Lição 4 – Gálatas 4 – Liberto em Cristo ou Escravo da Lei?

LIÇÃO 4 – GÁLATAS 4 – LIBERTO EM CRISTO OU ESCRAVO DA LEI?

 

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Em Gálatas 4 há 31 versos. Sugerimos começar a aula lendo, com todos os presentes, Gálatas 4.1-31 (5 a 7min).

Prezado professor, seguimos na esteira da argumentação teológica paulina. Conforme estudamos na última aula, o apóstolo compara a lei a um “aio”, por conta de seu papel pedagógico. No capítulo 4, o apóstolo segue lançando mão de alegorias e dessa vez compara a lei a um tutor. Posteriormente, ele faz um paralelo entre dois sistemas (legalismo judaizante e justificação pela graça), e os filhos do patriarca Abraão (Ismael e Isaque).

Tenha em mente, que o uso de tais alegorias aponta taxativamente para a real funcionalidade da lei, seu caráter transitório, e acima de tudo para a liberdade usufruída pelos crentes e conquistada pela imputação da justiça de Cristo. Nosso Pai determinou em Seu desígnio eterno que na plenitude dos tempos enviaria Seu filho, a fim de alçar-nos da tutela pedagógica da lei para a condição de filhos de Deus.

 

OBJETIVOS

  • Aprender que Deus nos promoveu de escravos a filhos de Deus.
  • Mostrar que mesmo enfermo, Paulo servia aos gálatas com excelência.
  • Esclarecer que não somos escravos da lei.

PARA COMEÇAR A AULA

Inicie a aula de hoje argumentando com seus alunos que, baseado na argumentação de Paulo, um dos maiores perigos à nossa liberdade cristã é o legalismo. Demonstre que o exemplo dos Gálatas deve servir de alerta para a Igreja atual.

Procure o auxílio de uma boa teologia sistemática e pesquise de antemão conceitos como: graça e justificação, e exponha-os em classe. Incentive o diálogo respeitoso sobre tais temas, com o fito de engajar os alunos no tema da aula.

 

RESPOSTAS 

1)        F

2)        V

3)        V

 

 

LEITURA ADICIONAL

“A Igreja tem suas idades próprias”. [Bengel]. Deus não faz nada antes do tempo devido, mas sim, prevendo o resultado desde o começo, espera até que tudo esteja amadurecido para a execução de Seu propósito. Se Cristo tivesse vindo imediatamente depois da queda, a enormidade e os frutos mortais do pecado não teriam sido devidamente entendidos pelo homem de modo que sentisse seu estado de desespero e sua necessidade de um Salvador. O pecado já estava plenamente desenvolvido. A incapacidade do homem de salvar-se a si mesmo pela lei, fosse a de Moisés ou a da consciência, foi completamente manifestada; todas as profecias dos diferentes séculos acharam seu centro comum neste tempo particular; e a Providência, por meio de vários ajustes no mundo social e político, como também no moral, tinha preparado perfeitamente o caminho para o Redentor que viria. Deus frequentemente permite o mal físico por muito tempo, antes de revelar o remédio. Por muito tempo a varíola fazia seus estragos, antes de ser descoberta a inoculação e logo a vacina. Foi essencial para que a lei de Deus fosse honrada, o permitir o mal por longo tempo, antes que Ele revelasse o remédio completo. Veja-se “o prazo é chegado” [Sl 102.13].

Livro: Comentário Crítico e Explicativo de toda a Bíblia: Gálatas (Jamieson-Fausset-Brown, Hendrickson Pub, 1996, Pg. 53).

 

Estudada em 25 de abril de 2021

 

Leitura Bíblica Para Estudo Gálatas 4.1-31

 

GÁLATAS 4 – LIBERTO EM CRISTO OU ESCRAVO DA LEI?

 

Texto Áureo

“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei.” Gl 4.4

 

Verdade Prática

Através da Sua morte, Cristo nos resgatou da maldição da lei e nos tornou filhos de Deus.

 

INTRODUÇÃO

 

I. FILHOS E HERDEIROS DE DEUS Gl 4.1-11

  1. Escravos ou filhos? Gl 4.1,2
  2. Plenitude do tempo Gl 4.4
  3. Aba, Pai Gl 4.6

 

II. ENFERMIDADE E DOR DE PARTO Gl 4.12-20

  1. Enfermo, recebido como um anjo Gl 4.14
  2. Paulo visto como inimigo Gl 4.16
  3. Dor de parto Gl 4.19

 

III. SARA E AGAR: DUAS ALIANÇAS Gl 4.21-31

  1. Agar: antiga aliança Gl 4.23
  2. Sara: nova aliança Gl 4.23
  3. Filhos da promessa Gl 4.28

 

APLICAÇÃO PESSOAL

 

Hinos da Harpa: 116-102

                              

INTRODUÇÃO

Neste capítulo, Paulo continua a defender a pregação da fé e da liberdade em Cristo. Ele reitera que tanto os judeus como os gentios só têm um caminho para a justificação diante de Deus: a fé em Cristo. Como um excelente rabino, o apóstolo faz comparações entre lei e graça, utilizando-se de diversas alegorias. Os recursos que o apóstolo usa são, na verdade, tipologias que demonstram a superioridade do Evangelho de Cristo. Valendo-se de amplo conhecimento do Direito Romano, Paulo demonstra o papel da lei mosaica e da morte de Cristo na redenção de judeus e gentios.

 

I. FILHOS E HERDEIROS DE DEUS (Gl 4.1-11)

Para demonstrar a superioridade do Evangelho da salvação pela fé sobre o “evangelho” legalista dos judaizantes, Paulo usa alegorias.

  1. Escravos ou filhos? (Gl 4.1,2)

“Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo. Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado pelo pai.”

Paulo constrói um contraste entre o filho herdeiro e um escravo valendo-se desses dois institutos do Direito Romano: a tutela e a curatela. Os tutores e curadores cuidavam de uma criança até que esta alcançasse a maioridade. Sendo um herdeiro, mas não podendo decidir nada, a criança estava na mesma condição de escravo [4.2].

A condição de “tutelados” representa o estado espiritual de judeus e gentios antes do sacrifício expiatório de Cristo. O apóstolo quer dizer que, antes de Cristo, estávamos debaixo da escravidão da lei e, de fato, ainda não havíamos herdado a promessa.

Paulo trata do anterior estado espiritual dos gentios da Galácia antes da conversão. Aqueles irmãos viviam mergulhados no paganismo. Eles foram alcançados pelo Evangelho e passaram a cultivar a comunhão com Deus. Todavia, eles estão como que voltando ao estado anterior, abraçando o legalismo judaico como algo indispensável para a salvação. Ao falar de “rudimentos fracos e pobres”, Paulo parece colocar no mesmo pacote tanto a vida pagã dos gálatas como o legalismo dos judaizantes.

 

  1. Plenitude do tempo (G14.4)

“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei”

Deus preparou o mundo para a chegada do Seu Filho. Os judeus ofereceram ao mundo as Escrituras; os gregos, a língua grega; e os romanos, as leis e as estradas que facilitaram o trânsito célere dos mensageiros e da mensagem. A vinda de Cristo ao mundo não foi casual. Ele veio na “plenitude do tempo”, o tempo propício e predeterminado pelo Pai (4.2).

Este, que nem os céus dos céus pôde conter, nasceu de mulher, ou seja, entrou no nosso meio pela porta do nascimento, fez-se carne.

No verso 5 a palavra “resgatar” significa libertar mediante um preço. Estávamos encerrados sob o pecado. Éramos prisioneiros e não podíamos livrar-nos da maldição que a lei nos havia imposto. O Filho de Deus, então, como nosso fiador, representante e substituto, assumiu o nosso lugar, pagou o nosso resgate com o Seu sangue e nos livrou do cativeiro da lei e de sua maldição.

 

  1. Aba, Pai (G14.6)

“E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!”

Deus enviou seu Filho para habitar entre nós e o seu Espírito para habitar em nós. É o próprio Espírito do Filho que ora em nós, por nós e nos conduz à intimidade com o Pai, chamando-o de Aba, Pai. Aba é um termo aramaico que significa “Pai”, expressando uma íntima comunhão e confiança filial. É a mesma palavra que o próprio Jesus usou no Getsêmani, em íntima e confiante oração a Deus.

Não somos mais escravos, porém filhos; e, sendo filhos, também herdeiros por Deus (4.7). O filho tem um pai, o servo tem um senhor; o filho obedece por amor, o servo obedece por temor; o filho é rico, o servo é pobre; o filho tem futuro, o servo não tem nenhuma perspectiva.

 

II. ENFERMIDADE E DOR DE PARTO (Gl 4.12-20)

Paulo faz uma espécie de balanço do seu relacionamento com os gálatas. Ele cita a sua condição enferma no primeiro contato que teve com eles, e ressalta o amor com que foi tratado. E mostra, de forma vivida e eloquente, o seu verdadeiro coração pastoral.

  1. Enfermo, recebido como anjo (G14.14)

“E, posto que a minha enfermidade na carne vos foi uma tentação, contudo, não me revelastes desprezo nem desgosto; antes, me recebestes como anjo de Deus, como o próprio Cristo Jesus.”

Nem a doença do apóstolo, apesar de grave, abalou o elo fraternal entre eles e Paulo.

Mesmo a enfermidade sendo considerada, tanto por judeus e gentios, um sinal do desagrado de Deus, Eles viam em Paulo a imagem do próprio Deus. Todavia isso estava sendo solapado com as investidas dos judaizantes.

Paulo também teve de lidar com esse drama da enfermidade. Ele, que fora instrumento de Deus para curar tantos enfermos, agora dependia de outros. Não obstante, essa doença não o tornou inativo; apenas mais quebrantado e dependente da graça de Cristo.

Não há como saber qual era a enfermidade do apóstolo. Alguns defendem ser malária (At 13.13). Outros apontam como o “espinho na carne” mencionado em 2 Coríntios 12.7.

Porém, são muitas as razões que apontam para um problema nos olhos. Isto se levarmos em conta o texto que menciona que os crentes da Galácia se compadeceram a tal ponto que estavam dispostos a arrancar os próprios olhos para lhos dar (4.15) e quando encerra a Carta aos Gálatas, o apóstolo diz: “Vede com que letras grandes vos escrevi de meu próprio punho” (6.11).

 

  1. Paulo visto como inimigo (Gl 4.16)

“Tornei-me, porventura, vosso inimigo, por vos dizer a verdade?”

Para afastar os irmãos da influência de Paulo, a quem consideravam um inimigo, esses falsos irmãos usavam dos expedientes mais espúrios. Os ataques dos legalistas produziram um resultado trágico. No lugar do amor, Paulo é tratado com indiferença. Os judaizantes tentam impor um “outro evangelho” aos gálatas, a fim de ocupar o lugar de Paulo no coração deles.

Paulo reage reiterando que lhes pregou o Evangelho da verdade e da liberdade em Cristo, e que esse suposto “evangelho da circuncisão” que querem lhes impor é o caminho de volta à escravidão. É de lamentar o quanto os falsos ensinamentos produzem frutos negativos em pessoas e conflitos entre pessoas.

 

  1. Dor de parto (Gl 4.19)

“Meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós.”

É perceptível a firmeza com que Paulo, desde o início da carta, confronta os irmãos da Galácia. Ele escreve palavras incisivas para defender a essência do Evangelho da graça. Apesar das firmes confrontações, o apóstolo Paulo dá uma demonstração de que tem um bondoso coração para com eles, com um belo exemplo de amor e visão pastoral, ao chamar os irmãos gálatas de “filhos gerados com dores de parto”.

O verdadeiro pastor repreende, exorta, disciplina, mas não trabalha com a “teologia do descarte”. A lente pastoral está sempre a discernir e a cuidar das ovelhas.

Paulo agoniza pelos crentes da Galácia até o fim, comparando seu sofrimento às dores de parto. Ele já estivera em “trabalho de parto” por eles anteriormente, na conversão dos gálatas, ou seja, quando eles nasceram de novo; agora, o afastamento deles da graça é como um outro parto. Mais uma vez, portanto, Paulo estava sentindo uma agonia semelhante, dessa feita ansiando a que Cristo fosse verdadeiramente formado neles.

 

III. SARA E AGAR: DUAS ALIANÇAS (Gl 4.21-31)

Sob a pressão de alguns falsos mestres persuasivos, a Igreja na Galácia estava prestes a adotar uma espiritualidade eclética, perigosa e inútil, que minimizava a graça de Cristo sob a hegemonia da lei do judaísmo. Paulo usou a história dos dois filhos do patriarca Abraão e suas respectivas mães para ilustrar a profunda diferença entre o Evangelho da liberdade e o da escravidão; entre viver pela lei e viver pela graça.

 

  1. Agar: antiga aliança (Gl 4.23)

“Mas o da escrava nasceu segundo a carne…”

Agar era uma escrava integrada à família de Abraão que foi dada como concubina ao patriarca na tentativa de se fazer cumprir a promessa de um herdeiro. Pela condição de escrava, Paulo enfatiza que Agar representa o Monte Sinai onde foi entregue a lei (antiga aliança) que escraviza e não redime. Ele também a compara com a Jerusalém terrestre, escrava com seus filhos (4.25). Isso é uma menção direta ao legalismo judaico, fonte do “outro evangelho” que os judaizantes queriam impor aos gálatas.

Paulo explica que Agar é uma escrava e Ismael, como filho da escrava, é filho da escravidão. Na cultura da época, a mulher escrava gerava filho para a escravidão mesmo que o pai da criança fosse um homem livre.

Ismael nasceu de forma “natural” e foi resultado de uma atitude de Sara e Abraão no sentido de tentar ajudar a Deus nos Seus propósitos. Deus não precisa de cooperação do homem quanto à salvação; e, o homem, mesmo querendo, é incapaz de cooperar com a salvação.

 

  1. Sara: nova aliança (Gl 4.23)

“…O da livre, mediante a promessa.”

Sara é a legítima esposa de Abraão (4.23). Pela condição de livre, Paulo diz que Sara representa a Jerusalém do alto (4.26). Por que o apóstolo diz que Jerusalém, representada por Sara, é a mãe dos cristãos? Ela figura como mãe dos cristãos em virtude de sua origem celestial. Isso faz referência à origem da fé de cada crente. O apóstolo João joga luz sobre essa verdade ao dizer que “os filhos de Deus são aqueles que não nascem do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus” (veja Jo 1.13).

Paulo diz que “o filho da livre nasceu como resultado da promessa”. Sara era esposa de Abraão e era estéril. Deus havia prometido um herdeiro a eles. Sendo Sara uma mulher livre, Isaque nasceu para a liberdade e não para a escravidão.

Por que Isaque é o filho da promessa? É fato que ele nasceu por uma intervenção miraculosa de Deus; e, ainda mais, isso resultou de um planejamento divino. Nós nascemos, em Cristo, pela ação do Espírito Santo, a fim de nos tornarmos filhos da promessa divina, assim como ocorreu com Isaque.

 

  1. Filhos da Promessa (Gl 4.28)

“Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.”

Os judaizantes se orgulhavam em afirmar que eram “filhos de Abraão”. Mas, não basta ser descendente natural de Abraão. É necessário ser filho do patriarca pelo caminho de Isaque, o qual representa os herdeiros da promessa e a liberdade.

Paulo conclui dizendo aos gálatas que eles não tinham necessidade em receber “outro evangelho” além daquele que o próprio apóstolo lhes entregou. Vivendo o Evangelho da liberdade em Cristo, os gálatas, embora gentios, podiam considerar-se os verdadeiros “filhos de Abraão”. Filhos da promessa e filhos da fé.

 

APLICAÇÃO PESSOAL

Somente pela fé é que podemos nos tornar verdadeiros filhos de Deus, conforme o exemplo de Abraão e a linhagem de Isaque.

 

 

RESPONDA

Marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso.

1) (  ) Na Lei Romana, crianças administravam a própria herança.

2) (  ) O Evangelho libertou os gálatas da ignorância espiritual.

3) (  )  A fonte de nossa salvação é Cristo.