Lição 6 – Marcos 7 e 8: O Servo é o Cristo

LIÇÃO 6 – MARCOS 7 e 8: O SERVO É O CRISTO

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Marcos 7 e 8 há 37 e 38 versos, respectivamente. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Marcos 8.11-30 (5 a 7 min.).

Querido(a) professor(a), Jesus enfrentou rejeição e acusações ao longo de suas caminhadas. Mesmo assim, seguia com enorme senso missionário e messiânico a fim de alcançar quantos o quisessem conhecer. Ele cumpriu a Torá com justiça, recusando uma religiosidade corrompida e motivada pelo desejo de manipular e explorar as pessoas. Ninguém precisa se ocupar de uma santidade ritualística, pois um coração convertido não se deixa arrastar por costumes e tradições seculares. Jesus foi até os impuros e encontrou mais fé entre eles do que entre os fariseus. Vamos vigiar para que Satanás não nos leve a agir contra os propósitos do Reino, como, por um instante, aconteceu com Pedro.

 

OBJETIVOS
– Assumir, como servos, o compromisso missionário.
– Praticar a justiça e a humildade, seguindo o exemplo de Jesus.
– Ensinar a todos que Jesus os convida à salvação.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Professor(a), mostre aos seus alunos que o crente vai a qualquer lugar onde o Evangelho deva ser ministrado, pois não somos chamados para excluir as pessoas do Reino. Ao contrário, empenhamos nossas vidas na tarefa de revelar Jesus a todos que queiram conhecê-lo. É no cotidiano das nossas atividades seculares, entre incrédulos, que devemos testemunhar com firmeza e generosidade para que muitos creiam e sejam libertos pela fé em Jesus, o Cristo.

 

RESPOSTAS
1) A lei de “Corbã” (Mc 7.11 -13).
2) As curas do surdo e gago e do cego de Betsaida.
3) Da verdade de que Jesus é o Cristo (Mc 8.29).

 

LEITURA ADICIONAL
“A pureza moral não depende de lavar ou não lavar, de tocar ou não tocar em coisas, de comer ou não comer certas coisas, conforme os fariseus e escribas ensinavam. (…) Nossa pecaminosidade original e nossa inclinação natural para o mal raramente são consideradas como convém.
A iniquidade dos homens, frequentemente, é atribuída aos maus exemplos, às más companhias, a tentações peculiares ou às armadilhas do diabo. Parece que esquecemos o fato de que cada homem traz, dentro de si, o manancial de sua própria iniquidade. Não precisamos de qualquer companhia má para nos ensinar ou de qualquer demônio para nos tentar a cair em pecado. Já temos dentro de nós a fonte de cada pecado debaixo do céu. (…) Ao lermos essas palavras, precisamos entender claramente que nosso Senhor estava referindo-se ao coração humano em geral. Ele não aludia somente ao devasso de má reputação ou ao preso na cadeia. Todos nós, grandes ou pequenos, ricos ou pobres, patrões ou empregados, idosos ou jovens, eruditos ou ignorantes – todos nós temos, por natureza, um coração como aquele que foi descrito por Jesus. As sementes de todos os males aqui mencionados jazem escondidas dentro de nós. Podem ser reprimidas pelo temor às consequências, pelas restrições da opinião pública, pelo medo de sermos descobertos, pelo desejo de parecermos respeitáveis e, acima de tudo, pela graça onipotente de Deus. Porém, cada indivíduo possui, dentro de si mesmo, a raiz de todo pecado.
(…) Aos olhos de Deus, ‘todos nós somos como o mundo’ (Is 64.6). Deus vê, em cada um de nós, incontáveis iniquidades que o mundo jamais será capaz de perceber, porquanto Deus lê nossos corações. (…) Certamente, a pessoa que não se gloria no evangelho reconhece pouco da praga que abriga em seu interior”.
Livro: Meditações no Evangelho de Marcos (RYLE, John Charles. 2. ed., São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2018, pp. 124-125).

 

LIÇÃO 6 – MARCOS 7 e 8: O SERVO É O CRISTO

 

Texto Áureo
“Então, lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo.” Mc 8.29

 

Verdade Prática
Cristo é o único que pode transformar o nosso ser de dentro para fora.

 

Estudada em 6 de novembro de 2022

 

Leitura Bíblica Para Estudo Marcos 8.11-30

 

INTRODUÇÃO

VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE Mc 7.1-23
A acusação Mc 7.5
A refutação Mc 7.8
O ensino Mc 7.20

 

O EVANGELHO ALCANÇOU OS GENTIOS Mc 7.24-37
Território gentio Mc 7.24
A mulher siro-fenícia Mc 7.26
O surdo e gago Mc 7.32

 

JESUS É O CRISTO Mc 8.1-38
Alimentando gentios Mc 8.4
Cego de Betsaida Mc 8.24
Quem dizem que eu sou? Mc 8.29


APLICAÇÃO PESSOAL

 

Hinos da Harpa: 299 – 45

 

INTRODUÇÃO
Nos capítulos 7 e 8 de Marcos, a essência da verdadeira espiritualidade é revelada por Jesus. Ademais, ao palmilhar por terras gentílicas e promover milagres entre gentios, o Servo demonstra o alcance universal da redenção. Após, no ápice do evangelho de Marcos, Pedro, representando os discípulos e inspirado pelo Espírito Santo, enfim professa a identidade messiânica de Jesus. No capítulo 8, destaca-se a cura do cego de Betsaida, narrada exclusivamente por este evangelista.

 

I. VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE (Mc 7.1-23)

1. A acusação (Mc 7.5)
Por que não andam os teus discípulos de conformidade com a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos por lavar?
Segundo a tradição rabínica, Moisés recebeu duas leis no Monte Sinai: a Torá escrita e a Mishná oral. Esta consiste em comandos verbais prescrevendo, com riqueza de detalhes, como a Torá deveria ser aplicada nas mais variadas circunstâncias do cotidiano, sendo transmitidos às gerações sucessivas. Na época de Jesus, para os fariseus, a adesão à tradição oral era tão importante quanto a obediência à própria Torá.
Questões de pureza ocupam 25% da Mishná, daí o motivo da obsessão farisaica pelo tema. “Pureza”, porém, aqui, não tem a ver com higiene, mas com ritos de purificação. Mesmo que não implicasse sujeira, o simples contato com utensílios ou pessoas “impuras” demandava sujeição a rigorosos rituais de lavagem e purificação (7.3-4).
Fariseus e escribas se escandalizaram com o fato dos discípulos de Jesus não lavarem as mãos antes de comerem (7.5). No entanto, essa conduta em nada ofendia a Lei de Moisés, que, de sua parte, apenas exigia dos sacerdotes que lavassem suas mãos e pés antes de oferecerem sacrifício (Êx 30.1821). A verdade é que diversos preceitos humanos foram acrescentados à lei de Deus, impondo à vida espiritual do povo um fardo pesadíssimo de carregar (Mt 23.4).

 

2. A refutação (Mc 7.8)
Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens.

Jesus foi contundente em sua resposta, denominando seus contendores de “hipócritas” (7.6).
Para demonstrar a pertinência de sua colocação, o Servo invoca a lei e os profetas. Cita Isaías: “Este povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe de mim” (7.6; Is 29.13). Após, Moisés: “Honra a teu pai e a tua mãe” (7.10; Êx 20.12). Resgata, assim, a primazia da lei de Deus para guiar a vida do ser humano (Sl 119.105). Um exemplo concreto vem à tona: a lei de “Corbã” (7.11-12).
Segundo o costume rabínico, uma pessoa poderia devotar alguns de seus bens ao Senhor (Lv 27.28; Nm 18.14), embora mantendo o exclusivo controle sobre eles enquanto vivesse. Ou seja, somente com a sua morte esses bens passariam ao uso no templo, nenhum sacrifício real demandando do “ofertante”.
Essa medida não passava de ardiloso artifício para privar sobretudo pais, em sua velhice, de usufruir da propriedade desses bens, com ampla aceitação dos sacerdotes, dispensando os filhos de seus deveres para com pai e mãe (7.12). Tradição humana francamente violadora da lei de Deus (7.13). Como amar a Deus e desobedecer à sua Palavra (1Jo 5.3)? Jesus foi certeiro: pura hipocrisia.

 

3. O ensino (Mc 7.20)
O que sai do homem, isso é o que o contamina.
O sistema de purificação dos fariseus partia do pressuposto de que a fonte do mal é exterior – o que vem de fora é o que contamina o homem (7.15). Jesus inverte essa afirmativa. Antes, “o que sai do homem é o que o contamina” (7.20).
De fato, o alimento que se ingere apenas desce pelo aparelho digestivo (7.19). No coração, porém, residem nossas genuínas motivações e propósitos (Mt 12.34), inclusive contaminações morais e espirituais que afetarão a todos os que nos circundam (7.21-23).
Assim, o mal não vem de fora, mas de dentro. Sua fonte não está no “sistema” ou em objetos, mas, sim, no coração humano. Antes de atentar para nossas palavras e ações, o Senhor contempla a qualidade do nosso coração (Gn 4.4b; 1Sm 16.7), pois dele procedem as fontes da vida (Pv 4.23).

 

O EVANGELHO ALCANÇOU OS GENTIOS (Mc 7.24-37)

1. Território gentio (Mc 7.24)
Levantando-se, partiu dali para as terras de Tiro [e Sidom].

A partir desta seção, Marcos passa a relatar o ministério de Jesus na região de Tiro e Sidom (7.24), local com ampla predominância de gentios, forte paganismo e histórica inimizade para com os judeus. Ali, por exemplo, nasceu a rainha Jezabel, que seduziu Israel para práticas pagãs (1Rs 16.31-32).
Logo, tal visita de Jesus era não apenas embaraçosa, mas até escandalosa para os seus. Porém, tudo que Jesus faz tem um sábio propósito: as lições sobre pureza e impureza deveriam continuar. Afinal, já se declarou que não há alimento impuro (7.19). Agora, é tempo de proclamar que também não há terras ou pessoas impuras. O Evangelho deve chegar em todos os lugares e alcançar a todas as pessoas (Mt 28.19; At 1.8).

 

A mulher siro-fenícia (Mc 7.26)
Esta mulher era grega, de origem siro-fenícia, e rogava-lhe que expelisse de sua filha o demônio.

Como é de seu costume, Jesus aplicará a lógica de seu ensino anterior (7.1-23) em experiências concretas. Para tanto, a personagem que surge é perfeita: mulher, grega, de origem siro-fenícia, habitante de terra infame e com uma filha endemoninhada (7.26). Para um judeu médio da época, o cúmulo da impureza.
Mas a frustrante incredulidade do povo escolhido contrasta com a surpreendente sabedoria dessa mulher: diante de uma necessidade desesperadora, prostra-se aos pés de Jesus e roga-lhe que liberte sua filha (7.2526). Segue-se, então, um diálogo profundamente espiritual: com uma resposta aparentemente dura, o Servo testa a qualidade de sua fé (7.27).
A mulher não decepciona: em reação, revela não apenas fé persistente, como também compreensão correta do plano divino, reconhecendo a preferência dos judeus nas bênçãos de Deus (Rm 1.16), mas não sua exclusividade (7.28). Mesmo sendo gentia, tem plena convicção que o amor de Jesus é tão abundante que pode saciar a todos os povos da terra (Gn 12.3b).


3. O surdo e gago (Mc 7.32
)

Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele.
Com esse milagre, só encontrado no evangelho de Marcos, Jesus oferece alimento salvífico a gentios com o mesmo amor e compaixão que o ofertou aos judeus (Marcos 6). O Servo está reforçando o alcance abrangente de Sua missão redentiva.
Jesus continua aplicando aos “impuros” a obra que iniciou entre os judeus. Chega a Decápolis, ainda terra gentílica. Aproxima-se outro gentio, mas, agora, com dificuldades singulares: nunca ouviu acerca de Jesus tampouco dialogou a respeito. Deficiência na audição e na fala. Porém, esse rigoroso bloqueio não impediu que alguns por ele intercedessem, levando-o perante o Servo (7.31-32).
O Senhor o colocou à parte e o tratou com dignidade, com ele interagindo diretamente. Demonstrando intensa compaixão (“suspirou”), após tocar em seus ouvidos e língua, disse: “Abre-te!” (7.33-34). Instantaneamente, tanto os ouvidos quanto a língua ficaram desembaraçados (7.35).
Nosso Mestre concretiza a visão de Isaías da era messiânica da salvação: surdos ouvindo e mudos cantando (Is 35.5-6). A lição principal está cada vez mais evidente: Jesus é o Cristo (8.29) e Seu Reino de amor não tem limites étnicos ou geográficos (SI 96.3; Mc 13.10).

 

III. JESUS É O CRISTO (Mc 8.1-38)

1. Alimentando gentios (Mc 8.4)
Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto?

A segunda multiplicação de pães e peixes guarda, pelo menos, duas importantes singularidades em comparação com a primeira (Mc 6.35-44): a) o papel mais ativo de Jesus: é o próprio Senhor quem percebe o problema (8.1-3) e, do início ao fim, protagoniza a dinâmica dos acontecimentos; b) os destinatários do milagre: na alimentação dos quatro mil (Marcos 8), Jesus oferece alimento salvífico a gentios com o mesmo amor e compaixão que o ofertou aos judeus (Marcos 6). O Servo está reforçando o alcance universal de sua missão redentiva.
Entretanto, à diferença dos gentios, o povo judeu continua resistindo ao ministério do Servo, pedindo “um sinal do céu” (8.11). Tamanha incredulidade continua a incomodar profundamente a Jesus, que rejeita qualquer exposição gratuita de poderes (8.12-13; Mt 7.6). Afinal, pelo contrário, é preciso crer para ver (Jo 20.29).
Infelizmente, até os discípulos continuam com corações endurecidos, fato evidenciado em outro evento de falta de alimento. Desta feita, porém, Jesus repreende a contínua falta de discernimento espiritual de seus companheiros mais próximos, que permanecem presos a uma visão por demais superficial e materialista de suas falas (8.1421), como ocorrera, inicialmente, com Nicodemos (Jo 3.1-10).

 

2. Cego de Betsaida (Mc 8.24)
Vejo homens, porque como árvores os vejo, andando.

Deparamo-nos, agora, com outro episódio bíblico exclusivo de Marcos: a cura gradual do cego de Betsaida. Tomando-o pela mão, Jesus o leva para fora da aldeia, aplica-lhe saliva aos olhos e impõe suas mãos (8.22-23). O homem sinaliza que sua visão fora restaurada em parte, pois enxergava imagens ainda borradas (8.24). Após novo toque de Jesus em seus olhos, fez-se perfeita restauração da visão (v. 25).
A cura em duas etapas não se deve a limitações do poder de Jesus (Mc 6.56 e 10.51-52). Pelo contrário, essa curiosa dinâmica de restauração gradual foi deliberadamente escolhida pelo Servo para servir de símbolo da própria obra que estava realizando no povo judeu, especialmente nos discípulos, cujo processo de discernimento espiritual também acontecia lenta e progressivamente, com importantes avanços e incômodos recuos (8.14-21 e 27-33).

 

3. Quem dizem que eu sou? (Mc 8.29)
Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo.
O evangelho de Marcos chega ao seu ponto alto. Em meio a todo esse contexto de avanço do Evangelho junto aos gentios e embaraço junto aos judeus, Jesus prepara o cenário para, enfim, descortinar com maior riqueza de detalhes a natureza e o propósito de sua missão, bem como o nosso papel em Seu Reino.
A culminância desse amoroso processo acontece exatamente quando Jesus, no caminho de Cesareia de Filipe, debate com seus discípulos sobre o que os homens diziam a seu respeito. Em meio a muitas respostas, todas equivocadas, o Mestre, enfim, pergunta: “Mas vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro, então, responde: “Tu és o Cristo” (8.27-29). A identidade messiânica de Jesus estava plenamente revelada e crida!
O verdadeiro cristão não teme destoar da convicção das massas e posicionar-se ao lado da verdade, com amor e sabedoria (1Tm 1.7). Afinal, não devemos nos conformar com este mundo, mas, sim, sujeitarmo-nos à transformação pela renovação das nossas mentes, pois só assim experimentaremos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2).
Sobre a sólida verdade de ser o Cristo (8.29), Jesus passa a descortinar detalhes de seu sofrimento, morte e ressurreição (8.31). O vacilo de Pedro, deixando-se ser usado por Satanás para tentar convencer Jesus a não morrer por nossos pecados (8.32-33), dá ensejo a mais uma lição: a batalha espiritual contra o diabo será dura, mas devemos ser firmes em resistir-lhe (Ef 6.10-18). Para tanto, cumpre-nos viver uma vida de total abnegação e entrega a Jesus (8.34-38; Tg 4.7).

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Jesus é o Filho de Deus. Por Sua graça, pode alcançar a todos, agindo onde reside o verdadeiro problema humano: no coração.

 

RESPONDA
1) Para provar a hipocrisia de seus contendores, que lei decorrente de costume rabínico Jesus denunciou?

2) Nesta lição, temos duas curas que Jesus operou cujos registros só existem no evangelho de Marcos. Quais são?

3) Segundo a lição, a partir de que sólida verdade espiritual Jesus passou a descortinar detalhes de seu sofrimento, morte e ressurreição?

 

COMENTÁRIOS:

 

7.1 sós – Os líderes religiosos enviaram alguns investigadores de seu quartel general em Jerusalém para fazer uma verificação sobre Jesus. A delegação não gostou do que encontrou, porque Jesus os censurou por obedecerem à lei e as tradições apenas com o objetivo de parecer santos, e não para honrar a Deus. Isaías havia acusado os líderes religiosos de sua época de fazer o mesmo (Is 29.13). Jesus usou as palavras deste profeta para acusar esses homens.

7.3,4 Marcos explicou os rituais judaicos porque se dirigia a gentios. Antes de cada refeição, os judeus piedosos realizavam uma curta cerimônia, que consistia em lavar as mãos e os braços de uma forma especifica. Os discípulos não tinham as mãos sujas, mas haviam deixado de observar o ritual de limpeza. Os fariseus acreditavam que isso os purificava dos contatos que pudessem ter tido com qualquer coisa considerada impura. Jesus disse que estavam errados ao pensar que se tornariam aceitáveis a Deus somente por estarem externamente limpos.

7.6,7 – A hipocrisia consiste em fingir ser algo que a pessoa não é nem tem intenção de ser. Jesus chamou os fariseus de hipócritas porque adoravam a Deus por razões erradas. Não eram motivados pelo amor, mas pelo desejo de alcançar lucros, ter a aparência de santos e aumentar seu prestígio social. Tornamo-nos hipócritas quando: (1) damos maior atenção à reputação do que ao caráter: (2) obedecemos cuidadosamente a certas práticas religiosas, mas permitimos que nosso coração permaneça longe de Deus; e (3) enfatizamos, em nós, as virtudes e, no próximo, os pecados.

7.8,9 Os fariseus acrescentaram centenas de regulamentos mesquinhos as santas leis de Deus, e tentaram forçar as pessoas a seguir essas regras. Afirmavam conhecer a vontade de Deus relacionada a cada detalhe da vida. Hoje, ainda existem líderes religiosos que acrescentam normas à Palavra de Deus, causando muita confusão entre os crentes. É idolatria afirmar que tal interpretação é tão importante quanto a própria Palavra de Deus. E é especialmente perigoso estabelecer padrões que não sejam bíblicos, para serem obedecidos por outras pessoas. Em vez disso, cada um deve buscar de Cristo a orientação a respeito de sua vida e seu comportamento, deixando que Ele oriente os outros sobre o que devem ou não fazer.

7.10.11 – Os fariseus usavam Deus como desculpa para não ajudarem a família. Acreditavam que era mais importante colocar dinheiro no tesouro do Templo do que ajudar seus pais necessitados. embora a lei de Deus diga especificamente que é necessário honrar pai e mãe (Êx 20.12) e cuidar dos necessitados (Lv 25.35-43). Devemos sempre contribuir para a obra de Deus, ofertando nosso tempo e nossos recursos financeiros, mas nunca usar esta atitude como desculpa para negligenciar nossas responsabilidades. Ajudar os necessitados é uma das maneiras mais importantes de honrar a Deus. Para obter mais informações sobre o voto de ofertar a Deus. veja a nota sobre Mateus 15.5,6.

7.18,19 – Por observarem as leis da alimentação (Lv 11). recusando-se a comer determinados alimentos os judeus acreditavam estar limpos perante Deus. Mas Jesus explicou que, na verdade, o pecado é concebido no íntimo da pessoa, está relacionado às suas intenções e seus pensamentos. Ao lembrar isso, Jesus não estava desconsiderando a lei, mas preparando o caminho para as mudanças relatadas em Atos 10.9-29, quando Deus retirou as restrições em relação a salvação dos gentios. Será que nos preocupamos mais com aquilo que aparentamos do que com o que está em nossa mente e em nosso coração? Não somos purificados por causa de nossas atitudes externas: tornamo-nos puros em nosso interior quando Cristo renova nossa mente e nos torna semelhantes a Ele.

7.20-23 – O pecado começa a ser concebido com um simples pensamento. Permitir que nossa mente acolha cobiça, inveja, ódio ou vingança nos levará a pecar. Não se contamine focalizando o pecado; antes, siga o conselho de Paulo em Filipenses 4.8: pense apenas no que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e em tudo o que é de boa fama.

7.24 – Jesus viajou cerca de 48 quilômetros até Tiro. Esta cidade e Sidom eram localidades portuárias no mar Mediterrâneo, ao norte de Israel. Tinham um comércio florescente e eram muito ricas. Estas duas cidades históricas cananeias eram muito orgulhosas. Na época de Davi, Tiro vivia em harmonia com Israel (2 Sm 5.11), mas logo depois, a cidade tornou-se conhecida por sua impiedade. Seu rei chegou a afirmar que era deus (Ez 28.1 sós). Tiro se alegrou quando Jerusalém foi destruída em 586 a.C., porque sem Israel como rival nos negócios seu comércio e os lucros aumentariam. Foi para combater essa cultura maligna e materialista que Jesus levou sua mensagem. É interessante observar que Ele enfatizou a importância da pureza interior pouco antes de visitar Tiro.

7.26 – Essa mulher era considerada gentia por ser siro-fenícia. A nacionalidade da mulher foi assim designada por Marcos em alusão à formação política da cidade. Os leitores romanos identificariam facilmente a região do Império na qual ela vivia.

7.27,28 – “Cachorrinho” significa -filhote de cão”, animal de estimação criado dentro de casa, não os criados na rua, os vira-latas. Ao dizer que não convinha deitar o pão aos cachorrinhos, Jesus afirmou que sua prioridade era servir o alimento (os ensinamentos) primeiro aos filhos (os seus discípulos, os judeus), e não deixar que os animais de estimação (os gentios) interrompessem a refeição da família. A mulher não procurou discutir. Usando a mesma imagem escolhida por Jesus, mostrou que estava disposta a ser considerada como um cachorrinho, por causa de sua interrupção, desde que pudesse receber a cura divina para a sua filha. Ironicamente, muitos judeus perderiam a cura espiritual providenciada por Deus por rejeitarem Jesus, enquanto muitos gentios, a quem os judeus desprezavam, encontrariam a salvação por reconhecerem em Jesus o Messias.

7.29 – Esse milagre demostrou que o poder de Jesus é tão grande em relação ao dos demônios que Ele não precisou estar fisicamente presente para libertar alguém. O poder de Jesus opera a qualquer distância.

7.36 Jesus pediu às pessoas que não comentassem sobre a cura que receberam porque não queria ser considerado simplesmente um realizador de milagres. Ele não queria que as pessoas perdessem as Boas Novas. Não devemos nos preocupar tanto com o que Jesus pode fazer por nós a ponto de nos esquecermos de ouvir a sua mensagem.

8.1 SS Esse é um milagre diferente daquele descrito no cap. 6, quando Jesus alimentou mais de cinco mil pessoas. Naquela ocasião, a maioria das pessoas alimentadas era judia. Dessa vez, Jesus ensinava uma multidão de gentios na região de Decápolis. Os milagres e a mensagem de Jesus começavam a causar um forte impacto em muitos gentios. O fato de Jesus ter ensinado compassivamente a uma multidão de não judeus foi muito tranquilizador para a audiência de Marcos, formada principalmente por romanos.

8.1-3 – Será que você já pensou que Deus pudesse estar demasiadamente ocupado com assuntos importantes, a ponto de não estar atento às suas necessidades? Assim como Jesus estava preocupado em alimentar aquele povo. também se preocupa com nossas necessidades diárias. Em uma outra ocasião. Jesus disse: “Não andeis, pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou com que nos vestiremos? (Porque todas essas coisas os gentios procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que necessitais de todas essas coisas” (Mt 6.31.32). Será que você tem alguma preocupação e pensa que Deus talvez não se interesse por ela? Não existe algo tão grande que Ele não possa cuidar nem uma necessidade tão pequena que escape de seu interesse.

8.11 – Os fariseus tinham tentado dar uma explicação satisfatória para os milagres que Jesus realizara, afirmando que eram apenas obra do acaso, alguma coincidência ou o resultado do poder maligno. Aqui. eles exigiram um sinal do céu. algo que somente Deus poderia fazer. Jesus se recusou a atendê-los porque sabia que nem mesmo este tipo de milagre os convenceria. Estavam predispostos a não crer. O coração das pessoas pode tornar-se tão endurecido que nem mesmo os fatos e as demonstrações mais convincentes serão capazes de modificar-lhe o estado.

8.15 Marcos mencionou o fermento dos fariseus e de Herodes. enquanto Mateus falou a respeito do fermento dos fariseus e dos saduceus. A audiência de Marcos, formada principalmente por não-judeus. certamente conhecia Herodes, mas não necessariamente o grupo religioso dos saduceus. Por isso. Marcos citou a parte da declaração de Jesus que seus ouvintes poderiam compreender A menção de Herodes pode referir-se àqueles que lhe davam suporte, um grupo de judeus que apoiavam esse rei (os herodianos). Mas muitos saduceus apoiavam Herodes.

8.15ss – Nessa passagem, o fermento simboliza o mal. Assim como apenas uma pequena quantidade de fermento faz a massa do pão crescer, a dureza de coração dos líderes políticos e religiosos poderia contaminar toda a sociedade e fazer com que ela se levantasse contra Jesus.

8.17,18 como os discípulos poderiam testemunhar tantos milagres e, ao mesmo tempo, mostrarem-se tão vagarosos para compreender quem era Jesus? Já o Tinham visto alimentar mais de cinco mil pessoas com cinco pães e seis peixes (6.35-44), no entanto, neste episódio se mostraram duvidosos, questionando se Jesus poderia alimentar outro grupo tão grande.

Às vezes, também demoramos para entender o significado das coisas. Embora Cristo tenha nos ajudado a vencer provações e tentações no passado, nos recusamos a crer que fará o mesmo no futuro. Será que seu coração está tão fechado que não pode receber tudo aquilo que Deus pode fazer por você? Não aja como os discípulos: lembre-se daquilo que Cristo já fez e creia que He pode fazer novamente.8.25 – Por que Jesus tocou o homem pela segunda vez para que ele pudesse enxergar? Não existe um milagre difícil para Jesus; no caso desse homem. Jesus preferiu fazê-lo por partes, provavelmente para mostrar aos discípulos que algumas curas seriam graduais, e não instantâneas; também para demonstrar que a verdade espiritual nem sempre é percebida claramente a princípio.

Entretanto, antes que Jesus partisse, o homem estava completamente curado.

8.27 – Cesaréia de Filipe era uma cidade pagã. conhecida por adorar deuses gregos; seus templos eram dedicados ao antigo deus Pan. O rei Filipe, mencionado em Marcos 6. ‘7, mudou o nome da cidade de Cesareia para Cesaréia de Filipe, para evitar que fosse confundida com a cidade portuária de Cesareia (At 8.40), capital do território governado por seu irmão. Herodes Antipas. Cesaréia de Filipe, onde muitos deuses eram adorados, era um lugar adequado para que os discípulos reconhecessem Jesus como o Filho de Deus.

8.29 – Jesus perguntou aos discípulos quem as pessoas pensavam que Ele fosse; em seguida, indagou a opinião dos discípulos. Não é suficiente saber o que os outros dizem sobre Jesus. Você deve saber, compreender e aceitar que Ele é o Messias. Você deve passar da curiosidade ao compromisso, da admiração ã adoração.

8.29-31 – M ilho do Homem” foi a forma mais comum de Jesus referir-se a si mesmo. Esta expressão aparece em Daniel 7.13, onde o “Filho do Homem” é um ser celestial que. no final dos tempos, terá autoridade e poder. A expressão “Filho do Homem” é uma alusão a Jesus como o Messias, o representante, o agente humano de Deus. o Ungido pelo Pai. Nessa passagem em Marcos, a expressão “Filho do Homem” está intimamente ligada à confissão de Pedro, quando reconheceu que Jesus é o Cristo; ela confirma sua importância messiânica. Desse ponto em diante. Jesus falou clara e diretamente aos discípulos a respeito de sua morte e ressurreição. Ele começava a prepará-los para o que lhe aconteceria, ao repetir três vezes que logo morreria (8.31; 9.31; 10.33.34).

8.30 – Por que Jesus preveniu seus próprios discípulos de que não contassem a ninguém a verdade a respeito dEle? Jesus sabia que precisavam de mais informações sobre a obra que realizaria por meio de sua morte e ressurreição. Sem outros ensinamentos, os discípulos veriam apenas parcialmente. Quando reconheceram e confessaram a Jesus como o Cristo, ainda não tinham entendido tudo o que isso significava.

8.32.33 – Nesse momento. Pedro não considerou os propósitos de Deus, mas somente seus desejos e sentimentos naturais, humanos. Pedro queria que Cristo fosse reconhecido como rei, e não como o servo sofredor, profetizado em Isaías 53.0 apóstolo estava pronto para receber a glória de seguir o Messias, não para enfrentar perseguição por causa dEle. A vida cristã não ê um caminho fácil, que conduz à riqueza material e ao bem-estar. Frequentemente, envolve trabalho árduo, perseguição, privação e profundo sofrimento. Pedro viu apenas parte desse quadro. Não repita o mesmo erro. Procure, em vez disso, pensar no bem que Deus pode produzir após o mal aparente, assim como houve a ressurreição logo após a crucificação.

8.33 Frequentemente. Pedro era o porta-voz dos discípulos. Ao dirigir-se a ele. Jesus poderia estar se dirigindo indiretamente a todos os demais. Inconscientemente, os discípulos tentavam evitar que Jesus morresse na cruz. o que impediria o cumprimento de sua missão na terra. Satanás também tentou Jesus, a fim de evitar a cruz (Mt 4). Enquanto os motivos de Satanás eram iníquos, os discípulos estavam motivados por amor e admiração por Jesus. Entretanto, a função deles não era guiar e proteger Jesus, mas segui-lo. Somente depois da morte e ressurreição de Jesus, compreenderiam plenamente por que Ele tinha de morrer.

8.34 – Os romanos, o principal público de Marcos, sabiam o que significava carregar uma cruz sobre os ombros. A morte na cruz era uma forma de execução usada pelos romanos para os criminosos mais perigosos. O prisioneiro carregava o madeiro até o local da execução, isso significava submissão ao poder de Roma. Jesus usou a imagem da cruz sendo carregada para ilustrar a suprema submissão exigida de seus seguidores. O Senhor não se opõe ao prazer nem nos recomenda a procurar a dor. Carregar a cruz diz respeito ao esforço heroico necessário para seguir a Jesus em todos os momentos, fazendo a vontade dEle, em meio às dificuldades do presente e quando o futuro parecer pouco promissor.

8.35 – Devemos estar dispostos a dar nossa vida pela pregação das Boas Novas, não porque nossa existência seja inútil, mas porque nada, nem mesmo a vida, pode ser comparado ao que recebemos por estarmos com Cristo. Jesus deseja que escolhamos segui-lo. e não que levemos uma vida de pecado e autossatisfação.  Ele deseja que deixemos de procurar controlar nosso destino para que Ele nos guie. Isso é muito razoável porque, como Criador. Cristo conhece melhor do que nós o que significa uma verdadeira vida. Ele pede submissão, não que venhamos a anular nossa vontade, mas que esta esteja sujeita à dEle.

8.36,37 – Muitas pessoas gastam toda sua energia ã procura de prazeres. Entretanto. Jesus disse que a vida mundana, baseada em riquezas, posição e poder, não tem valor algum. Tudo que você tiver na terra é apenas temporário, e não pode ser trocado por sua alma. Se você se esforça para obter o que deseja, poderá até ter uma vida prazerosa, mas no fim descobrirá que ela é vazia. Será que está disposto a valorizar mais a atitude de buscar a Deus do que os seus objetivos egoístas? Siga a Jesus e compreenderá o que significa viver com abundância no presente e receber a vida eterna.

8.38 – Jesus constantemente inverte a perspectiva que a maioria tem sobre a vida. Ao falar sobre o presente e o futuro, discorre sobre salvação e perdição, apresentando-nos uma escolha: podemos rejeitá-lo agora e sermos rejeitados por Ele em sua segunda vinda, ou podemos aceita-lo agora e sermos aceitos por Ele naquela ocasião. Rejeitar a Cristo pode ajudar nos a fugir da vergonha por algum tempo, porém garantirá urna vergonha eterna, mais tarde.