Lição 2 – Gálatas 2 – O Evangelho da Incircuncisão
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGlCA
Em Gálatas 2 há 21 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Gálatas 2.1-21 (5 a 7min).
Dois aspectos precisam ser salientados para um melhor entendimento da aula de hoje. Primeiro, a necessidade de Paulo defender o seu ministério. O contexto da carta deixa cristalino que os ataques ao conteúdo da mensagem pregada por Paulo estão indissociavelmente ligados a dúvidas levantadas pelos judaizantes acerca de sua legitimidade apostólica. Por isso, Paulo inicia o capítulo 2 mostrando que as “colunas da igreja” (Tiago, Pedro e João) ratificaram sua mensagem e lhe estenderam “a destra da comunhão” (Gl 2.9),
Em segundo lugar, a universalidade do Evangelho da graça. Seja Pedro aos da circuncisão, ou Paulo aos gentios, um único e genuíno Evangelho é anunciado ao homem caído. O Evangelho de Cristo é poderoso para romper barreiras étnicas, temporais e culturais, e continua trazendo salvação a homens de toda tribo, língua raça e nação.
OBJETIVOS
• Conectar Paulo com os outros apóstolos.
• Demonstrar que ninguém pode ser justificado pela lei.
• Compreender que só a fé em Jesus redime judeus e gentios.
PARA COMEÇAR A AULA
Como professores da EBD, precisamos incutir boas práticas de manejo da Escritura em nossos alunos. O estudo de hoje está intimamente ligado ao texto de Atos 15.
Inicie a aula pontuando em classe o quanto as informações apresentadas em Atos 15 lançam luz sobre o tema desenvolvido por Paulo em Gálatas 2. Ressalte a importância de uma leitura mais abrangente e comprometida com toda a Escritura, afinal, a regra de ouro da interpretação bíblica é: A BÍBLIA INTERPRETA A BÍBLIA.
RESPOSTAS
1) Barnabé e Tito.
2) Os gentios.
3) Os judeus.
LEITURA ADICIONAL
Tiago é colocado primeiro nos manuscritos mais antigos, mesmo antes de Pedro, por ser aquele bispo de Jerusalém, e portanto, presidente do concilio (Atos 15). Foi chamado “o justo”, por sua estrita aderência à lei, e assim foi especialmente popular entre o partido judaico, embora não praticasse os extremos deles; enquanto que Pedro estava um pouco afastado deles devido a seu trato com os cristãos gentios. A cada apóstolo foi destinada a esfera mais bem apropriada ao seu temperamento: a Tiago, que era firme à lei, foi encomendada a obra entre os judeus de Jerusalém; a Pedro, que tinha aberto a porta aos gentios, mas que estava judaicamente disposto, foi-lhe encomendado a obra entre os judeus da dispersão; a Paulo, que pelo inusitado de sua milagrosa conversão, na qual todos seus primeiros preconceitos judaicos tinham tomado uma direção completamente contrária, foi-lhe encomendado a obra entre os gentios. Não separada e individualmente, mas sim coletivamente, os apóstolos representavam a Cristo, a única Cabeça, no apostolado. As doze pedras fundamentais de cores distintas, são unidas à grande pedra fundamental sobre a qual elas descansam (1Co 3.11; Ap 21.14, Ap 21.19-20). João tinha recebido, na vida de Jesus uma intimação da admissão dos gentios (Jo 12.20-24).
Livro: Comentário Crítico e Explicativo de toda a Bíblia: Gálatas (Jamieson-Fausset- -Brown, Hendrickson Pub, 1996, Pags. 25-26).
Estudada em 11 de abril de 2021
LIÇÃO 2 – GALATAS 2 – O EVANGELHO DA INCIRCUNCISÃO
Texto Áureo
“E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fossemos aos gentios e eles, à circuncisão”. Gl 2.9
Verdade Prática
Uma vez que nos identificamos com a morte de Cristo, estamos mortos para a lei e aptos a viver para Deus.
Leitura Bíblica Para Estudo Gálatas 2.1-21
INTRODUÇÃO
I. DEFESA DO EVANGELHO EM JERUSALÉM Gl 2.1-6
1. Viagem revelada a Jerusalém Gl 2.2
2. Falsos irmãos Gl 2.4
3. O Evangelho acima de homens Gl 2.6
II. ÚNICO EVANGELHO, PARA JUDEUS E GREGOS Gl 2.7-10
1. O Evangelho da incircuncisão Gl 2.7
2. O Evangelho da circuncisão Gl 2.8
3. Reconhecimento e recomendação Gl 2.9
III. PAULO RESISTE A PEDRO Gl 2. 11-21
1. A inconstância de Pedro Gl 2.11
2. Ninguém é justificado pela lei Gl 2.16
3. Crucificado com Cristo Gl 2.20
APLICAÇÃO PESSOAL
Hinos da Harpa: 15 – 291
INTRODUÇÃO
Paulo volta a defender o seu apostolado, tendo um acalorado embate com os judaizantes e recebendo o reconhecimento dos apóstolos em sua missão entre os gentios. Fica definido que a circuncisão não deve ser imposta aos não judeus convertidos a fé cristã.
Se a carta aos Gálatas tivesse sido escrita depois do Concilio de Jerusalém, bastaria a Paulo mostrar às igrejas a decisão dos presbíteros e apóstolos de Jerusalém isentando os gentios do rito da circuncisão, e ele já teria tapado a boca dos insolentes judaizantes.
I. DEFESA DO EVANGELHO EM JERUSALÉM (Gl 2.1-6)
Tanto o chamamento de Paulo como sua nomeação tiveram origem no próprio Deus. Todavia, dadas as investidas dos legalistas contra o seu ministério, ele vai a Jerusalém para um encontro com a liderança apostólica.
1. Viagem revelada a Jerusalém (Gl 2.2)
“Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão.”
Deus revelou que Paulo fosse a Jerusalém. Ele foi direcionado a encontrar-se com seus pares e expor seu trabalho missionário entre os gentios. Paulo não foi pedir permissão para pregar o Evangelho e tampouco estava ali convocado pelos líderes da Igreja mãe. O motivo era livrar-se da pressão dos ataques de legalistas. Paulo é um exemplo de como é importante ser dirigido pelo Espírito Santo nos momentos difíceis da caminhada e, ao mesmo tempo, ter pessoas com quem se aconselhar.
Os companheiros que seguem Paulo nessa visita a Jerusalém, são: Barnabé, um judeu ligado ao ministério gentílico e Tito, um convertido gentio à fé cristã, produto daquela mesma missão gentia que estava em discussão e que os judaizantes punham em dúvida. Ambos são importantes na defesa do Evangelho do reino pregado por Paulo.
2. Falsos irmãos (Gl 2.4)
“E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e reduzir-nos à escravidão.”
Diante da liderança, o apóstolo faz uma denúncia. Ele fala de “falsos irmãos” referindo-se aos judeus que se diziam “convertidos” a Cristo, mas que defendiam a necessidade de observância aos ditames da lei. Paulo os chama de falsos irmãos porque pregam um falso “outro evangelho”. Infelizmente, o mundo religioso atual está repleto desses falsos irmãos. Estão vendendo o “pacote da salvação”, onde o que Jesus fez na cruz parece não ser suficiente. Paulo resistiu à fé falsa (2.3) e esse é o nosso dever também.
3.O Evangelho acima de homens (Gl 2.6)
“E, quanto àqueles que pareciam ser de maior influência (quais tenham sido, outrora, não me interessa; Deus não aceita a aparência do homem), esses, digo, que me pareciam ser alguma coisa nada me acrescentaram.”
Depois de bater forte nos legalistas hipócritas, Paulo comenta a respeito de Pedro, Tiago, João e companhia. Parece que existia certa “veneração” de muitos em relação aos citados líderes. O fato de terem recebido os ensinamentos basilares da fé de forma originária, esses líderes recebiam uma natural distinção. Paulo os respeitava e até se considerava menor do que eles (1Co 15.9), mas só se subordinaria aos apóstolos originários enquanto estes estivessem a viver o genuíno Evangelho do reino.
II. ÚNICO EVANGELHO PARA JUDEUS E GREGOS (Gl 2.7-10)
Aqui, Paulo relata a aprovação por parte dos apóstolos de Jerusalém do seu ministério entre os gentios. Após minuciosa e franca exposição, Pedro e os demais percebem que o trabalho de Paulo e a forma como este está alcançando os gentios para Cristo são legítimos.
1. O Evangelho da incircuncisão (Gl 2.7)
“Antes, pelo contrário, quando viram que o evangelho da incircuncisão me fora confiado, como a Pedro o da circuncisão”
A ida de Paulo a Jerusalém valeu a pena. De posse da certificação do seu apostolado entre os gentios por parte do colégio de líderes, Paulo avança na batalha contra os legalistas que insistiam em impor a circuncisão aos gentios. Aqui cabe uma retomada ao versículo 3, onde Paulo se refere ao fato de que nem Tito, sendo grego, foi constrangido a circuncidar-se. Paulo levou Tito para o encontro de forma proposital. Os defensores da circuncisão para os gentios foram vencidos pela opinião dos chamados “colunas” da Igreja (líderes de maior influência), e Tito foi o retrato dessa vitória paulina.
2.O Evangelho da circuncisão (Gl 2.8)
“Pois aquele que Operou eficazmente em Pedro para o apostolado da circuncisão também operou eficazmente em mim para com os gentios.”
É importante salientar que a circuncisão era um importante ato que integrava o pacto de Deus com a nação judaica a partir de Abraão (Gn 17.9-14). Paulo, Pedro, os fariseus e todos os judeus eram circuncidados. Com a morte expiatória de Cristo inaugura-se uma nova aliança onde Cristo torna-se o cumprimento de toda a lei.
Paulo não era contra a circuncisão em si, mas sim que esta fosse imposta para a salvação. Portanto o Evangelho da circuncisão nada mais era do que o Evangelho da salvação em Cristo entre os judeus representados em Pedro.
3. Reconhecimento e recomendação (Gl 2.9)
“E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fossemos aos gentios e eles à circuncisão.”
A liderança da igreja está unida pelo Evangelho, mas reconhece a diferença de ministérios. a fim de que nós fôssemos para os gentios, e eles, para a circuncisão” (2.9b). Os líderes da igreja de Jerusalém selaram a unidade cristã ao darem a Paulo e a Barnabé a destra de comunhão, enquanto rechaçavam as ideias heréticas dos judaizantes. Não havia mais dúvida de que a suposta fenda entre os apóstolos e Paulo não passava de uma fantasia na mente desses falsos irmãos que se intrometeram na igreja para perverter o Evangelho de Cristo.
O fato, porém, de existir um só Evangelho não significa que este não tenha endereçamentos distintos. Enquanto Paulo e Barnabé são enviados aos gentios, os apóstolos são enviados aos judeus. O mesmo Evangelho deve ser pregado a gentios e a judeus. A mensagem é a mesma, mas a forma de apresentação é diferente. O conteúdo é o mesmo, mas a abordagem é diferente. A teologia é a mesma, mas o método é diferente. Adolf Pohl corretamente sintetiza: “Um novo grupo alvo da proclamação demanda diferente apresentação, ênfase e concentração”.
O final do encontro de Jerusalém nos oferece uma imagem maravilhosa. O ministério de Paulo entre os gentios é reconhecido, a circuncisão não é exigida dos gentios convertidos e todos dão as mãos. Declara-se um esforço mútuo a fim de que o Evangelho da graça alcance o mundo todo. A presença de Tito, um incircunciso, representa os gentios regenerados. Fica claro que a Igreja de Cristo é formada por pessoas de todos os povos, tribos e nações (Gl 3.28).
“Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também me esforcei por fazer” (Gl 2.10).
O mesmo evangelho que liberta do pecado, também assiste os necessitados. Não há conflito entre fé e obras. Não há conflito entre evangelização e ação social.
III. PAULO RESISTE A PEDRO (Cl 2.11-21)
Aqui temos de início, um embate entre Paulo e Pedro. Eles estavam reunidos em Antioquia, e então Pedro participava normalmente das refeições junto com os
cristãos gentios. Com a chegada de um grupo de judeus, o apóstolo recua e deixa de fazê-lo, levando Paulo a repreendê-lo.
1. A inconstância de Pedro (Gl 2.11)
“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível.”
Os gálatas colocaram sua fé em Cristo, mas depois lhes foi dito que deveriam aderir às leis judaicas para garantir a aprovação de Deus. O apóstolo Pedro ajudou na confusão ao mostrar favoritismo pelos judeus. Paulo confrontou e corrigiu Pedro, além de reiterar que somente Jesus pode nos justificar perante Deus.
Em Jerusalém, Pedro estendeu a mão da comunhão aos gênios. Tempos depois, em Antioquia, ele mantém a sua postura com os gentios cristãos até que, com a chegada de um grupo vindo de Jerusalém enviado por Tiago, Pedro se afasta dos irmãos gentios. Paulo o interpela porque vê em seu ato uma dissimulação, que é um eufemismo para hipocrisia. Deixou de viver o Evangelho para agradar os “ortodoxos”.
Há duas lições aqui:
a) O Evangelho é superior aos conceitos e figuras humanos;
b) O ato de Pedro demonstra que somos falhos, não importando nossa posição no reino de Deus. Vale a exortação de que devemos viver aquilo que ministramos. Doutrina e prática precisam caminhar de mãos dadas. Não podemos separar o que Deus uniu.
Comunhão e repreensão não são excludentes, mas complementam-se. Autoridade e humildade não são coisas incompatíveis. Pedro era um verdadeiro apóstolo e um verdadeiro líder. Incorreu em erro e foi repreendido. Não se sentiu ofendido nem rompeu seu relacionamento com Paulo por causa da repreensão. Ao contrário, acertou sua conduta e associou-se com Paulo em defesa do Evangelho no encontro de Jerusalém. A humildade de Pedro em acolher a repreensão de Paulo não destruiu sua autoridade nem apagou o brilho do seu ministério.
2. Ninguém é justificado pela lei (Gl 2.16)
“Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado.”
Em seu debate com Pedro, o apóstolo Paulo usa o importante termo “justificação”, que se constitui na base de todo o seu pensamento. Aqui fica bem clara a verdade de que todo o homem quer seja judeu ou gentio, assume a mesma posição diante de Deus. Para a salvação eterna todos têm que entrar pelo único caminho, a saber, Jesus Cristo, através da graça manifesta pelo Seu sacrifício.
3. Crucificado com Cristo (Gl 2.20)
“Já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas cristo vive em mim, e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”.
No final, Paulo afirma diante de Pedro e de todos que está morto para a lei, a fim de viver para Deus (v.19). Ou seja, segundo a revelação do Evangelho, o crente está morto para a lei porque se identifica na morte e ressurreição de Cristo.
Nós vivemos num corpo físico, mas o Cristo ressuscitado vive em nós pela ação do Espírito Santo em nosso interior.
O salvo vive para Deus quando morre para a lei e para o mundo. Isso acontece quando ele é crucificado com Cristo o Espírito de Cristo passa a viver nele e através dele.
APLICAÇÃO PESSOAL
A experiência da salvação através da graça e mediante a fé em Cristo deve produzir em todos os cristãos regenerados o pleno conhecimento da eficácia e suficiência do sacrifício de Cristo.
RESPONDA
Baseado na lição em estudo, cite:
1) Os companheiros de Paulo na viagem a Jerusalém
2) O foco do trabalho missionário de Paulo
3) O foco do trabalho missionário dos outros apóstolos: