6.1 – Quando lemos a respeito da Igreja Primitiva, somos informados sobre os milagres, a solidariedade, a generosidade e a comunhão dos cristãos e podemos desejar ter feito parte desta
Igreja “perfeita’. Mas, na verdade, a igreja Primitiva tinha problemas assim como temos hoje. Nenhuma igreja foi ou jamais será perfeita até que Cristo e seus seguidores estejam unidos em sua segunda vinda. Todas as igrejas têm problemas. Se as deficiências da sua igreja o afligem, pergunte a si mesmo: uma igreja perfeita permitiria que eu fosse um de seus membros? Então, faça o que puder para tornar sua congregação melhor. Uma igreja não precisa ser perfeita para levar adiante a causa de Cristo.
6.1 ss Havia um outro problema interno na igreja Primitiva: os judeus de origem hebraica falavam hebraico; os judeus helenistas falavam grego; estes judeus de outras partes do mundo provavelmente se converteram ao cristianismo no Pentecostes. Os cristãos que falavam grego reclamaram que suas viúvas não eram tratadas de forma justa. Talvez esse favoritismo não fosse intencional; a causa seria a barreira causada pelo idioma. Para corrigir a situação, os apóstolos constituíram sete homens respeitáveis que falavam grego como responsáveis pelo programa de distribuição de alimentos. Isto resolveu o problema e permitiu que os apóstolos mantivessem seu foco no ensino e na pregação das Boas Novas de Jesus.
6.2 – “Os doze” são os 11 discípulos originais e Matias, que foi escolhido para substituir Judas Iscariotes (1.26).
6.2-4 – À medida que a Igreja Primitiva crescia, suas necessidades aumentavam. Uma delas era organizar a distribuição de alimentos para os pobres. Os apóstolos precisavam concentrar-se
na pregação; então escolheram diáconos para administrar o programa alimentar. Cada cristão tinha uma função vital a desempenhar na igreja (ver 1 Co 12).
Se você já ocupa uma posição de liderança e esta sobrecarregado por suas responsabilidades, determine quais são as habilidades que lhe foram dadas por Deus e reveja suas prioridades;
então procure outras pessoas para ajudá-lo. Se você não faz parte da liderança, saiba que tem dons que podem ser usados por Deus em várias áreas do ministério da igreja. Coloque estes
dons a serviço do Mestre.
6.3 – Essa tarefa administrativa não foi tratada de modo inconsequente. Observe os requisitos dos homens que cuidariam da distribuição dos alimentos: deveriam ter boa reputação e ser
cheios do Espírito Santo e de sabedoria. As pessoas que têm grandes responsabilidades e que trabalham próximas a outras devem ter estas qualidades. Devemos procurar homens e mulheres espiritualmente sábios e maduros para liderar nossas igrejas.
6.4 As prioridades dos apóstolos eram corretas. O ministério da Palavra nunca deveria ser negligenciado por causa dos fardos administrativos. Os pastores não devem tentar desempenhar todas as tarefas da igreja, e ninguém deve esperar que o façam. Ao contrário, o trabalho da igreja deve ser dividido entre os membros.
6.6 A liderança espiritual é algo sério; não deve ser tratada de modo inconsequente. Na Igreja Primitiva, os homens escolhidos para o diaconato foram comissionados pelos apóstolos, pela
oração e imposição das mãos. Impor as mãos sobre alguém, uma antiga prática judaica, era um modo de separar uma pessoa para um serviço especial (ver Nm 27.23; Dt 34.9).
6.7 – Jesus disse aos apóstolos que eles deveriam testemunhar primeiro em Jerusalém (1.8). Em pouco tempo, o evangelho foi divulgado à cidade inteira, a todas as classes sociais. Até alguns
sacerdotes se converteram; uma violação óbvia dos ditames do Sinédrio. que traria riscos à posição deles.
6.7 -A Palavra de Deus se expandiu como ondulações em uma lagoa tranquila, onde, de um único centro, cada onda toca a próxima, favorecendo a difusão mais ampla e de maior alcance.
As Boas Novas ainda se espalham deste modo hoje. Você não tem que mudar o mundo sozinho; é suficiente ser parte da onda, tocar aqueles que estão ao seu redor, que por sua vez tocarão outros, até que todos sintam o movimento. Nunca pense que sua parte é insignificante ou sem importância!
6 .8-10 O pré-requisito mais importante para qualquer tipo de serviço cristão é estar cheio de fé e do poder do Espírito Santo. Por este poder, Estêvão foi um servo sábio (6.3), um realizador de milagres (6.8), e um evangelista (6.10). Pelo poder do Espírito, você pode colocar em prática os dons que Deus lhe deu.
6.9 – Os libertos era um grupo de escravos judeus libertados por Roma. que formaram sua própria sinagoga em Jerusalém.
6.11 Tais homens mentiram a respeito de Estêvão, a fim de que fosse preso e levado ao Sinédrio. Os saduceus, o partido dominante do conselho, aceitavam e estudavam apenas os livros de Moisés (de Gênesis a Deuteronômio). Sob o ponto de vista saduceu, blasfemar contra Moisés era um crime. Mas ao examinarmos o discurso de Estêvão (cap. 7), podemos perceber que esta acusação era falsa. Estêvão baseou sua síntese da história de Israel nos textos de Moisés.
6.14 Quando Estêvão foi levado diante do conselho dos lideres religiosos, a acusação contra ele foi a mesma usada contra Jesus (Mt 26.59-61). O grupo acusou falsamente Estêvão de querer
mudar os costumes de Moisés, porque sabiam que os saduceus. que controlavam o Sinédrio, acreditavam somente nas leis de Moisés.
7.1 – Esse sumo sacerdote era provavelmente Caifás. o mesmo homem que anteriormente interrogou e condenou Jesus (Jo 18.24).
7.2ss Estêvão fez um longo discurso sobre o relacionamento de Israel com Deus. Ao analisar a historia no AT, mostrou que os judeus constantemente rejeitaram a mensagem de Deus e seus
profetas, e que o sinédrio havia rejeitado o Messias, o Filho de Deus. Em seu discurso, Estêvão destacou três pontos principais:
(1) a historia de Israel é a da ação de Deus no mundo;
(2) as pessoas adoravam a Deus muito antes de existir um templo porque Ele não vive em um templo; e
(3) a morte de Jesus foi apenas mais um exemplo do rebelião de Israel e de sua rejeição a Deus.
7.2ss – Estêvão realmente não se defendeu. Ele tomou uma posição ofensiva; aproveitou a oportunidade para resumir seu ensino a respeito de Jesus. Acusou os lideres religiosos de falharem em obedecer às leis de Deus; as quais diziam orgulharem-se de seguir meticulosamente. Foi a mesma acusação que Josus fe? contra eles. Quando testemunhamos sobre Cristo, não precisamos estar na defensiva Podemos simplesmente compartilhar
nossa fé!
7.8 – A circuncisão era um sinal do pacto que Deus fez com Abraão e toda a nação de Israe (Gn 17.9-13). Estêvão resumiu a história de Israel, contando como essa aliança se deu naquele tempo.
Estêvão assinalou que Deus sempre cumpriu sua parte na promessa, mas Israel falhou repetidamente em segui-la até o fim.
Embora os judeus dos dias de Estêvão ainda circuncidassem seus filhos, falharam em obedecer a Deus. O coração das pessoas estava longe de Deus. A falta de fé e de obediência que parte dos judeus mostrou que falharam em cumprir sua parte na aliança.
7.17 – A revisão da história judaica feita por Estêvão transmite um claro testemunho da fidelidade e da soberania de Deus. Apesar dos contínuos fracassos de seu povo e do desenrolar dos acontecimentos mundiais. Deus levou seu plano adiante.
Quando você enfrentar um conjunto de circunstâncias confusas. lembre-se de que: (1) Deus esta no controle, nada o surpreende:
(2) este mundo não é tudo o que existe, ele perecerá, mas Deus é eterno; (3} Deus é justo, e fará as coisas certas, castigará os ímpios e recompensará os fiéis; e (4) Deus quer usá-lo (como usou José. Moisés e Estêvão), para fazer a diferença no mundo.
7.37 – Os judeus pensavam originalmente que esse “profeta” fosse Josué. Mas Moisés profetizava sobre o Messias, que estava por vir (Dt 18.15). Pedro também citou esse texto em Deuteronômio ao referir-se ao Messias (3.22).
7.38 – Estêvão usou a palavra ekklesia (traduzida como “assembléia”) para descrever a congregação do povo de Deus no deserto. A palavra significa “chamados para fora” e foi usada pelos cristãos do primeiro século para descrever sua comunidade. O ponto de vista de Estevão era que a lei, dada aos judeus por intermédio de Moisés, era o sinal da aliança. Então, pela obediência a ela continuariam a ser o povo aliançado com Deus, mas, por terem desobedecido a lei (7.39), quebraram o pacto e perderam o direito de estar entre o povo escolhido.
7.38 – Os textos em Gálatas 3.19 e Hebreus 2.2 transmitem a ideia de que Deus deu a lei a Moisés por intermédio de anjos. Em Êxodo 31.18. é dito que o próprio Deus escreveu os Dez Mandamentos (“escritas pelo dedo de Deus”). Não há contradição alguma entre os textos: Deus escreveu a lei e usou mensageiros angelicais para entregá-la a Moisés.
7.43 – Estêvão deu mais detalhes sobre a idolatria mencionada em Atos 7.40. Os ídolos aqui citados foram adorados por Israel durante o tempo em que peregrinaram no deserto (Éx 32.4).
Moloque era o deus associado ao sacrifício de crianças, e Renfã era um deus egípcio. O profeta Amós, em seu livro, mencionou outras divindades assírias adoradas por Israel (Am 5.25-27).
7.44-50 – Estêvão fora acusado de falar contra o Templo (6.13). Embora reconhecesse a importância do Templo, sabia que este não era mais importante do que Deus. O Senhor não é limitado; não está presente apenas em uma casa de adoração, também habita no coração de todos que, com fé. recebem-no (Is 66.1,2).
Salomão já sabia disto quando orou por ocasião da dedicação do Templo (2 Cr 6.18). Deus quer viver em nós. Ele está vivendo em você?
OS EFEITOS A morte de Estêvão não foi em vão. Abaixo constam alguns dos acontecimentos
DA MORTE resultantes (direta ou indiretamente) da perseguição (à igreja cristã) que começou com DE ESTÊVÃO seu martírio.
1. A jornada evangelística de Filipe (8.4-40)
2. A conversão de Paulo (Saulo) (9.1-30)
3. A viagem missionária de Pedro (9.32 — 11.18)
4. A fundação da Igreja em Antioquia da Síria (11.19ss)
ESTÊVÃO
Em todo o mundo, o evangelho freqüentemente germinou e se arraigou em lugares regados com o sangue dos mártires. Mas antes de alguém poder dar sua vida pelo evangelho, deve viver para o evangelho. Uma maneira pela qual Deus treina seus servos é colocando-os em posições aparentemente insignificantes. O desejo de servir a Cristo é traduzido pela realidade de servir aos outros. Estêvão foi um administrador e mensageiro efetivo antes de tornar-se um mártir .
Fora nomeado um dos responsáveis pela distribuição de alimentos na Igreja Primitiva.
Muito antes da violenta perseguição surgir inesperadamente contra os cristãos, já existia o ostracismo social. Os judeus que aceitavam a Jesus como o Messias eram normalmente excluídos de suas famílias. Como resultado, os cristãos dependiam do apoio uns dos outros. A atitude de compartilhar as casas, os alimentos e os recursos financeiros e emocionais era uma prática e necessidade da Igreja Primitiva. Porém, o aumento do número de cristãos acarretou a necessidade de organizar a divisão de trabalho. Alguns estavam sendo negligenciados. Havia reclamações. A escolha das pessoas para ajudar na administração era feita com base na integridade, sabedoria e sensibilidade delas para com Deus. Estêvão, além de ser um bom administrador, foi também um poderoso orador. Quando confrontado no Templo por vários grupos antagônicos ao cristianismo, usou uma lógica convincente para refutá-los. Isto está claro na defesa da fé que ele fez diante do Sinédrio. Estêvão apresentou um resumo da história dos judeus e fez poderosas aplicações das Escrituras, o que atormentou seus ouvintes.
Durante seu discurso, ele provavelmente percebeu que estava redigindo sua sentença de morte. Os membros do Sinédrio não podiam suportar que suas motivações ”malignas’ fossem expostas.
Apedrejaram Estêvão até à morte enquanto ele orava pedindo que o Senhor os perdoasse.
As palavras finais do discípulo demonstram o quanto se tornou parecido com Jesus em pouco
tempo. A morte de Estêvão causou um duradouro impacto sobre o jovem Saulo de Tarso, que deixou de ser um violento perseguidor dos cristãos para tornar-se um dos maiores defensores e pregadores do evangelho que a Igreja já conheceu.
À vida de Estêvão é um desafio contínuo a todos os cristãos. Por ele ter sido o primeiro a morrer pela fé, seu sacrifício suscita algumas perguntas: Quantos riscos corremos por sermos seguidores de Jesus? Estaríamos dispostos a morrer por Ele? Estamos realmente dispostos a viver para Ele?
Pontos fortes
Foi um dos sete líderes escolhidos para supervisionar a distribuição de alimentos aos necessitados na Igreja Primitiva.
• Foi conhecido por suas qualidades espirituais de fé. sabedoria, graça, poder e pela presença do Espírito em sua vida.
• Foi um líder reconhecido e destacado, um mestre, um debatedor.
• Foi o primeiro a dar sua vida pelo evangelho.
Lições de vida:
• O esforço em busca da excelência em pequenas tarefas prepara as pessoas para responsabilidades maiores.
• A verdadeira compreensão a respeito de Deus sempre leva a ações práticas e compassivas para as pessoas.
Ocupações: Diácono (distribuía alimentos aos necessitados),
• Contemporâneos: Paulo, Caifás, Gamaliel e os apóstolos.
Versículos-chave: “E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe
o meu espírito! E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor,
não lhes imputes este pecado! E. tendo dito isto. adormeceu” (7.59,60).
A história de Estêvão é contada em Atos 6.3-8.2. Ele também é mencionado em Atos 11.19; 22.20.