Lição 6:  1Coríntios 8 e 10: Alimento, Ídolos e Liberdade Cristã


LIÇÃO 6:  1CORÍNTIOS 8 e 10: ALIMENTO, ÍDOLOS E LIBERDADE CRISTÃ


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em 1 Coríntios 8 e 10 há 13 e 33 versos, respectivamente. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, 1 Coríntios 8 e 10.23-33 (5 a 7 min.).

No capítulo em apreço, Paulo sai de um assunto mais específico, o casamento, e vai para um assunto mais amplo, o relacionamento so­cial, a exemplo das festas daquela sociedade, nas quais, de alguma forma, os cristãos de Corinto esta­vam inseridos; e nisso há um ape­lo para que os crentes fossem um exemplo de fé na graça de Deus.

É nessa perspectiva que o após­tolo direciona o seu argumento so­bre liberdade cristã, mostrando que ele era um grande incentivador des­sa liberdade. Porém, não no sentido amplo, mas restritivo, o que mostra que a liberdade em Cristo não nos deixa mais presos aos ritos judaicos, todavia, também não somos livres para fazermos o que queremos; mas tudo isso está pautado no amor ao próximo.

 

OBJETIVOS

  • Explicar o conceito da liberda­de cristã.
  • Compreender a diferença entre liberdade e libertinagem.
  • Buscar e promover aquilo que é lícito e edificante.

 

PARA COMEÇAR A AULA

Comece a aula sob a perspec­tiva de que os judeus já eram en­sinados desde cedo a crer na exis­tência de um único Deus (como sugestão, leia com a classe Deuteronômio 6.4).

Sendo assim, Paulo evidenciou que os deuses estranhos nada são, isto é, eles não têm nenhuma reali­dade e nem um poder sequer nes­te mundo. Dessa maneira, o comer ou não comer as comidas sacrifi­cadas aos ídolos – o que é enfati­zado no Capítulo 8 – não faz bem nem mal. Então, por que comer, se o comer escandaliza os nossos irmãos? Nossa liberdade está ba­seada no amor.

 

RESPOSTAS

1)        Porque seria um mal testemunho aos mais fracos.

2)        Ajudar a fortalecer a fé dos mais fracos.

3)        Salvação por meio de Cristo e o testemunho para a comunidade.

 

 

LEITURA ADICIONAL

No contexto de Corinto, a questão era a participação em eventos pú­blicos importantes tanto para a estrutura social da cidade quanto para a proeminência pessoal do indivíduo. A participação no culto imperial era uma excelente oportunidade para interação social e para fazer contatos.

É possível que fosse considerada um dever cívico pelos coríntios an­siosos por demonstrar sua lealdade a Roma. O antigo Apologista Tertuliano (160-220 d.C.) permite a participação em banquetes em homenagem ao aniversário do imperador como um dever cívico, mas logo em seguida, ressalta como a participação dos cristãos deve diferir nitidamente da par­ticipação dos não cristãos.

Parece haver um paralelo direto com nossa situação atual. O desejo humano de obter proeminência pessoal e a empolgação de circular por meios socialmente importantes apresenta diversas tentações de minimi­zar a importância do relacionamento com Deus.

Livro: ”1 Coríntios” (Preben Vang. Série Comentário Expositivo. Editora Vida Nova – SP, 2018, pág.138).

 

 

LIÇÃO 6: 1CORÍNTIOS 8 e 10: ALIMENTO, ÍDOLOS E LIBERDADE CRISTÃ

 

 

Texto Áureo
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lí­citas, mas nem todas edificam.” 1Co 10.23

 

 

Verdade Prática
A liberdade cristã é enriquecida pelo amor ao próximo e o bom testemunho.

 

 

Estudada em 7 de maio de 2023       

 

 

Leitura Bíblica Para Estudo 1 Coríntios 8 e 10.23-33

 

 

INTRODUÇÃO

I. COISAS SACRIFICADAS A ÍDOLOS 1Co 8.1-8

  • Amor versus conhecimento 1Co 8.1-3
  • Deus versus ídolos 1Co 8.4-6
  • Fortes versus fracos 1Co 8.7-8


II. LIBERDADE TEM LIMITES 1Co 8:9-13, 1Co 10.1-13

  • O amor ao próximo 1Co 8.9-12
  • Não ao individualismo 1Co 8.13
  • Em pé, não caia 1Co 10.11,12


III. DIREITOS VERSUS TESTEMUNHO 1Co 10.14-33

  • Celebrações 1Co 10.21,22
  • Lícito, mas não edifica 1Co 10.23
  • Fé e vida prática 1Co 10.31-33


APLICAÇÃO PESSOAL

 


Hinos da Harpa: 235 – 266

 


INTRODUÇÃO

O Capítulo 8 é diretamente relacionado ao assunto tratado no capítulo 10: alimentos ofereci­dos a ídolos. Ao abordar o assun­to pela primeira vez no Capítulo 8, Paulo orienta a igreja sobre a questão de alimentos sacrificados e também escreve sobre os limites da liberdade cristã. No Capítulo 10, o apóstolo expressa profunda frustração com as práticas pagãs de alguns indivíduos que se di­ziam cristãos.

COISAS SACRIFICADAS A ÍDOLOS (1Co 8.1-8)

1. Amor versus conhecimento (1Co 8.1-3)
No que se refere às coisas sacrifi­cadas a ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber ensoberbece, mas o amor edifica (8.1).

A igreja em Corinto estava in­serida num contexto pagão, assim como Israel estava entre os cananeus, e nós, semelhantemente, es­tamos cercados por toda sorte de crenças e tipos de “fé”. Era comum, entre os coríntios, servir a car­ne sacrificada a ídolos em festas e banquetes, convidando amigos e parentes (dentre eles cristãos) para compartilharem juntos.

A carne oferecida em sacrifício a ídolos em templos pagãos era dividida em três partes iguais:
1) para o ídolo; 2) para quem a ofe­recia levar para casa e comer; e 3) era dada ao templo/sacerdote. A carne ofertada ia muito além do que precisavam os que serviam no templo. Por isto comumente era vendida em restaurantes e feiras por um preço bem mais barato, sendo muito procurada por todos, inclusive cristãos.

Isto levantava a seguinte per­gunta: “Os cristãos podem comer esta carne oferecida a ídolos, ven­dida nas feiras a menor preço ou servida na casa dos amigos?”. Em vez de falar de comida, Paulo pri­meiramente compara o saber e o amor. O comportamento cristão é baseado no amor e não somente no conhecimento/saber. “O saber ensoberbece, mas o amor edifica”.

O verdadeiro conhecimento de Cristo leva o cristão a consi­derar de que maneira seu com­portamento pessoal afeta outros cristãos quanto a sua fé. O amor a Cristo e a preocupação com os outros devem prevalecer sobre os direitos pessoais.

 

2. Deus versus ídolos (1Co 8.4-6)
No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus (8.4).

Paulo compara os ídolos a nada, porque não existem outros “deuses” senão um só, que é Deus. Existem muitos ídolos e imagens que tentam ocupar o lugar do Deus verdadeiro, mas são meras tentativas de representar algo di­vino. Por mais que sejam adora­dos e chamados deuses, só há um único Deus.

Os cristãos de Corinto, aqueles com mais conhecimento, usavam este princípio e arrazoavam: “Se os ídolos são nada, então, comer alimentos oferecidos a ídolos tam­bém não representa nada”. Isto atropelava a fé dos cristãos com menos conhecimento e recém­-chegados à igreja.

 


3. Fortes versus fracos (1Co 8.7-8)
Entretanto, não há esse conheci­mento em todos; porque alguns, por efeito da familiaridade até agora com o ídolo, ainda comem dessas coisas como a ele sacrifica­das; e a consciência destes, por ser fraca, vem a contaminar-se (8.7).

Havia dois grupos diferentes dentro da igreja. Os “mais fortes”, que se orgulhavam de seu conhe­cimento, afirmavam ter o direito de comer qualquer coisa. Quer os cristãos participassem de refei­ções cultuais pagãs em templos ou servissem carne do templo em casa, essas ações não exerciam im­pacto algum sobre sua fé cristã.

Embora se achassem livres e no direito de comer estes alimen­tos, que para eles não faziam mal algum, o exercício desta liberdade feria os menos instruídos. Como ficava a consciência do irmão mais fraco? O outro grupo (“os fracos” ou cautelosos) não achava esses argumentos convincentes e ex­pressava abertamente suas preo­cupações e críticas em relação aos mais fortes.

Por causa da sabedoria e co­nhecimento dos mais instruídos, os fracos teriam que perecer? Este é o centro desta passagem. Jesus não morreu por todos?

 

 

 

II. LIBERDADE TEM LIMITES (1Co 8.9-13, 1Co 10.1-13)

O amor ao próximo (1Co 8.9-12)
Vede, porém, que esta vossa liber­dade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos (8.9).

Este é o foco do início deste capítulo: o amor com os novos e menos entendidos na fé. Paulo volta sua preocupação pastoral tanto para cristãos maduros quan­to para os mais frágeis na fé. Seu verdadeiro objetivo é ajudar todos a reconhecer que o conhecimento obtido de Cristo precisa ser exer­cido em amor pelo próximo, se necessário, renunciando a direitos para que a igreja caminhe em paz e comunhão.

Os mais frágeis na fé são mais legalistas e sensíveis a questões como estas. Quanto mais maduro é o cristão, menos sensível e lega­lista ele se torna. Isto vai contra o que se pensa, que a maturidade traz mais legalismo, mas é justa­mente o contrário.

A resposta pastoral de Paulo aos fracos é: “Vão em frente, co­mer carne não prejudicará seu relacionamento com Deus”. E aos fortes, afirma: “Em vez de pensar só em seus próprios direitos, cer­tifiquem-se de não escandalizar o cristão mais fraco”.

O exercício da liberdade cristã, em detrimento ao próximo e le­vando-o a perecer, é pecado contra Cristo. Jesus também morreu por este irmão mais fraco e não quer que ele tropece.


2. Não ao individualismo (1Co 8.13)

E, por isso, se a comida serve de es­cândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-10.

O individualismo tende a rei­nar quando os cristãos consi­deram que a fé é uma questão pessoal e particular. É mais conve­niente concluir que cada indivíduo é exclusivamente responsável por sua própria fé, mas Paulo rejeita esse individualismo entre os cris­tãos.

Com base em princípios cristológicos, ele remove qualquer argu­mento que sugira que só o cristão mais fraco precisa lidar com a con­fusão causada pelo estilo de vida dos cristãos mais fortes. Aqueles que pertencem a Cristo são, acima de tudo, responsáveis por ajudar a fortalecer a fé dos mais fracos; os direitos pessoais e individuais ficam em segundo plano.

 

3. Em pé, não caia (1Co 10.11,12)
Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia (10.12).
Para prevenir os coríntios de praticarem a idolatria e se manterem separados de um am­biente repleto de festas e rituais idólatras, Paulo apresenta os exemplos da história de Israel. Ele narra os grandes feitos e pri­vilégios concedidos pelo Senhor ao Seu povo, bem como o trágico fim que tiveram seus “corpos espalhados pelo deserto” – quan­do o Senhor não se agradou da maioria deles.

Após ilustrar seu ensino com exemplos do povo de Israel, Pau­lo conclui, dizendo: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa” (v. 11).

A liberdade cristã poderia ser exercida: comer certos alimentos, ter certas amizades, estar em al­guns lugares, mas Paulo escreve a primeira parte do capítulo 10 como se dissesse: ‘Atenção, vocês não são tão fortes como pensam”. O que sobreveio ao povo de Israel lhes serve de exemplo. No exercí­cio desta liberdade, isto também pode sobrevir a vocês. O povo no deserto teve experiências incrí­veis e mesmo assim pereceu. Por isto: “Aquele que está de pé veja que não caia” (10.11).

Ele parece contradizer o que disse no capítulo 8, mas no capí­tulo 10 ele apresenta o outro lado da mesma moeda e esclarece os limites da liberdade cristã. Não seja pedra de tropeço e cuidado para não tropeçar.

 

 

III. DIREITOS VERSUS TESTEMUNHO (1Co 10.14-33)

Os seguidores de Jesus têm como objetivo ser imitadores de Cristo em tudo o que fazem. O testemunho deles acerca de seu relacionamento com Cristo tem precedência sobre seus direitos e os leva a rejeitar ações que com­prometem esse testemunho.

 

1. Celebrações (1Co 10.21,22)
Não podeis beber o cálice do Se­nhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios (10.21).
Paulo se preocupa com a mis­tura entre a adoração a Deus e a adoração idólatra da cultura pagã. Os fortes se julgavam capazes de lidar com a participação direta em eventos seculares sem serem levados à idolatria. Os eventos sociais, religiosos, profissionais e cultu­rais que podem ser considerados inofensivos, muitas vezes têm po­tencial de levar à transigência do ensino de Cristo.

Por detrás dos ambientes e alimentos sacrificados por toda a cidade de Corinto, demônios es­tavam em atuação. Assim como quando nos aproximamos da Ceia, não participamos apenas de um pedaço de pão e um pouco de vi­nho, mas participamos da comu­nhão do corpo de Cristo (v. 16); Quem participa destes alimentos e ambientes também pode não ape­nas estar comendo um alimento, mas se associando com demônios (v. 20). Paulo apresenta o outro lado da moeda. Lembre-se que es­tamos falando de liberdade cristã.

 

2. Lícito, mas não edifica (1Co 10.23)
Todas as coisas são lícitas, mas nem todas convêm; todas são lícitas, mas nem todas edificam.
Declarar que algo é lícito não o torna moralmente correto. De acordo com Paulo, os cristãos são norteados por princípios mais elevados, que adicionam mais al­gumas camadas ao julgamento daquilo que seria correto e ade­quado praticar: É lícito? Convém? Edifica? Se algo é ilegal, ou não é permitido, não deve ser feito; se é legal ou permitido, existe a possi­bilidade de que, ainda assim, não deva ser feito. A balança na qual se deve pesar a questão é a edi­ficação da comunidade. A ação contribui para o fortalecimento ou a edificação da igreja de Cris­to ou serve de obstáculo? Em vez de concordar com um conjunto de leis cristãs a ser aplicado de forma indiscriminada, ele coloca dian­te de seus leitores três perguntas que os obrigam a pensar: É lícito? Convém? Edifica? Portanto, se esta ação prejudica seu testemunho ou ofende a fé de outrem, vale a pena perguntar: em seu lugar, o que fa­ria Jesus?

É importante não buscar ape­nas seus próprios interesses, mas também os dos outros ao nosso redor. Quem vive para Cristo vive para Ele e também por todos que foram alcançados pelo Seu amor.

 

3. Fé e vida prática (1Co 10.31-33)
Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus (10.31).
Para o apóstolo, o que reve­la de fato a identidade cristã é a salvação por meio de Cristo e, ao mesmo tempo, o testemunho para com a comunidade. Quando o pa­drão do comportamento cristão é só o fato de algo ser permitido, torna-se possível dissociar a dou­trina cristã da vida cristã.

Uma maneira simples de ava­liar a liberdade crista é: 1) Deus está sendo glorificado com o meu testemunho? 2) Os outros estão sendo edificados e se tornando pessoas melhores com meu teste­munho?

Para corrigir essa situação, Paulo os chama a serem seus imi­tadores, assim como ele procura imitar a Cristo. A vida prática cris­tã deve demonstrar o ensino de Cristo. Essa é a regra para a vida e o pensamento cristãos. O ensino cristão não deve estar separado do viver cristão.

 

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Paulo nos desafia a sermos seus imitadores assim como ele é de Cris­to tanto no amor ao próximo como no bom testemunho.

 

 

PERGUNTAS

1) Por que Paulo orienta os coríntios a não comer carne oferecida a ídolos?

2) Qual a responsabilidade dos cristãos mais maduros?

3) Segundo a lição, o que de fato revela a identidade cristã do indivíduo?

 

 

COMENTÁRIOS:

8.1 – A carne comprada no mercado provavelmente havia sido oferecida a um ídolo em um dos muitos templos pagãos. Os animais eram levados a um templo, mortos diante de um ídolo em uma das muitas cerimônias religiosas pagãs, comidos em banquetes nos templos pagãos ou levados para os açougueiros que vendiam a carne no mercado. Os crentes se perguntavam se, comendo tal carne, estavam. de alguma maneira, participando da adoração aos ídolos.

8.1-3 – O amor é mais importante que o conhecimento. O conhecimento pode fazer-nos parecer bons e nos sentirmos importantes, mas todos nós podemos facilmente desenvolver um tom arrogante, uma atitude de convencimento. A maioria das pessoas que tem opiniões fortes mostra-se pouco disposta a ouvir e aprender com Deus e com as outras pessoas. Somente podemos obter o conhecimento de Deus amando-o (ver Tg 3.17,18); e somente poderemos conhecer e ser conhecidos por Deus quando nos moldarmos a Ele demonstrando amor (1 Jo 4.7,8).

8.4-9 – Paulo dirigiu estas palavras aos crentes que não se incomodavam com o fato de comer a carne que havia sido oferecida aos ídolos. Embora os ídolos fossem falsos, e as cerimônias pagãs de sacrifício, algo sem sentido, comer tal carne ofendia a consciência de alguns cristãos. Paulo disse, então, que os crentes maduros deveriam evitar comer a carne oferecida aos ídolos se isso ferisse a consciência dos cristãos mais fracos.

8.10-13 – A liberdade cristã não significa que tudo seja permitido. Significa que a nossa salvação não é obtida pelas boas obras ou regras legais; ela é o dom gratuito de Deus (Ef 2.8.9). A liberdade cristã, então, está inseparavelmente ligada à responsabilidade
cristã. Os novos crentes são frequentemente muito sensíveis ao que é certo ou errado, ao que devem ou não fazer. Algumas ações podem ser perfeitamente corretas para nós, mas podem prejudicar um irmão ou irmã que ainda seja novo na fé e esteja aprendendo no que consiste a vida cristã. Devemos ter cuidado para não ofender alguém mais sensível ou que seja um novo convertido ou ainda, por nosso exemplo, levá-lo a pecar. Por amarmos os outros, nossa liberdade deve ser menos importante para nós do que o fortalecimento da fé de um irmão em Cristo.

10.1 ss No cap. 9, Paulo usou a si mesmo como o exemplo de um cristão maduro que se disciplinou para servir melhor a Deus. No cap. 10, ele usou Israel como um exemplo de imaturidade espiritual, mostrando sua confiança excessiva e sua falta de autodisciplina.

10.1-5 A nuvem e o mar mencionados aqui se referem â fuga do povo de Israel da escravidão no Egito, quando Deus o guiou por intermédio de uma nuvem e o conduziu de forma segura através do mar Vermelho (Êx 14). O alimento e a água, concedidos milagrosamente, são as provisoes que Deus deu ao povo quando em viagem pelo deserto tEx 15 e 16).

10.2 A frase “e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar” significa que da mesma maneira que somos unidos em Cristo pelo batismo, os israelitas foram unidos sob a liderança de Moisés e pelos eventos ocorridos durante o Êxodo.

10.7-10 O episódio mencionado em 10.7 refere-se á ocasião em que os israelitas fizeram um bezerro de ouro e o adoraram no deserto (Êx 32). O mencionado em 10.8 foi registrado em Números 25.1 -9. A passagem em Números registra o episódio em que os israelitas adoraram a Baal-Peor e tomaram parte na imoralidade sexual com mulheres moabitas. Já a referência em 10.9 diz respeito á reclamação dos israelitas em relação ã comida (Nm 21.5.6). Eles tentaram o Senhor para ver até onde podiam ir. Em 10.10. Paulo se referiu à ocasião em que o povo reclamou contra Moisés e Arão e a pestilência que resultou desta atitude (Nm I4.2. 36; 16.41 -50). O anjo da morte também foi mencionado em Êxodo 12.23.

10.11 As pressões de hoje tornam fácil ignorar ou esquecer as lições do passado. Mas Paulo nos faz lembrar as lições que os israelitas aprenderam a respeito de Deus. Assim poderemos evitar repetir os seus erros. A chave para lembrar é estucar a Bíblia regularmente de forma que essas lições nos apontem o modo como Deus quer que vivamos. Não precisamos repetir seus erros!

10.13 – Em uma cultura repleta de depravação moral e pressões que induzem ao pecado, Paulo advertiu os coríntios em relação à tentação. Ele disse: (1) as tentações sobrevêm a todos; então não pense que você é diferente; (2) outros têm resistido à tentação; então você também pode fazê-lo: (3) qualquer tentação pode ser resistida porque Deus sempre mostra uma saída. Deus o ajudará a resistir à tentação, ajudando-o (1) a reconhecer as pessoas e as situações que lhe causam problemas, (2) a fugir de qualquer coisa que você saiba ser errada, (3) a escolher fazer somente o que ó certo, (4) a orar pedindo a ajuda de Deus e (5) a procurar amigos que amem a Deus e que possam oferecer ajuda quando você for tentado. Afastar-se de uma situação tentadora é o primeiro passo a caminho da vitória (ver 2 Tm 2.22).

10.14 – A adoração aos ídolos era a principal expressão religiosa em Corinto. Existiam vários templos pagãos na cidade. E estes eram muito populares. As imagens de madeira ou pedra não tinham nenhum mal em si, mas as pessoas lhes davam um crédito que somente a Deus pertence, como proporcionar um bom clima, boas colheitas e filhos saudáveis. A idolatria ainda é um problema sério em nossos dias, mas de forma diferente, não depositamos nossa confiança em estátuas de madeira e pedra, mas no dinheiro e em cartões de crédito. Depositar a nossa confiança em qualquer coisa ou pessoa exceto Deus ó idolatria. Nossos ídolos modernos são os símbolos de poder, prazer ou prestígio que tanto consideramos. Quando entendermos os paralelos contemporâneos da idolatria, as palavras de Paulo “fugi da idolatria”— se tornarão muito mais significativas.

10.6-21 – A idéia de unidade e comunhão com Deus através do sacrifício era forte no judaísmo, no cristianismo e também no paganismo.
Na época do AT. quando um judeu oferecia um sacrifício, ele comia uma parte como um modo do restabelecer sua união com Deus, contra quem havia pecado (Dt 12.17,18). Semelhantemente, os cristãos participam do supremo sacrifício de Cristo (que foi feito de uma vez por todas) na mesa do Senhor quando comem o pão e bebem do cálice, simbolizando seu corpo e seu sangue. Os pagãos que se haviam convertido recentemente ao cristianismo não poderiam evitar a contaminação caso comessem conscientemente a carne oferecida aos ídolos nas festas pagãs.

10.21 – Como seguidores de Cristo, devemos oferecer-lhe nossa total submissão. Como Paulo explicou, não podemos “beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios”. Participar da mesa do Senhor significa ter comunhão com Cristo e identificar-se com a sua morte. Beber o cálice dos demônios significa identificar-se com Satanás, adorando ou promovendo atividades pagãs (ou malignas). Você está levando uma vida dupla, tentando seguir tanto a Cristo como a multidão? A Bíblia diz que não é possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

10.23,24 – Às vezes, é difícil saber quando devemos condescender com um crente fraco. Paulo forneceu uma regra simples para nos ajudar a tomar a decisão correta: devemos ser sensíveis e benevolentes. Embora algumas ações possam não estar totalmente erradas, elas podem não representar o melhor interesse dos outros. Embora tenhamos liberdade em Cristo, não devemos exercitá-la à custa de magoar um irmão ou irmã em Cristo. Não devemos considerar apenas a nós mesmos; devemos ser sensíveis para com os outros. (Para mais informações
sobre a atitude adequada em relaçao a um crente fraco, veja 8.10-13 e Rm 14.)

10.25-27 Paulo deu uma resposta para o dilema: compre qualquer carne que seja vendida no mercado sem perguntar se foi ou não oferecida aos ídolos. Isso não importa, e ninguém deve ter a sua consciência incomodada por esta questão. Quando passamos a nos preocupar muito com todas as nossas ações, torna mo-nos legalistas. E assim não conseguimos apreciar a vida. Tudo pertence a Deus, e Ele nos deu todas as coisas para que as apreciemos. Se soubermos de algo que seja um problema, então devemos lidar com ele. Mas não precisamos procurar problemas em tudo.

10.28-33 – Por que devemos ser limitados pela consciência das outras pessoas? Simplesmente porque devemos fazer todas as coisas para a glória de Deus. até mesmo comer e beber. Nada do que fazemos deve levar os outros crentes a cometer deslizes. Fazemos o que é melhor para os outros, de forma que possam ser salvos. Por outro lado. os cristãos devem ser cuidadosos para não terem uma consciência excessivamente sensível. Os líderes e ensinadores cristãos devem ministrar sobre a liberdade que temos nas questões que não são expressamente proibidas pelas Escrituras.

10.31 Nossas ações devem ser motivadas pelo amor a Deus, de forma que tudo que façamos seja para sua glória. Mantenha isso como princípio de direção. perguntando a si mesmo: esta ação está glorificando a Deus? Como posso honrar a Deus através desta ação?

10.33 – O critério de Paulo para todas as suas ações não era o que ele gostava mais e sim o que era melhor para os que estavam ao seu redor. A abordagem oposta seria: (1) ser insensível e fazer o que quiser, não importando quem será magoado por isto; (2) ser excessivamente sensível e não fazer nada por medo de que alguém possa ficar descontente; (3) ser uma “pessoa que sempre diz sim” aceitando tudo. tentando receber a aprovação dos outros ao invés da aprovação de Deus. Nesta era do “eu primeiro” e “procurando o número um”, a surpreendente declaração de Paulo é um bom padrão. Se fizermos do bem aos outros uma de nossas metas primárias, desenvolveremos uma atitude de serviço que agrada a Deus.