Lição 12: Lucas 23: Julgamento, Morte e Sepultamento de Jesus

LIÇÃO 12: LUCAS 23: JULGAMENTO, MORTE E SEPULTAMENTO DE JESUS

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Lucas 23 há 56 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Lucas 23.44-55 (5 a 7 min.).

O processo fraudulento que levou Jesus à condenação mostra que as autoridades ficaram desconcertadas diante daquele que denunciou abusos religiosos, curou doentes e pagou os devidos impostos. Lucas faz questão de mencionar as pessoas com quem Jesus encontrou enquanto seguia para o Calvário, pois foram testemunhas de tudo. Enquanto o Senhor agonizava, “o povo estava ali e a tudo observava” (Lc 23.35). Professor (a), mostre aos irmãos que muitos homens foram crucificados por Roma, mas somente Jesus entregou seu espírito por obediência a Deus a fim de nos salvar.
Se alguém duvida disso, é bom saber que até um centurião romano deu glória a Deus pela santidade do Cordeiro (Lc 23.47).

 

OBJETIVOS
• Declarar que a salvação nos foi concedida pela graça.

• Declarar que o sacrifício de Jesus foi completo e santo.

• Declarar que a salvação não é mérito de obras humanas.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Todos podem ficar sentados, mas precisam obedecer ao comando “Deus mandou”. A seguir, você improvisa: “Deus mandou abrir a Bíblia”; “Deus mandou ficar de pé”. Solte os comandos cada vez mais rápido e, quando já estiverem envolvidos, passe a dar ordens sem repetir o “Deus mandou”. Todos vão continuar fazendo o que não foi ordenado por Deus. Jesus obedeceu e por isso fomos salvos por Ele. Cuidado para não repetirmos o que todos fazem ao redor e para não sermos enganados por nossas próprias escolhas.

 

RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
1) V
2) F
3) V

 

LEITURA ADICIONAL
Jesus teve de carregar sua cruz pessoalmente. Não se sabe o que levou os soldados romanos a forçarem Simão de Cirene a prestar esse serviço.
A Escritura não diz que o Senhor teria sucumbido debaixo desse peso, e tampouco informa que Simão teria manifesto sua simpatia por Jesus.
Na grande multidão que acompanhava Jesus até o local de execução, onde soldados romanos, comandados por um centurião, cumpririam a sentença, havia também numerosas mulheres que pranteavam o Senhor em alta voz. O episódio aqui mencionado faz parte do material exclusivo de Lucas. Neste local foi intercalado um belo aspecto de genuína humanidade. O Evangelho segundo Lucas, que é o que mais se refere às mulheres que estavam em contato com Jesus, narra aqui que o Senhor condenado à morte na cruz ainda tinha uma palavra de compaixão pelas filhas de Jerusalém.
As manifestações de comiseração feminina e humana das filhas de Jerusalém evidenciam claramente que os membros do Sinédrio e a multidão incitada, que expressavam com veemência a crucificação de Jesus, não deixaram que o verdadeiro sentimento do povo tivesse voz. Jesus viu que a compaixão das mulheres não se referia na mesma medida aos dois outros condenados, mas somente a ele. Por essa razão o Senhor não diz “Não choreis por nós”, mas: “Não choreis por mim!”. A terrível equiparação dos três condenados aconteceu somente por meio da ação dos carrascos. Jesus dirige o olhar delas de si mesmo para o futuro delas por meio da comovente palavra: “Chorai por vós mesmas e por vossos filhos!”. Com certeza trata-se de uma alusão à imprecação dos judeus (Mt 27.25), cujo cumprimento também haveria de atingir os filhos dessas mulheres.
Livro: Evangelho de Lucas: Comentário Esperança (Fritz Rienecker; Curitiba PR: Editora Evangélica Esperança. 2005. Pág, 297).

 

Estudada em 17  de dezembro de 2023

 

LIÇÃO 12: LUCAS 23: JULGAMENTO, MORTE E SEPULTAMENTO DE JESUS

 

Texto Áureo
“O povo estava ali e a tudo observava. Também as autoridades zombavam e diziam: Salvou os outros; a si mesmo se salve, se é, de fato, o Cristo de Deus, o escolhido.” Lucas 23:35

 

Verdade Prática
Por amor, Jesus sofreu morte cruel para que tivéssemos vida abundante.

 

Leitura Bíblica Para Estudo Lucas 23.44-55

 

INTRODUÇÃO

I. O FILHO DO HOMEM NOS TRIBUNAIS Lc 23.1-25
1. O tribunal de Pilatos Lc 23.1-7
2. O tribunal de Herodes Lc 23.8-12
3. A tentativa romana Lc 23.13-25


II. O FILHO DO HOMEM NA CRUZ Lc 23.26-43

1. O choro das filhas de Jerusalém Lc 23.26-32
2. A crucificação Lc 23.33-38
3. Os dois malfeitores Lc 23 39-43


III. O FILHO DO HOMEM NOS SALVOU Lc 23.44-56

1. Nas tuas mãos entrego o meu Espirito! Lc 23.44-46
2. Este homem era justo Lc 23. 47-49
3. O sepultamento de Jesus Lc 23.50-56


APLICAÇÃO PESSOAL


Hinos da Harpa: 291 – 39

 

INTRODUÇÃO
Em todo esse capítulo, Lucas enfatizará a fidelidade amorosa de Jesus, o justo que sofreu inocentemente; aquele que encarnou a misericórdia de Deus entre os pecadores e que nos amou até o Seu último suspiro.

I. O FILHO DO HOMEM NOS TRIBUNAIS (Lc 23.1-25)
Na época de Jesus, a região da Judeia estava sob domínio da autoridade romana, a quem cabia o poder de decretar culpa ou inocência; vida ou morte.

1. O tribunal de Pilatos (Lc 23.1-7)
Levantando-se toda a assembleia, levaram Jesus a Pilatos. (23.1)
Agora, a acusação religiosa contra o Senhor transformou-se em acusação política, pois o Filho do Homem estava perante Pilatos. O Sinédrio informa a Pilatos que Jesus desafiou a soberania de César em pelo menos três coisas: (1) estava pervertendo a nossa nação; (2) estava proibindo o pagamento de tributo a César; (3) estava dizendo ser o Cristo, o Rei. É provável que a segunda acusação tenha derivado do mau entendimento do que Jesus dissera a respeito de dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (20.25).
Wiersbe nos fornece a seguinte informação; “Os oficiais romanos normalmente começavam a trabalhar cedo, mas é provável que, naquela manhã, Pilatos tenha ficado surpreso ao descobrir que haviam colocado em suas mãos um caso de pena de morte, questão a ser resolvida justamente durante a Páscoa.” A respeito da realeza de Jesus, sabemos que Pilatos o interrogou em particular e que estava convencido de que o acusado não cometera crime algum.
Fica claro que Pilatos não foi persuadido pelo Sinédrio, mas recua da intenção de absolver Jesus, pois não queria provocar a ira dos judeus pela absolvição de Jesus. Para esquivar-se, ele afirma que Jesus é galileu e, por isso, estava sujeito à jurisdição de Herodes, que, por ser ocasião da Páscoa, estava em Jerusalém.

 

2. O tribunal de Herodes (Lc 23.8-12)
Herodes, vendo a Jesus, sobremaneira se alegrou, pois havia muito queria vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; esperava também vê-lo fazer algum sinal. (23.8)

Herodes tinha esperado encontrar-se com Jesus desde os dias de seu ministério na Galileia (Lc 9.9), e, quando viu o Senhor, alegrou-se muito, não somente porque tinha ouvido falar a respeito Dele muitas coisas, mas esperava que Jesus lhe revelasse sua identidade messiânica através de um sinal. Contudo, Jesus nada lhe respondia. Essa recusa em cooperar sem dúvida encheu Herodes de frustração e ira. Além disso, o ato de Pilatos era cortesia política que viria a reaproximá-los. Esse detalhe fez com que Herodes, por subserviência a Pilatos, também não queira sentenciar Jesus (v. 12). Entretanto, apesar da expectativa das autoridades judaicas, Herodes não pronuncia um veredito de culpa, limitando-se a participar da violência e das zombarias que seus soldados praticaram contra Jesus. Assim, dois governadores da Palestina, Pilatos, da Judeia, e Herodes, da Galileia, por mais que não mostrassem simpatia por Jesus, consideram-no inocente.


3. A tentativa romana (Lc 23.13-25)

Então, pela terceira vez, lhes perguntou: Que mal fez este? De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte; portanto, depois de o castigar, soltá-lo-ei. (23.22)

Herodes devolveu Jesus a Pilatos sem tomar uma decisão judicial formal, o que fez o governador retomar o processo. Lucas menciona os momentos principais desse inquérito e, de sua síntese, descobre-se nitidamente que Jesus foi condenado à morte sendo totalmente inocente. O que Pilatos realizara até aquele instante fora positivo sob três aspectos: a) ele empreendeu uma investigação minuciosa; b) declarou solenemente a inocência de Jesus; c) prosseguiu num trâmite lícito em busca de mais informações. Vemos que, por três vezes, Pilatos tentou comunicar a inocência do Senhor aos superiores judeus, mas com a obstinada rejeição de suas propostas.
Por último, Pilatos oferece ao povo a soltura de Jesus, considerando o costume da festa da Páscoa Mas a multidão gritou; “Solta-nos Barrabás!”. Com isso, ficaram frustradas todas as tentativas de libertar Jesus levadas a efeito por Pilatos.

 

 

II. O FILHO DO HOMEM NA CRUZ (Lc 23.26-43)
O relato da crucificação consiste em três partes: (1) a caminhada até o local da crucificação (vv. 26-31), (2) a crucificação (vv. 33-38) e (3) a história dos dois criminosos crucificados (vv. 39-43).

1. O choro das filhas de Jerusalém (Lc 23.26-32)

Porém Jesus, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos! (23.28)
A caminho do Calvário, personagens importantes surgem em cena, a exemplo de Simão, o Cireneu, que foi forçado a carregar a cruz de Cristo (Lc 23.26). Lucas também confere destaque a piedosas mulheres que, muito emocionadas, acompanhavam a sofrida caminhada de Jesus.
William Hendriksen nos informa que “naquela grande multidão que seguia após Jesus havia mulheres que sentiam profunda dor pelo Mestre. Talvez fossem membros de uma sociedade caritativa feminina de Jerusalém. Enquanto Jesus prosseguia com grande dificuldade, elas, observando sua fisionomia desfigurada pela dor, seu aspecto totalmente esgotado, pranteavam. O coração delas estava tomado de genuína compaixão. Aliás, batiam no próprio peito e o lamentavam.’’ As palavras de Jesus soam como um peso aos ouvidos destas mulheres, pois o Filho do Homem descreve a elas parte do horror que sobrevirá aos habitantes de Jerusalém. Os dias seriam tão maus que, dentre as mulheres, as estéreis seriam bem-aventuradas, pois não teriam outras bocas para alimentar durante a fome que desgraçaria a cidade sitiada; tais mulheres seriam poupadas da tristeza de ver seus filhos morrerem na destruição da cidade, Seria uma experiência tão pavorosa que as pessoas pediriam a morte, para dar um ponto-final ao seu sofrimento; seria o cumprimento das palavras profetizadas em Oseias 10.8. A palavra final de Jesus é proverbial e provavelmente significa que, se Deus permite tão grande desastre como a morte do seu Filho inocente, quanto mais severo será o desastre sobre a Jerusalém cheia de culpa?

 

2. A crucificação (Lc 23.33-38)
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, ali o crucificaram, bem como aos malfeitores, um à direita, outro à esquerda. (23.33)
Levaram Jesus para um lugar chamado Caveira e ali o crucificaram, juntamente com dois criminosos. Lucas omite muitas das minúcias relatadas por Marcos: a) o nome aramaico Gólgota; b) o vinho misturado com mirra; c) a hora; d) as pessoas que balançavam a cabeça; e) e o desafio a respeito de Jesus destruir o templo e reconstruí-lo.

As autoridades do povo judeu e até os soldados romanos zombavam de Jesus, todos o ridicularizavam dizendo que, se verdadeiramente fosse o Messias e o Rei dos Judeus, que salvasse a si próprio. Finalmente a oposição assassina obteve sucesso em seu plano de dar um fim em Jesus (Lc 19.47-48). Puseram a inscrição “Este é o Rei dos Judeus” no alto da cruz, como insulto final. Apesar da crueldade das circunstâncias, essa inscrição, lavrada com nítida intenção jocosa, acabou por anunciar, publicamente, a preciosa e profunda verdade da identidade messiânica de Jesus.

 

3. Os dois malfeitores (Lc23.39-43)
Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. (23.39)
De acordo com Marcos 15.32, os criminosos que foram crucificados com Jesus também o ridicularizaram, porém, a versão de Lucas é singular pelo fato de apresentar a conversa entre Jesus e um dos criminosos. Mediante essa cena, ficamos sabendo que, em determinado momento, um dos criminosos repreendeu o outro pelo fato de este aderir aos insultos a Jesus.
Em seguida, o arrependido assume e confessa sua culpa, pois passou a reconhecer Jesus como Seu Salvador. Ao contrário de todos que haviam condenado o Senhor a morrer como um criminoso, ele atestou a total inocência do crucificado. Quando todas as vozes se juntavam contra Jesus, a declaração amena de que Ele era inocente, especialmente porque vinda da boca de um malfeitor, deve suscitar nossa admiração.
Jesus, que na cruz perseverou calado diante de todos os escárnios, não deixou o pedido do criminoso sem resposta.
Diante da admirável fé revelada, Cristo garantiu-lhe o gozo da sua gloriosa presença naquele mesmo dia, no Paraíso. Como se vê, a salvação é pela graça, por meio da fé em Jesus. Logo, não tem nada a ver com nossas obras e méritos (Ef 2.8).

 

 

III. O FILHO DO HOMEM NOS SALVOU (Lc 23.44-56)

1. Nas tuas mãos entrego meu espírito (Lc 23.44-46)
Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito! E, dito isto, expirou. (23.46)
Há quatro diferenças dignas de nota entre a narrativa de Lucas e, por exemplo, a de Marcos; (1) Em Marcos, o véu do templo se rasga depois da morte de Jesus, mas em Lucas ele se rasga antes de sua morte; (2) Lucas omite o clamor de Jesus, que se vê abandonado, conforme Marcos; (3) Lucas 23.46 faz alusão a Salmos 31.5 e Marcos, não; (4) Finalmente, a exclamação do soldado romano logo após a morte de Jesus é diferente.
A frase “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” é profundamente significativa, pois indica que o Salvador morreu, o único tipo de morte que podia satisfazer a justiça de Deus para salvação dos homens. Tinha de ser um sacrifício voluntário e o próprio fato de Jesus pronunciar estas palavras em alta voz também revela que Ele dera sua vida de bom grado e voluntariamente.

 

2. Este homem era justo (Lc 23.47-49)
Vendo o centurião o que tinha acontecido, deu glória a Deus, dizendo: Verdadeiramente, este homem era justo. (23.47)
A singularidade de Jesus na crucificação foi tão impactante que até mesmo um soldado romano, que não compartilhava a fé judaica, reconheceu a justiça do Senhor. Quanto ao povo em geral, houve uma mistura de surpresa e temor que os levou a bater no peito em sinal de pesar e, possivelmente, arrependimento.
Por fim, quanto àqueles que conheciam e seguiam Jesus, incluindo mulheres, permaneceram ali, testemunhando o sofrimento e a morte de seu Mestre.
Embora em angústia e tristeza, sua presença demonstra lealdade exemplar. A vida cristã vitoriosa consiste em seguir Jesus sob quaisquer circunstâncias (Hb 12,2).

 

3. O sepultamento de Jesus (Lc 23.50-56)
e, tirando-o do madeiro, envolveu-o num lenço de linho, e o depositou num túmulo aberto em rocha, onde ainda ninguém havia sido sepultado. (23.53)
Segue-se o relato de Lucas sobre o sepultamento de Jesus, que foi feito de forma abreviada por José de Arimateia, homem descrito como bom e justo e que, à semelhança de Simeão. esperava o reino de Deus. Ao descrevê-lo dessa maneira, o evangelista está querendo dizer que José teve simpatia pela pregação anterior de João Batista para o arrependimento e pela proclamação posterior de Jesus para o reino. Esse homem era membro do Sinédrio, mas não tinha consentido no julgamento de Cristo e, tendo obtido o consentimento de Pilatos para retirar da cruz o corpo do Senhor, deu-lhe uma sepultura adequada Diferentemente da maioria dos crucificados, cujos cadáveres eram atirados numa cova comum, Jesus foi colocado num sepulcro cavado em uma rocha, onde ninguém ainda havia sido sepultado. Embora houvesse sofrido morte vergonhosa, seu sepultamento foi assemelhado ao de um Rei.

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Todos os dias nossa vida deve ser um sinal de que o sacrifício de Jesus nos libertou da condenação.

 

Marque “V” para a opção verdadeira e “F” para opção falsa:

1) Fica claro que Pilatos não foi persuadido peto Sinédrio, mas recua da intenção de absolver Jesus, pois não queria provocar a ira dos judeus pela absolvição de Jesus. ( )

2) A caminho do Calvário, personagens importantes surgem em cena, a exemplo de Simão Pedro, o Cireneu, que foi forçado a carregar a cruz de Cristo. ( )


3) A singularidade de Jesus na crucificação foi tão impactante que até mesmo um soldado romano, que não compartilhava a fé judaica, reconheceu a justiça do Senhor. ( )

 

COMENTÁRIOS:

JULGAMENTO DE JESUS
O julgamento de Jesus foi, na verdade, uma série de depoimentos cuidadosamente forjados para condená-lo à morte. O veredicto foi premeditado, mas alguns procedimentos legais foram observados. Muito esforço foi feito para condenar e crucificar um homem inocente. Jesus passou por um tribunal injusto em nosso lugar, para que não tivéssemos de enfrentar um julgamento justo e receber o castigo merecido por nossos pecados.

23.1 – Pilatos era o governador romano da Judéia, região onde Jerusalém estava localizada. Esse homem parecia sentir um prazer especial por hostilizar os judeus. Um exemplo disso foi a atitude de Pilatos de tomar dinheiro do tesouro do Templo e usá-lo para construir um aqueduto na cidade. Ele também insultou a religião judaica, introduzindo imagens imperiais em Jerusalém. Como Pilatos bem sabia, tais afrontas poderiam causar uma revolta. Se o povo judeu fizesse uma reclamação formal contra a administração dele, Roma poderia tirá-lo de seu posto. Pilatos já se sentia inseguro em sua posição quando os líderes judaicos levaram Jesus a ele para ser julgado.

Pilatos continuaria a aborrecer os judeus, arriscando o seu futuro político, ou cederia às exigências dos lideres religiosos e condenaria um homem, mesmo sabendo que este era inocente? Esta era a questão que o governante romano enfrentou em uma manhã de sexta-feira durante a primavera, há dois mil anos.

23.7 – Herodes Antipas (o que mandou matar João Batista) estava em Jerusalém naquele final de semana para a celebração da Páscoa. Pilatos esperava passar para Herodes o julgamento de Jesus, porque sabia que ele tinha vivido e trabalhado na Galileia. Mas Herodes não ajudou muito. Estava curioso a respeito de Jesus, mas, no final, desprezou-o. Quando Herodes devolveu Jesus a Pilatos, o seu veredicto foi “inocente’. Herodes, em parte judeu, era um governante da Galileia e Pereia. Pilatos era o governador romano da Judéia e de Samaria. Aquelas quatro províncias, juntamente com várias outras, haviam sido unidas sob o governo de Herodes, o Grande. Mas quando este morreu em 4 a.C., o reino foi dividido entre seus filhos. Arquelau, o filho que recebeu a Judéia e Samaria, foi destituído de seu ofício em dez anos, e as províncias passaram a ser administradas por vários governadores romanos, dos quais Pilatos foi o quinto.
Herodes Antipas tinha duas vantagens sobre Pilatos: vinha de uma monarquia hereditária e manteve sua posição por muito mais tempo. Mas Pilatos era um cidadão romano e fora enviado pelo imperador: seu cargo foi criado para substituir o ineficaz meio irmão de Herodes. Não é surpresa que os dois governadores não estivessem em paz. O julgamento de Jesus, porém, uniu-os. Por Pilatos ter reconhecido a autoridade de Herodes sobre a Galileia, este deixou de sentir se ameaçado pelo político romano. Por nenhum dos dois homens saberem exatamente o que fazer naquela situação difícil do julgamento de Jesus, o problema comum os uniu.

23.13-25 – Pilatos queria soltar Jesus, mas a multidão exigia ruidosamente a morte dEle; então Pilatos o condenou à cruz. Sem dúvida. Pilatos não quis arriscar perder seu cargo, uma vez que seu prestígio ficaria abalado, por permitir que uma revolta acontecesse em sua província. Como um político de carreira, Pilatos sabia da importância de fazer concessões, e certamente considerou Jesus mais como uma ameaça política do que como um ser humano com direitos e dignidade. Quando os riscos são altos, é difícil defender o que é direito e é fácil ver nossos oponentes como problemas a serem resolvidos, não como pessoas a serem respeitadas. Se Pilatos tivesse sido um homem verdadeiramente corajoso, teria libertado Jesus a despeito das consequências. Mas a multidão bramou, e Pilatos se curvou.
Assemelhamo-nos a Pilatos quando sabemos o que é certo, mas decidimos não fazê-lo. Quando você tiver uma decisão difícil para tomar, não queira diminuir o efeito da pressão das pessoas que estão à sua volta. Perceba antecipadamente que a decisão certa pode ter consequências desagradáveis: rejeição social, derrocada em sua carreira, ridicularização pública. Então, lembre-se de Pilatos e tome a decisão de posicionar-se ao lado do que é certo, a despeito daquilo que as outras pessoas o pressionem a fazer.

23.15 – Jesus foi julgado seis vezes, foi submetido às autoridades judaicas e às romanas, mas nunca foi condenado por crime algum: não deveria ser sentenciado à pena de morte. Embora sua execução fosse decretada, Ele não foi condenado por contravenção alguma. Até hoje, ninguém é capaz de encontrar culpa em Jesus. Mas, exatamente como Pilatos, Herodes e os líderes religiosos, ainda existem aqueles que se recusam a reconhecer Jesus como seu Senhor e Salvador.

23.18.19 Barrabás fez parte do uma rebelião contra o governo romano (Mc 15.7). Como um rebelde político, sem dúvida foi um herói para alguns judeus. É irônico que Barrabás tenha sido solto, embora fosse, de fato, o culpado pelo crime do qual Jesus fora acusado (23.14).

23.18.19 Quem era Barrabás? Os judeus do sexo masculino tinham sobrenomes que os relacionavam a seus pais. Simão Pedro, por exemplo, foi chamado de Simão, filho de João (Mt 16.17). Barrabás nunca foi identificado pelo nome de batismo, o qual não é de grande relevância; ele era reconhecido como “Barrabás”, que significa “filho de aba”, ou seja, “filho do papai’. Ele podia ser filho de qualquer homem sem importância histórica: este é exatamente o ponto. Barrabás, filho de um pai não mencionado, cometeu um crime. Por Jesus ter morrido no lugar dele, Barrabás foi libertado. Nós também somos pecadores e criminosos, porque infringimos a santa lei de Deus. Assim como Barrabás, merecemos morrer. Mas Jesus morreu em nosso lugar, para nos absolver de nossos pecados, e fomos libertados. Não temos que ser pessoas muito ilustres para aceitar a nossa liberdade em Cristo. De fato, graças a Jesus, Deus adota a todos nós como filhos e filhas e nos dá o direito de chamá-lo de nosso Pai querido (ver Gl 4.4-6).

23.22 – Quando Pilatos disse que mandaria açoitar Jesus, referiu-se a um castigo que poderia tê-lo matado. O procedimento habitual era despir a parte superior do corpo da vitima e amarrar suas mãos em um pilar, antes de açoitá-la com um chicote de três pontas. O número de açoites era determinado pela gravidade do crime; a lei judaica permitia no máximo quarenta chibatadas. Depois de ser chicoteado, Jesus suportou também outras agonias, conforme registraram Mateus e Marcos. Foi esbofeteado, golpeado com os punhos e escarnecido. Uma coroa de espinhos foi colocada em sua cabeça, foi espancado com uma vara e despido antes de ser crucificado.

23.23,24 Pilatos não queria sentenciar Jesus à morte. Concluiu que os líderes judeus eram homens invejosos que queriam livrar-se de um rival. Porém, quando ameaçaram denunciá-lo a César (Jo 19.12), Pilatos sentiu medo. Os registros históricos indicam que Pilatos já havia sido advertido pelas autoridades romanas sobre as tensões nesta região. A última coisa de que ele precisava era uma revolta em Jerusalém na época da Páscoa, quando a cidade ficava lotada com judeus de todas as partes do império. Então, Pilatos entregou Jesus àquela turba, para que ela agisse como quisesse. 23.27-29 Apenas Lucas mencionou as lágrimas das mulheres judias enquanto Jesus foi levado pelas ruas até o local de sua execução. Jesus disse a elas que não chorassem por Ele. mas por si mesmas. Ele sabia que dentro de aproximadamente 40 anos tanto Jerusalém como o Templo seriam destruídos pelos romanos.

23.31 – Esse provérbio e difícil de interpretar. Alguns creem que o seu significado seja o seguinte: Se o inocente Jesus (o madeiro verde) sofreu nas mãos dos romanos, o que aconteceria com os judeus culpados (o madeiro seco)?

23.32.33 O lugar chamado “Caveira” ou “Gólgota” era provavelmente uma colina fora de Jerusalém, ao lado de uma estrada principal. Os romanos executavam pessoas publicamente para que servissem como exemplos ao povo.

23.32.33 – Quando Tiago e Joao pediram a Jesus lugares de honra próximos a Ele em seu Reino, o Senhor lhes disse que não sabiam o que estavam pedindo (Mc 10.35-39). Como Jesus se preparava para inaugurar seu Reino por meio de sua morte, os lugares à sua direita e à sua esquerda foram ocupados pelos homens que morreriam a seu lado: dois malfeitores. Como Jesus explicou aos dois discípulos preocupados com suas posições, quem deseja estar perto dEle deve estar preparado para sofrer e morrer. O caminho para o Reino é o caminho da cruz.

23.34 Jesus pediu ao Pai que perdoasse as pessoas que participaram de seu assassinato: os lideres judeus, os políticos e os soldados romanos, os espectadores; e Deus respondeu àquela oração abrindo o caminho da salvação até para os assassinos de Jesus. O oficial que, com os soldados romanos, testemunhou a crucificação, disse: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus!” (Mt 27.54). Logo, muitos sacerdotes se converteriam a fé cristã (At 6.7). Por sermos pecadores, todos nós tivemos, de algum modo, uma participação na morte de Jesus. A boa nova é que Deus é misericordioso e concede a sua graça a todos. Ele quer nos perdoar e nos dar uma nova vida por intermédio de seu Filho.

23.34 – Os soldados romanos costumavam repartir entre si as roupas dos criminosos executados. Ao lançarem sortes sobre as roupas de Jesus, cumpriram a profecia em Salmos 22.18.

23.38 Esse título tinha a intenção de ser irônico. Um rei. despido e publicamente executado, havia obviamente perdido o seu reino para sempre. Mas Jesus, que transtorna a sabedoria do mundo, estava apenas inaugurando seu Reino. Sua morte e ressurreição dariam um golpe mortal no governo de Satanás e estabeleceriam a autoridade eterna de Cristo sobre a terra. Ao ler a frase “Este é o Rei dos judeus”, naquela triste tarde, provavelmente poucas pessoas entenderam o verdadeiro significado, mas o conteúdo era absolutamente verdadeiro. Nada estava perdido. Jesus é o Rei dos judeus, dos gentios e de todo o universo.

23.39-43 – Aquele ladrão estava prestes a morrer, mas voltou-se a Cristo em busca do perdão, e Ele o aceitou. Isto demonstra que as nossas obras não nos salvam: e sim a nossa fé em Cristo. Nunca é tarde demais para nos voltarmos a Deus. Mesmo em meio à sua aflição, Jesus teve misericórdia daquele criminoso que decidiu crer nEle. Nossa vida será muito mais útil e feliz se nos voltarmos rapidamente a Deus. Mesmo aquele que se arrepender no último momento de sua vida estará com o Senhor no paraíso!

23.42,43 – O criminoso que estava prestes a morrer teve mais fé do que os demais seguidores de Jesus. Embora continuassem a amar o Mestre, a esperança deles em relação ao Reino estava abalada. A maioria se escondeu. Como um dos seguidores de Jesus disse com tristeza dois dias depois da morte do Mestre: “E nós esperávamos que fosse ele o que redimisse Israel” (24.21). Em contraste, o criminoso olhou para o Homem que morria a seu lado e pediu: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino”. A julgar pelas aparências, o Reino estava acabado. Como é inspiradora a fé daquele ladrão que sozinho foi capaz de enxergar, além da vergonha presente, a glória vindoura!

23.44 – A escuridão cobriu toda a terra por cerca de três horas em pleno dia. Toda a natureza parecia lamentar a trágica morte do Filho de Deus!

23.45 – Esse acontecimento significativo simboliza a obra de Cristo na cruz. O Templo tinha quatro compartimentos internos: o átrio das mulheres, o átrio dos homens, o lugar Santo, onde só os sacerdotes podiam entrar, e o Lugar Santíssimo, onde somente o sumo sacerdote poderia entrar uma vez por ano, para fazer expiação pelos pecados do povo. No Santo dos Santos, permaneciam a Arca da Aliança e a presença de Deus. A cortina que foi rasgada separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo, impedindo que o interior deste fosse visto. Através da morte do Senhor Jesus Cristo, a barreira entre Deus e a humanidade foi eliminada. A partir de então, todas as pessoas podem aproximar-se de Deus por intermédio de Cristo (Hb 9.1-14; 10.10-22).

23.50-52 – José de Arimatéia era um rico e honrado membro do Sinédrio. Seguia a Jesus secretamente (Jo 19.38). Os discípulos publicamente declarados fugiram, mas José tomou uma atitude corajosa que poderia ter lhe custado muito caro. Ele se importou o bastante com Jesus, a ponto de pedir o corpo do Mestre com a finalidade de oferecer-lhe um sepultamento adequado.

23.53 – Esse sepulcro era provavelmente uma caverna artificial, escavada em uma das muitas colinas de calcário ao redor de Jerusalém.
Tal túmulo era suficientemente grande para que uma pessoa pudesse andar lá dentro. Após o sepultamento de Jesus, uma grande pedra foi colocada para fechar a entrada do sepulcro (Jo 20.1).

23.55 – As mulheres galileias seguiram José de Arimatéia até o sepulcro: por esta razão, souberam exatamente onde encontrariam o corpo de Jesus quando retornassem ao túmulo, com especiarias e perfumes, após findado o sábado. Aquelas mulheres não poderiam fazer grandes coisas para Jesus, não poderiam levantar-se diante do mais alto conselho judaico (o Sinédrio) nem do governador romano, para testemunhar a favor do Mestre, mas elas fizeram o que podiam. Permaneceram perto da cruz, quando a maioria dos discípulos havia fugido, e prepararam-se para ungir o corpo do seu Senhor. Por causa da devoção delas, foram as primeiras a tomar conhecimento da ressurreição. Como crentes, várias vezes sentimos que não podemos fazer muito para Jesus. Mas somos chamados a aproveitar as oportunidades que nos são dadas, fazendo aquilo que podemos e não nos preocupando com o que não podemos fazer.