Lição 10: Rute 1: A Emigração para Moabe e o Retorno a Belém

LIÇÃO 10: RUTE 1: A EMIGRAÇÃO PARA MOABE E O RETORNO A BELÉM

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Rute 1 há 22 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Rute 1.6-22 (5 a 7 min).

Querido(a) professor(a), esta lição está baseada no primeiro capítulo do livro de Rute, que contém muitos eventos e cujos detalhes repercutem nos demais capítulos. Por isso, faça a leitura do livro todo para ter a compreensão total da história de Rute, a protagonista do livro.
Na leitura complementar, você terá um texto sob o título “O caráter de Deus”, que poderá auxiliar na condução da sua aula e esclarecer os alunos sobre a manifestação de Noemi sobre Deus (os nomes de Shadai e Yahweh), de ser o causador do seu sofrimento e amargura.

 

OBJETIVOS
• Conhecer os personagens da história e seus dilemas;

• Situar os eventos no tempo e seus desdobramentos no decorrer da narrativa;

• Reconhecer que os personagens, pessoas comuns, são instrumentos de Deus para Seu plano maior.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Inicie a sua aula conduzindo seus alunos a fazerem uma leitura uníssona de todo o primeiro capítulo, pois a lição abrange todos os versículos.
Observe como o primeiro capítulo está repleto de informações que serão contextualizadas nos demais capítulos do livro, de modo que os alunos possam compreender no texto implícito o desenvolvimento do projeto de Deus.

 

RESPOSTAS
1) Noemi, Rute e Boaz
2) A casa do pão
3) Mara.

 

 

LEITURA ADICIONAL
O Caráter de Deus
Que espécie de Deus está presente neste pequeno livro? Obviamente, pelas referências internas do livro, ele é o Deus pactual de Israel. Com exceção do Shadai (1.20,21), o livro refere-se a ele pelo seu nome pactual, Yahweh (1.8,9,13; 2.12;3.10; 4.11,12; Êx 6.3; 20.2). Como Yahweh, Ele acabou com a fome dando pão a Israel (Rt 1.6). Era “seu Deus” [i.e., de Noemi] que Rute abraçou enfaticamente contra a vontade de Noemi (1.15,16). Foi o Deus de Israel […] sob cujas asas Rute encontrou refúgio e de quem Boaz buscou retribuição pela lealdade dela (2.12). Foi Yahweh, que os personagens invocavam para responder a oração (1.8,9;4.11,12); garantir juramentos (1.17;3.13) e conceder bênçãos (2.4,20;3.10). Foi Yahweh, seu próprio Deus, que a Noemi vazia acusou de infidelidade pactual (1.21) e cuja fidelidade em restaurá-la à plenitude, as mulheres mais tarde celebraram (4.14).
Finalmente, foi o Deus pactual de Israel, o doador da fertilidade e da prosperidade que decorreram disso (1.6; 4.11,12,13,14);[…]. Ademais como Deus pactual de Israel, Yahweh se importa com viúvas como Noemi e Rute, mulheres que a morte reduziu à quase pobreza e vulnerabilidade. […] Além disso. Deus é aquele que cuida de pessoas de todas as nações que, como Rute, chamam-no Deus deles e buscam refúgio sob suas asas (Rt 1.16; 2.12).
Por outro lado, a história presume que, embora seja o Deus pactual de Israel, Yahweh, que dirige a história dos bastidores é o governador cósmico de seu universo criado. Vê-se que isto é assumido no próprio título Shadai que Noemi invoca em sua queixa amargurada (1.20,21). O livro presume que Yahweh, como regente cósmico Shadai, supervisiona a subjacente ordem moral do mundo, dispensando recompensas e punições apropriadas, ligando consequências com suas ações humanas correspondentes. Como muitas reclamações bíblicas, o protesto de Noemi surge da indignação sobre um aparente uso injusto dessa supervisão no caso dela. […] Com o mesmo entendimento, Boaz pediu a Yahweh que recompensasse Rute (2.12; 3.10) e que tornasse inteiros os atos anteriores de Rute, dando a ela a consequência proporcional a suas ações.
Livro: Comentários do Antigo Testamento: Rute (HUB8ARD Jr.; [tradução Helen Hope Gordon Silva]. – São Paulo: Cultura Cristã, 2008).

 

Leitura Bíblica Com Todos Rute 1.6-22

 

RUTE 1: A EMIGRAÇÃO PARA MOABE E O RETORNO A BELÉM

 

Texto Áureo
“Nos dias em que julgavam os Juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos.” Rt 1.1

 

Verdade Prática
As tragédias humanas jamais podem anular os soberanos propósitos de Deus.

 

INTRODUÇÃO

 

I. O LIVRO DE RUTE Rt 1.1
1. Nome Rt 1.4
2. Autor e Data Rt 4.17
3. Drama da fome e da emigração Rt 1.1

 

II. O DRAMA DA MORTE E DA VIUVEZ Rt 13-5
1. Morte do esposo Rt 1.3
2. Casamento dos filhos Rt 1.4
3. O drama das três viúvas Rt 7.5

 

III. O RETORNO PARA BELÉM Rt 1.6-22
1. Noemi, Orfa e Rute iniciam o retomo Rt 7.6
2. A lealdade de Rute Rt 1.16
3. A chegada em Belém Rt 1.19

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

Hinos da Harpa: 141 – 193

 

INTRODUÇÃO
Rute é um pequeno livro, absolutamente encantador. Além disso, é um livro essencialmente humano que traz histórias com características de realidades da vida com que facilmente o leitor se identifica. Nele veremos a providência de Deus guiando pessoas comuns e improváveis em direção a um plano glorioso e eterno.
No primeiro capítulo, o escritor relata com poucas palavras a história de uma família que foi para Moabe. Lá, o pai da família morreu, os filhos que casaram com moabitas também faleceram. Noemi, ao ouvir que havia alimento na sua terra, decidiu, juntamente com suas noras, voltar para Belém de Judá.

 

I. O LIVRO DE RUTE (Rt 1.1)
1. Nome (Rt 1.4)
Os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.
Rute significa “companheira”. O livro leva seu nome e, nele, é mencionada doze vezes e uma vez em Mateus 1.5. Ela é uma das mulheres mais importantes da Bíblia.

 

2. Autor e Data (Rt 4.17)
As vizinhas lhe deram nome, dizendo: A Noemi nasceu um filho. E lhe chamaram Obede. Este é o pai de Jessé, pai de Davi.
A autoria do livro de Rute é atribuída, por muitos estudiosos, a Samuel, por entenderem que o estilo literário e linguístico se assemelha aos livros de Juízes e Samuel, dos quais é autor. No entanto, há aqueles que datam a produção do livro no período da monarquia, pois seu autor tinha conhecimento de Davi como rei (Rt 4.17,22).
A história da família de Elimeleque deu-se no período dos Juízes, talvez nos dias de Gideão, possivelmente, na última metade do século XII a.C.

 

3. Drama da fome e da emigração (Rt 1.1)
Nos dias em que julgavam os Juízes, houve fome na terra; e um homem de Belém de Judá saiu a habitar na terra de Moabe, com sua mulher e seus dois filhos.
O livro de Rute inicia-se com a história de uma família belemita do tempo dos Juízes que, pela escassez de alimento, saiu de Belém de Judá para morar nas terras de Moabe, a uma distância de 80 Km a leste do mar Morto.
Belém era uma cidade cerca de oito quilômetros ao sul de Jerusalém. Seu nome significa “casa do pão”, nome que aponta para a incomum fertilidade daquela região para o plantio de cereais (como o esclarece o capítulo 2 do livro de Rute). Também destaca que a fome não era comum. Devia-se, em parte, às pilhagens associadas com o período caótico dos Juízes. A invasão midianita no período de Gideão, por exemplo, destruiu a lavoura e o gado.
Mudar de cidade é uma coisa dispendiosa e inquietante. Implica arrancar raízes e deixar amigos e vizinhos. Procurar uma nova casa, estabelecer uma nova vizinhança, conhecer outras pessoas. Para essa família, a emigração foi um verdadeiro “terremoto’’.

 

 

II. O DRAMA DA MORTE E A VIUVEZ (Rt 1.3-5)

1. Morte do esposo (Rt 1.3)
Morreu Elimeleque, marido de Noemi; e ficou ela com seus dois filhos
A morte, em certo sentido, é um dos acontecimentos mais naturais da vida. Todos os homens são mortais e têm um tempo de permanência limitado aqui na terra. A morte, inexoravelmente, lembra o homem de sua fragilidade e limitação e faz parte da vida do homem desde a Queda.
Todavia, a morte de uma pessoa jovem tem um tom de tragédia. Para Malom e Quiliom, certamente, e também para Elimeleque, a morte chegou cedo na vida, e Noemi ficou desamparada de seu marido e seus dois filhos muito cedo.

 

2. Casamento dos filhos (Rt 1.4)
Os quais casaram com mulheres moabitas; era o nome de uma Orfa, e o nome da outra, Rute; e ficaram ali quase dez anos.
Uma luz de esperança brilha para Noemi, o casamento de seus filhos Malom e Quiliom com mulheres moabitas, Orfa e Rute. Os casamentos, nos tempos bíblicos, eram especialmente muito festivos para os pais e noivos. Dentre outras razões, uma é especial para os pais: era a possibilidade de o casal ter filhos homens, e assim, dar continuidade à linhagem familiar, garantindo a manutenção das suas famílias e propriedades. Não havia tragédia maior para uma família do que ter o seu nome extinto por não ter um herdeiro.
Todavia, a sequência dos fatos mostra novos eventos trágicos que põem fim às esperanças de Noemi: seus dois filhos morrem sem gerar descendentes.
Sobre a menção do tempo, “ficaram ali quase dez anos”, o entendimento para muitos estudiosos é que tais anos abrangem o tempo de permanência da família em Moabe.

 

3. O drama das três viúvas (Rt 1.5)
Morreram também ambos, Malom e Quiliom, ficando, assim, a mulher desamparada de seus dois filhos e de seu marido.

Agora, a família de Elimeleque está sem a segunda e a terceira gerações. Diante de uma tragédia assim, não há palavras de consolo.
Vale observar que já a partir do verso 3, o escritor muda a forma de referir-se aos homens da família: Elimeleque, agora passa a ser referido como o esposo de Noemi. Naquele tempo, esse era um modo incomum de se referir a um homem e sua mulher; e mais, quanto aos filhos, até então a expressão “filhos dele”, agora é “filhos dela”. Tais mudanças de tratamento indicam a transferência da responsabilidade do pai, agora morto, para a mãe, viúva A partir de então, o foco passa a ser Noemi e Rute, não mais Elimeleque. À semelhança de tantas bravas mulheres que, sozinhas, por serem viúvas ou “viúvas de maridos vivos”, precisam assumir, ajudadas por Deus, a excepcional responsabilidade de liderança e provisão do lar.

 

 

III. O RETORNO PARA BELÉM (Rt 1.6-22)
Noemi não tem mais motivos para ficar em Moabe, e ela diz às suas noras que está voltando para casa. Ela sabe que a vida de uma viúva e estrangeira em Israel é muito difícil; e então, compele suas noras a ficarem. Orfa concorda; Rute, não. O capítulo termina com Noemi propondo mudar o seu nome para Mara, que significa amargura, representando melhor o seu destino trágico.

 

1. Noemi, Orfa e Rute iniciam o retorno (Rt 1.6)
Então, se dispôs ela com as suas noras e voltou da terra de Moabe, porquanto, nesta, ouviu que o Senhor se lembrara do seu povo, dando lhe pão.
Enfim, Noemi ouviu a boa notícia de que o Senhor se lembrara do Seu povo, dando-lhe pão. Depois das mortes e da pré-condição de extinção da família, Noemi, ao ouvir essa notícia, inicia-se um novo período para redirecionar a sua vida.
Observe o movimento dela nos textos a seguir; “Então se dispôs ela…voltou da terra de Moabe” (Rt 1.6,7). Agora, ela tem o domínio da decisão e faz o caminho de volta para Belém, “a casa do pão”.
Por sua atitude, Noemi mostra que sua fé em Deus se mantivera viva para seguir em frente, e então, lidera o êxodo do lugar onde estivera, e suas noras a seguiram.
As três mulheres seguem estrada afora, quando inesperadamente, Noemi suplica às suas noras: “Ide, voltai cada uma à casa de sua mãe”. Pode-se inferir que, enquanto caminhava, Noemi refletia sobre o futuro de suas noras e não desejava que elas se sacrificassem por causa dela. Em Belém, ela não poderia garantir que elas tivessem um lar; mas em Moabe, na casa dos pais, elas teriam maior probabilidade até de se casarem novamente.
Noemi deseja a bênção do Senhor sobre elas, e disse: “Que o Senhor use convosco de benevolência”. E ainda, pede que o “Senhor lhes dê que sejais felizes, cada uma em casa de seu marido”; isto é, que o Senhor as guiasse a novos casamentos, para seguirem suas vidas felizes e em segurança. Assim, Noemi coloca suas noras nas mãos de Deus e despede, beijando Orfa e Rute; e choraram em alta voz.
Dada a intensa emoção, pode-se intuir que as três mulheres choraram, como em uma lamentação de luto. Pelas circunstâncias, talvez elas nunca mais iriam se ver novamente. Todavia, Orfa e Rute, declararam lealdade à sogra quando disseram que pretendiam voltar com ela para o seu povo, e esperavam que Noemi aceitasse a decisão delas. Assim acontece a primeira conversa entre as mulheres, no caminho de retorno.

 

2. A lealdade de Rute (Rt 1.16)
Disse, porém, Rute: Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te; porque, aonde quer que fores, irei eu e, onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus.
Noemi tenta novamente convencer Rute e Orfa a voltarem para Moabe. Com um forte argumento: “Sou velha demais para ter marido. Ainda quando eu dissesse: tenho esperança ou ainda que esta noite tivesse marido e houvesse filhos, esperá-los-eis até que viessem a ser grandes? Abster-vos-íeis de tomardes marido?” E prossegue: “Não, filhas minhas! Porque, por vossa causa. a mim me amarga o ter o Senhor descarregado contra mim a sua mão.” (1.13). Novamente as mulheres choram em voz alta. mas desta vez, “Orfa, com um beijo se despediu de sua sogra” c “voltou ao seu povo e aos seus deuses”; foi para casa de sua mãe. Diferentemente, Rute se apegou à sua sogra, decidida a ficar junto dela, numa manifestação de profundo vínculo emocional e de lealdade.
Rute fala pela primeira vez na história, fazendo declarações lapidares de amor, companheirismo e fidelidade à sua sogra Para ela voltar era abandonar Noemi e deixá-la mais vulnerável ainda Então, afirma que iria seguir e viver com ela: que estava disposta a renunciar à sua terra natal e aos seus deuses e identificar-se com o povo e o Deus dela; que permaneceria pelo resto da vida com ela e que até mesmo seria sepultada na mesma sepultura E finaliza com seu compromisso resoluto, em nome do Deus de Israel: “Onde quer que morreres, morrerei eu e aí serei sepultada; faça-me o SENHOR o que bem lhe aprouver, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti” (1.17). A partir daquele ponto, ambas seguiram caminho para Belém de Judá.

 

3. A chegada em Belém (Rt 1.19)
Então, ambas se foram, até que chegaram a Belém; sucedeu que, ao chegarem ali, toda a cidade se comoveu por causa delas, e as mulheres diziam: Não é esta Noemi?
Os detalhes da viagem não são contados. Todavia, ao chegarem ali, à porta da cidade, Noemi e Rute entraram em Belém e, juntas, iniciavam uma nova fase de vida. Elas são recebidas pela cidade, que se comoveu ao ver Noemi abatida física e emocionalmente, sem o marido e filhos.
As mulheres que a recebiam com entusiasmo também lhe trouxeram muitas recordações, inclusive do significado do seu nome – “agradável ou bela”. As lembranças de um passado feliz eram incompatíveis com a vida, no presente. Tudo isso contribuiu para uma reação abrupta de Noemi “Não me chameis Noemi” (agradável); um nome que não combinava com o que ela sentia.
Noemi queria mesmo era ter um nome que refletisse sua profunda dor emocional e exigiu que a chamassem de Mara, que significa amarga. Ela compara a sua condição do passado com o presente, dizendo; “Ditosa eu parti, porém o Senhor me fez voltar pobre”.
Para demarcar o tempo em que a volta de Noemi ocorreu, o escritor menciona a colheita da cevada. Lembre-se que este primeiro capítulo começa dizendo que houve uma fome na terra (v.1) e termina com o registro da abundância trazida pelo começo da sega da cevada. “Assim, voltou Noemi da terra de Moabe, com Rute, sua nora, a moabita; e chegaram a Belém no princípio da sega da cevada” (Rt 1.22).

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Fé é a confiança de que Deus é fiel em todas as circunstâncias. Só Ele pode transformar os nossos infortúnios em bênçãos, segundo o Seu eterno propósito.

 

 

RESPONDA
1) Quais são as três personagens principais no livro de Rute?

2) Qual o significado do termo “Belém’?

3) Como Noemi queria ser chamada, quando de seu retomo a Belém?