REVISTA SALMOS, CÂNTICOS E ORAÇÕES DA ALMA
LIÇÃO 2 – SALMO 1 – O SALMO DA FELICIDADE
EM ÁUDIO
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Caro professor, aborde nesta lição que uma vida alegre depende de uma sã consciência, e é por isso que não é de se admirar que o ímpio de repente se vê sem aquela felicidade que julgava possuir.
No salmo estudado, que é o 1º dos 150 salmos, Davi reconhece que aqueles que não temem a Deus deleitam-se durante o reinado da desordem moral do mundo, no entanto de uma hora para outra, tais pessoas percebem que são, verdadeiramente, privadas da verdadeira felicidade, não vivendo o que imaginaram viver, isto é, são enganadas por uma imaginária felicidade que só elas veem.
Por outro lado, aquele que teme ao Senhor, vivendo uma vida contrária a tudo isso, rejeitando uma vida de impiedade, é mais do que feliz.
OBJETIVOS
• Identificar o Salmo 1 dentro da divisão do saltério e classificá-lo.
• Reconhecer que o crente tem na Bíblia a sua fonte de prazer.
• Compreender que a felicidade eterna consiste em viver uma vida de retidão diante de Deus.
PARA COMEÇAR A AULA
Inicie esta lição mostrando à classe as precauções (que estão nos três primeiros versículos de forma gradual para que estas se tornem uma prática diária) que devemos tomar contra as tentações do mal,
O salmista afirma que mais do que feliz é quem não se torna um aliado dos ímpios, pois estes, naturalmente, desejam correr atrás da felicidade, entregando-se aos seus pecados; sim, jugam-se felizes ao afastarem-se de Deus e satisfazerem os desejos de seus corações. Por outro lado, entendemos que o nosso prazer está no Senhor.
RESPOSTAS
1) c
2) Boas novas de alegria
3) Árvore x palha
PALAVRAS-CHAVE
Felicidade • Lei • Frutos • Justos • ímpios
LEITURA COMPLEMENTAR
Observe o caráter positivo do bem-aventurado: “Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor”. Ele não está sob a lei como maldição e condenação, mas está nela e tem prazer de estar nela como regra de vida. Além disso, tem prazer em meditar na lei, lendo-a de dia e pensando nela de noite (“e na sua lei medita de dia e de noite”). Escolhe um texto e o leva consigo o dia todo. Nas vigílias da noite, quando o sono lhe abandona as pálpebras, ele se afunda na meditação da Palavra de Deus. No dia da prosperidade, canta salmos da Palavra de Deus, e na noite da aflição, consola-se com as promessas do mesmo livro.
A “lei do Senhor” é o pão diário do verdadeiro crente. E como era pequeno o volume da inspiração nos dias de Davi, pois não havia outra coisa exceto os primeiros cinco livros de Moisés! Quanto mais, então, devemos prezar todo o escrito da Palavra que é o privilégio de cada um ter em casa! Mas infelizmente, como é maltratado este anjo do céu! Não somos absolutamente pesquisadores bereanos das Escrituras. Como são poucos entre nós os que podem reivindicar as bênçãos do texto! Talvez alguns possam reivindicar de certa forma a pureza negativa, porque vocês não andam no caminho dos pecadores. Mas permitam-me uma pergunta: O seu prazer está na lei do Senhor? Você estuda a Palavra de Deus? Você faz da Bíblia o seu auxiliar indispensável, a sua melhor companhia e o seu guia de hora em hora? Se as respostas não forem afirmativas, esta bênção não lhe pertence.
Livro: Os Tesouros de Davi vol. 1 (Charles Spurgeon, CPAD, 2017, pag. 16)
Estudada em 13 de outubro de 2019
LIÇÃO 2 – SALMO 1 – O SALMO DA FELICIDADE
Texto áureo
“Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sl 1.1
Verdade Prática
O crente, que conhece a Deus, é feliz e não precisa viver pecando
DEVOCIONAL DIÁRIO
Segunda-feira – Sl 34.3 Juntos exaltemos ao Senhor
Terça-feira – Sl 37.34 Espera no Senhor
Quarta-feira – Sl 73.23-25 Deus nos sustenta pela mão direita
Quinta-feira – Sl 112.5-7 O homem justo é firme
Sexta-feira – Sl 133.1-3 O poder da união entre os irmãos
Sábado – Sl 1.3 Frutos no tempo certo
LEITURA BÍBLICA
Salmo 1.1-6
1 Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.
2 Antes, o seu prazer está na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.
3 Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem-sucedido.
4 Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa.
5 Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos.
6 Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá.
Hinos da Harpa: 232 – 86
SALMO 1 – O SALMO DA FELICIDADE
INTRODUÇÃO
I. ASPECTOS GERAIS
1. Autor, título e data
2. Classificação
3. Poesia e musicalidade
II. FELICIDADE NA TERRA Sl 1.1-3
1. Bem-aventurado é ser feliz Sl l.l
2. Prazer em Deus Sl 1.2
3. Árvore frutífera Sl 1.3
III. FELICIDADE NO CÉU Sl 1.4-6
1. ímpios são como palha Sl 1.4
2. ímpios não prevalecerão Sl 1.5
3. Deus conhece o justo Sl 1.6
APLICAÇÃO PESSOAL
INTRODUÇÃO
O Salmo 1 não tem apenas o aspecto numérico-sequencial de ser o primeiro salmo da Bíblia. Como veremos, sua localização privilegiada tem a função de servir como introdução de todo o livro, sendo uma preparação espiritual das grandezas divinas que são apresentadas nos seus 150 cânticos.
O Salmo 1 é uma das páginas mais tocantes de toda a Escritura porque, poeticamente, trata do nosso relacionamento com Deus a partir da convivência que temos neste mundo com justos e ímpios.
I. ASPECTOS GERAIS
1. Autor, título e data. Desde as origens da Igreja, este salmo é visto como uma espécie de portal através do qual adentramos o Saltério. Ele prepara o crente para o livro como um todo.
O Salmo 1 é uma espécie de “átrio” devocional que, se bem compreendido, nos levará ao lugar “Santo dos santos”.
Embora separe a humanidade em dois grandes grupos (justos e ímpios), o Salmo 1 destina-se ao primeiro, embora apresente o tratamento divino para os dois segmentos.
O Salmo 1 situa-se entre os aproximadamente 50 salmos com autoria desconhecida. De igual modo, como vimos, não apresenta um título em itálico que nos permita conhecer outros detalhes, como ocorre em cerca de dois terços dos salmos. Thomas Watson (1620-1686) o chamou de o “Salmo dos Salmos” e Jerônimo (342- 420) o classificou como Praefatio Spiritus Sanct (Prefácio do Espírito Santo). A data do Salmo 1 é desconhecida. Porém, estudiosos apontam que o texto é, no mínimo, contemporâneo do profeta Jeremias (Século VII a.C.), haja vista uma provável paráfrase (Jr 17.5-8).
2. Classificação. O Salmo 1 pertence ao Livro 1 (Salmos 1-41), que, como vimos, com exceção dos Salmos 1,2,10 e 33, são todos creditados a Davi nesta primeira seção. Quanto à classificação, temos um salmo de sabedoria, conhecimento e didático.
3. Poesia e musicalidade. O Salmo 1 é uma bela obra literária, quem o escreveu dominava a poesia. Seu estilo de repetição é próprio da literatura hebraica. O cântico trabalha sempre o dualismo de ideias. Uma hora, o justo tem o protagonismo (v. 1-3) e o ímpio sofre o revés; em outro momento, a conduta ímpia tem a vanguarda, para, no fim, enfatizar a virtude do justo (v. 4-6), A fragilidade da “palha” contrasta com o vigor da “árvore”, assim como a “prosperidade” do justo faz contraste com a “destruição” do ímpio.
Apesar da tradução de idiomas antigos para o português, ainda é possível percebermos a cadência deste salmo. Sendo o “Salmo dos Salmos”, é de se esperar uma melodia rica, provavelmente por obra de Davi.
II. FELICIDADE NA TERRA (Sl 1.1-3)
1. Bem-aventurado é ser feliz (Sl 1.1). “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores”. O termo original “Bem-aventurado” em hebraico foi traduzido para o grego makarios, a mesma expressão traduzida de Jesus nas bem-aventuranças do Sermão do Monte (Mt 6), que em português significa feliz ou muito feliz.
Segundo Kenneth Bailey, especialista da cultura oriental, citando Raymond Brown, não se trata de um desejo de felicidade, tampouco mera consequência da conduta de um servo íntegro, mas, em seus originais, tais expressões “reconhecem um estado concreto de felicidade”, afirmando uma qualidade que já se encontra presente no crente.
Inicialmente, uma pessoa feliz, que já encontrou o sentido da sua vida em Deus, é alguém que não faz o que é errado. Para compreendermos isto, lembramos que a teoria jurídica da ação consiste em fazer e não fazer, ação – propriamente dita – e omissão. Pecamos quando fazemos o que é errado e também quando deixamos de fazer o correto. Tiago escreve sobre o pecado da omissão de fazermos o bem (Tg 4.17).
a) Uma pessoa feliz em Deus “não anda no conselho dos ímpios” (v.1) (pessoas más, sem temor de Deus, desprovidas das virtudes da luz), João 3.20. Esse “ímpio” transgride leis, corrompe-se, procurando tirar proveito pessoal, seja em coisas simples ou complexas, não se importa com o próximo e, assim, quebra os dois mandamentos ensinados por Jesus, resumidos na palavra amor (Mt 22-36-40). O servo de Deus não segue alguém assim, mas rejeita-lhe toda influência.
b) Uma pessoa feliz com Deus “não se detém no caminho dos pecadores”. Aqui, “pecadores” é um tipo de especialização da categoria de ímpios, pois embora estes transgridam leis morais e divinas, “pecadores” são pessoas cujas condutas são frontalmente contrárias à santificação em que devemos viver. É um tipo de “árvore má”, cujos frutos ruins (pecados) repetem-se continuamente.
c) Por fim, quem é feliz também “não se assenta na roda dos escarnecedores” (v. 1). Estes são os “zombadores”, a pior classe, porque são pessoas desprovidas do mínimo respeito por Deus e pelo nosso semelhante. Não apenas transgridem normas e pecam, mas zombam ainda de quem faz o correto e, claro, Daquele que é a fonte de todo o bem (Tg 1.17). O Brasil é uma nação de muitos escarnecedores que se apropriam do dinheiro público e particular e, no seu íntimo e com outros zombadores, riem de quem busca viver justa e corretamente. O escarnecedor é apóstata e odeia os sábios (Pv 9.7-8; 15.12), ele é capaz de arruinar uma comunidade inteira.
Cuidado com as redes sociais! Primeiro, verifique se a postagem não é fake news (notícia falsa); depois, só comente se for para edificação, não difame, não acuse, não incite a violência nem a vingança. O escarnecedor é quem age assim. Se somos felizes em Deus, não temos este comportamento, mas somos perdoadores, choramos com os que choram (Rm 12.15), não temos prazer na morte de ninguém, nem mesmo dos escarnecedores, mas lamentamos que o Inferno tenha prevalecido e ceifado uma vida.
2. Prazer em Deus (Sl 1.2).”Antes, o seu prazer está na lei do Senhor”. C. S. Lewis (1898-1963), notável escritor das “Crônicas de Nárnia”, ateu, quando se converteu a Jesus, escreveu sua biografia “Surpreendido pela Alegria” (1955), pois não encontrou outro termo que expressasse melhor esse fato.
Agora, chegamos à motivação do não agir do crente, referido
no subtópico anterior: o crente, feliz em Deus, tem na Bíblia a sua fonte material e espiritual de prazer. Diferente de outros povos, pagãos, cujo “prazer” estava em cultos idólatras e promíscuos (Baal, Astarote etc.), os judeus observavam a Lei e eram monoteístas, cultuando unicamente ao Senhor.
Precisamos reaprender o sentido verdadeiro da nossa fé. O Evangelho é boas novas de alegria (Lc 2.10). Não há sentido em uma vida cristã carrancuda, tensa. É um paradoxo alguns dizerem que têm Deus e, no entanto, são infelizes (G1 5.22). A felicidade de que fala o Salmo 1 não é um sentimento, não é um estado temporário de bem-estar espiritual, porém, uma condição permanente que decorre do fato de conhecermos ao Senhor.
3. Árvore frutífera (Sl 1.3). “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo dá o seu fruto”. Quem vive na Amazônia ou a visita, encanta-se com as matas ciliares que circundam nossos rios e igarapés. Na escassez de água no Oriente Próximo, a descrição do salmista é de um verdadeiro jardim amazônico, um lugar com fartura de águas, árvores viçosas e frutíferas. Eis aqui uma conditio sine qua non da nossa fé: estamos em Deus, somos felizes e produzimos frutos (Jo 15.5).
III. FELICIDADE NO CÉU (Sl 1.4-6)
1. Ímpios são como palha (Sl 1.4). “Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa”. O Salmo 1 faz o contraste entre a solidez de uma árvore e a natureza efêmera da palha.
A cena lembra o peneirar o trigo sobre um monte. ímpios são espiritualmente frágeis, vivem perto da condenação (fogo). Pela onisciência divina, já estão condenados porque não guardam a Palavra (Jo 3.18), muito embora não devamos pronunciar isto sobre ninguém, pois o juízo eterno é um assunto exclusivo de Deus. A “palha” fala de uma repentina destruição sobre a humanidade que rejeitou ao Senhor (repentina destruição, como as dores de parto). O mundo perverso será queimado (2Pe 3.10).
2. ímpios não prevalecerão (Sl 1.5). “Por isso, os perversos não prevalecerão no juízo, nem os pecadores, na congregação dos justos”. Ao contrário dos ímpios e dos pecadores, quem vive com Deus prevalecerá no Juízo (Jo 5.24). A vida abundante, que iniciou ainda na Terra, continuará na Eternidade (Jo 10; Ap 21.4).
3. Deus conhece o justo (Sl 1.6). “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos mas o caminho dos ímpios perecerá”. No Juízo, toda a humanidade entenderá por que deveria andar em retidão, haja vista que, agora mesmo, estamos sendo contemplados pelo Reto Juiz (2Tm 4.8). Assim compreendemos “Quem crê em mim, tem a vida eterna” (Jo 6.47). Neste momento, o crente, feliz por viver com Deus aqui na Terra, será transportado para o Céu, onde estará para sempre com o Senhor (1Ts 4.17). Felicidade eterna!
APLICAÇÃO PESSOAL
Você pode ser mais do que feliz à medida que abandona hábitos ruins e começa a cultivar bons hábitos como a oração e meditação na Palavra de Deus.
RESPONDA
1) Por quais Salmos é composto o primeiro livro de Salmos?
a) 1, 2, 10, 33
b) 1-150
c) 1-41
2) Qual a melhor definição para a palavra “Evangelho”?
3) Quais os dois elementos utilizados para evidenciar o contraste entre a vida do justo e do ímpio?
VOCABULÁRIO
• Paráfrase: Maneira diferente de dizer algo que foi dito; frase sinônima de outra.
• Conditio sine qua non: expressão em latim que designa uma condição indispensável ou essencial para a realização de algo.
• Paradoxo: aparente falta de nexo ou de lógica; contradição.
Tenha uma abençoada aula!