oportunidade que o sogro não poderia perder.

 

2. Abuso sexual em Gibeá (Jz 19.25)
Porém aqueles homens não o quiseram ouvir; então, ele pegou da concubina do levita e entregou a eles fora, e eles a forçaram e abusaram dela toda a noite até pela manhã; e, subindo a alva, a deixaram.

A hospitalidade é venerada no Oriente Médio como em nenhum outro lugar, a ponto de constituir verdadeira lei não escrita. Mas Israel experimentava um nível tal de degradação que deixou que o protocolo social fosse mais valorizado que princípios morais basilares. O estupro de uma filha ou de uma companheira era preferível à possibilidade de um conflito entre um hóspede e um vizinho.
Esse episódio guarda muitas semelhanças com o ocorrido em Gênesis 19, mas com desfecho completamente diferente. Enquanto em Sodoma os anjos cegaram os homens que pretendiam abusar deles, salvando também as filhas de Ló de serem oferecidas em troca dos visitantes, em Gibeá a maldade dos homens prevaleceu. Aquela cidade havia se tornado uma Sodoma dentro de Israel.
O fato de o levita lançar a concubina para um bando de homens devassos só reforça que ele a enxergava apenas como propriedade. Ele dormiu tranquilamente e só levantou pela manhã. Vendo a mulher jazendo à porta, sem qualquer compaixão, ordenou que ela levantasse para que eles seguissem viagem (vv. 27,28).
Parece que a indignação do levita não teve nada a ver com os horrores que aquela mulher sofreu, mas com o fato de terem atentado contra a sua própria vida e contra a sua “propriedade” (Jz 20.5). O povo havia se tornado insensível à violência e, mais tarde, “resolveriam” o caso com violência e mais violência (Sl 42.7).

 

3. Violência sem precedentes (Jz 19.30)
Cada um que a isso presenciava aos outros dizia: Nunca tal se fez, nem se viu desde o dia em que os filhos de Israel subiram da terra do Egito até ao dia de hoje; ponderai nisso, considerai e falai.
Esse é um daqueles acontecimentos que param uma nação. Nos dias de hoje, seria manchete em todos os telejornais; vídeos do acontecido se espalhariam na internet; comentários carregados de ódio tomariam conta das redes sociais.
Na era digital, vemos pessoas de todas as idades e classes sociais fazendo tudo por seus 15 minutos de fama, mesmo que não tenham nada de relevante a dizer. Alguns decidem fazer algo arriscado ou vergonhoso só para alcançar o maior número de pessoas e “viralizar”.
O levita, sem dispor desses recursos tecnológicos, toma uma decisão perturbadora. Em mais uma demonstração de frieza e desprezo por sua companheira, ele a esquartejou em 12 pedaços e enviou um a cada território das tribos de Israel (Jz 19.29). O desejado “efeito viral” foi alcançado, mas a que custo?

 

 

II. VINGANÇA CONTRA BENJAMIM (Jz 20.1-48)

1. O conselho dos israelitas (Jz 20.1)
Saíram todos os filhos de Israel, e a congregação se ajuntou perante o Senhor em Mispa, como se fora um só homem, desde Dã até Berseba, como também a terra de Gileade.
Desde o tempo de Otniel não se via tamanho ajuntamento do povo de Israel. Todos reunidos para escutar o relato do levita. Dessa vez, os inimigos eram seus próprios irmãos benjamitas.
Quando o povo exigiu os detalhes do caso (v. 3), o levita cuidadosamente elaborou o relato para omitir aqueles que não o favoreciam, como o feto de ele mesmo ter lançado a vítima aos homens perversos daquela cidade. Todos nós, ao relatar um acontecimento polêmico que nos envolve, somos tentados a amenizar a narrativa naquilo que não nos é favorável Um costume aparentemente inocente de manipular os fetos tomou proporções alarmantes na era das Fake News.
Precisamos ser transparentes e humildes, admitindo os nossos erros e os deixando para trás, tendo a certeza de que “o que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia” (Pv 28.13).

 

2. Guerra civil (Jz 20.10)
Tomaremos dez homens de cem de todas as tribos de Israel, e cem de mil, e mil de dez mil, para providenciarem mantimento para o povo, a fim de que este, vindo a Gibeá de Benjamim, faça a ela conforme toda a loucura que tem feito em Israel.

Inicialmente, os Israelitas solicitaram aos benjamitas que entregassem apenas os culpados pelo atentado para “tirar de Israel o mal” (v. 13). O mal, porém, estava enraizado no coração de todo o povo, inclusive daqueles que desejavam fazer “justiça”.
Os benjamitas, porém, optaram por proteger os infratores. Como uma tribo, todos estavam, de alguma forma, ligados por laços de parentesco, o que estimulou a cumplicidade.
Olhemos para nós mesmos. Quantos se apressam a julgar e condenar pessoas envolvidas em polêmicas nas redes sociais? Porém, quando um familiar ou amigo próximo faz algo condenável, a tendência é protegê-lo da mídia e até mesmo retardar ou evitar a justiça.
Fica-nos o alerta de como comportamentos contrários à Palavra de Deus que estão socialmente consolidados podem nos levar a resultados desastrosos como nação.

 

3. Benjamim é arrasada (Jz 20.43)
Os homens de Israel voltaram para os filhos de Benjamim e passaram a fio de espada tudo o que restou da cidade, tanto homens como animais, em suma, tudo o que encontraram; e também a todas as cidades que acharam puseram fogo.
Os benjamitas reuniram 26 mil homens contra um exército de 400 mil. Como habitavam nos altos de uma região montanhosa, isso lhes conferiu alguma vantagem, pois os exércitos de Israel, apesar de superiores em número, foram obrigados a se dividir para atacar (v. 9). Após perderem 10% de seus homens sem conseguir qualquer vantagem em batalha, Israel, pela primeira vez, volta-se ao Senhor em prantos para jejuar e oferecer sacrifícios a Deus, antes de perguntar novamente se deveriam fazer uma nova investida contra seus irmãos. Com a resposta definitiva do Senhor e uma nova estratégia, Israel sagrou-se vitorioso.
Porém, isso não foi suficiente pra saciar a sede de vingança dos guerreiros. Cegados pelo ódio, o exército passou a fio da espada homens, mulheres, crianças, animais e todas as propriedades dos benjamitas, sobrando apenas 600 homens que fugiram para o deserto. O que era uma peleja militar rapidamente tomou-se num genocídio.

 

 

III. CONSEQUÊNCIAS DO GENOCÍDIO (Jz 21.1-25)
Após quase dizimarem uma de suas tribos, os israelitas questionam e culpam a Deus por ter aberto uma brecha entre eles (Jz 21.3,15). Em seu conselho, não consultaram a Deus, mas disseram: “Isto é o que faremos” (Jz 20.9). Após o massacre, não se arrependeram de seus excessos na guerra. Ao contrário, suas decisões levaram a novas atrocidades.

 

1. O problema dos juramentos (Jz 21.1)
Ora, haviam jurado os homens de Israel em Mispa, dizendo: Nenhum de nós dará sua filha por mulher aos benjamitas.
Mais uma vez, como no caso de Jefté, juramentos inconsequentes colocavam Israel diante de grandes dilemas. Tendo perdido a referência do caráter de Deus e igualado o seu padrão moral ao dos povos cananeus, as soluções que encontraram para esses dilemas foram as piores possíveis. Suas mentes estavam cauterizadas; já não discerniam entre o certo e o errado (1Tm 4.2).

 

2. Soluções mais problemáticas (Jz 21.23)
Assim fizeram os filhos de Benjamim e levaram mulheres conforme o número deles, das que arrebataram das rodas que dançavam: e foram-se, voltaram à sua herança, reedificaram as cidades e habitaram nelas.
A hipocrisia é clara: após supostamente vingar a morte horrenda de uma mulher violentada massacrando todas as mulheres de uma tribo, a solução para o impasse de seus dois juramentos precipitados foi cometer mais assassinatos, dizimar mais uma cidade (e mais mulheres), raptar moças virgens de duas cidades, e tudo isso entre o seu próprio povo.

 

3. Transição dos Juízes para o reinado (Jz 21.25)
Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto.
O livro de Juízes expõe a espiral descendente de degradação moral que trilhou Israel desde a morte de Josué. Isso prepara o caminho para a transição do governo dos Juízes para o período dos reis e para importantes reformas, principalmente durante o reinado de Davi, que restaurou a adoração em Jerusalém e preparou o cenário para a construção do templo no reinado de Salomão.
Rute, próximo livro a ser estudado é uma continuação lógica de Juízes, que conta a história dos avós do futuro rei Davi, mostrando que ainda nesse período, Deus providenciara o resgate de sua nação. Ele já havia predito que Israel clamaria por um rei e estabelecido critérios para a sua escolha (Dt 17.14,15). Porém, avançando um pouco na história, vemos que após a morte de Salomão, Israel foi dividida em dois reinos, cujos reis também levaram o povo a uma espiral descendente que culminou em seu exílio na Babilônia, já durante esse declínio, os profetas, como Isaías, começaram a anunciar o Reino de Deus sobre a terra através da figura de um homem escolhido por Deus, que quebraria o jugo que pesava sobre a humanidade, “a vara que lhes feria os ombros e o cetro do seu opressor, como no dia dos midianitas (…) para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto” (Is 9.4-7).
Esse homem é o Messias, Jesus, ungido pelo Espírito de Deus como libertador, não só de Israel, mas de toda a humanidade (Is 61.1-3). Ele anunciou que o Reino de Deus era chegado (Mt 12.28; Lc 17.21) e nos ensinou a orar e agir diariamente para que esse Reino seja instaurado na terra (Mt 6.10).

 

APLICAÇÃO PESSOAL
As semelhanças entre Israel no tempo dos Juízes e a sociedade atual nos servem de sinal. Proclamar o Reino de Deus nessa terra através da Palavra e do exemplo é a melhor maneira de prevenir o caos total até a volta de Jesus.

 

RESPONDA

1) Qual o significado do nome Rute?

2) Para qual terra foram habitar Elimeleque com sua família por causa da fome em Belém?

3) Qual o nome da sogra de Rute?