Lição 7: 1 Samuel 18 a 20: Davi e Sua Amizade com Jônatas

 

Lição 7: 1 Samuel 18 A 20: Davi e Sua Amizade com Jônatas

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em 1 Samuel 18, 19 e 20 há 30, 24 e 43 versos, respectivamente. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, 1 Samuel 20.30.43 (5 a 7 min.).
A revista funciona como guia de estudo e leitura complementar; mas não substitui a leitura da Bíblia.
Chegamos a uma lição acerca da amizade que devemos nutrir entre nós, como irmãos. É lamentável, mas nem todos os irmãos se tornam amigos. 0 escritor aos hebreus nos pede para conservarmos a paz e lutarmos contra qualquer amargura (Hb 12.14-15), e o próprio Davi cantou: “Como é feliz e agradável observar quando os irmãos vivem em fraternidade!” (Sl 133.1). Assim, devemos entender que a amizade bíblica implica em paciência, renúncia, domínio próprio e caridade. Tais princípios é que tornam um amigo tão confiável a ponto de crermos totalmente nele, tal como Abraão creu em Deus (Tg 2.23). Amigo também é o que se faz próximo a ponto de sofrer as dores do outro e confortar antes a ele do que a si.

 

OBJETIVOS
• Mostrar o valor da amizade.
• Descrever a amizade de Davi e Jônatas.
• Valorizar e cultivar a amizade.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Será que desejamos o melhor aos nossos amigos? Peça para alguns irmãos apontarem seus melhores amigos, depois peça que os mesmos irmãos ordenem os desafios que gostariam que seus amigos realizassem (pular, cantar etc.). Ao final, peça que cada um cumpra o que determinou aos amigos. É uma maneira de sentirmos “na pele” o compromisso de ser amigo dos nossos irmãos. Quem é capaz de desejar ao próximo o mesmo bem que quer para si?

 

RESPOSTAS
1) Jônatas,
2) Lealdade.
3) Jesus Cristo.

 

 

INTRODUÇÃO
A amizade entre Davi e Jônatas é descrita nos dois livros de Samuel. Inusitada e improvável ela se tornou um ícone de lealdade.

 

I. O VALOR DA AMIZADE (1Sm 18.1-5)
Em tempos nos quais o amor se esfria e os amigos são virtuais, o que dizer da amizade autêntica e não fingida? Vejamos algumas característica que nos fazem valorizar esse nobre sentimento.

1. Amizade é imprescindível (1Sm 18.1)
Sucedeu que, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma.
Amizade não é algo opcional, mas uma necessidade humana que não estamos impedidos de desfrutar pelo fato de sermos crentes. Ao contrário, o ambiente cristão de comunhão e amor é um espaço fértil para sua manifestação. Quem nunca precisou de amigos para desabafar e conversar livremente? Bem-aventurado quem os tem. Amigos de caminhada no Reino são uma riqueza da graça divina. Não há como prescindir deles.
Amizade é uma relação não hierarquizada na qual o compadrio e a identificação nos fazem estar em absoluta igualdade com alguém que nos ajuda a caminhar responsavelmente a sermos nós mesmos na presença de Deus. Sem amizade nossa vida seria pobre e sem brilho. Alguém disse que a verdadeira amizade é como a saúde perfeita; seu valor raramente é reconhecido até que seja perdida. Profundíssima também é a fala de Charles Swindoll: “Amigos são como árvores frondosas que oferecem sombra em tempos difíceis. Porém, só os tem quem planta!”. Querido aluno, você tem amigos? Você tem sido amigo?

 

2. Amizade é rara (1Sm 18.3)
Jônatas e Davi fizeram aliança; porque Jônatas o amava como à sua própria alma.

Amigos não são achados aos montes. Amizade verdadeira não é algo que se consegue a todo instante, ou como se diz popularmente, “em qualquer esquina”. Não é uma coisa qualquer que se consegue sem esforço e investimento. Amizade autêntica exige que se “coma sal” juntos por um longo tempo e, quiçá, lágrimas e angústias para se consolidar e criar raízes profundas.
A poesia do cantor popular “eu quero ter um milhão de amigos” pode ser bonita, mas não é factível. Amigo não é algo que se tem aos milhões. Seguidores de redes sociais não são amigos de fato. No máximo podem ser admiradores. A influência das redes sociais na construção de amizades é inegável. No entanto, não devem servir como um substituto das amizades e do convívio na realidade. É comum, nos dias de hoje, passarmos por grupos de amigos na rua, todos juntos mexendo no celular, mas sem nenhum contato visual ou conversa. Apenas olhos vidrados na pequena tela, que se tornou um grande mundo paralelo nos últimos anos. Priorize as amizades concretas e reais. Amigos são como pérolas, quem os tem deve valorizá-los, pois são tesouros raros.

 

3. É uma virtude bíblica (1Sm 18.4)
Despojou-se Jônatas da capa que vestia e a deu a Davi, como também a armadura, inclusive a espada, o arco e o cinto.
Amizade é uma virtude amplamente mencionada na literatura secular e também nas Escrituras Sagradas. O posterior pranto de Davi por Jônatas mostra quão virtuosa pode ser uma amizade autêntica (2Sm 1.17-27). Na Bíblia temos exemplos de traições, como a dos irmãos de José, e de amizades belas e profundas como a de Rute e Noemi e a de Davi e Jônatas. Então, amizade é uma virtude cara e tão valiosa que nem Jesus prescindiu dela. O Novo Testamento registra, por exemplo, o notório apreço que Jesus tinha por Lázaro e suas irmãs, a ponto de o portador da notícia da doença de Lázaro relatá-la a Jesus desta forma: “Senhor, está enfermo aquele que tu amas” (Jo 11.3). Houve, inclusive, um homem chamado cie “amigo de Deus” (Tg 2.23). Concluímos que a Bíblia é um livro riquíssimo em amizades.

 

 

II. DAVI E JÔNATAS (1Sm 20.1-31)

1. Amizade desinteressada (1Sm 20.1)
Então, fugiu Davi da casa dos profetas, em Ramá, e veio, e disse a Jônatas: Que fiz eu? Qual é a minha culpa? E qual é o meu pecado diante de teu pai, que procura tirar-me a vida?
Amizade autêntica não convive com interesses. É uma relação desinteressada. É gratuidade. Relação de interesses chama-se negócios. Para ser real e pura a amizade precisa ser livre. Se o critério for vantagens a serem auferidas o que existe é outra coisa, não amizade. Amizade existe e persiste apesar das “inconveniências”. Quem só é amigo enquanto for conveniente, confortável e interessante é um aproveitador.
É interessante e digno de nota que Jônatas nunca viu Davi sentado no trono. Ele não viveu o suficiente para ver seu amigo chegar no posto de rei. Sua amizade não tinha a ver com supostas recompensas que ele poderia receber. Amizade é um pacto que é feito sem a previsão de que um dia o outro será grande, rico, famoso e poderá nos recompensar. Não importa. O maior exemplo de amizade desinteressada nas escrituras é a de Jesus por nós. Ele mesmo disse que ninguém lem maior amor do que Ele que deu a vida pelos seus amigos (Jo 15.13). Jesus portanto se tornou o modelo de amizade.

 

2. Amizade inabalável (1Sm 20.4)
Disse Jônatas a Davi: O que tu desejares eu te farei.

Inabalável é aquilo que permanece, que se mantém fixo, imperturbável. A amizade de Davi e Jônatas enfrentou muitos contratempos e revezes, mas se manteve firme até o fim da vida. A argamassa que os mantinha unidos era a confiança. Parafraseando a fala de Jônatas, é como se dissesse assim: “Eu vou ser fiel a você Davi. Meu pai está procurando matá-lo, mas eu serei um amigo leal.” Somos assim? A Bíblia diz que “em todo tempo ama o amigo e na angústia nasce o irmão” (Pv 18.24).
Amigo não abandona o outro nos tempos difíceis. Amigo não deixa o outro à beira do caminho. Mesmo depois da morte do seu amigo, Davi demonstra consideração aos descendentes de Jônatas (2Sm 9), tão grande era a consideração. Sua amizade perdura e continua mesmo quando o outro já não vive.

 

3. Amizade improvável (1Sm 20.31)
Pois, enquanto o filho de Jessé viver sobre a terra, nem tu estarás seguro, nem seguro o teu reino; pelo que manda buscá-lo, agora, porque deve morrer.

Essa premissa é incontestável. Vejamos que Jônatas seria o herdeiro lega) do trono após a morte de seu pai Saul e Davi era o concorrente mais próximo ao mesmo trono, ten
do sido inclusive ungido para isso. Como uma amizade assim poderia se sustentar? Inclusive, no texto citado acima seu pai parece lembrar-lhe exatamente essa verdade. Con-tudo, a amizade deles se manteve apesar das condições adversas. Jônatas demonstra um caráter muito nobre ao se tornar um amigo fiel e leal a Davi, contudo, sem abandonar ou trair seu pai. Amizade, portanto, é algo que exige e demanda gente boa, cheia de caráter e de palavra. Se em algum momento Jônatas traísse Davi, indubitavelmente este seria morto.

 

 

III. ENSINAMENTOS (1Sm 20.32-42)
A amizade entre Davi e Jônatas possui alguns ingredientes que podem nos ajudar a sermos e termos melhores amigos. Vejamos:

1. Amizade exige lealdade (1Sm 20.32)
Então, respondeu Jônatas a Saul, seu pai, e lhe disse: Por que há de ele morrer? Que fez ele?
Lealdade é sinônimo de fidelidade. E honrar uma história construída juntos. É valorizar às últimas consequências uma palavra empenhada e um compromisso assumido e firmado. Jônatas era leal mesmo na ausência de Davi. Lealdade tem a ver com o caráter, não com quem está presente. O leal, na nossa ausência, comporta-se como se estivéssemos presentes. Somos assim? Vivemos tempos em que as pessoas não sustentam compromissos, mas ser leal é dizer: “o que prometi no passado continua valendo hoje”. Por isso muitos relacionamentos, incluindo casamentos, não se sustentam porque falta lealdade. Na raiz de muitos divórcios faltou isso: lealdade (Ml 2.14). Sem lealdade a amizade torna-se impossível, pois ela é uma virtude do caráter. Tem a ver conosco primeiramente, com quem somos, só depois com o que o outro fez ou deixou de fazer. Por isso os traidores são desprezíveis. Nada é mais desprezível do que a traição.
Quando escreveu a “Divina Comédia”, no século XIV, Dante Alighieri estratificou o inferno e colocou na camada mais baixa e mais abjeta os traidores. Para ele não havia ninguém pior. É a ausência de lealdade que faz muita gente viver pulando de uma comunidade de fé para outra. Gente cujos compromissos não possuem o ingrediente da lealdade é que vive pulando de uma igreja para outra. Falta lealdade aos vínculos. Igreja não é padaria ou açougue que alguém muda só por que o outro fica mais perto de casa.

 

2. Amizade exige sinceridade (1Sm 20.41)
Inclinou-se o rapaz, levantou-se Davi do lado do sul e prostrou-se rosto em terra três vezes; e beijaram-se um ao outro e choraram juntos; Davi, porém, muito mais.
Ora se não há sinceridade é porque não existe, confiança e se ela não existe a amizade não sobrevive. Por isso que na nossa relação com Deus um dos pilares é sermos quem somos. Diante de Deus não pode haver máscaras porque Ele não apenas sabe tudo, mas também não nos amedronta,
antes nos acolhe.
Em qualquer relacionamento profundo, incluindo a amizade, não pode haver temor de sermos verdadeiros. Amigos nos deixam à vontade para sermos transparentes e sinceros. Amigos não usam a fraqueza do outro para tripudiar ou oprimir. Por isso mesmo, a amizade também é um ambiente de cura. Um amigo diz a verdade em amor, sabe repreender para o bem do outro. Essa é a razão de Provérbios dizer que “leais são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos de quem odeia são enganosos” (Pv 27.6). Concordo com a frase de Timothy Keller: “Amigos verdadeiros são como cirurgiões, somente nos ‘cortam’ no sentido de curar-nos.”

 

3. Amizade exige confiança (1Sm 20.42)
Disse Jônatas a Davi: Vai-te em paz, porquanto juramos ambos em nome do Senhor, dizendo: O Senhor seja para sempre entre mim e ti e entre a minha descendência e a tua.
A confiança é uma característica cada vez mais ausente em nossa sociedade. Isso porque todos os dias somos bombardeados com notícias de pessoas enganando outras. Lamentavelmente, isso ocorre até mesmo dentro de um grupo de amigos, de famílias e até dentro de igrejas. Confiança é a crença na sinceridade de alguém. Quem confia não teme, baixa as armas e se vulnerabiliza diante do outro andando tranquilo. Quando fez seu pacto com Davi, Jônatas lhe entrega sua capa, sua armadura, sua espada e seu arco (18.4). Que gesto lindo! Um guerreiro do mundo antigo entregar suas armas era uma forma de dizer “eu confio em você”. Ele se desarma.
Diante do amigo podemos ficar vulneráveis. Por isso o poeta brasileiro disse que “amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito”. Ele é valioso demais. O verdadeiro amigo corre riscos, essa é a ideia. Tem a ver com a capacidade de nos doarmos. Ao entregar suas armas a Davi, Jônatas não deu apenas presentes, mas se doou, se entregou. A doação de si mesmo é a superação máxima do egoísmo. Confiança é isso. As pessoas à nossa volta confiam em nós? Você é uma pessoa confiável?

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Amizade é muito importante e devemos cultivá-la sendo amigo e tendo amigos, a exemplo de Davi e Jônatas, Jesus também teve amigos e tornou-se o paradigma da amizade.

 

RESPONDA
1) A amizade entre Davi e ____________era improvável e desinteressada.

2) Aprendemos nesta lição que amizade tem três ingredientes: Confiança, sinceridade e_______

3) Nosso paradigma de amizade é____________