LEITURA COMPLEMENTAR
A culpabilidade de Israel havia sido tão fortemente estabelecida que se poderia ler nas citações de Deuteronômio e de Isaías uma profecia de rejeição desse povo. Não é isso, porém, que se dá, declara Paulo com o apoio do Salmo 94, verso 14, e a prova se patenteia no caso pessoal do próprio apóstolo.
Não é Paulo autenticamente israelita, filho de Abraão segundo a carne, membro da tribo que se podería chamar a mais israelita? Se houvesse Deus rejeitado seu povo, não teria escolhido um israelita, cujos traços como israelita eram tão acentuados, para ser o principal cultor da missão entre os pagãos. Esta escolha é um sinal da fidelidade de Deus à sua palavra.
Deus sempre agiu por graça. Nada podem as obras de Israel no sentido de estabelecer a aliança, nem de mantê-la ou suspendê-la. A graça é a graça no presente mais do que nunca um remanescente é chamado para constituir o elo de continuidade e Deus, por seu intermédio, levará avante o plano original de sua graça.
É esta a oração do salmista: “Que a mesa deles se transforme em laço e armadilha, pedra de tropeço e retribuição para eles.” Que seus olhos se escureçam. O imaginário não é fácil de interpretar, mas a mesa deles parece ser um símbolo de segurança, bem-estar e comunhão de que se desfrutam em casa e que, de alguma forma, pode se transformar em “laço e armadilha, pedra de tropeço para eles”.
A referência a “suas costas serem encurvadas para sempre” também é obscura, embora a costa encurvada normalmente representa a imagem de alguém que carrega um fardo pesado, seja, neste caso, de angústia, de medo ou opressão.
VERSÍCULO 11 – Digo, pois: Porventura tropeçaram para que caíssem? De modo nenhum, mas, pela sua queda, veio a salvação aos gentios, para os incitar à emulação. Paulo aqui faz uma pergunta: Ao tropeçarem, os judeus caíram para nunca mais se erguerem? Ele mesmo responde. É claro que não. Mas, pela sua rejeição ao Messias, a salvação alcançou os gentios, para que a salvação destes provocasse um certo ciúme naqueles.
Livro: “Estudo introdutório à Carta aos Romanos” (Oton Miranda Alencar. Editora INOVE – Brasília, 2011, págs. 104-110).
LIÇÃO 10
DEUS AINDA AMA ISRAEL
TEXTO ÁUREO
“Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu:’’ Rm 11.2a
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda-Rm 11.5
Remanescentes fiéis mediante a graça
Terça-Rm 11.11
O erro de Israel favoreceu aos gentios
Quarta – Rm 11.18
É Deus quem nos sustenta
Quinta- Rm 11.20
Firmeza na fé e humildade
Sexta – Rm 11.22
Bondade e severidade divinas
Sábado – Rm 11.23
Graça de Deus a Israel
LEITURA BÍBLICA
Romanos 11.1-5
1 Pergunto, pois: terá Deus, porventura, rejeitado o seu povo? De modo nenhum! Porque eu também sou israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim.
2 Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura refere a respeito de Elias, como insta perante Deus contra Israel, dizendo:
3 Senhor, mataram os teus profetas, arrasaram os teus altares, e só eu fiquei, e procuram tirar-me a vida.
4 Que lhe disse, porém, a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal.
5 Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça.
Hinos da Harpa: 196 – 535
DEUS AINDA AMA ISRAEL
INTRODUÇÃO
I. POVO ELEITO
1. Paulo, um israelita Rm 11.1
2. Deus não rejeitou Israel Rm 11.2
3. Sete mil profetas Rm 11.3,4
II. REMANESCENTES ELEITOS
1. Israel será salvo Rm 11.5,6
2. Eleição e rejeição Rm 11.7-9
3. Profundo sono Rm 11.8-10
III. BENEFÍCIO AOS GENTIOS
1. Graça estendida Rm 11.11,12
2. Salvação ofertada Rm 11.13-18
3. Ramos enxertados Rm 11.19-24
INTRODUÇÃO
A maioria dos judeus rejeitou a Cristo, mas isso não significava que Deus rejeitou o Seu próprio povo. Assim como o Eterno guardou para si sete mil homens no tempo de Elias, também existia, no primeiro século, um pequeno número daqueles que Ele, por Sua graça, escolheu. Por causa da falta de fé dos judeus, os gentios em Roma tiveram a oportunidade de aceitar o Evangelho.
I. POVO ELEITO
1. Paulo, um israelita.
Por mais dura que fosse a página que o apóstolo acabara de escrever, nela não imperava a condenação do povo insubmisso ao plano de Deus. Com efeito, não era Israel em si mesmo que interessava a Paulo. Não há dúvida de que Israel falhou com respeito à vocação que Deus lhe fizera. Era essa vocação que interessava ao apóstolo, não a desobediência em si.
A questão é saber como a vocação de Israel se manifestará e como poderá se concretizar no futuro. É um capítulo da Teodiceia que Paulo escreveu para elucidar o problema das ações históricas de Deus naquele tempo presente.
Não era Paulo autenticamente israelita (Rm 11.1), filho de Abraão segundo a carne, membro da tribo de Benjamim, que se poderia chamar a mais israelita? Se houvesse Deus rejeitado seu povo, não teria escolhido a ele, um israelita, para ser o principal cumpridor da missão evangelizadora entre os pagãos. Esta escolha era um sinal da fidelidade de Deus à Sua Palavra.
2. Deus não rejeitou Israel.
O povo de Israel foi declarado aqui como povo a quem Deus “… de antemão conheceu…” (Rm 11.2). O conhecimento prévio não consistia simplesmente em “pré-conhecimento” ou de previsão sobre aquilo que aconteceria. Não envolvia a “fé prevista” ou as “circunstâncias previstas” por Deus. Antes, um povo é que fora “previsto” pelo Senhor, o que traz consigo a ideia de alguma forma de amor anterior, de “preocupação anterior”.
Deve-se ter em mente que este versículo se refere ao interesse amoroso de Deus, à familiaridade anterior com Israel.
O povo eleito fora “conhecido de antemão”. Em outras palavras, os eleitos foram amados de antemão. Assim, o interesse divino por eles tem sido uma realidade desde a eternidade.
3. Sete mil profetas.
Deus, então, não rejeitou o Seu povo. Sua fidelidade em relação a Israel era a fidelidade de Seu amor ( Rm 11.3,4). Apenas uma pessoa era o suficiente para atestar a fidelidade de Deus em relação a Seu povo. Elias ficou sozinho, o único a enfrentar um povo rebelde. Era ele o sinal da fidelidade de Deus contra a infidelidade dos homens.
A solicitude de Elias faz sentido em vista da oração registrada em 1 Reis 19.10-14, citada por Paulo.
Deus respondera à oração do profeta para revelar-lhe seu intento de não o deixar só: “Ponha de parte sete mil homens, com os quais promoverás a consumação de seus desígnios”. Deus, portanto, pode manter sua fidelidade a um povo, mesmo quando este se reduz a uma simples unidade.
II. REMANESCENTES ELEITOS
1. Israel será salvo.
Em Romanos 11.5,6, Paulo alegou que, como no tempo de Elias houve sete mil que não dobraram seus joelhos a Baal, no seu tempo também havia um pequeno número de salvos pela graça que ele chamou de “remanescentes”. A teologia do remanescente fiel resume a história de Israel. Sempre se pôde discernir um remanescente, um Israel espiritual dentro do Israel nacional. No tempo de Elias, foram sete mil.
No tempo de Isaías, foram “alguns sobreviventes”, por amor de quem Deus ainda se absteve de destruir a nação (Is 1.9). Durante os cativeiros, o remanescente apareceu entre os judeus como Ester, Mardoqueu, Ezequiel, Daniel, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. No fim dos setenta anos do cativeiro na Babilônia, foi o remanescente que retornou com Esdras e Neemias.
No advento do nosso Senhor, João Batista, Simeão, Ana e todos que esperavam a redenção de Jerusalém formavam o remanescente. Durante a era da Igreja, o remanescente é composto de judeus crentes (Rm 11.5).
2. Eleição e rejeição.
Aquilo que Israel tanto buscava – a justiça -, não conseguiu encontrar. Pelo menos, não como nação, mas os eleitos (os remanescentes) encontraram; a saber, aqueles que foram escolhidos pela graça e, portanto, justificados pela fé. Os demais (a maioria incrédula de Israel) ficaram endurecidos.
Não há por que duvidar de que, com isso, Paulo estava dizendo que eles foram endurecidos por Deus, já que o versículo seguinte diz que Deus lhes deu um espírito de atordoamento. Assim como o endurecimento do faraó e daqueles que ele representava, o que se tinha em mente era um processo judicial, ou melhor, uma retribuição (Rm 11.7-9), através do qual Deus entregou o povo à sua própria obstinação.
O que significa, na prática, esse “endurecimento”? Paulo valeu-se de duas citações do Antigo Testamento, ambas referentes a olhos que não veem. Vejamos a seguir.
3. Profundo sono.
A primeira citação está no versículo 8, e é uma fusão de Deuteronômio 29.2 com Isaías 28.10. No primeiro texto, Moisés disse aos israelitas que, embora eles tivessem testemunhado as maravilhas de Deus, Ele ainda não lhes tinha dado um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir (Dt 29.4; Rm 11.8-10).
Do texto de Isaías, Paulo citou apenas a primeira frase, dizendo que Deus deu ao povo um espírito de atordoamento, ou seja, uma completa perda de sensibilidade espiritual que (como o contexto deixa bem claro) se constitui um juízo divino. E essa condição, segundo Paulo, continua a afligir Israel até o dia de hoje.
A segunda citação, em Romanos 11.9, é extraída do Salmo 69, que retrata uma experiência de perseguição vivida por um justo.
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;” (Rm 3.23)
III. BENEFÍCIO AOS GENTIOS
1. Graça estendida.
Paulo fez uma pergunta retórica que ele mesmo respondeu (Rm 11.11,12): “Ao tropeçarem, os judeus caíram para nunca mais se erguerem?” É claro que não. Mas, pela sua rejeição ao Messias, a salvação alcançou os gentios. Pelo decreto divino assim foi ordenado: que o Evangelho deveria ser pregado aos gentios mediante a recusa dos judeus.
Os que não eram judeus faziam parte do povo de Deus porque Deus rejeitou os judeus que não aceitaram o seu chamado e colocou os gentios no lugar deles. Paulo usou a figura da oliveira cultivada (os judeus) e da oliveira brava (os gentios).
2. Salvação ofertada.
Israel não rompeu totalmente a sua aliança com Deus. Aqui (Rm 11.13-18), Paulo falou aos gentios, dizendo que se sentia lisonjeado por ser apóstolo deles. Ele revelou sua esperança de que alguns de sua própria nacionalidade fossem despertados por ciúmes dos gentios e, assim, fossem salvos.
Quando Israel rejeitou a Cristo, a nação perdeu sua posição privilegiada perante Deus, e o Evangelho foi pregado aos gentios. O esperado era que os judeus se sentissem enciumados e se voltassem para Cristo e fossem salvos.
O ciúme é uma força poderosíssima, embora quase sempre produza resultados negativos na vida comum e diária. Entretanto, Paulo supôs que existe certa forma de ciúme religioso que pode trazer benefício às pessoas afetadas. Um ciúme benigno e espiritualmente motivado, que procure o benefício autêntico da alma, é algo perfeitamente possível.
3. Ramos enxertados.
A oliveira era uma árvore usada no Antigo Testamento para representar Israel. Um galho de zambujeiro ou oliveira brava foi enxertado na oliveira verdadeira. Alguns galhos verdadeiros foram quebrados por causa da incredulidade e os gentios assumiram o seu lugar na participação das bênçãos que seriam destinadas a Israel (Rm 11.19-24).
Há os ramos originais ou naturais, os verdadeiros israelitas. No entanto, alguns deles foram cortados, porquanto, devido a alguma falha da natureza, não continuaram a derivar sua nutrição espiritual da raiz.
Há também os ramos de oliveira brava, que representam as nações gentílicas. Ramos esses perfeitamente capazes de serem enxertados na oliveira domesticada e bem cultivada, participando, assim, dos benefícios e riquezas espirituais das raízes da oliveira.
Diante disso, os gentios não deveriam desprezar os judeus. Também não deveriam ficar orgulhosos. Ao contrário, a atitude correta era temer ao Senhor e continuar sempre confiando em Deus, que é bom para com todos.
Por causa da rejeição dos judeus, as riquezas da graça alcançaram o mundo gentílico. Imagine quando os judeus estiverem na plenitude das bênçãos. O quanto eles abençoarão o mundo!
APLICAÇÃO PESSOAL
Deus sempre foi misericordioso para com todos. Ainda não fomos consumidos por causa de sua misericórdia. Tanto os judeus quanto os gentios crentes em Jesus fazem parte do mesmo povo que recebeu as promessas divinas. Todos somos dependentes de Cristo, nossa única fonte de vida.
RESPONDA
Marque V (Verdadeira) ou F (Falso) para cada uma das seguintes afirmações:
1 ( ) O fato de Deus ter escolhido Paulo, um israelita, da tribo de Benjamim, para ser o principal cumpridor da missão evangelizadora entre os gentios demonstra que Deus não rejeitou o Seu povo em definitivo.
2 ( ) O que chamamos de “teologia do remanescente” tem a ver com o fato de que sempre, na história de Israel, se pode discernir um remanescente espiritual fiel, que o próprio Deus separa para si.
3 ( ) A explicação de que, pela queda de Israel, os gentios foram salvos, significa que o erro dos judeus em rejeitarem Jesus como Messias e Salvador resultou na salvação dos gentios.
4 ( ) Os gentios foram incluídos no Plano de Salvação porque Paulo desprezou os judeus e acidentalmente pregou aos gentios.