Lição 4: Juízes 8: Gideão Rejeita Governar e Leva o Povo a Pecar

LIÇÃO 4: JUÍZES 8: GIDEÂO REJEITA GOVERNAR E LEVA O POVO A PECAR

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Em Juízes 8 há 35 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Juízes 8.22-35 (5 a 7 min.).

Caro(a) professor(a), esta lição nos faz lembrar que “Deus resiste aos soberbos; dá, porém, graça aos humildes” (Tg 4.6). Gideão foi humilde e sábio diante dos efraimitas, mas foi excessivamente duro com outros líderes de Israel quando não foi apoiado por eles. Curioso é que toda a vitória foi direcionada por Deus, mas Gideão vai ficando deslumbrado com o poder e com a aclamação popular. Quem outrora foi um homem inseguro e desqualificado, vai se tornando egocêntrico. Depois de recebida a bênção, o abençoador foi esquecido e Gideão quis tomar para si a honra que pertence a Deus. Gideão reivindicou para si a glória que só a Deus pertence. Que pena! O egocentrismo é uma estratégia satânica.

 

OBJETIVOS
• Repudiar a soberba do coração;
• Imitar a humildade de Cristo;
• Renunciar a si para glorificar a Deus.

 

PARA COMEÇAR A AULA
Para esta aula o autoquestionamento é sempre um bom começo. Será que estamos percebendo o quanto Deus nos chama a si mesmo? Compreendemos bem as fragilidades de Gideão e como Deus o qualificou para uma tarefa específica? Será que persistência, obediência e constância não valem mais para Deus do que os prodígios? Gideão fez grandes coisas, mas fracassou quando acreditou que havia glória em si mesmo. Pensemos nisso para que não venhamos a cometer o mesmo erro.

 

 

RESPOSTAS
1) Tribo de Efraim (Jz 8.1).
2) “Meu pai é rei”.
3) Ofra (Jz 6 11).

 

 

LEITURA ADICIONAL
Estava subentendido que o juiz deveria afastar o povo da infidelidade ao Deus verdadeiro. Gideão levou o povo à infidelidade.
É apenas nessa altura que descobrimos que “durante a vida de Gideão, a terra teve paz durante quarenta anos” (v. 28). Mas já sabemos que é uma paz ilegítima. É paz sem adoração e paz sem obediência. (…)
Havia um abismo profundo e crescente entre o que Gideão sabia a respeito de Deus em sua mente, os motivos de seu coração e as ações de suas mãos. O erro de Gideão foi não ter vivido as verdades que conhecia — o que Paulo chamou (literalmente) em Gaiatas 2.14 de fracasso de não “andar em linha com o evangelho”.
C. H. Spurgeon, pregador do século 19, advertiu os cristãos mais novos: “Não abrace o ministério só para salvar sua alma”. Spurgeon sabia como é fácil usar a posição de líder da igreja para conquistar influência e honra para nós mesmos, e não para servir e honrar a Deus. Claro que, como Gideão, continuamos afirmando que Deus é Rei, mas queremos que as pessoas nos procurem em busca de conselhos, respostas, salvação. Temos a necessidade de ser necessários. Fazemos um colete sacerdotal e passamos a usá-lo. Tão sutil. Tão mortal.
Como é maravilhoso contemplar aquele de quem todos os Juízes são sombras e observar como ele usou sua posição. Ao contrário de Gideão, ele tinha todo o direito de exigir que lhe servíssemos como Rei. Ao contrário de Gideão, ele é o tabernáculo, a habitação suprema de Deus na terra. No entanto, Jesus resistiu à tentação de governar com poder sobre as nações (Lc 4.5-8), porque “não veio para ser servido, mas para servir e para dara vida em resgate de muitos” (Mc 10.45, A21). Ele nos resgatou de nos vangloriarmos do sucesso, bem como de nossas respostas autodepreciativas ao fracasso. Ele usou sua condição de Filho de Deus para nos libertar da necessidade de reconhecimento — e do ressentimento, quando não somos reconhecidos. Ao contrário do colete sacerdotal, temos aqui aquele a quem devemos nos achegar em adoração.
Livro: Juízes para você (KELLER, Timothy, São Paulo: Vida Nova, 2016, p. 115-117).

 

Estudada em 22 de janeiro de 2023

 

LIÇÀO 4: JUÍZES 8: GIDEÃO REJEÍTA GOVERNAR ELEVA O POVO A PECAR

 

Texto Áureo
“Porém Gideão lhes disse: Não dominarei sobre vós, nem tampouco meu filho dominará sobre vós; o Senhor vos dominará.” Jz 8.23

 

Verdade Prática
Precisamos nos manter vigilantes à tentação de tomar para nós a glória de Deus após as vitórias.

 

Leitura Bíblica Com Todos Juízes 8.22-35

 

INTRODUÇÃO

 

I. RESISTÊNCIAS INTERNAS Jz 8.1-9
1. O contexto Jz 7.24
2. Gideão aplaca a ira de Efraim Jz 8.3
3. A ira de Gideão contra Sucote Jz 8.7

 

II. GIDEÃO DERROTA MIDIÃ Jz 8.10-21
1. Dois reis capturados Jz 8.12
2. Vingança pessoal Jz 8.16,17
3. Vingança de sangue Jz 8.18

 

III. GIDEÃO RECUSA GOVERNAR Jz 8.22-35
1. Recusa formal Jz 8.23
2. Gideão leva o povo a pecar Jz 8.27
3. A morte de Gideão Jz 8.33

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

Hinos da Harpa: 77 – 96

 

INTRODUÇÃO
Chegamos ao desfecho da história de Gideão. Esse capítulo apresenta uma quebra de padrão em relação aos anteriores, demonstrando o constante ciclo de degradação israelita desse período.
Após narrar a história de líderes irrepreensíveis, o autor começa a relatar graves falhas na liderança dos Juízes a partir de Gideão. Pela primeira vez, o povo é levado a pecar ainda durante a vida de seu libertador.

I. RESISTÊNCIAS INTERNAS (Jz 8.1-9)
A tribo de Efraim se mostra descontente por Gideão não tê-la convocado antes para a batalha. Em contraste, Sucote e Penuel desejariam ser procurados apenas após a vitória estar garantida.

1. O contexto (Jz 7.24)
Gideão enviou mensageiros a todas as montanhas de Efraim, dizendo: Descei de encontro aos midianitas e impedi-lhes a passagem pelas águas do Jordão até Bete-Bara. Convocados, pois, todos os homens de Efraim, cortaram-lhes a passagem pelo Jordão, até Bete-Bara.
Na lição anterior, vimos como a estratégia de Gideão e seus soldados provoca a fuga desesperada dos midianitas. Dentre eles, encontram-se quatro príncipes capazes de reagrupar Midiã e organizar um contra-ataque a Israel.
Gideão convoca os homens das tribos de Naftali, Aser e seus conterrâneos de Manassés para perseguir os fugitivos.
Quando percebe que parte do exército inimigo tentava atravessar o rio jordão, Gideão envia mensageiros a Efraim, que intercepta e elimina dois de seus príncipes.

 

2. Gideão aplaca a ira de Efraim (Jz 8.3)
Deus entregou nas vossas mãos os príncipes dos midianitas, Orebe e Zeebe; que pude eu fazer comparável com o que fizestes? Então, com falar-lhes esta palavra, abrandou-se-lhes a ira para com ele.
Efraim era uma das tribos mais poderosas de Israel e uma das poucas que conseguiu conquistar completamente a sua herança. Dois dos santuários mais importantes de Israel, Betel e Siló, situavam-se em suas divisas.
Os líderes de Efraim se sentiram menosprezados porque, a despeito de seu prestígio, Gideão não os chamara para ajudar na batalha, encarregando-os apenas para barrar o inimigo já fragilizado em fuga.
Gideão conhecia a potência de Efraim, e provavelmente receava que seus homens não aceitariam de bom grado a liderança de um pobre homem de Manassés (Jz 6.15). A forma como foi confrontado pelos homens dessa tribo demonstra que tal receio não era infundado (Jz 8.1). Efraim queria receber as glórias da batalha, o que só prova como Deus estava certo em Juízes 7.2.
Gideão age com diplomacia, exaltando o poderio de Efraim como superior ao de Manassés. Ressalta que ele não havia derrotado nenhum líder midianita, enquanto Efraim derrotara dois (Jz 8.3).
Gideão escolhe responder de maneira branda, aplacando o furor e evitando uma peleja militar (Pv 15.1). Jefté, cuja história estudaremos mais à frente, também foi confrontado de maneira semelhante pela tribo de Efraim. Sua resposta foi bem diferente e o desfecho foi uma guerra civil que resultou na morte de mais de quarenta mil efraimitas (Jz 12.1-6).
Fica-nos a lição de como nossas palavras podem resultar em vida ou morte, em bênção ou maldição (Pv 18.21; Tg 3.8-10). Devemos nos esforçar para promover a paz (Hb 12.14).

 

3. A ira de Gideão contra Sucote (Jz 8.7)
Então, disse Gideão: Por isso, quando o Senhor entregar nas minhas mãos Zeba e Salmuna, trilharei a vossa carne com os espinhos do deserto e com os abrolhos.
Os líderes de Sucote e Penuel, cidades do território de Gade, recusaram-se a ajudar Gideão e seus trezentos homens com pão, provavelmente temendo a vingança de Midiã, caso Gideão fracassasse. O exército de Gideão era de trezentos homens, perseguindo quinze mil midianitas. Duvidaram que Deus poderia livrá-los pelas mãos de Gideão com tão poucos homens, esquecendo-se que Deus acabara de operar uma vitória miraculosa.
Mas o que mais surpreende nesse episódio é o contraste entre o comportamento de Gideão com relação ao episódio com os homens de Efraim. Aqui, ele abandona toda a diplomacia e se deixa dominar pela ira, prometendo uma violenta vingança às duas cidades, por ter zombado dele e lhe negado suporte.
A situação parece nos revelar que Gideão tendeu a demonstrar “humildade” diante de uma tribo com expressiva força militar, mas ressentiu-se e irou-se contra cidades sem poder bélico que temiam pela própria segurança e não lhe deram o reconhecimento que ele achava que merecia.
Deus nos ensina a sermos mansos e humildes de coração, não só com aqueles que estão acima de nós, mas, principalmente, com os mais débeis na fé (Mt 11.29; Rm 14.1; Fp 2.3,4).

 

 

II. GIDEÃO DERROTA MIDIÃ (Jz 8.10-21)
Gideão finalmente derrota os midianitas e liberta Israel da opressão, mas o sucesso revela graves deficiências em seu caráter.

1. Dois reis capturados (Jz 8.12)
Fugiram Zeba e Salmuna, por que ele os perseguiu e tornou presos ambos os reis dos midianitas, a Zeba e Salmuna, e afugentou todo o exército.

Os midianitas estavam totalmente desprevenidos, certamente não esperavam que Gideão os perseguisse até tal distância no deserto. O ataque repentino de um pequeno bando de israelitas foi mais uma vez, bem sucedido. Os dois reis foram capturados e todo o exército fugiu aterrorizado e tomado de pânico.
Com a captura dos dois últimos reis do povo de Midiã, eliminava-se qualquer chance de reagrupamento ou de contra-ataque.

 

2. Vingança pessoal (Jz 8.16,17)
E tomou os anciãos da cidade, e espinhos do deserto, e abrolhos e, com eles, deu severa lição aos homens de Sucote. Derribou a torre de Penuel e matou os homens da cidade.
Gideão fez a Sucote e Penuel exatamente como havia dito. Antes, fez questão de jogar em rosto a atitude debochada das duas cidades frente ao seu pedido de ajuda.
Gideão executou sua vingança não motivado por uma “ira santa”, por ter o povo duvidado do Senhor. Ele deixou claro que era uma questão pessoal: “Vedes aqui Zeba e Salmuna, a respeito dos quais motejastes de mim?” (Jz 8.15).
O sucesso havia subido à cabeça de Gideão. O menor da família mais pobre de Manassés agora tratava com truculência quem ousasse zombar dele (Jz 6.15).

 

3. Vingança de sangue (Jz8.18)
Depois disse a Zeba e a Salmuna: Que homens eram os que matastes em Tabor? Responderam: Como tu és, assim eram eles; cada um se assemelhava a filho de rei.

Até esse ponto da história, Gideão parece determinado a perseguir os midianitas unicamente a fim de cumprir o chamado de Deus para libertar Israel da opressão de Midiã.
Porém, o autor de Juízes agora nos revela que Gideão tinha uma razão pessoal para perseguir os últimos reis midianitas por tão longa distância e sob circunstâncias extenuantes. Zeba e Salmuna eram os responsáveis por matar seus irmãos por parte de mãe.
Agora, presume-se que Gideão marchou com os dois reis de volta até Orfa, sua cidade natal, pois pede que seu primogênito, Jéter, que não estava entre os trezentos valentes e ainda era muito jovem para batalhar, cobre a dívida de sangue executando os reis (Jz 8.20).
Importante ressaltar que vingar a morte de um parente era uma prática aceita e com amparo nas leis daquela época (Nm 35.19). Mas Gideão intentou transformar a ocasião num espetáculo de humilhação pública, submetendo o próprio filho a uma situação perturbadora, incentivando-o à violência. No fim, desafiado pelos reis, Gideão acaba executando ele mesmo a vingança contra Zeba e Salmuna (Jz 8.21).

 

 

III. GIDEÃO RECUSA GOVERNAR (Jz 8.22-35)
Gideão recusou com palavras reinar sobre Israel. Porém, suas atitudes demonstraram que ele ansiava pelo estilo de vida da realeza.

1. Recusa formal (Jz 8.23)
Porém Gideão lhes disse: Não dominarei sobre vós, nem tampouco meu filho dominará sobre vós; o Senhor vos dominará.
Os israelitas propuseram que Gideão se tornasse seu rei e estabelecesse uma monarquia hereditária (Jz 8.22). Gideão, porém, rejeitou o pedido, dando a entender que sua convicção era que Israel deveria continuar como uma teocracia. O Senhor deveria governá-los (Jz 8.23).
Alguns comentaristas defendem, porém, que a recusa de Gideão foi apenas uma aceitação disfarçada sob a forma de recusa piedosa, numa tentativa de ganhar a simpatia do povo. Há fortes indícios que reforçam esse posicionamento.
Logo em seguida à recusa, Gideão pede uma vultosa recompensa (Jz 8.24). O povo atendeu prontamente e ofereceu até mais do que foi pedido (Jz 8.26). Estima-se que foram entregues a Gideão de 16 a 30 quilos de ouro, além de vestes e outros enfeites e ornamentos de elevado valor pertencentes à realeza midianita.
Na prática, Gideão recusou a responsabilidade de reinar sobre Israel, mas pediu para ser recompensado e tratado como um monarca. Sua casa, a mais pobre de Manassés, agora tornava-se a mais rica de todo o Israel.
Gideão também adotou o costume dos reis de formar um harém. Ele teve muitas esposas, setenta filhos, além de uma concubina de Siquém, com quem também teve um filho, a quem deu o nome de Abimeleque, que significa “meu pai é rei” (Jz 8.30-31). Isso diz muito sobre a ideia que Gideão tinha de si mesmo. Também revela a proporção de suas riquezas, capazes de sustentar uma estrutura familiar descomunal.

 

2. Gideão leva o povo a pecar (Jz 8.27)
E fez Gideão disso um éfode e pô-lo na sua cidade, em Ofra; e à todo Israel se prostituiu ali após ele; e foi por tropeço a Gideão e a sua casa.
Para completar, Gideão pegou o ouro que havia pesado e fez um éfode, acessório que fazia parte da vestimenta de um sumo sacerdote e que carregava o Urim e Tumim, pedras usadas para propósitos oraculares (Êx 39.1-26). Ele o pôs em sua cidade natal, numa clara tentativa de fazer de Ofra uma cidade renomada em Israel, na qual o povo pudesse encontrar conselho e direcionamento.
O resultado foi desastroso. Gideão afastou o povo do centro religioso instituído à época em Siló, onde repousava o Tabernáculo (Jz 18.31) e o que era só para chamar a atenção acaba virando objeto de adoração do povo.
Israel teve 40 anos de paz, mas durante esse tempo não se voltou a Deus em fidelidade, como das outras vezes (Jz 8.28). Isso acabou voltando-se contra Gideão e sua casa, pois pela primeira vez, um juiz levantado por Deus, na tentativa de trazer glória para sua casa e para a sua cidade, levava o povo a pecar. É triste ver o homem que destruiu o altar de Baal instituindo um ídolo próprio.

 

3. A morte de Gideão (Jz 8.33)
Morto Gideão, tornaram a prostituir-se os filhos de Israel após os baalins e puseram Baal-Berite por deus
O ciclo se repete. Assim que o Gideão morreu, Israel voltou a servir a outros deuses. Dessa vez a adoração foca-se em Baal como senhor da aliança (Baal-Berite). Ele deveria presidir os pactos, alianças e contratos. Um templo foi constituído em sua honra em Siquém (Jz 9.46)

Os últimos versos são um prenúncio do mal que viria sobre a casa de Gideão a partir de Siquém, através da vida de Abimeleque, tema da próxima lição (Jz 8.34-35).

 

 

APLICAÇÃO PESSOAL
Consequências desastrosas advém quando buscamos reconhecimento próprio às custas do sucesso que Deus nos proporciona. Nosso desejo genuíno deve ser o de que Cristo cresça e que nós diminuamos.

 

 

RESPONDA
1) Que tribo de Israel queixou-se de não ter sido convocada por Gideão para a batalha?

2) Segundo a lição, qual o significado do nome Abimeleque?

3) Qual a cidade natal de Gideão?